A Flor da Carnificina

Capítulo 41 - Ferido.


Carolina olhava para fora da janela na esperança de ver seu pai ou o ''amigo'' de seu pai chegarem, ou mesmo a irmã dele, mas não havia nem mesmo a sombra de ninguém. A menina então resolveu sair, estava entediada e sentia medo de ficar ali sozinha. Do jeito que as coisas estavam, sua vida com seu pai seria horrível.
A menina abriu a porta arrombada do apartamento do pai e saiu deixando a Tv ligada, queria saber o que tinha do lado de fora daquele prédio. Assim que foi para o lado de fora, viu uma moça loira com cabelo cor de gema de ovo e um homem careca e pardo, discutindo feio. A garotinha até cogitou entrar de novo na casa, mas o careca atacou a mulher loira com um tapa no rosto tão forte que a fez cair para trás. A mulher esbarrou na parede e começou a chorar, então o homem segurou forte seu braço e a sacodiu, dizendo coisas feias e saindo, jogando a mulher em direção as escadas que davam para o andar de cima. A mulher chorava bastante e quando levantou, percebeu que havia uma menininha assistindo tudo com um olhar assustado.
– O que foi? - Perguntou a mulher, secando as lágrimas.
– Você tá bem, moça? - Perguntou a menina.
– Tô. - A mulher fungou, abrindo a porta de seu apartamento. Quando ia entrar, voltou para falar com a menina.
– Não conta pro seus pais o que você viu, tá bom, garota?
– Ele te machucou? - Perguntou Carolina. A mulher olhou tímida para a menina e sentou nos degraus, voltando a chorar. A garotinha aproximou-se da falsa loira e sentou ao seu lado.
– Eu tô bem. - Respondeu a mulher.
– Você quer ir na casa do meu pai? Tem biscoito, você pode comer alguma coisa.
– Casa do seu pai? - A mulher perguntou, olhando confusa para a menina.
– É, ele mora ali - Carolina apontou para o apartamento do pai e a mulher balançou a cabeça.
– Você é filha do Fábio?
– Sou sim. Conhece ele? - A loira riu.
– Conheço sim. Não somos muito amigos, mas nos conhecemos. Você tá sozinha?
– Tô. Meu pai saiu e os amigos dele também. Eu não aguento mais ficar sozinha lá. Sinto saudades da minha avó.
– Você quer ir na minha casa? Eu te faço um sanduíche de queijo e aproveitamos para nos conhecer melhor. - Sugeriu a mulher.
– Qual é seu nome, moça? - Perguntou Carolina.
– Claúdia. E você?
– Carolina. - A falsa loira ficou de pé e caminhou rápido até seu apartamento, abrindo a porta e dando espaço para a garota passar.

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Denise marcou uma hora na sua cabeleireira favorita, pois estava enjoando do corte e da cor de seu cabelo. Estacionou seu carro em frente ao salão no mesmo bairro onde ficava sua casa e saiu, entrando no salão em seguida.
– Boa tarde. - Cumprimentou Denise, sentando em uma cadeira acolchoada por um tecido de couro.
– Olá Denise, quanto tempo! - Falou a cabeleireira negra, com um turbante rosa e um vestido azul com flores brancas. Denise ficou de pé e deu dois beijinhos no rosto da cabeleireira.
– Pois é, tô querendo mudar meu visual.
– Você sabe que eu tenho uma ótima ideia para seu visual. - Sugeriu a cabeleireira.
– Olha Lisandra, eu vou deixar você falar sua ideia porque eu confio em você, tá? - Falou Denise, dando uma risadinha.
– Tudo bem. Você tá loira há quanto tempo?
– Uns 10 anos - Riu Denise.
– Que tal pintar de preto? Preto não, castanho escuro? Contrasta bem com seus olhos claros. E já que o corte tá 5 dedos abaixo do ombro, posso cortá-lo até o queixo. Tudo bem?
– Ótimo! Manda a ver. - Denise sentou novamente na cadeira e deixou a cabeleireira trabalhar em seu novo visual.

– Seu idiota, o que você fez?! Isaac, pelo amor de Deus! - Falou Fábio, agachado, sacodinho o corpo sangrento de Isaac.
