Guerreiros

Bônus: Chang - Parte 2


https://www.youtube.com/watch?v=ZTrrc6Ni5eM

4 anos depois.

Chang estava sentado sobre uma árvore de sákura's, com o corpo suado e quente, depois de mais um treinamento exaustivo. Respirava pesado ao mesmo tempo em que rezava, para que Emi o perdoasse por faltar ao encontro de ambos, desde que se beijaram pela primeira vez, nunca mais se afastaram um do outro. Chang sempre queria mais e mais da menina, que a cada solstício de primavera ficava ainda mais bela, para ele era um mistério o motivo dela querer ficar com ele ainda, depois de tudo o que ele fez, dos encontros interrompidos, das brigas, Chang não era mais o mesmo. Amaldiçoava o pai por estar o transformando na mesma coisa que ele, a raiva era um sentimento que se tornava um monstro aprisionado dentro do corpo do garoto, agora um jovem homem de 18 anos; e quando esse "monstro" se libertava, Chang ficava, literalmente, fora de si. Mal conseguia se conter e temia, Deus como temia, fazer algo contra Emi; ele nunca se perdoaria. Todavia ela nunca o rejeitara, mesmo tarde da noite com hematomas pelo corpo, a cabeça parecendo explodir de tanto ódio do pai e do avô, ele procura acalento nos braços leitosos e quentes da mulher que, ele descobriu, amar.

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Em uma única vez, seu pai estava certo. Lembrava-se ali, sentado embaixo da árvore e respirando seu aroma adocicado, que seu pai havia lhe dito que quando uma mulher toma seu coração, você a arrebata para si. Sorriu irônico lançando uma pedra longe, os cabelos negros e longos dançando com o vento, ao passo que se recordava da briga feia entre os pais na noite passada, quando seu pai chegou em casa coberto de sangue, antes o líquido repulsivo fosse dele, mas não... Eram de homens que ele batalhara e esquartejara um por um; seu avô ficou orgulhoso, sua mãe berrava aos quatro ventos o quão terrível era aqueles dois homens e Chang bom... Ele apenas ficava em seu quarto, covarde demais para sequer apoiar a mãe. Ainda leva surras em seu treinamento, deixava o pai descarregar sua fúria nele, para que deixasse sua mãe em paz, porém ultimamente, desejava muito, de todo o seu ser, socar a cara do pai. Pelo menos uma vez.

Os joelhos estavam erguidos, o tronco descoberto, deixando o peito exposto, foi nesta posição que Chang começou a sentir um chakra conhecido se aproximar sorrindo de lado, em seguida pedrinhas acertaram o tronco no qual estava recostado. Yuko apareceu do outro lado, trajando uma calça marrom clara, blusa verde-escura com uma águia atrás simbolizando seu clã, os cabelos castanhos cortados e os olhos verde-musgo aparentando uma aura sombria, da qual Chang nunca vira no amigo, o que ocasionou ao mesmo um franzir do cenho e apertar os olhos:

—Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa?-perguntou Chang encarando o amigo que mantinha o olhar baixo:

—O que de pior poderia ter acontecido?!-respondeu o garoto com uma pergunta, que fez Chang começar a se preocupar:

—Ora, Nohara... Esta pergunta é um pouco relativa, não concorda?! Em meu ponto de vista várias coisas, mas vá direto ao ponto.-falou Chang:-O que, diabos, aconteceu? É com a sua família?

—Sim.-respondeu Yuko sorrindo triste:

—Meu Deus do céu! Seu pai morreu? Sua mãe tá doente? É com você?-perguntou Chang atropelando o garoto de perguntas, fazendo Yuko o encarar com um olhar sem paciência:

—Não é nada disso, Chang... Pare de tentar adivinhar, você é terrível nisso.-falou Yuko e Chang bufou:

—Você que não vai direto ao ponto, e além do mais, você também disse que o assunto é sobre a sua família.-falou Chang:

