Através das Lentes

Um encontro nada agradável


Hermione concluíra que Rony havia saído completamente de sua vida. Havia dias que o rapaz não dava sinais de vida, nem mesmo Harry, seu cunhado, tocava no assunto no trabalho; o ruivo simplesmente sumiu sem deixar vestígios.

Nos primeiros dias Rose andou cabisbaixa, pouco brincava ou falava, no entanto para ela Rony estava fazendo uma longa viagem, e quando voltasse poderia matar a saudade que sentia do rapaz, que para ela era muito mais que um amigo. Já para a mãe era a certeza de que, de alguma forma a chance de ser feliz havia sido completamente descartada de sua vida.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Quase um mês depois, quando Hermione finalmente decidiu voltar para casa, seu sentimento maior era o medo de que Victor aparecesse, mas com o passar dos dias a jovem foi começando a acreditar que o ex-namorado havia desistido de atormentar-lhe, o que acabou sendo o seu maior erro. Certo dia, em um final de tarde de muito calor e a morena resolveu ir até a pracinha que ficava próxima a sua casa com a filha para que a menina pudesse brincar.

Tudo estava bem, até o momento em que Hermione notou que alguém a observava. A morena tentou não se desesperar, mas assim que tencionou a chamar a filha para ir embora uma figura masculina apareceu ao seu lado, Victor Krum, o homem que por anos esteve longe de sua vida, e que agora estava parado a sua frente com um olhar ameaçador.

Por mais que quisesse sair dali correndo, o medo era tão grande que, a jovem não conseguia mover um músculo sequer. Ele olhava-a de forma furtiva, com um sorriso malicioso estampado nos lábios. Victor estava diferente, não era mais o cara no final da adolescência com os hormônios a flor da pele, e sim um homem feito, e em nada aparentava o monstro que atormentava Hermione por anos a fio.

— Por que nunca me contou? - Ele perguntou de forma serena e a morena nada disse. - Não acha que eu tinha o direito de saber?

Hermione permaneceu calada e apenas negou tudo com a cabeça. Victor tentou ainda se aproximar, mas a cada passo que dava para a frente, a morena dava outro para trás.

— Vamos passar uma borracha no passado, e vamos ser felizes como sei que um dia fomos. Te procuro há muito tempo, Mione. - Ouvir aquelas palavras causava-lhe uma dor dilacerante no peito, como se estivesse sendo apunhalada várias e várias vezes. - Sei que a menina é minha filha, eu vi como seus olhos parecem com os meus. Não pode simplesmente impedir que eu a veja!

— Espera ai! - Ela disse, tomada de uma coragem que há muito havia perdido. - Acha mesmo que eu deixaria você chegar perto da MINHA filha? Você ta pensando o quê? Que eu vou esquecer tudo o que me fez no passado e vou simplesmente me jogar nos seus braços como se nada tivesse acontecido? Está muito enganado, Victor!

— Ela é minha também! - Grunhiu ele entre os dentes. - Com ou sem a sua permissão eu a terei comigo.

— Por uma infeliz ocorrência da vida, o pai da minha filha é uma pessoa esdrúxula como você, mas isso não quer dizer que vou deixar que faça algum mal, e isso inclui se aproximar dela.

— Tudo bem, como quiser. Se não for por bem, será por mau.

Victor tinha agora o olhar mortal, como se a ameaçasse. Hermione, no entanto, por mais que estivesse tremendo por dentro, por fora mantinha-se resistente como uma rocha. Encarava o homem, o mesmo que havia feito-lhe tão mal no passado, de igual para igual, como se nada mais importasse além do bem estar de sua filha Rose.

— Está cometendo um grande erro tentando me privar de conviver com a nossa filha...

— Ela é minha filha, apenas minha! – Exclamou convicta.

— É preciso apenas um teste de DNA para provar o que digo. Tenho muitos contatos espalhados pelo país, e assim como contratei um detetive para lhe achar dessa vez, posso fazer novamente, e com a forte influência que tenho, posso até tirá-la de você legalmente. – Hermione gelou por completo.

— Você não faria...

— Não brinque comigo, Hermione. Acho melhor colaborar, se não quiser ficar sem a menina... - O moreno deu uma breve pausa, lançando-lhe um sorriso lascivo - com ou sem lei!

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Por dentro, a jovem estava petrificada, enquanto Victor havia deixado a falsa aparência de arrependido de lado, dando lugar a um semblante vitorioso e assustador. Aquele homem a sua frente, ela concluíra, não era o mesmo de anos atrás, era na verdade, muito pior em todos os sentidos.

O coração de Hermione quase saltou para fora do peito quando Rose aproximou-se de ambos; tinha o rostinho vermelho e suado, e seus cabelos já não estavam mais presos, e sim bagunçados pelo vento.

— Quem é esse, mamãe? - A menina perguntou, fazendo com que Hermione olhasse assustada da filha para o homem. Victor sustentou seu olhar fazendo-a se lembrar de tudo o que havia dito antes, e sobre a ameaça de levá-la com ele.

— É Hermione, quem sou eu? - Indagou ele ironicamente, instigando ainda mais a curiosidade da menina.

— Então filha... esse é um dos amigos que a mamãe não vê há muito tempo, e que está de passagem por aqui, mas ele já vai embora, não é Victor? - A morena praticamente suplicava com os olhos para que ele confirmasse toda a história.

O moreno abaixou-se até ficar na altura da menina.

— Qual o seu nome, princesa? - Ele perguntou docemente.

— É Rose

— É um lindo nome! Rose... como uma rosa.

— O Rony também já me disse isso! – Ela respondeu inocentemente.

— E quem é Rony?

— É o namorado da mamãe. Ele é muito legal, e gosta do Perebas.

— Namorado? – O homem olhou novamente para a morena.

— Já chega né filha. Vamos embora que o Victor também vai para a casa dele.

— Eu ainda não acabei, Hermione. - Disse ele entre dentes, voltando-se novamente para a menina em seguida. - Sabe, Rose...eu sou um amigo da mamãe sim, de muitos e muitos anos, mas tem uma coisa que você não sabe.

— O que é?

— Bom, eu acho que ela nunca contou a você, mas ...eu sou o seu papai.