– Pelo amor de Deus, eu não fiz isso, não fiz! - Falava Inácio, repetindo sem parar parte do ''não fiz''.
– Isaac, não dorme... - Falava Fábio. Jaqueline observava tudo extremamente horrorizada. Havia um rapaz morto atrás do sofá e outro morrendo na sua frente. Ela deveria correr e pedir ajuda ou fugir?
Isaac gemia de dor e tremia, aquela bala estava fazendo um estrago enorme em seu corpo, mas ao contrário de quem leva um tiro e clama por misericórdia, Isaac sentia aquela dor calado, talvez porque ele sentisse isso durante toda sua vida, não somente física, mas também emocional. Fábio derramava suas lágrimas verdadeiras em cima do corpo moreno de Isaac, que sangrava e sangrava. Em um impétuo, levantou e saiu correndo, sem camisa e apenas de calça jeans suja de sangue, pedir ajuda para alguém.
– Socorro, socorro! - Gritava Fábio pela rua. Um senhor idoso apareceu e uma mulher cinquentona também.
– O que tá acontecendo? - Perguntou a mulher, assustada ao ver o homem cheio de sangue no Jeans.
– Meu namorado levou um tiro, me ajuda, me ajuda! - Clamava Fábio, puxando a mão da mulher para dentro da casa. A cinquentona que usava bobs no cabelo preto levou um susto ao ver uma garota nua em cima do sofá, um rapaz que parecia estar em estado de choque, e dois homens ensaguentados no chão.
– Liga para um médico, me ajude! - Falava Fábio, desesperado. A mulher estava assombrada com aquela cena enigmática. Pegou seu celular modelo motorola V3 e ligou para pedir uma ambulância e depois ligou para a polícia, saindo daquela cena depressa para que não sobrasse nada pra ela depois.
– Isaac, me perdoa amor... - Pediu Fábio, chorando enquanto encostava seu cabelo suado no rosto frio de Isaac. O moreno queria falar, mas não conseguia. Talvez fosse a dor que roubou sua força para falar.
Jaqueline ficou de pé e pegou suas roupas no chão, vestindo-a devagar, pois temia o que poderia acontecer consigo caso fizesse qualquer movimento brusco.
– Isaac, me perdoa! - Falou Inácio, soluçando de tanto chorar. Jaqueline saiu do local atordoada. Tinha certeza que o rapaz tinha ido ali para salvá-la, então deixá-lo morrer seria covardia. Assim que a loira desceu as escadas para sair dali, viu a ambulância chegar, então observou o processo da saída de Isaac ainda lúcido em cima da maca com um Fábio atrás dele, choroso.
Jaqueline resolveu voltar na casa e confirmar se o real motivo da ida do rapaz lá era salvá-la.
A loira subiu as escadas novamente e entrou na casa que tinha um forte cheiro de açogue e viu o rapaz de cabelos claros e rosto vermelho, soluçando sem parar.
– Ei! - Chamou Jaqueline. Inácio olhou para a garota.
– Eu matei meu melhor amigo, porra! - Falou Inácio, dando mais um soluço. Jaqueline sentou ao lado do rapaz no sofá.
– Ele... veio aqui para me ajudar? Ele sabia o que estava acontecendo? - Inácio balançou a cabeça afirmando.
– Ele... a irmã dele foi estuprada por ele - Inácio apontou para o cadáver de Juk - e ele não quis que acontecesse o mesmo com você. - Inácio soluçou novamente - Ele queria muito matar esse cara e olha só... eu o matei. - O rapaz voltou a chorar insensantemente. Jaqueline esfregou a mão nos ombros do rapaz de cabelos claros e sussurrou um '' Tá tudo bem'' do jeito que pôde. Não estava nada bem, ela havia sido quase estuprada e havia um morto bem ao seu lado. Não demorou muito novamente, e dois policiais apareceram na casa, assustando Jaqueline e Inácio.

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– Pronto, veja como ficou. - Falou a cabelereira, virando a cadeira de Denise para frente do espelho. A Delegada sorriu contente com a mudança.
– Obrigada, Lisandra. Amei! - Denise ficou de pé e sacodiu seus cabelos morenos e curtos e um lado para o outro. Pena que toda essa felicidade ia acabar rápido.