—Ha! E é! Sobre a minha, a sua, a da Sayuri, Emi... De todas no país!-bradou Yuko socando o chão e Chang o encarou com cautela, respirando fundo, por alguma razão, em seu ínfimo ou intuição talvez, Chang sabia que iria ser um dia complicado e arrependia-se de ter saído da cama hoje:

—A minha família sempre foi uma merda, qualquer coisa que acontecesse não iria me surpreender, a sua família estava bem até ontem a noite... Eu, sinceramente, não tô te entendendo.-falou Chang e Yuko bufou com raiva , levantado e começando andar de um lado para o outro, inquieto:

—Chang, seu pai não te fala nada?!-bradou o garoto abrindo os braços, e Chang franziu o cenho se levantando vagarosamente, mantendo os braços cruzados em seguida:

—Fala! Me xinga de um monte de nomes o tempo todo, deveria ver a criatividade para inventar ofensas... Mas por quê estamos falando daquele desgraçado, mesmo?-perguntou Chang encarando sério o amigo:-Já que o assunto é com você.

—Não é só comigo é...-começou Yuko, mas Chang o interrompeu, já sem paciência:

—Tem haver com todo o país, essa parte eu já entendi.-bradou Chang revirando os olhos:-Diga-me o que é?

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Quando Yuko foi dizer, sons de cascos de cavalos e trombetas foram escutados do outro lado do muro que separava a residência dos Honō ryū da cidade na qual viviam. Chang encarou em dúvida Yuko que fechou as mãos em punho e manteve os olhos baixos, em seguida o garoto começou a escalar a árvore de sákura's, acompanhado de Chang que, mesmo em uma dúvida exposta em sua face, não contestou o amigo.

Subiram na árvore com facilidade, sentaram em cima de um galho grosso, com as costas inclinadas para baixo e ambas as mãos deixadas entre as pernas abertas. Uma aglomeração de pessoas estavam circulando os cavalos com mantos brilhantes, vários homens com amaduras, sendo um com um kimono vermelho sangue com negro, partes em dourado brilhavam, até que os garotos puderam ver o brasão real ali estampado nas armaduras, e nos mantos dos cavalos de belas pelagens. Chang ofegou ao ver do que se tratavam, mas ao procurar o olhar surpreso e Yuko, apenas viu a normalidade ali contida:

—Yūko! Watashi wa nani o shiranai nodesu ka?-perguntou Chang agora, sentindo a preocupação tomar conta de seu corpo:-Yuko! O que eu não estou sabendo?

—Vai saber, meu amigo...-murmurou Yuko:

—Ah, merda...-xingou o garoto baixo.

O homem com o kimono vermelho sangue se pôs a frente de todos, tendo os soldados com armaduras ficando ao redor do mesmo, enquanto o homem pegava um enorme pergaminho branco e dizendo em alto e bom som:

—Shimin! Watashi wa teikokutoshi kara no messēji o motte kimasu! Fun-zoku wa kuni o shinryaku shimashita! Ten'nō no meirei ni yotte, subete no kazoku no hitori ga teikoku-gun ni tsukaenakereba narimasen!-gritou o homem, fazendo com que o estômago de Chang se revirasse, ao passo que o desespero se apossava nas expressões de cada pessoa ali presente. Os Hunos invadiram! Praticamente, o que lhes foi dito, era que estavam em guerra:-Cidadãos! Trago uma mensagem da Cidade Imperial! Os Hunos invadiram o país! Por ordem do Imperador, um homem de cada família deve servir ao exército Imperial!

—Puta que pariu...-murmurou Chang encarando Yuko que sorria pesaroso, quase irônico, quase...:

—Então, conseguiram te surpreender?-perguntou Yuko:

—Estamos em guerra, Yuko.-murmurou Chang encarando o homem pegando uma bolsa enorme posta ao lado da cela do cavalo e pegando um outro pergaminho, este enrolado e preso por uma fita vermelha com o brasão da realeza em ouro:

—Eu sei, cara...-murmurou Yuko cabisbaixo:

—Família Xau.-começou o homem. Saindo da multidão um rapaz se aproximou pegando o pergaminho. Chang engoliu em seco, aquilo era a convocação pra as famílias, xingou baixo novamente:-Família Li!

