My Broken Hero

Chapter XI - Assassin's Creed


Capítulo XI - Crença do Assassino

De fato, ele a odiou. A odiou mesmo sabendo que não tinha nenhum direito de fazê-lo.

Bucky Barnes soube na hora em que pôs os pés na Área 51 e a Agente 13 contou-lhe sobre o incidente que levara Rogers a sua enfermidade. Contou sobre a tragédia envolvendo XX-23, o Capitão América e XY-32, e mesmo se isolando do mundo como estava fazendo, isso não impedia o ex Soldado Invernal de ver uma televisão ou passar diante de um banco de revistas.

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Ele soube na hora que Steve estava como estava por causa da garota Stark, bom. Não necessariamente por causa da garota, mas pelo quê ele sentia por ela.

Depois dos acontecidos em Washington quando a S.H.I.E.L.D. caiu e a HYDRA acabou sendo descoberta. Barnes só fazia fugir. Suas memórias haviam sido tiradas, mas voltavam aos poucos ao longo dos meses.

Bucky precisou de alguns meses longe das lavagens cerebrais que Alexander Pierce e outras cabeças da organização subversiva administravam sobre ele para começar a ter suas lembranças de volta.

Como efeito de sua liberdade e da ausência da reprogramação mental que sofria, tudo voltou. Entretanto, ele não estava preparado para nada daquilo. Não estava preparado para lembrar quem ele era.

James Buchanan Barnes, ex sargento, filho, abatido em combate, amigo, cobaia da Hydra, nascido em 10 de março de 1917, transformado em uma espécie de ciborgue com um braço inorgânico, assassino de inocentes, sejam grandes mentes científicas ou políticos. Ele não podia, ele não conseguia se perdoar pelas coisas horríveis que foi compelido a fazer. Por isso, não conseguiria voltar para a vida de Steve.

Ele fugiu, mesmo quando tal Sam Wilson, amigo do Capitão, chegou bem perto de encontrá-lo. Bucky não queria voltar ao mundo, ele não merecia voltar. Não depois de ter sido um Soldado Invernal da Hydra. E sabia que Steve não precisava, tinha agora outros amigos que gostavam de collants e máscaras como ele. Heróis como Steve, não monstruosidades como Bucky.

Ao que tudo indicava, Rogers estava indo bem sozinho na vida, segundo os jornais tinha até uma garota para chamar de namorada. Lola Stark.

Stark.

Mais um motivo para não aparecer de novo na vida dele. Bucky lembrava vividamente daquela noite como se pudesse se transportar de novo para ela, a umidade no ar de Long Island, o silêncio, a lua sobre ele, em 1991, seu arsenal preparado para qualquer tipo de assassinato, e sua perna apoiada numa rocha enquanto esperava o carro de seu alvo passar pela estrada.

Barnes lembra vividamente que não sentiu remorso algum ao ver que o alvo estava acompanhado da esposa, ele provocou o acidente de qualquer forma, assassinou-os deixando órfão um rapaz de vinte e um anos que acabou se tornando o CEO mais novo das Indústrias Stark, bem... Agora ele sabia que também havia deixado órfã a namorada do melhor amigo.

Como ele poderia ousar pensar em voltar para a vida de Rogers? Por isso ele não pensava.

Arrependeu-se amargamente de não ter tentado uma reaproximação quando em dezembro de 2015, poucos dias depois do Natal, houve a confirmação e a nota mundial dos falecimentos do Capitão América, da Miss American Girl e do terrorista que causou todo aquele mal, o Experimento XY-32.

Contudo, a surpresa de Bucky se fez completa quando em junho de 2017 acordou em seu esconderijo sendo rendido por uma equipe de busca da S.H.I.E.L.D., houve um pouco de pancadaria até eles (quinze homens) conseguirem fazê-lo ao menos escutar o porquê estavam ali. Rogers estava vivo, bom, não exatamente.

Estava em coma por todo esse tempo num local secreto, com um grupo de cientistas e médicos tentando achar uma cura para seu estado moribundo. Bucky não precisou de muito mais do que isso para ser convencido sobre o quanto tal grupo achava fundamental a cooperação dele.

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Barnes se rendeu por Rogers. Steve era seu melhor amigo, e estaria lá por ele até o fim da linha.

Quando chegou à Área 51 foi recebido por Sharon Carter, a agente que deu a ele todas as informações sobre o quê aconteceu com Rogers, qual sua situação atual, e principalmente, foi a Agente 13 que contou a ele o quanto era fundamental seguir as regras do local, e não contar NADA a NINGUÉM de lá de dentro sobre o quê estava acontecendo no mundo do lado de fora.

Bucky pôde ver com os próprios olhos o que havia acontecido com seu amigo. Steve parecia o garotinho do Brooklyn que ele vivia precisando tirar de confusão, exceto pelo fato de estar inerte e mais abatido numa cama por trás de uma proteção de quarentena. E ele sabia da garota. Sabia da garota e do XY desgraçado, estavam trabalhando juntos em prol da cura.

