A Fabulosa Cova Da Incoerência

O verme e a fúria


Por algum motivo, comecei a passar horas e horas olhando o teto de meu quarto. É realmente angustiante. Meu coração está realmente pesado, como nunca esteve; Mas eu não estou triste, estou? Meus olhos não tem brilho algum.

Ouço um ruído abaixo de minha cama. Levanto a minha cabeça e a dirijo até lá. Em meio aquela poeira e escuridão, Anonyme sorria doentiamente, enquanto cutucava uma barata morta. Eu realmente não entendo; Como ela pode se divertir com uma coisa dessas?

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– Anonyme, poderia parar de fazer barulho? - digo, um pouco secamente - Estou tentando dormir...

– Não, você não esta. - ela me fita com seus olhos cortantes; eu odeio aquele olhar. - Não adianta, eu sei quando esta mentindo...

– Ah, é? - Eu retorno a minha Posição vegetativa e toco meu estômago. É como um verme, que vai devorando cada centímetro de sua barriga lentamente, até que certo ponto consegue alcançar seu peito, e isso é realmente angustiante, se pensar na prática.

De repente, Anonyme começa a flutuar sobre mim como um fantasma, continua a sorrir, só que agora muito mais maliciosamente.

– Você gostou daquele garoto, não é Mimi? - Continuo calada a provocação, pois eu realmente não queria responder, talvez porque era verdade e eu não quero admitir.

Ninguém nunca me tocou além de Anonyme, é claro que eu ficaria atordoada. O verme se locomoveu lentamente até meu fígado. A dor apática é engraçada. Talvez, sentir dor não seja tão ruim. Talvez, seja prazeroso sofrer...

Anonyme finalmente desce e deita sobre minha cama (sem pedir qualquer permissão), desata o cachecol e começa a tocar meu rosto. Algo furioso aparece para combater aquele verme.

– Você nunca gostou de ninguém além de mim, Mimi. - ela fica séria e olha o teto. - Seu coração; Existe alguém que quer penetrar nele, como um vírus. O Quarto Branco nunca foi tão sujo.

– De quem você acha que é a culpa? - tento retirar a mão de meu rosto, mas é impossível: Ela não existe.

– Mimi... - Ela tenta segurar minha mão, mas eu não sinto o seu toque. - Você não precisa de ninguém além de mim... Eu te amo, sou a única coisa que você tem...

A fúria finalmente despedaçou aquele verme desgraçado. Anonyme não é a única coisa que eu tinha. Ela é uma doença; Se eu ficar presa a ela é capaz de nunca mais eu retornar, e então, Carly...

– Vá embora, Anonyme. De que vale o seu amor para mim? Você não pode me abraçar, nem me salvar do perigo, nem cuidar de mim quando estou doente. É tudo uma metáfora...

Eu viro de costas para ela, e vejo um fino riacho aparecer em frente aos meus olhos. Aquela tarde, pensei em meus deveres, em meus livros e em Jorge...

Talvez, se eu quero me libertar, eu precise de um amor mais significante que de Anonyme...

Um Amor real...

Aquela tarde, sonhei com um estranho homem muito sujo em um grande quarto branco