Os nomes foram sendo chamados e mais homens e jovens foram tomando a frente para receber a convocação, Chang conseguia ver ao longe sua mãe com o leque, no meio de seu pai e seu avô, que se mantinham com a expressão mais fria que conseguiram. Revirou os olhos, nem ao menos preocupados eles estavam:

—Família Fá.-gritou o homem e Chang viu o velho Fazu mancando até o mesmo. Conhecia-o de vista, foi colega de seu pai nos tempos em que foram designados para servir o país, porém já ouviu histórias de que o senhor que ali pegava o pergaminho, machuco-se gravemente na perna durante o conflito. Passando a andar com o auxílio de uma espécie de muleta de madeira:

—Papai não pode ir!-gritou uma voz feminina correndo por entre os homens, e se pondo a frente do pai:-Por favor senhor, meu pai já lutou bravamente!

—Quieta!-bradou o homem com vestes reais, já em cima do cavalo e se colocando a frente da garota:

—Olha lá!-bradou Chang encarando a cena:

—Mulan está louca! O que ela está fazendo?!-bradou Yuko encarando com os olhos arregalados a cena:

—Quem é essa?-perguntou Chang:

—É a Mulan, filha dele.-falou Yuko suspirando baixo, ao ver o desenrolar a cena. A garota dando passagem ao pai com as lágrimas lhe caindo dos olhos, ao lado da mãe e da avó:

—Mulan? A maluca que a casamenteira expulsou ontem?!-indagou Chang e Yuko o encarou com os olhos apertados:

—Como sabe disso?-perguntou o garoto:

—Emi me contou ontem, ela esta lá também. Para toda aquela palhaçada de ser uma noiva e o escambau.-falou Chang:

—Pobre Mulan... O velho Fazu não irá muito longe com aquele machucado de guerra.-falou Yuko:

—Ela tem que aceitar... Não pode fazer nada.-murmurou Chang pensativo, vendo ao longe a garota de cabelos enorme e negros, chamada de Mulan, ser levada novamente para sua casa, no final da rua.

O homem desceu do cavalo novamente, se pondo de pé e tirando a poeira das vestes, raspou a garganta antes de continuar a ler a lista das famílias convocadas:

—Família Nohara!-o homem gritou

—Ah, porra!-murmurou Chang baixo, vendo as mãos de Yuko apertarem com força desnecessária o tronco, no qual estavam sentados. O jovem Honō ryū apoiou uma mão no ombro do amigo Nohara.

Ao longe Chang visualizou a figura do pai de Yuko, sendo amparado pela mulher em auxílio para caminhar até o homem, que os encarou com nojo, ato que fez Chang quase voar na cara do miserável:

—Watashinochichi wa sakuban shinzō hossa o okoshimashita... Kare wa sensō ni iku koto ga dekimasen! Kare wa kare ga umaku iru to shuchō shimasuga, watashinohaha to watashi wa sore ga shinjitsude wanai koto o shitte imasu. Dakara dare ga sono kuso ni iku nodesu ka.-falou Yuko e Chang teve que se segurar para não cair do galho, quando encarou os olhos verde-musgo do amigo praticamente sem aquela fé e coragem que antes havia. Ele estava com medo e Chang nunca o culparia por sentir-se assim; porém se ele sequer demonstrasse um pouco, seria chamado de covarde e a ofensa era pior do que sentir medo:-Meu pai teve um infarto ontem a noite... Não pode ir para a guerra! Ele teima que está bem, mas eu e minha mãe sabemos que não é verdade. Então quem vai para essa merda sou eu.