De fato, ele a odiou. Odiou-a mesmo sabendo que não tinha nenhum direito de fazê-lo.

Odiou-a por ter sido a fraqueza do amigo, - não fazia sentido essa parte - mas a odiou mesmo assim. Odiou-a por estar trabalhando diariamente ao lado daquele que causou tudo aquilo, entretanto, no dia que encontrou a garota no corredor e pôde olhá-la nos olhos, sentiu o ódio que ela tinha por ele. E por que ela o odiava?

Ele era o monstro da história, ele era o assassino, aquele que tirou a vida dos pais dela. Ele não pôde mais odiá-la, pelo contrário, a raiva que sentia se converteu em remorso, em culpa. Na culpa que já carregava sem nunca ter precisado encontrar com alguém a quem ele trouxe desgraça para a vida. Ele não a odiou mais. Ele não tinha o direito de fazer isso.

...

Quando Bucky acordou numa manhã de outubro de 2017, dentro de seu dormitório nas instalações e soube que Rogers havia acordado na madrugada, a primeira coisa que fez foi ir visitar o amigo, mesmo Steve estando sedado. Ao chegar lá, Barnes descobriu que a garota havia feito a mesma coisa, mas chegou minutos antes dele.

Ele assistiu tudo, viu o quanto ela chorava e conversava agarrada à mão minúscula do Rogers magérrimo, viu quando Steve conseguiu continuar acordado por uns segundos. E principalmente, viu COMO ele olhava para ELA. Foi nesse instante que Bucky decidiu o que ia fazer. Chamou-a para fora na primeira oportunidade que teve quando os olhos encharcados dela o descobriram do lado de fora da redoma transparente.

...

Lola secou seus olhos enquanto se distanciava do corpo desfalecido naquela cama, abriu a porta, lacrou-a novamente. Retirou seu roupão esterilizado, sua touca e sapatos, jogou-os no cesto de descarte e virou-se.

A figura de preto, Barnes, a esperava. Ele estava de braços cruzados encarando Steve dormir do outro lado da proteção.

A Stark ainda estava muito anestesiada pela breve troca de palavras que teve com o Capitão para entender o porquê saiu quando Barnes pediu, e o porquê posicionou-se ao lado dele também cruzando os braços e começando a assistir o loiro adormecido.

Talvez a culpa seja de Steve.

Ele era a única coisa que Lola poderia dizer que tinha em comum com aquele infeliz. E ela sentiu raiva de si mesma, muita, muita raiva, porque quando estava lá dentro com o Rogers que acabara de voltar a ficar inconsciente e ela olhou para os lados se deparando com o Soldado Invernal, a única coisa que Lola enxergou foi: “aquele é o homem que me ajudou a ver Steve de olhos abertos”.

Isso a destruiu, porque ela sabia que o certo era ter enxergado de cara: “aquele é o homem que matou meus pais”. Queria conseguir passar por cima da gratidão que não queria ter sentido, queria acreditar que Bucky não se importava de verdade com Rogers, para poder, enfim, não ter elo nenhum com aquele criminoso.

— Não sei se fará diferença alguma... – Bucky quebrou o silêncio ainda encarando Steve. –... Mas espero que saiba que fui obrigado a fazer todo o mal que causei a sua família por meio de manipulação mental. Eu... Não estava no controle das minhas faculdades... -.

Lola bufou num riso sem um pingo de graça, também ainda tendo Rogers como ponto fixo de sua visão. Continuou calada. Mesmo não querendo, algo em seu interior gritava para ela continuar parada ali escutando aquilo. Era algo que a alma dela precisava.

— Não tem como eu trazer seus pais de volta, mas se eu pudesse... Não há redenção para mim e eu sei disso mais do que ninguém. Infelizmente, a sua foi apenas uma das dezenas de famílias que eu ajudei a destruir sendo a marionete da Hydra. Eu nunca poderei remediar nada disso, mas tem uma coisa que eu posso fazer. Caminhe um pouco comigo. – Bucky pediu.

Aquilo foi demais para Lola.

— Você só pode estar viajando. – Ela deu as costas e começou a andar. Foi a primeira coisa que ela disse para o assassino de Howard e Maria Stark, e pretendia que fosse também a última.

Bucky a agarrou pelo cotovelo com seu braço prateado. Lola olhou primeiro para a mão dele em seu cotovelo, depois o olhou com finalmente raiva daquele assassino e depois puxou seu próprio braço tentando se soltar, mas foi inútil.

— Por favor, é importante! É sobre Steve. – Barnes disse, foi o suficiente para o olhar da garota se amenizar. – Eu estou preocupado. – Ele acrescentou soltando-a, e foi exatamente assim que o olhar dela ficou. Preocupado.

— O que é? – Ela indagou, voltara a engolir a seco com um nó que não se desmanchava em sua garganta.