– Nossa, ficou lindo! - Comentou outra cliente que também pintava o cabelo da mesma cor.
– Quanto ficou tudo? - Perguntou Denise.
– 200 reais. Você é vip, pode me dar metade.
– Que isso, vou dar tudo de uma vez. - As duas caminharam até o caixa do salão, e quanto Denise ia abrir sua carteira, sentiu seu celular vibrar. - Espera só um minutinho, Lisandra, é do meu trabalho.
– Tudo bem. - Denise colocou sua bolsa em cima do balcão e foi atender o telefone do lado de fora.
Alô? - Atendeu Denise.
Mãe?– Era Inácio com uma voz de choro que assustou sua mãe.
Filho? Que voz é essa?
Vem pra delegacia mãe... por favor. Vem agora.
O que aconteceu? - Perguntou Denise, ficando nervosa.
Só venha.– Inácio desligou, deixando sua mãe aflita do outro lado da linha.
Denise entrou novamente no salão e quardou seu celular, abrindo a carteira rapidamente, jogando duas notas de cem em cima do balcão.
– Obrigada pelo serviço, Lisandra, mas eu tenho uma emergência agora. - A delegada deixou o salão apressada e entrou em seu carro, seguindo até seu local de trabalho.
Assim que estacionou seu carro, Denise viu seu filho ao prantos do lado de fora da delegacia e desceu do veículo correndo para acodir o rapaz prantoso.
– Filho?! O que aconteceu? - Perguntou Denise, colocando as mãos no rosto de Inácio.
– Eu matei o Isaac! - Os olhos da delegada arregalaram e ela deu três passos para trás, colocando a mão na boca.
– É o quê?!
– Matei... - Inácio sentou no degrau que havia na entrada da delegacia e contiuou chorando. Denise entrou com pressa no local e foi falar com o escrivão para ver se aquilo já havia sido registrado. Lá dentro Denise viu Jaqueline, mas a moça parecia distante.
– Jaqueline? - Chamou Denise. A garota olhou para a delegada.
– Denise... Ele é seu filho? - Perguntou Jaqueline.
– É! Seu marido sabe o que aconteceu? Ele tá aqui?
– Não... Não consigo te explicar o que aconteceu. É melhor você perguntar para algum de seus colegas. - Denise balançou a cabeça e resolveu chamar o escrivão, já que o delegado que lhe rendia não era muito seu amigo.
– Junior, vem cá! - Chamou Denise. Junior era o escrivão. O homem negro e alto apareceu para falar com a delegada.
– Denise, querida, venha cá. - Chamou Junior, que seguiu até sua sala, sendo seguido por Denise.
A delegada só iria trabalhar novamente daqui à 3 dias, e sua tentativa de se manter afastada do trabalho não deu certo.
– Pelo amor de Deus, você é de casa! Senta e pega um café. - Sugeriu Junior, sentando atrás de seu computador de trabalho.
– O que aconteceu com o Inácio? Ele matou mesmo alguém? - Perguntou Denise, sentando trêmula.
– Matar não, mas atirou em um rapaz, que se não me engano era amigo dele.
– Sim, ele trabalho para nós.
– Bem, você viu aquela menina loira sentada na recepção? Ela conseguiu me dar um depoimento, já que seu filho está em estado de pânico.
– Ela é minha cliente, ela e seu marido são meus clientes. Ela quer recuperar a guarda da filha.
– Isso. Bem, ela recebeu uma ligação do pai da filha e foi sequestrada pelo pai da menina. - Denise arregalou os olhos e mordeu os lábios, sentindo um embrulho forte em seu estômago. Fábio era um mau caráter de primeira mesmo.
– E onde entra a parte que o Inácio atirou no Isaac? - Perguntou Denise.
– Seu filho e o amigo dele souberam que a garota estava sendo mantida em cárcere e foram salvá-la. Os dois tinham armas e o amigo do seu filho atirou no comparsa o pai da garotinha, e como seu filho não sabia manipular bem uma arma, acabou atirando no amigo. Não temos notícias dele, então não sei se ele faleceu ou não, mas até hoje à noite o Miguel vai dar o mandato de prisão para o sequestrador. - Miguel era o delegado.
– Eu conheço ele. Conheço muito bem.- Afirmou Denise, com um pesar na voz.