—Espera... Está me dizendo que você vai lutar na guerra?-perguntou Chang sentindo algo como medo, temor dentro de si. Fazia muito tempo que o rapaz não sentia tal sensação terrível apossar-se de si:

—Exato.-respondeu Yuko sorrindo trise para o amigo, respirando fundo, colocando a mão no ombro de Chang:-Irei amanhã de manhã, junto com os outros... Foi muito bom te conhecer, Chang!

https://www.youtube.com/watch?v=sOrvzpIT9CM

Já haviam chamado a sua família, mas Chang nem se deu o trabalho de prestar a atenção em seu pai se vangloriando e indo pegar a maldita convocação. Não... Chang estava a ponto de sequestrar o amigo e escondê-lo em sua casa, não queia nem ao menos imaginá-lo morto, porque foi exatamente o que ele queria dizer quando se despediu:

—Anata ga soko de shinu tsumorinara, aete yūki o iu na! Nande otoko yo... Anata wa sore o tsukuru tsumorida... Anata wa modotte kite, raibu suru yo!-bradou Chang o segurando pelo pulso, e encarando com fúria os olhos do amigo tristes:-Não ouse falar como se você fosse morrer lá, Yuko! Que merda, cara... Você vai conseguir... Vai voltar bem e... Vivo!

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—Uso ni damasa rete wa ikenai, watashi no yūjin... Shinjitsu o ukeireru, shikashi, koreha itami o tomonaimasu. Tsuneni saiaku no jōtai ni sonaeru.-murmurou Yuko socando de leve o ombro de Chang e descendo da árvore, deixando o rapaz ali parado, sério, com o coração pulsando e batendo dolorido no peito. Virando para frente, vendo Yuko ajudando o pai a caminhar de volta para a sua casa:-Nunca se iluda por uma mentira, meu amigo... Aceita a verdade, por mais dolorosa que esta possa ser. Sempre prepare-se para o pior.

Não demorou muito para que Chang não visse mais ninguém ali, as pessoas já haviam se retirado a fim de ficar com seus entes queridos, até o momento que lhes fosse permitido. O rapaz nunca vivenciou o estrago da guerra na pele, sempre ouvia falar pelas histórias que circulava pelo clã, seu avô foi um grande guerreiro, seu pai aperfeiçoou o elemento fogo e elevou o clã a um outro patamar, mas e ele? Chang não queria ir para o campo de batalha, ele não queria matar, ele não queria morrer... Ele não a temia por simples medo do nada que virá em seguida que seu corpo se tornar um cadáver, ele temia deixar aqueles que o amavam para trás. Não suportaria vê-los sofrer, porque no fundo, ninguém quer que as pessoas que nos ame sofram por nossa causa. Isso prova a humanidade dentro de uma pessoa, porque quem ama aguenta tudo para ver o amado feliz, mesmo que você for quem sofrerá, se isso sustentará um sorriso naqueles que se ama, dane-se o sofrimento. Dane-se tudo! Talvez, só talvez, Yuko também pensasse assim, já que ele não parecia cogitando deixar de ir. O Nohara era forte, somente isso ecoava ela mente de Chang.

Ser forte é muito mais que os músculos, é muito mais do que qualquer um pode suportar, mas sempre se mantenha de pé. Por mais que tudo esteja desabando sobre suas cabeças.

Chang não sabia ao certo quanto tempo se passou com ele apenas ali, sentado, olhando para o nada e divagando sobre várias coisas dentro de sua mente, porque quanto mais calado ele estivesse, sua mente estava em conflito. O garoto ficou de pé em cima do galho, logo pulando para cima do muro alto, que ali tinha, de granito; em seguida saltou para o chão da rua, fora da residência de sua família. Com o peito desnudo, mantendo agora as mãos dentro dos bolsos da calça negra, ele ia cainhando admirando os raios do pôr-do-Sol deixar tudo laranja, deixar tudo cálido e de aparência nova, mas era uma despedida. Até mesmo o astro rei morria todo o final do dia, e ressurgia a todo o amanhecer.

Chang ia caminhando pela ruas empoeiradas, até sentir um empurrão forte no corpo, e ver a menina de longos cabelos negros e kimono rosa com lilás correndo, porém o vestido era muito longo e ela acabou caindo com tudo no chão, ficando estirada pela estrada. O corpo trêmulo, não de dor, mas de choro que ela tentava reprimir, balançava e ofegava. O garoto respirou fundo, mal a conhecia, mas sabia pelo que ela estava passando, mesmo não sendo tão pessoal:

—Nē... Soko kara oki nasai! Tasuke ga hitsuyōdesu ka?-peguntou o garoto caminhando vagaroso até o corpo feminino caído que se encolheu ainda mais, com o rosto escondido nos braços:-Ei... Levante-se daí! Quer ajuda?

