Whole Lotta Love 3

Três crianças


Foi na terça-feira, exatamente uma semana após dar entrada no hospital, que Castle recebeu alta, com mil recomendações de cuidado para uma boa e eficiente recuperação.

Castle: Eu pensei que eles tivessem entrado de férias ontem... Essa não era a última semana de aula?

Kate: Sim, era. Mas a professora resolveu fazer uma espécie de festinha antes, você sabe como são essas coisas.

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Castle: É, eu sei. Mas eu estou realmente com muita saudade deles.

Kate: Eles também, isso eu te garanto – Kate sorriu enquanto estacionava o carro na garagem. Rapidamente, desceu e ajudou Castle – Ande devagar.

Castle: Eu sei, amor.

Kate: E pode deixar que eu levo isso – ela se adiantou para pegar a mala onde estavam as roupas do casal utilizadas durante a estadia no hospital.

Os dois entraram no elevador e subiram.

Castle: Nossa...

Kate: Que foi?

Castle: Parece que faz uma eternidade que eu não venho aqui.

Kate segurou a mão de Castle, fazendo-o olhar para ela.

Kate: Não importa quanto tempo esteve longe – ela sorriu – Você está de volta! De volta para nós, para nosso cantinho...

Castle: Nada no mundo me deixa mais feliz do que isso!

O casal trocou um beijo rápido antes de adentrar o corredor rumo ao apartamento. Kate abriu a porta silenciosa, enquanto Castle falava.

Castle: Mas que vai ser estranho encontrar a casa silenciosa, ah vai...

“Surpresa!”

Castle parou diante dos rostos sorridentes. Ele sorriu também e olhou para Kate, que sussurrou um “surpresa” também. Ia dizer algo, mas foi impedido ao sentir duas coisinhas agarrando suas pernas.

Kate: Cuidado para não derrubarem o papai!

O comentário de Kate foi quase inútil. Castle deu uma cambaleada, e ela o segurou.

Kate: O que eu disse?

Jo: Papaaai que saudade de você – Johanna começou falando, claramente ignorando a mãe.

Alex: Eu senti mais, papai!

Jo: Não foi não!

Alex: Foi sim!

Castle: Nenhum de vocês sentiu tanta saudade quanto o papai!

Castle fez menção de se agachar, mas Kate o impediu, apontando o sofá.

Castle: Ok, o papai vai falar “oi” para todo mundo e já senta ali com vocês.

Os gêmeos fizeram que sim, enquanto Castle caminhou pela sala. Todas as pessoas importantes estavam ali: Martha e Jack, Alexis e Luke, Jim e Maggie, Ryan, Jenny e Sarah Grace, e Espo com Juan, Lola e Lanie, que segurava a pequena Julia, de dois meses.

Castle: Até você? – Castle mexeu com a bebezinha.

Lanie: E ela ia perder o retorno do tio para casa?

Castle: Eu estou muito feliz em ter vocês todos aqui. Obrigado mesmo – Castle se emocionou, mas não teve tempo de chorar. Os filhos já o arrastavam para o sofá. Cada um sentou em uma coxa do pai, apesar da tentativa de Kate impedi-los a fazer isso.

Kate: Cuidado com a barriga do papai heim! – as crianças fizeram que sim, mal olhando para a mãe.

Jo: Papai, você viu que meu dentinho caiu? – Jo abriu a boca para o pai.

Castle: Eu vi, minha princesa. Você conseguiu ficar ainda mais linda!

Alex: Papai, nós vamos cuidar muito bem de você!

Castle: É mesmo?

Jo: Nós estamos de férias e vamos ficar o dia todo aqui, não é o máximo?

Castle levantou os olhos para Kate, que já se perguntava mentalmente se aquilo seria mesmo o “máximo”.

Castle: Claro! Vai ser muito divertido!

Alex: A mamãe disse que você não pode ir para os Hamptons ainda... – Alexander tentava disfarçar a decepção com aquilo. Era verão, afinal.

Jo: Mas nós podemos fazer da banheira nossa piscina!

Kate: Que tal nós deixarmos o papai descansar um pouco? – Kate interrompeu rapidamente o que considerava uma ideia absurda.

Jo: Mas ele já descansou um monte lá no hospital!

Castle: Ela tem razão!