Bucky indicou a porta de saída insistindo na tal da caminhada. A Stark expirou forte pela boca e começou a sair na dianteira. Ele a seguiu.

Caminharam poucos segundos pelo corredor quilométrico, Lola não teve paciência para qualquer tipo de silêncio, foi logo questionando.

— Não vai falar? -.

— Bem, vou... – Bucky começou a falar, afinal, ele não precisava levá-la para muito longe. Não tinha que afastá-la muito, era logo ali na frente. Só precisava mantê-la ao seu lado por poucos minutos. – Não é segredo para você o quanto conheço aquele cara. Desde crianças,estivemos um ao lado do outro. Conheço-o com a palma da minha mão... – Ele começou.

— A metálica ou a de carne? – Lola cuspiu as palavras rudes, por mais que quisesse escutar o que ele tinha a dizer sobre Steve, aquilo, andar ao lado daquele homem... Era uma tortura cruel demais para ela.

Ela não sabia os limites das coisas que era capaz de fazer em prol de Rogers, mas com certeza estar no mesmo ambiente que o homem que reduziu sua família a apenas Anthony, era uma das coisas que ela estava fazendo, por mais que doesse o ato.

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Bucky ignorou o comentário maldoso e continuou falando enquanto eles andavam irritantemente lado a lado para o horror da Stark. Ela tinha certeza que os pais estavam se revirando no túmulo deles nesse exato momento. Sentia-se manchando as suas memórias sem dúvida alguma.

— Eu sei o quanto Steve lutou para se tornar quem se tornou, eu vi, eu estava lá. Portanto, mais do que ninguém eu sei o quanto ele nunca abriria mão disso. Por mais que ele seja um herói e heróis vivem de sacrifícios para salvar inocentes... – Ele dizia. Lola escutava calada e em agonia por estar fazendo aquilo. – Por mais que seu instinto seja salvar as pessoas, o que ele fez por você, o risco que ele correu, o estado em que ele se encontra porque queria salvar você... Ele não faria isso por qualquer uma... -.

— Chegue logo ao seu ponto! – Lola exclamou, apertou os olhos e balançou a cabeça enquanto andavam, depois abriu-os novamente. Tudo o que ela menos queria era discutir com aquele cara o que é que Steve supostamente sentia por ela. Com ele não! Com todos menos com ele! Preferia até estar conversando com Sharon, mas com Bucky, não!

— Eu estou quase chegando nele... – Barnes explicou. –... Steve acabou ficando nesse estado porque ele sente uma coisa, que é bastante óbvia para mim que o conheço tão bem ou até para qualquer um que analise o acontecimento de forma imparcial, está na cara o que ele sente por você, mas não sou eu a pessoa certa que deveria colocar isso em palavras. Isso cabe ao próprio Steve... Mas você não faz bem a ele. De jeito algum! Não no seu estado atual. E cabe a mim tentar defendê-lo de você. -.

— Mas é o QUE? – Lola paralisou no meio do corredor, exatamente no lugar onde ele queria que ela tivesse parada. – QUEM VOCÊ PENSA QUE É? – A garota cuspiu as palavras em pura ira. Ela não acreditava no que estava escutando.

— Dolores Stark, está na hora de alguém jogar um pouco de verdade na sua cara. Você não entende o que você é para ele? VOCÊ É A PORRA DE UMA FRAQUEZA! – Bucky rosnou no mesmo tom de voz da garota.

Ele bateu sua mão de “carne” na parede atrás de Lola encurralando-a, ela o fuzilava com tanto ódio que se tivesse superpoderes, ao invés de superforça, seria capaz de transformar a cara de Barnes em geleia.

O que Lola estava distraída demais para notar é que Bucky colocou a mão exatamente sobre um leitor de digitais. Havia uma porta atrás da Stark, não uma parede, e ele tinha acabado de abri-la.

— E PRECISO ELIMINAR ISSO. – Barnes a empurrou com toda a força de seu braço metálico.

Lola cambaleou para trás até descobrir da pior maneira que não tinha uma parede atrás de si. Ao invés do esperado choque contra suas costas, encontrou o vazio e continuou cambaleando sem equilíbrio até tropeçar em alguma coisa que não pôde enxergar, caindo de bunda no chão.

Dentro do lugar que ela havia adentrado era um breu sem exageros, a única luz vinha da porta, que no momento, estava sendo obstruída pelo imenso corpo musculoso do assassino.

Ela não teve tempo para se recompor ou sequer entender o que estava se passando, quando conseguiu se erguer do chão, o Soldado Invernal já estava lá dentro também. Com seu braço humano socou-a em cheio na bochecha direita, foi muito mais forte do que a Stark podia suportar. A dor, a tontura, o gosto de sangue na boca, acabou caindo novamente.

No chão, no escuro, recebeu um chute em cheio no centro de seu tronco. Lola não teve tempo de se recuperar do golpe, pois já estava recebendo outro chute em um lugar novo. E por nada nesse mundo ela conseguia se manter de pé.