Alice

–Responde garota! Por que está tão calada? Ela falou que iria nos visitar e ver o lype?- ele pega nos meus ombros, me segura e chacoalha um poucome tirando de meu transe.
–Ahh, sim.. Claro. Ela está procurando uma espada que tem uma pedra azul na lâmina. Disse que eu devia falar com você..- talvez isso funcione, quem sabe eu encontre a espada e a pedra.
–Espada?.... Ah.. Quer saber? Vamos para minha casa talvez ela esteja lá - ele vai na frente e eu, obviamente, atrás.
Enquanto andávamos eu o olhava de costas, ele tem cerca de 30 anos mas o mal do tempo não influenciou tanto ele, é "jovem" de espirito e é isso que importa, também é bastante alto, até mais que Arthur... Arthur! Ah droga! Ele já deve estar me procurando, do jeito que ele é vai fazer a Raven cansar a vista de me procurar em suas visões... Devia ter colocado um bilhete.
Paramos na frente de uma casa bastante bonita e tamanho mediano de primeiro andar, que chique! Por que as casas de todos no mundo são luxuosas enquanto eu me contento com uma cabana? Poxa! Eu sou a reencarnação de uma deusa! Cadê meu iate? E meu kinder-ovo?
–É aqui que moro, Lype deve estar aqui.
–A Shanbi também? - andamos em direção a porta.
–Não, ela veio nos visitar à alguns dias mas ja voltou, pelo menos disse que ia voltar- entramos na casa.
–Eu posso usar seu banheiro?
–Claro, suba as escadas, é a primeira porta a direita.
–Obrigada - subo as escadas lentamente com a mão no corrimão, paro por um instante no meio do caminho e sinto a aspereza da madeira na palma da minha mão e lembro do corrimão da minha velha casa, a que foi destruida, passei tanto tempo naquela casa... Quase a minha vida inteira, desde que meus pais morreram em um acidente, eu tinha 6 anos.
–Tudo bem com você? - ouço a voz de Katsu, vinda la de baixo, me tirar dos pensamentos.
–Ah, nada, só estava lembrando de casa - volto a subir as escadas, quando chego la em cima vejo todas aquelas portas ao meu redor e me vem uma questão -É para a direita ou esquerda?- dou de ombros e tento a esquerda.
Abro a porta e apareço em uma quarto, acho que é de um garoto, pela bagunça encontrada... é bem provável, tem algumas coisas jogadas no chão e papeis em cima de uma escrivaninha, vejo um porta-retrato virado de cabeça para baixo na cama. Por que tinha que estar de cabeça para baixo? Isso só me deixa curiosa para ver a foto! Vou até o retrato e vejo o katsu, mais jovem, e um garotinho de quase 10 anos; eles estam em um parque de diversões e o garoto sorri muito.
–É tão fofinho!- reparo mais no garoto e algo me chama atenção, os olhos dele: a íris é branca e no meio tem um anel azul bastante chamativo, é como se a íris dele fosse dividida em 3 partes e a do meio fosse a azul -Além de fofo é charmoso, daria certinho com a Raven..(risos) eles tem tanto em comum: os dois tem olhos únicos... Er... E também... Só isso mesmo.
Saiu do quarto e fecho a porta, vou em direção a outra porta que estava a direita da escada.
–Okay, deve ser essa aqui- abro a porta e me deparo com o banheiro -Até que enfim.
Tranco a porta de chave e vou em direção a pia que tinha um espelho, enxaguo meu rosto lentamente, me encaro no espelho, vejo um rosto cansado e olhos irritados com o sono extremo, pego meu celular e vejo a hora, 13:47, nossa já deve ser 2 horas da madrugada lá em casa, esfrego meus olhos um pouco mais.
–Preciso dormir..
Ouço uma voz vinda la de baixo:
–Lype? O que faz aqui? Por que suas roupas estam cobertas de sangue? E a Shan? Ela está bem?- abro a porta para ouvir melhor a conversa.
–Pai -é a voz de um garoto, acho que quase 17 anos, como eu sei? A voz de puberdade entrega tudo, abro a porta do banheiro lentamente e desco um pouco a escada, eles não me percebem, eles estavam serios demais para me notar -Ela morreu- meus olhos se arregalam, e fico boquiaberta. Katsu se assusta com o relato mas não interrompeu o garoto.