Kate suspirou. Lutar contra os três depois de uma semana de saudade era em vão. Saiu de perto e foi recepcionar melhor os convidados. Susie, a faxineira que vinha três vezes na semana, havia combinado com Kate que ficaria mais tempo ali, pelo menos no começo da recuperação de Castle. Foi ela quem providenciou a mesa, com tortas e salgados, além de suco, café e outras guloseimas que Martha trouxera da padaria. Era um café da manhã completo, às 10h de uma terça-feira muito especial para os Castles.

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Jo: Papai, a mamãe disse que você só pode ficar deitado.

Castle: Que nada! A mamãe exagera.

Alex: As mulheres são exageradas, não são papai?

Castle: Que garoto esperto esse meu!

Castle bagunçou os cabelos do filho, enquanto alisava carinhosamente os da filha. As crianças agora olhavam para o tapete, onde Sarah, Juan e Lola brincavam em meio aos muitos brinquedos jogados ali. Havia um impasse em seus olhinhos: se juntar aos amiguinhos ou ficar com o papai? Castle, como bom observador, resolveu interferir no pensamento de seus pequenos.

Castle: Meus amores, por que vocês não vão brincar? Eu prometo que teremos muito tempo de matar as saudades!

Johanna e Alexander pularam rapidamente do colo do pai. Castle se levantou devagar e caminhou até os rapazes.

Castle: Confessem, vocês sentiram minha falta.

Ryan e Espo trocaram um olhar ensaiado.

Ryan: Não...

Espo: Nem um pouco.

Castle balançou a cabeça e os dois riram.

Espo: Ok, você fez falta.

Ryan: Ia adorar um caso que tivemos no fim de semana.

Castle: Vou querer saber em detalhes!

Castle sorriu, e ganhou um olhar sério dos dois.

Espo: Não faça mais isso, cara.

Ryan: Você não tem noção de como ela ficou.

Castle: Eu sei que causei muito sofrimento...

Ryan: Eles precisam de você.

Castle fez que sim, tentando imaginar o que os dois haviam presenciado para falarem tão sério com ele.

Kate: Do que vocês estão falando? – Kate chegou sorrindo abraçando cuidadosamente o marido por trás.

Castle: Esses dois engraçadinhos estavam me dizendo que já faziam uma lista de pretendentes para você.

Kate: Muito engraçado – Kate olhou brava para os dois.

Ryan: Que foi? Você acha que isso aí é grande coisa?

Espo: Vamos Kate, existem opções melhores...

Castle: Se eu morresse, Kate jamais teria outro homem.

Kate: Será que a gente pode parar de falar nesse assunto?

Espo: Como é que você sabe?

Castle: Simples. Eu viria do além atormentar qualquer um que pensasse em se aproximar dela.

Kate: Chega, ta? – Kate cortou o assunto brava, em meio às risadas dos três.

Castle: Eu já disse, você nunca vai me perder – Castle a puxou para seu lado, dando-lhe um beijo.

Kate: Acho bom mesmo.

Lanie e Jenny se aproximaram, comendo e conversando. Kate tomou Julia dos braços da amiga, brincando com a bebê. Os adultos conversavam divertidamente, e Lanie, que estava próxima a Kate, voltou os olhos às crianças quando ouviu a voz de sua pequena.

Lola: Gatinho! – a garotinha de 3 anos apontou para Tiger, que tinha vindo pelo cheiro das comidas gostosas, mas adentrava a sala timidamente.

Jo: É o meu gatinho, Lola! – Johanna correu até Tiger, pegando-o no colo.

Lanie, observando de longe, se virou para Kate.

Lanie: Ele não é perigoso, é?

Kate: Não, um amorzinho.

Castle: Até demais, coitado.

Espo: Vem cá, esse gato é aquele do natal retrasado? O da história do Tigre?

Castle: Ele mesmo.

Espo: Ele ainda está vivo?

Castle: Também não sei até hoje como ele sobreviveu àqueles dois.

Kate: Que exagero! Tiger adora as crianças – a frase de Kate foi interrompida por um miado – Jo, solta o Tiger!

A menina olhou contrariada para a mãe. Abriu então a casa de bonecas, e deixou o gato sair pela portinha.

Castle: Você estava dizendo...?

Kate: Isso não é maldade, é excesso de amor!

Castle: Sabe quando dizem que mãe é cega? – Castle se virou aos amigos – Pois é.

Todos riram, enquanto Castle ganhou um beliscão de Kate. Logo depois, o casal foi para a outra rodinha de adultos, onde estava a família. E assim a manhã se passou da forma mais agradável possível.

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Com Castle de alta do hospital, Kate estava mais tranquila. Depois que os convidados foram embora, ela o instalou no quarto, deixando tudo que era importante ao seu alcance.