—Hanareru!-falou ela com a voz abafada:-Vai embora!

—Sā, yamero... Naitemo kesshite anata no jōkyō wa kawaranai.-falou Chang agora agachado e empurrando de leve o corpo magro dela:-Vamos, deixe disso... Chorar não vai mudar em nada sua situação.

—Você não me conhece! Não sabe nada sobe mim, então vai embora!-bradou ela gritando, mas o rosto escondido não deixava a voz soar tão amaçadora, também por estar altamente embargada:

—Posso não conhecer, mas estou passando pela mesma coisa. Anda logo, Dulan... Levanta.-falou Changa empurrando-a de leve, porém levou um suto ao se ver caído no chão com ela ajoelhada a sua frente, tendo o rosto vermelho e inchado:

—Me nome é Mulan.-falou ela com a voz mais forte:

—Tá certo, Mulan...-murmurou Chang sério se levantando junto com ela:-Aonde estava indo com tanta pressa?

—Anata wa watashi o shiranai, Honō ryū! Watashi wa anata ni manzoku o ataeru hitsuyō wa arimasen.-falou ela séria limpando a poeria da roupa e retomando caminho, para longe da sua casa:-Você não me conhece, Honō ryū! Não tenho que te dar satisfação.

—Que língua afiada!-falou Chang para si mesmo.

Ela caminhava rápido e ele teve o intuito de deixá-la ir, porém levando em conta que ela saíra de casa correndo e continuava se distanciando da mesma, seu instinto não o deixava ir embora e deixa-laa mercê solitária:

—Watashi wa anata o shiranai kamo shirenaiga, watashi wa sore ga hoka no hōhōde wanai koto o shirudarou ka? Anata wa watashi no namae o shitte imasu. Naze watashitachiha-banashi o shimasen ka?-falou Chang correndo começando a andar ao lado da garota:-Posso não te conhecer, mas vejo que não e o contrário, não é mesmo?! Você sabe meu nome, então por quê não conversamos?

—O que você quer?-perguntou ela parando e o fitando com raiva:

—Não quero nada, estou apenas curioso.-falou Chang dando de ombros:

—Com o que?-insistiu ela:

—Como está lidando com tudo isso... Bem, eu te vi a tarde confrontando os soldados pelo seu pai. Não é uma coisa que se esqueça, a maioria das garotas não têm essa falta de juízo e pavio curto.-falou Chang sorrindo e ela corou desviando o olhar, mantendo o rosto erguido, porém as íris fitando o chão:

—Watashi wa hoka no on'nanoko to wa chigaimasu. Watashiniha handan ga nai, watashi no shin wa mijikai yori mijikaku, watashi wa hajidesu! Mōsukoshi seimei shimasu ka?-falou ela voltando a encará-lo, os olhos ardendo e a face corada de vergonha por proferir tais insultos a si mesma:-Eu não sou como as demais garotas. Não tenho juízo, meu pavio é menor do que curto e eu sou uma desonra! Quer mais alguma declaração?!

—Você não é um desonra.-falou Chang e ela sorriu irônica:

—Como eu disse antes, você não me conhece Honō ryū.-ela disse voltando a caminhar mais rápido dessa vez, mas Chang persistia em acompanhá-la:

—Anata no chichi ga sensō ni ikanai yō ni shitai no wa hazubeki kotode wa arimasen! Sore wa ai no kōidesu.-falou Chang e ela parou agora, com as mãos fechadas em punho e as lágrimas deslizando pelo rosto:-Querer que seu pai não vá para a guerra não é um ato de vergonha! É uma ato de amor.

—Ele vai morrer se for...-murmurou ela:-Vai morrer pela honra, só que ele não enxerga que morrer com ou sem honra não fará diferença... Ele não morrerá "melhor" do que nenhum outro, ele vai parar de respirar como qualquer um!