–Ela salvou todo o mundo kiturne.. exclusive a gente!- sua voz começa a falhar -Ela consegui proteger todos... Menos ela mesma..- o garoto começa a chorar, katsu estava paralizado com a notícia mas foi confortar ele e a si mesmo com um abraço, eles ficam abraçados por bastante tempo. Não sei se devo ir lá, é um momento de família, eu só atrapalharia tudo.
Vou em direção ao quarto que havia estado momentos atrás, ignorando a bagunça abro a janela do quarto, olho por aí e vejo uma árvore bastante velha uns 10 metros de mim, tatuagens em espirais verdes apareceram nos meus braços quando tento controlar, com a minha mão direita, os galhos mais grossos a virem até mim para que eu desça da casa, é um processo demorado, ainda não me acostumei totalmente com a utilização da pedra natural. Os galhos começam a se aproximar lentamente para perto de mim, minha mão direita começa a formigar, meus olhos ardem um pouco.
[-Não acha que está exagerando?]
–Não, está tudo sobre controle- continuo a fazer os galhos, que mais parecem troncos de tão grandes, se aproximarem de mim.
Finalmente eles me alcançam, trouxe 3 galhos firmes o bastante para me aguentar e que eu possa usar de escada ou rampa, passo perna após perna pela janela e em segundos já estou em cima, e quando ainda estou na altura da janela aquele garoto que estava com katsu abre a porta do quarto e entra, ele parece triste. Ele enxuga seus olhos com a costa da mão fechada e deita em sua cama, acho que ele não me percebeu, desço um pouco para que ele não me veja mesmo, fico o observando: não consigo ver se ele está chorando mas deve estar, é um rapaz bom que perdeu a mãe...
–Eu sei como se sente... Meus pêsames- sussurro para mim e vou embora, controlando o tronco e desço numa boa.
[-É uma pena ela ter morrido
–Também acho, mas como eu vou pegar a droga daquela espada?
–Você podia tentar chegar na casa da sua avó
–Seria uma boa idéia, se pelo menos eu soubesse onde ela está- falo pulando do galho para o chão, eu tropeço no pouso e quase caiu de cara no chão. Estou tão cansada.
–Acho melhor você ir dormir em algum lugar.
–Tem razão- meus olhos ardem muito, usando meu poder abro um buraco no chão, quase uma caverna grande o suficiente para eu usar como "casa", entro e fecho o buraco novamente.

Tio felype
Novamente vemos Chase em um quarto de um hotel, cheio de agulhas e tecidos espalhados, um barril com algo dentro que atraem moscas para perto, sentado proximo a mesa ele costura algo que se parece os olhos em um rosto. Alguém aparece na porta e Chase a abre apertando um simples botão, era um carteiro trazendo um caixote de tamanho médio.
–Licença, você é o Chase?
–Sim, sou eu, quem lhe mandou?- ele fala enquanto ainda se empenha a costurar.
–No caixote não havia identificação, apenas o endereço, seu nome e um bilhete.
–Um bilhete? Pode ler-lo para mim?
–Claro, "Chase, aqui está algo que quero que faça para mim, soube de suas habilidades e fiquei interessado, dentro do caixote há as instruções necessárias..."- Chase se vira para prestar mais atenção -"... Como recompensa... Deixo esse... mensa.. geiro"
O rapaz engole em seco quando termina de ler e olha nos olhos de Chase.
–Eu não entendi o que isso significa, mas eu ja vou indo.
–Nao vai não- ele se levanta e vai até o mensageiro -Seus braço são longos, pele sensíveis demais, olhos escuros, alto, magro, cabelos ruivos... Adoro ruivos- Chase fala enquanto o observa com olhar pretensioso e sorriso maléfico -Acho que você é um bom candidato.
–Candidato? Eca! Que cheiro é esse!?- o rapaz olha para a mesa de Chase e vê braços humanos com engrenagens, rostos e pernas -O que é isso? -ele pergunta com medo.
–São meus bonequinhos...- Chase o olha maldoso.
Uma poça de sangue se cria no chão com o movimento fatal que Chase da no pescoço do garoto que morre imediatamente, ele vai em direção ao caixote e o abre, vê partes de corpo de animais e também de humanos, congelados, junto com um bilhete que ele pega para ler, ele passa rápido os olhos com o intuito de encontrar alguma identificação.
–Zhong kui... Nunca ouvi falar... Mas já que ele foi sábio o suficiente para me achar talvez seja um bom ajudante meu, quem sabe... Um novo boneco para a coleção (gargalhadas)