Kate: Amor, eu preciso dar um pulo na delegacia. Foram muitos dias fora – Kate acariciou a mão de Castle, que estava sentado na cama, encostado em vários travesseiros.

Castle: Claro, babe, eu entendo.

Kate: Você vai ficar bem?

Castle: Pode ir tranquila, amor.

Kate: Eu já passei todas as recomendações à Susie quanto ao que você pode comer.

Castle fez uma careta inevitável, e Kate logo o repreendeu.

Kate: Rick, você sabe que precisa obedecer.

Castle: É, eu sei. Pode deixar.

Kate: E tem mais, nada de esforço, lembra?

Alex: Pode deixar, mamãe. Nós estamos aqui.... – Alexander chegou falando num tom de suspense.

Jo: Os super médicos! – Johanna emendou.

Kate virou-se para trás, dando de cara com os filhos vestindo camisas brancas do pai. Ela sorriu, voltando-se para Castle, que também sorria.

As crianças subiram na cama, trazendo instrumentos de um antigo jogo de Johanna: um estetoscópio, uma seringa, uma espátula e uma prancheta com papel e caneta.

Alex: Abra a boca, papai!

Castle obedeceu, e quando Alexander ia colocar a espátula na língua do pai, sentiu a mão de Kate o impedindo.

Kate: Isso aqui está guardado há anos!

Castle: Eca!

As crianças riram da cara que o pai fez.

Kate: Eu vou lavar – Kate se prontificou e saiu. Quando voltou, gritou com a cena que viu – Jo! Você não pode subir no papai!

A menina olhou assustada para a mãe.

Castle: Calma amor, ela está na minha perna.

Kate: Você ainda está com os pontos!

Kate se aproximou e sentou na cama, puxando a filha consigo. Johanna emburrou, uma atitude típica dela. Cruzou os braços e fez um bico.

Kate: Jo, você não pode subir no papai, ele está com a barriga toda costurada!

A palavra “costurada” fez Jo encarar a mãe e descruzar os braços.

Jo: Eu quero ver!

Kate levantou a camiseta de Castle, e as crianças olharam atentamente. Alexander tentou tocar um dos pontos, sendo impedido pela mãe.

Alex: É muuuito legal!

Jo: Não doeu, papai?

Castle: Bem, eu estava dormindo e não senti nada...

Alex: Eu quero costurar a barriga também!

Jo: Alex, deixa eu costurar sua barriga? Eu posso cortar e costurar!

Kate arregalou os olhos para Castle, que caiu na risada.

Castle: Eles não são o máximo?

Kate: Ei, ninguém vai cortar ninguém aqui!

Jo: Mas é legal, mamãe!

Castle: Kate, eu acho que nossa garotinha vai ser médica.

Alex: Eu quero ficar igual o papai!

Kate: Ótima ideia! Então os dois vão deitar aqui e ficarem quietinhos, igualzinho o papai.

Alex: Mas isso não tem graça, mamãe.

Kate: Exatamente. Se machucar, ficar com um corte desses não tem graça nenhuma. E agora o papai vai precisar fazer repouso.

Jo e Alex olharam desanimados para o pai.

Castle: Mamãe tem razão. Mas nós podemos brincar de vocês cuidaram de mim. Tenho certeza que serão os melhores médicos que eu já tive!

Kate: Bem melhor assim.

Kate se despediu dos três, saindo logo em seguida.

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Castle: E aí, quem está pronto para a diversão?

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Kate: Castle! – foi o grito que Kate deu quando entrou em casa no fim do dia e deu de cara com a barraca armada na sala. O dono do nome chamado apareceu na portinha, levantando a aba e a olhando.

Castle: Oi amor!

Kate: O que você está fazendo aí no chão?

Castle: Aqui é o consultório dos nossos mini doutores.

Kate: Você nem devia ter saído da cama!

Castle: Kate, eu estou ótimo!

Kate se agachou e olhou para dentro. Avisou os dois filhos, muitos brinquedos e, claro, o gato rondando e mexendo em algumas coisas.

Kate: Castle, cuidado com o Tiger. Se ele por a patinha no seu machucado...

Alex: Mamãe, o Tiger nunca faria isso! – Alexander tinha um olhar bravo.

Jo: É, mamãe! – Jo o acompanhou, também ofendida com o comentário da mãe.

Kate: Ta bom, ta bom. Eu só falei por falar.

Castle: O Tiger é um gatinho limpo e amigo.

Kate olhou para Castle.

