The Surviving

Prologue


Ela não sentia mais nada. A adrenalina estava no pico. A cada tapa que levava no rosto, era como se uma pele pluma a tocasse. Aquilo não representava nada para ela.

E ele sabia disso. Sabia porque continuava a gritar seu nome, puxar seu cabelo, jogá-la de volta na cama ao lado de seu marido dilacerado e voltava a estapeá-la sem piedade.

Ah, George... ela pensou quando deixou seu olhar cair em seu marido. Eu sinto muito.

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Ela realmente sentia. Seu coração latejava de agonia ao lembrar-se de que ele morreu sabendo que ela não era sua filha. Sabendo que casou-se em vão. Que a doce e meiga menina de olhos turquesa e cabelos de mel não era filha dele.

─ Onde ela está, sua maldita? ─ ele enfiou uma de suas garras em seu ombro, perfurando profundamente.
­

─ Já disse a você... Não tenho nenhuma filha. ─ engasgando, ela tentou proferir. Ainda na tentativa de defesa.

─ Vou descobrir onde ela está, Elisa. Vou matá-la e então irei queimá-la junto de toda sua família aqui mesmo. Nesta casa.

Ela engasgou com seu sangue e começou a tossir. Ela sabia. Sabia que não podia mais fazer nada. Já estava morta. Tão morta quanto seu marido George.

Fechou seus olhos e deixou ser levada até ela. Até as suas lembranças escondidas e capturou um momento importuno onde ela sorria animada com seu baile de formatura. Era tão bonita e estava acompanhada do melhor jogador de futebol da cidade. Ela sorriu para a filha e a abraçou, dizendo novamente para ter cuidado e voltar para casa não muito tarde. Ela sempre fora tão bonita... tão bonita. Continuou a viajar e focar-se em pequenos momentos. Aqueles simples momentos em que ela raramente deixava escapar algo bobo e ria de si mesma. Ou então quando abraçava-a como se fosse a coisa mais importante do mundo. Ou até mesmo quando chegou de madrugada do show da sua banda favorita e foi direto para o quarto da mãe contar que o cantor havia escolhido ela entre todas as garotas da plateia para subir no palco e dançar com ele.

O que ela faria para proteger sua filha? Ou melhor... O que ela não faria para protegê-la? Nada. Ela era capaz de tudo para proteger a última que continha seu sangue. A ultima sobrevivente.

Conseguiu voltar a respirar, porém já não sentia mais seu corpo novamente. Nem mesmo o peso do lobisomem sob seu abdome. Nem mesmo sua mão que estava entrelaçada a do marido. Não sentia mais nada.

─ Diga onde ela está, Elisa. ─ o lobisomem rosnou para ela como se aquilo a afetasse.

Lágrimas rebeldes escaparam de seus olhos. Um sorriso também. Agarrou-se a verdade. Ela não estava na casa. Não estava nem mesmo na cidade. Estava protegida, longe de todo aquela catástrofe.

E em um ultimo suspiro, um suspiro de adeus ela revelou.

Sem controle de seus comandos, porém revelou.

─ Anna...