Um Belo Errado

A esperança é a última que morre


"A esperança é um alimento da nossa alma, ao qual se mistura sempre o veneno do medo."

Algumas pessoas vem para explicar, outras para confundir, essa era a melhor explicação para o que havia acabado de ocorrer, como assim mãe do Peter? E como ela sabia da minha existência? Acho que naquela altura eu já deveria esperar por coisas assim.
— O que está olhando? — A velha me perguntou ainda me observando detalhadamente.
— É só que eu não sabia que você era a mãe do Peter... — Eu comecei a falar e senti minhas bochechas queimarem.
— Claro que não sabia! Não está óbvio que não nos conhecíamos antes? — Ela respondeu ríspida, então o que Diana havia dito sobre a mãe de Peter ser uma víbora era a mais pura verdade.
— É muito óbvio, assim como está óbvio que já deu minha hora! — Eu disse e comecei a me afastar, mas não sem antes ter de ouvir algumas coisas completamente desnecessárias.
— Eu sei que o Peter ás vezes tem algumas loucuras? Mas uma adolescente? Dessa vez ele passou dos limites! — A velha disse com raiva e eu revirei os olhos.
— Já te disseram que as novinhas são mais quentes? — Eu falei sem pensar e ela pareceu se ofender de verdade.
— Além de tudo é uma mal educada! — Ela falou ainda com raiva e eu sorri irônica.
— Não costumo gastar minha educação com qualquer um. — Eu falei ríspida e saí andando ainda com um sorriso nos lábios.
As minhas pernas ainda estavam bambas pela conversa que havia tido com a mulher e caminhar se tornava um desafio para mim.
Quando cheguei em casa, respirei aliviada, e fui rapidamente subindo as escadas em direção ao meu quarto, mas minha mãe foi mais rápida e me viu.
— Onde a mocinha estava até agora? — Ela perguntou e eu tentei fingir que não havia escutado.
— Jadeline Mary Clarckson, onde você esteve? — Ela gritou e naquele instante eu soube que deveria responder, quando ela me chama de Jadeline, é porque realmente está irritada.
Desci as escadas com cuidado, sabia que o vulcão estava quase em erupção, e um passo errado seria o suficiente para explodir.
Minha mãe ajeitou os cabelos escuros e me olhou irritada, em seguida pegou em meu braço e me jogou no sofá.
— Me explica agora onde estava! Está a deixar sua mãe louca! — Ela falou nervosa.
— Eu caminhei devagar, foi só isso. — Eu respondi e comecei a levantar, mas ela me jogou novamente no sofá.
— Sei quando está a mentir! Me diga a verdade, está usando drogas? — Ela perguntou preocupada e eu não pude conter o riso.
— Claro que não! Eu só me atrasei um pouco, foi só isso! Não seja neurótica! — Falei e me levantei deixando minha mãe puxando os próprios cabelos.
— Não minta para mim, diga! Sei que está me escondendo algo! — Ela gritou e eu arregalei os olhos, mães realmente tem um sexto sentido.
— Mãe, você não está bem, já tomou seu calmante? — Eu perguntei dando tapinhas em seu ombro e ela me olhou confusa.
— Mas eu não tomo calmantes... — Ela respondeu confusa.
— Pois deveria! — Eu disse e subi as escadas correndo.
Abri a porta de meu quarto e a tranquei, respirei aliviada, a minha mãe ás vezes me dá medo.
Retirei toda a minha roupa e entrei no banheiro, liguei o chuveiro e enquanto a água caía eu resolvi ouvir músicas, escolhi a minha música preferida atualmente. (Somebody– Natalie La Rose)
Enquanto eu me ensaboava eu dava um show digno da Madonna, cantando e performando, eu tentava de tudo para esquecer daquela mulher e das suas palavras, fala sério a mulher usa bolsa de oncinha e tem sei lá, 60 anos? Quem é ela pra falar alguma coisa comigo? Da próxima vez pergunto pra ela quem deixou que ela fugisse do asilo.

Saí do banho e me enrolei em uma toalha suficientemente macia, eu precisava daquilo.

Me vesti e me joguei em minha cama, depois de alguns minutos, finalmente adormeci.

— Jade querida! Acorde! — Minha mãe disse me balançando, resisti de início, eu não queria acordar de nenhuma maneira.
— Ah não mãe! Só mais 5 minutos... — Comecei a falar, mas ela retirou minha coberta de cima de mim.
— Querida, ande logo, o café está na mesa... — Minha mãe disse e eu finalmente me levantei.
Fiz minha higiene pessoal e me arrumei, novamente desleixada, apenas com uma calça jeans e uma blusa normal, dessa vez não calcei um tênis e sim uma sapatilha verde musgo.
Desci as escadas pelo corrimão como costumava fazer e eu ouvi minha mãe dizendo que qualquer dia cairia e me machucaria feio, mas ignorei e fui direto para a mesa, comi fatias de pão e bebi inúmeras xícaras de café, saí de casa jogando beijinhos para minha portuguesa favorita.
Caminhei para a escola como de costume e chegando não recebi olhares como ontem, agradeci a Deus por dentro, mas logo percebi que sou mesmo azarenta já que Maria vinha em minha direção.
— Precisamos conversar... — Ela disse sem graça e eu me surpreendi.
— Se for pra me ofender, já digo que não vou! — Eu falei e ela pareceu ficar ainda mais vermelha.
— Eu só queria te pedir desculpas por ontem... Eu fui uma babaca com você... — Ela falou e eu sorri por dentro por ela mesmo perceber o quanto foi idiota.
— Tudo bem eu aceito suas desculpas! — Eu falei animada e ela revirou os olhos.
— Olha, não é como se fossemos voltar a ser amigas, Jade, fala sério você fodeu feio comigo! — Ela falou e eu arregalei os olhos, Maria falando palavrões?
— Bem, na verdade não fodeu comigo... Foi com o meu pai, mas olha, dá no mesmo! Não se leva o pai da sua melhor amiga pra amiga pra cama! — Ela falou nervosa e rapidamente.
— Maria... É melhor parar, não quero discutir com você de novo! — Eu alertei e ela abaixou a cabeça.
— De qualquer forma, não me considere sua inimiga ok? — Ela perguntou e eu fiquei feliz por isso, talvez essa fosse a luz no fim do túnel.
— Ok, ah e só um conselho, não troque de roupa na frente da Kelly! — Eu falei sem pensar e ela me olhou confusa.
— Eu acho que ela curte um bife! — Eu sussurrei para ela e ela revirou os olhos.
— Depois não diga que eu não avisei! — Falei para mim mesma e saí andando em direção a sala de aula.
Já era um progresso ela não me odiar! Então eu sorri por dentro e pensei que talvez pudéssemos ser amigas novamente um dia.

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