Kate: Você é tão criança quanto eles.

Castle: Sim, e é super divertido! Sério, amor, você devia tentar.

Kate: Eu devia tentar era fazer com que meu dia tivesse 30 horas, porque 24 não está dando!

Castle: Problemas na delegacia? – Castle agora a olhava sério. Ele dentro da barraca, ela fora.

Kate: Castle, é uma delegacia. É óbvio que é cheia de problemas.

Castle: Ih... mamãe está nervosa... – Castle virou falando para os filhos – Melhor pegarmos leve hoje.

Alex: É a TPM.

Kate: Alex! Você nem sabe o que é TPM!

Alex: Sei sim. É Treinada Para Matar.

Kate: Quem foi que te disse isso? – Kate olhou muito surpresa para o filho.

Alex: O papai – o garoto apontou.

Castle: Não precisa apontar, ela sabe quem é o papai... – Castle já tinha cara de medo diante do olhar furioso de Kate.

Kate: Sério, Castle? É isso que você ensina para seus filhos?

Jo: O papai ensina muitas coisas legais.

Alex: Porque ele é o mais inteligente!

Kate: Como é que é??

Jo: O papai é o mais inteligente dessa casa, ele sabe até falar gatês!

Kate: Gatês?

Jo: É a língua dos gatos, mamãe! – Jo tinha os olhinhos cheios de orgulho pelo pai.

Kate: É mesmo? – Kate voltou-se para Castle – E onde é que o papai aprendeu gatês?

Alex: Na escola – Alexander se apressou em responder.

Kate: Jura? Como eu não sei dessa história, Rick?

Castle: Amor, eu já te contei... era uma matéria optativa, lembra? Você não quis fazer...

Os dois se encaravam sério. Tiger miou e Jo logo perguntou.

Jo: O que ele está falando, papai?

Castle: Que ele quer sair – Castle observou o gatinho indo em direção à porta para deixar a barraca. As crianças sorriram encantadas.

Alex: Viu mamãe? O papai sabe!

Jo: Ele é o mais inteligente!

Kate: Estou vendo!

Alex: Papai, escuta! O Tiger está miando de novo lá fora. O que ele quer?

Castle: Deixa eu ver... – Castle colocou a orelha para fora da barraca, como se prestasse atenção – Ração. Ele está com fome.

Jo: Ainda bem que o papai sabe tudo!

Alex: Vamos, Jo!

Jo deu o braço para o irmão puxá-la. Os dois saíram correndo.

Kate: Gatês? Sério?

Castle: É apenas mais uma das minhas muitas especialidades.

Kate: Castle! Inventando coisas para seus filhos?

Castle: É o que eu faço para viver! Eu invento histórias, e as pessoas adoram.

Kate: Eles vão odiar quando souberem que isso não é verdade.

Castle: Não vão não, sabe por que? Porque quando eles descobrirem, será porque terão discernimento suficiente para diferenciar o que é real do que é ilusório. E, bem, quando isso acontecer, eles vão entender a maravilha que é viver no mundo da ilusão.

Kate permaneceu sem dizer nada, apenas com os olhos presos nos dele.

Castle: Que foi?

Kate: Eu odeio que você seja o mais inteligente.

Castle: Nós dois sabemos que isso não é verdade.

Kate: Mas o mundo imaginário é mesmo bem mais divertido.

Castle esticou o braço, num sinal para que ela se movesse e adentrasse a barraca. Kate obedeceu, e logo estava envolta nos braços dele.

Castle: Se você quiser, posso te ensinar gatês.

Kate: Não... vou deixar essa especialidade só para você.

Castle: E qual será a sua especialidade então?

Kate: Te enlouquecer.

Kate abriu uma sacola que trazia consigo, mostrando parte do conteúdo a Castle.

Castle: OMG, isso é uma...?

Kate: É sim.

Castle: Kate, você sabe que eu não posso... – ele ficou agoniado.

Kate: É eu sei. Quando saí de casa hoje pensei: “Castle está com cara de quem não vai me obedecer...”. Então eu resolvi tocar no exato ponto onde te atinge: o sexo.

Castle: Kate, isso é maldade da pior espécie!

Kate: Eu vejo mais como um estímulo. Quando mais você se esforçar, mais rápido se recuperará e terá o que quer. Do contrário...

Castle: Não existe o contrário! Amanhã eu ficarei o dia todo na cama.

Kate: Bom garoto – Kate deu um leve tapinha no rosto dele, se levantando para sair – É realmente muito inteligente!