Através das Lentes

Despedida.


Rony comprava algumas balinhas de chocolate para alegrar a pequena Rose do lado de fora do hospital enquanto esperava que Hermione terminasse de conversar com o pediatra. O ruivo não via a hora de poder estar novamente com a menina que tanto havia lhe afeiçoado.

Sua vontade era poder abraçar não só Rose, mas Hermione também, e assegurar-lhes que nada de ruim aconteceria a elas, porém, devido a sua omissão, infelizmente a morena havia fechado-se novamente para o mundo e perdido a confiança que tanto demorou a conseguir no ruivo.

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Perdido em seus próprios pensamentos, Rony só notou que ambas estavam ao seu lado quando a menina chamou seu nome. Rose mostrou-se tão genuinamente feliz que Hermione teve a certeza do motivo da febre emocional da menina.

– Estava com tanta saudades de você, mocinha! - Ele disse contente, com os olhos brilhando ao abraçá-la.

– Eu também estava! A casa do dindo é legal, mas não é igual sem você lá! - Ela respondeu inocentemente.

Rony deu a ideia de irem até a pracinha que ficava próxima dali, e mesmo contra vontade Hermione aceitou. A morena só queria ver a filha melhor, o que provavelmente estava funcionando, já que a febre praticamente não existia mais.

Enquanto andava pela rua, de mãos dadas com a menina, Rony certificava-se de prestar atenção em todos os lugares possíveis, e acabou chamando a atenção de Hermione para o gesto. A morena tentava de todas as formas possíveis tira-lo de sua cabeça, mas a cada vez que tentava mais seu coração se apegava ao rapaz.

– Rose fique por perto! - A morena pediu a menina, que afirmou positivamente com a cabeça, indo brincar no balanço logo em seguida.

– Quando pretende voltar pra sua casa? - Rony perguntou calmamente, mas não obteve resposta. - Vai mesmo me ignorar? - E novamente Hermione não respondeu. - Olha, eu sei que errei, mas estou tentando me redimir, tá legal! Você poderia ser um pouco mais compreensiva!

– E você queria o quê? Que eu entendesse todos os seus motivos e esquecesse tudo? Desculpe, mas isso não vai acontecer! - Hermione disse, fazendo Rony ficar de pé. O rapaz andava devagar de uma ponta do banco a outra com as mãos na nuca, e respirando fundo.

Ele tinha as orelhas em cor escarlate e no momento em que perdeu completamente a paciência acabou explodindo de uma vez com tudo o que estava entalado em sua garganta.

– Mas que droga, Hermione! A única culpa que eu tive foi de ter usado as fotos em que você aparecia para a divulgação do meu trabalho. - Seu tom de voz estava alterado, mas não exageradamente alto. - Eu sou fotógrafo, ganho a vida fazendo isso. E por uma total coincidência, você estava no aniversário do meu cunhado e nos conhecemos, e com o tempo eu acabei me apegando a vocês duas. Meu erro foi não ter contado logo quem eu era, nada mais. Você não pode me culpar pelo seu passado ter vindo para o seu presente...

– Se não tivesse postado aquelas malditas fotos, ele não teria aparecido!

– Ele arrumaria uma outra forma! Pelo amor de Deus, Hermione! Você sabe que mais cedo ou mais tarde isso poderia ter acontecido. Não é minha culpa, nem sua.

– Agora eu preciso me esconder novamente, do contrário o Victor vai infernizar a minha vida, e a da minha filha também! - Cansada de segurar toda aquela tensão, Hermione deixou que as primeiras lágrimas escorressem por suas bochechas. Rony tencionou a consolá-la, mas a morena esquivou-se no mesmo instante. - Não temos mais nada para conversar... - Ela disse, praticamente em um sussurro.

Rony baixou a cabeça e concordou com o que ela havia dito. O ruivo sabia que provavelmente aquela seria a última conversa entre os dois. Estava convicto de que Hermione daria um jeito de sumir do mapa mais uma vez e nunca mais a veria novamente.

– Meu maior erro foi ter me apaixonado por você. - Ele respondeu no mesmo tom, fazendo com que pela primeira vez naquele dia Hermione olhasse em seus olhos.

Havia mágoa em ambos os lados. Ela por sentir-se traída, e ele por sentir-se injustiçado.

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– Essa é uma despedida definitiva, não é? - Indagou ele, tentando controlar a voz que saía embargada.

– Sim. - Hermione respondeu, dando um longo suspiro em seguida.

Rony então foi até Rose e se despediu, dizendo que precisaria fazer uma longa viagem e que por esse motivo ficariam algum tempo sem se ver. A menina agarrou-se ao ruivo e deixou que algumas lágrimas caíssem, e Rony sentiu-se com o coração partido mais uma vez.

– Vou sentir saudades! - Ela disse ainda abraçada a ele.

– Eu também princesinha, mas te prometo que quando voltar, vamos brincar muito com o Perebas, tudo bem? Não precisa chorar, é só por um tempo.

– Promete mesmo? - Pediu ela com os olhinhos vermelhos.

– Prometo! E prometo também que se me der um sorriso bem bonito eu vou trazer um presente quando eu voltar. - Rose não teve como evitar de sorrir. Com ele a cumplicidade era tão evidente que qualquer um pensaria que ali havia um laço sanguíneo.

Depois de abraçarem-se novamente, Rony foi até Hermione e entregou-lhe a menina, e somente então lembrou das balinhas que havia comprado mais cedo. Colocou todas nas mãozinhas de Rose e em seguida pegou o capacete. O ruivo ficou ainda por uns dois minutos de longe olhando em direção as duas antes de ligar a moto e ir embora sem rumo.

Sentada no banco da praça, Hermione processava tudo o que havia acabado de acontecer. Ela sabia que a partir daquele momento estava novamente sozinha. Seu coração sangrava, e por mais que tentasse, sua cabeça também lhe dizia que aquela não havia sido a coisa certa a se fazer, mas não havia como voltar no tempo para concertar as coisas que havia falado ao rapaz. Desculpas não fariam apagar o que foi dito. Tinha consciência do quão dura fora desde o inicio, no entanto era tarde demais e Rony já não estava mais ali.

Tentando não sucumbir ao choro, a morena chamou a pequena Rose para irem embora. A menina obedeceu imediatamente, mas não escondia o quanto estava triste por ficar longe do ruivo, e o que lhe consolava era a promessa de que um dia ele voltaria.