– Que infelicidade. - Comentou Junior.
– E meu filho? Eu não vou deixar que meu filho seja preso. Ai, maldita hora que eu fui render essas horas. - Comentou Denise, dando um tapa forte em sua testa.
– Você é a delegada aqui, decida com o seu colega de trabalho.
– Ele não vai ser preso mesmo! Espero que o Fábio arda no inferno e na cadeia, porque ele merece. Vou fazer o possível para que ele fique preso pra sempre. - Denise ficou de pé e pegou um pouco de café em um copo descartável e saiu da sala do colega.
Ao chegar na recepção, viu que Jaqueline ainda estava lá, então aproximou-se da moça, sentando ao seu lado.
– Muito corajoso da sua parte dar queixa. Ele fez alguma coisa com você?
– Tentou me estuprar...- Falou Jaqueline, quase em um sussurro.
– Ele vai ser preso e a guarda da menininha vai ficar com você imediatamente. Eu sei onde ele mora e se a garota está com ele esses dias, ela está lá. Vamos levá-la pra sua casa? - Sugeriu Denise.
– Vamos sim.
– Vai avisar para seu marido?
– Não hoje... Não quero preocupar minha família. Vamos buscar a menina. - Jaqueline ficou de pé e Denise a acompanhou, e as duas foram para fora da delegacia. Do lado de fora estava Inácio, fumando e chorando.
– Levanta Inácio, vamos pra casa. - Falou Denise.
– Não vão me prender? - Perguntou o garoto.
– Não, levanta! - O rapaz ficou de pé e tanto ele, tanto Jaqueline entraram no carro da delegada e seguiram viagem. Denise deixou Inácio em casa e depois levou Jaqueline até a casa de Fábio para buscar Carolina.

Isaac foi internado novamente, e estava no mesmo quarto onde ficou internado pela primeira vez. Ele não havia morrido, mas perdeu bastante sangue e precisava de transfusão de sangue. Seu sangue era bastante raro, então precisava de doação específica de sua famíla.
Fábio o acompanhou e estava sentado em uma cadeira, observando seu amor dormir, mas observava com cuidado, porque qualquer cochilada poderia ser mortal. Ele sabia que poderia sair dali e ir direto para a cadeia, e isso o preocupava, pois tinha tantos crimes na ficha que iria mofar na cadeira literalmente. Outra preocupação era sua filha, pois ele havia armado tudo aquilo para tirar Jaqueline de seu caminho e acabou deixando o espaço completamente livre para a mulher. Mesmo assim, não conseguia sentir raiva de Isaac por ter estragado tudo.
Uma enfermeira entrou e trocou a bolsa de soro de Isaac, e não aguentou em ficar em silêncio, puxando assunto com Fábio.
– Vocês são amigos? - Perguntou a enfermeira gordinha, baixinha.
– Não, ele é meu namorado. - A enfermeira tossiu assustada, e não resistiu em ficar calada.
– Você sabe que Deus abomina isso, não sabe? - Falou a enfermeira, aplicando um medicamento para dor na bolsa que estava ligada diretamente à veia de Isaac.
– Quem é esse? Ou melhor, quem é você? Esse Deus aí deve abominar gente fofoqueira que nem você que nem me conhece e quer falar merda!
– Não chame a palavra de Deus de merda! - Repreendeu a enfermeira.
– Não vou chamar a palavra de Deus, vou chamar um outro enfermeiro, já que você pode acabar matando o Isaac. - Fábio ficou de pé, e assim que abriu a porta do quarto, deu de cara com 3 policiais e um delegado.
– Fábio Malta, certo? - Perguntou o delegado gordinho e careca.
– Sou eu. - Fábio sabia que ia pra cadeia, não tinha jeito.
– Você vem conosco, tem umas coisas que você precisa explicar para nós. - Fábio balançou a cabeça concordando. E antes de acompanhar o delegado, foi até Isaac e lhe deu um beijo demorado nos lábios, fazendo a enfermeira clamar um ''Deus que te perdoe'' e sair do quarto por asco.
