Ancorado

Por que não Marina?


Já fora do mar, a minha consciência marcava estranheza. A tontura litorânea era de presença conjunta com a brisa da grande noite de areia branca. Sem jaulas ou correntes, os cabelos balançavam libertadores e sem responsabilidades. Era tão bela e digna de tantos poemas. Por outros corações. Sim, eu estava vivo, não fazia ideia de como; como tal possibilidade estava na realidade?

Mas algo me dizia que a vivência não estava completa; faltava e faltava muito. O coração salgado ainda ardia e acima de tudo tinha muitas vontades, mais da metade indecifráveis. E aquele rosto estava ali para me contar mentiras. Três dias e três noites em três segundos. Não... Não era ela, não naquele momento. Aos poucos, eu ia me reconhecendo. Sabe...

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Teus olhos não me trazem nada
Perdão pela tristeza que te causo
Não gosto de cabelos longos
Nem de como pronuncias ditongos
Ou desse teu sorriso falso

Teu sorriso não me traz nada
Porque meu coração ferve por outro
Outro, Marina, sabe?
É a ele que meu amor cabe
Sabe, Marina, outro...

Tua amizade não me leva a nada
Sei que não choras de verdade
Eu não te quero, Marina
Entenda, menina
Por educação, não por maldade

Teus xingamentos me deixam apaixonado
Por ele, é claro

Por que não, Marina?
Por que não você?

Tudo que lamentas agora
Eu já lamentei
Sofres agora
Do que já sofri
Não, Marina, não é vingança
É amor
Por outro
Outro, Marina, sabe?

E ele diz o mesmo pra mim.
Só que por você.

O destino só os encontrou. E à beira da praia, como sempre, permaneci sozinho.