Ancorado

Autobiografia não autorizada


Eu nem percebi o que me atingiu. Antes minhas asas alcançavam o mais celeste brilho, e tão de repente eu caía. Já tinham me dito que sal na carne doía; mas eu não sabia que era tanto. E eu caí, mas não foi no chão. Foram em águas... Águas tão salgadas que desintegraram minha carne, destruíram meu respirar e turvaram cada detalhe do meu olhar. Ardia.

Gritos abafados. Choros misturados. Escuridão cada vez mais presente. Eu nem sabia mais se estava vivo. Diziam que sobreviver era instinto, mas eu só me desintegrava. Fui traído pelas minhas asas, e até compreendo... Elas nunca foram minhas. No mar... Estou ancorado. Vítima de morte prematura.

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Amores rochosos de um desafio geu-gráfico*
Balança torta de overdose de equilíbrio
Caminhos apagados pela areia desértica
Desejos entre soluços, bocejos, cochichos
Espetáculo ao contrário do avesso
Fagocitose envolvendo problemas
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Hematomas sem nome nem tema
Igualdade de um fraco
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Levante içado da âncora
Morte prematura

Eu não sei se morri ou renasci.