– Isaac, eu sei que você pode estar não me escutando, mas cuida da Carol pra mim? Eu te amo muito, e nós ainda vamos ficar juntos. Vamos sim! - Fábio chorava e destribuia vários beijos pelo rosto do moreno. Isaac abriu os olhos e deixou uma lágrima rolar pelo seu olho direito e antes que Fábio desse as costas, Isaac disse:
– Eu também te amo, Fábio. Eu vou cuidar da Carolina pra você. - Fábio sorriu e deu mais um beijo na testa do moreno, saindo com a polícia em seguida.

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Aline chegou segurando o frango e o refrigerante que seu irmão havia pedido, e assim que abriu a porta do apartamento, notou que não havia ninguém lá, nem mesmo a garotinha. A morena colocou as coisas em cima de uma mesa e saiu, chamando pelo nome de Carolina, pois ela podia estar por ali brincando. Não demorou muito para a menina sair pela porta da casa da vizinha e ir em direção à Aline.
– Você demorou. - Comentou Carolina.
– Eu dei uma volta por aí e aproveitei para reencontrar umas amigas, mas devia ter levado você. Conhece aquela moça? - Perguntou Aline, fechando a porta do apartamento de Fábio.
– Conheci hoje, e ela é bem legal. Você trouxe frango, oba! - Comemorou Carolina, dando pulinhos.
– Trouxe. Me ajuda a fazer comida? - Perguntou Aline.
– Sim! - Falou Carolina empolgada, indo com Aline para trás do fogão.


Denise estacionou seu carro na porta da construção feia e Jaqueline se horrorizou mais uma vez, iria pegar a menina e tirá-la do Brasil o mais rápido possível.
– Bem, é aqui que ele mora. - Falou Denise.
– Vamos tirar logo minha filha daqui, pelo amor de Deus. - Jaqueline abriu a porta do carro de Denise e desceu afoita, já entrando no prédio. A delegada seguiu-a. As duas foram subindo as escadas até que Denise parou em frente ao apartamento onde morava o pai de sua filha, seu estuprador.
– É nessa casa aí. - Falou Denise. Jaqueline não perdeu tempo e começou a esmurrar a porta, que pelo arrombamento estava solta e acabou abrindo. Lá ela encontrou Carolina mastigando um pedaço de coxa de galinha e uma moça morena mexendo em uma panela que outrora foi prata, mas estava quase toda manchada de gordura e óleo queimado.
– Jaqueline! - Falou Carolina, soltando seu pedaço de coxa para abraçar a mulher que ela nem sonhava que era sua mãe. Aline assustou-se com a fala de Carolina e constrangeu-se ao ver Denise ali.
– Eu vim te buscar, vamos para minha casa a partir de hoje, tá bem? - Falou Jaqueline.
– E meu pai? Cadê ele?
– Seu pai precisou viajar e me deixou cuidando de você, tá? Vai arrumar suas coisas que nós vamos daqui a pouco. - Falou Jaqueline. Carolina parou por um instante e olhou desconfiada para Jaqueline, mas acatou o pedindo, indo até o quarto de seu pai pegar suas coisas.
– Aline? - Chamou Denise.
– Pois não? - Respondeu a moça, desligando o fogo, indo até a delegada.
– Jaqueline, essa é a irmã do Isaac. - Aline olhou confusa para Jaqueline.
– O que aconteceu? - Perguntou Aline.
– Vamos conversar um pouco? -Sugeriu Denise - Venha também Jaqueline.
– E a Carolina? Ela pode ouvir.
– Não vamos demorar. - A delegada saiu da casa e foi para o lado externo, sendo seguida por Aline e Jaqueline.
– O que aconteceu com o Isaac? - Perguntou Aline, com os olhos inundados de lágrimas.
– Ele foi baleado, tentando salvar minha vida foi baleado. Está no hospital agora, mas tenho certeza que ele está bem. - Aline começou a chorar insensantemente e soluçar também. Ela sabia que essa tal de ''flor da carnificina'' iria matar seu irmão e pois bem, ele conseguiu.
– Mas como? - Perguntou Aline, tampando a boca para evitar que vazasse um soluço.
– Ele... É melhor você ir visitá-lo e ficar com ele. - Falou Jaqueline.
– E o Fábio? Tá metido nisso?
– Ele tá preso, se não estiver agora, vai ficar. - Afirmou Jaqueline, com raiva.