Abyss Universe

Capítulo 1


Era quase madrugada e o Nezumi ainda não tinha chegado. Eu já tinha devorado oito livros variando entre Verne e Shakespeare quando escutei o ruído leve da porta sendo aberta com cuidado. Filho da mãe. Assim que seus passos cautelosos foram se aproximando fechei os olhos. Ele se sentou ao meu lado e suspirou de alívio, senti que aquela era minha deixa.

- Onde você estava? – Perguntei calmamente com os olhos fechados. Ele se sobressaltou ao ponto de cair do sofá. Ok, eu quis rir, mas eu tinha que bancar o “preocupado” então contive as gargalhadas. Sentei-me enquanto ele levantava e usei minha melhor poker face.

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- S-shion! Quer me matar do coração?!

- Eu que quase morri do coração aqui, isso lá são horas?!

- Deuses, discussão de casal é tudo! Não acham meninos?

- Shh! Estamos... ocu.. – Eu e o Nezumi nos olhamos assombrados. E nos viramos para a garota tomando chá perto dos nossos livros. WTF?!

- Vocês são lerdos, finalmente é minha deixa. Prazer, eu sou a Aby. Vim seqüestrar vocês, por favor, não resistam. – Logo eu e o Nezumi nos recuperamos do susto e adotamos uma postura defensiva. Ele sacou uma faca e eu me escondi atrás dele. Aquela garota tinha cabelos loiros platinados até os joelhos, olhos cinzentos esverdeados calmos e era pálida como papel. Não me senti muito ameaçado, ela devia ter uns quatorze anos. Ela suspirou e bateu no seu vestido branco médio, como que tirando poeira. Depois pôs as mãos na cintura e suspirou. – Não queria ter que apelar, mas fazer o que. Meninos podem sair, sejam gentis o Nezumi não ataca para matar, não que isso faça diferença para vocês. Se machucarem o Nezumi o Shion fica violentozinho e não queremos isso, sejam breves.

Quatro caras saíram das sombras das estantes, todos com uniformes escolares, pálidos e nem um pouco simpáticos (embora gatinhos). Um ruivo e um albino partiram para cima do Nezumi. Enquanto os três se moviam muito rápido para que eu acompanhasse a garota e os outros dois andaram calmamente na minha direção e se sentaram no sofá. Que seqüestradores folgados!

- Shuu, o Nezumi provavelmente vai tentar pegar o Shion e fugir, esteja preparado para bloquear a saída, ok?

- Que seja. – Ele respondeu deitando e fechando os olhos. Ele era loiro e tinha olhos azuis estonteantes. Sem saber o que fazer me sentei com eles.

- Aby-chan, você disse que seria divertido. - O ruivo alaranjado de cabelo até o pescoço e chapeuzinho reclamou com a garota.

- O Ayato e o Subaru estão se divertindo – Ela me olhou pelo canto do olho, sorriu se aproximou e eu recuei um pouco. – E então Shion? O Nezumi já te comeu?

Eu engasguei com o ar.

Adquiri um tom de vermelho morangável.

E quase tive uma parada cardíaca.

O de chapéu gargalhou e até o loirinho abriu um sorriso, ainda com os olhos fechados.

- O-o-o q-quê?!

- Ukes são uma gracinha mesmo. Sei como é; o Ciel ficou do mesmo jeito quando falamos sobre isso. Se quiser um empurrãozinho eu estou aqui. E não se faça de santo que todo mundo viu seu “beijo de boa-noite”, ganhou meu respeito com aquilo. Eu estava esperando o Nezumi tomar a iniciativa e meter a língua (e outras coisas) na sua boca, mas você fez tão naturalmente. Amei, eu shippo muito vocês. Você está tão vermelho! Meu nariz vai sangrar aqui!

- Aby-chan é má. Pobrezinho, está quase cor de sangue. – O de chapéu observou e se aproximou de mim, a garota colocou o braço entre nós dois.

- Se empolga não Laito. Os briguentos já estão ficando cansados e assim que eu der uma voadora nos três vamos para casa.

- Como sabe tanto sobre mim e sobre o Nezumi? – Perguntei, afinal, já estava cansado de ninguém esclarecer a situação. Ela abriu o sorriso mais confiante da noite antes de responder.

- Eu assisti vocês, como num livro, Shion. Eu tenho observado vocês dois há anos e agora que No. 6 está em paz quero que conheçam mais coisas, mais pessoas e mais lugares. Sou fã de vocês. Provavelmente vai ficar menos complicado se vier comigo para minha casa, quero que se tornem meus hóspedes por algum tempo.

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- Podia ter chamado seqüestro não é muito amigável. – Observei, tentando assimilar o que ela havia dito.

- O Nezumi seria cabeça-dura e eu sou impaciente, assim com um pouco de chá e vampiros tudo fica mais fácil. Shion posso dar uma vassourada no Nezumi? É por uma boa causa.

Virei e me deparei com os três cobertos de suor e respirando pesadamente, me lembraram três cães raivosos e fiquei bem preocupado com o estado do Nezumi que era sem dúvidas, o pior dos três.

- Meu deus, olhe para eles. Aby- chan aquilo é mesmo um humano? – O de chapéu perguntou em tom de regojizo com o estado deles. Seus olhos verdes brilharam em satisfação.

- Sim, é bom para vocês aprenderem que sexo não é exercício físico. Os dois vampiros mais valentões que eu conheço, suando para um humano. Se bem que é o Nezumi e eles estão pegando leve para não quebrar nada dele, mas ainda assim eu esperava mais. Shion quer vir conosco? A civilidade é o melhor caminho e espero que aceite.

Concordei, com a condição de que ela parasse a luta. Ela concordou e se aproximou dos garotos, assobiou e o albino pareceu ter recebido algum tipo de sinal. Porque partiu para cima do Nezumi, saltou no ruivo e caiu no chão segurando no pescoço do Nezumi que se debatia. Até ele torcer o pescoço e o Nezumi parar de se mover. Hã? Hã!?

- Calma, ele está vivo, não está muito machucado. O Subaru só aplicou pressão num nervo dele para ele desmaiar. – A garo... Aby se aproximou para me impedir de entrar em pânico.

- Oe! Subaru, porque parou? Eu estava quase... – O ruivo avançou no albino reclamando.

- Calem a boca, você não estava quase nada, vocês são péssimos lutadores, então vamos logo que eu estou com sono. – O loiro levantou emburrado.

- Vocês são tão mal educados, se apresentem. Shion-chan, eu sou Laito Sakamaki, esses idiotas aqui são Ayato, Shuu e Subaru. – O ruivo e o Albino estavam brigando e o loiro tinha deitado de novo. Acho que conheci algumas pessoas problemáticas. Sorri meio sem-graça.

- Eu sou o Shion e ele é o Nezumi, muito prazer. – Disse apontando para o corpo do Nezumi, que estava jogado sobre o ombro do albino.

- Vamos logo! – A garota disse depois e ter apartado a briga entre o ruivo e o albino. Ela se dirigiu á porta da frente e todos a seguiram; imitei o gesto.

Ela mordeu o polegar e passou o sangue na maçaneta, depois girou e abriu. Arregalei os olhos e concluí que aquela era a noite mais insana da minha vida. Um tipo de campo cinzento com água no chão surgiu do outro lado e ela passou sem antes murmurar:

- Lar doce lar.