—Watashi wa kare ni iimashita ka?-perguntou Chang. Ele não sabia por quê, com todos os demônios, estava ali parado escutando os desabafos de uma garota que ele nunca sequer falara na vida:-Já disse isso a ele?

—Claro que não... Ele se trancou em seu dojo e eu não posso entrar lá! Além do mais, ele iria se zangar.-falou Mulan o encarando. Os olhos dela eram quase tão negros quanto os seus:

—Dakaranani? Tokiniha, watashitachi ga aisuruhito o kizutsukete mo, shinjitsu o iu hitsuyō ga arimasu. Watashitachi ga ki o kubari, kidzukau koto ga shōmei sa remasu.-falou Chang sorrindo de leve e acariciando o ombro magro da menina que retribuiu o sorriso:-E daí?! As vezes temos que dizer algumas verdades, mesmo que magoe quem amamos. Isso prova que nos importamos e nos preocupamos.

—Não sente medo por seu pai também está indo?-peguntou ela e Chang respirou fundo, encarando um ponto invisível arás da menina:

—Não, na verdade... Sentirei alívio.-murmurou ele. Nunca iria desabafar isso com um desconhecido, mas no momento já havia mandado o bom-senso para o inferno:

—Naze tazunete mo ī?-perguntou Mulan franzindo o cenho:-Posso perguntar por quê?

—Digamos que... Tenho muitos problemas com ele.-falou Chang, notando estar começando a escurecer:-Volte para casa e o enfrente, diga o que pensa...

—Queria poder fazer alguma coisa para impedi-lo, sem precisar falar.-respondeu a garota:

—Falar é sua única alternativa... Mulheres não vão a gurra.-falou ele e a garota o encarou:-Até mais, Fá Mulan!

—Até... Honō ryū Chang!-murmurou ela fitando as costas do moreno sumir aos poucos.

***

https://www.youtube.com/watch?v=oVWBFkaXMyw

Mais um soco.

O saco de areia estava quase rasgando, pelo tamanho da intensidade dos golpes do garoto, que após sua breve conversa com Mulan retornou ao dojo, a fim de descarregar sua fúria contida. Yoko iria para guerra amanhã, ficaria sem vê-lo por muito tempo, na verdade, mal sabia se o mesmo voltaria vivo. Seu pai iria também, não teve ânimo para ir pra a casa depois de tudo, precisava ficar sozinho. Chang não sabia ao certo o que seria da sua vida, o que iria acontecer com seu futuro, mas ele tinha uma breve ideia de que melhoraria sem a presença de Isamu, por mais que lhe doesse admitir, sentiria falta do pai, todavia ficaria melhor sem ele... Tanto Chang quanto sua mãe pensavam assim.

Chang pensava em casamento. Claro, soube que Emi havia sido a melhor noiva da casamenteira e com toda certeza, iria se casar com um bom homem, de uma boa família e poderoso, no caso, ele. Era claro e óbvio que Emi iria se casar com ele, duelaria com quem precisasse para provar que era a altura da amada. Sorriu com tal pensamento, sentia falta dela e esperava que a mesma o perdoasse por não ter ido ao encontro, novamente.

O garoto parou um pouco para secar a face suada, quando um grito alto, frio, fino e desesperador ecoou por todo o local. Chang sentiu um frio envolver sua espinha, ao passo que corria até a entrada do dojo, sentindo o vento frio de tempestade se formando, chocar contra seu corpo quente. Ele nem ao menos pensou, o grito continuava e vinha da sua casa, a única mulher que gritaria dali era sua mãe e ela nunca, NUNCA, gritaria atoa.

https://www.youtube.com/watch?v=tL1r6AnWx-0

Há alguns momentos em que a intuição de se estar acontecendo algo ruim fala alto o bastante para nos desesperar, sem ao menos termos conhecimento do que realmente se estar acontecendo. Chang corria sentindo o início da chuva se iniciar, o coração martelava em desespero e rápido dentro da caixa torácica. O garoto subiu as escada de dois em dois, vendo as luzes apagadas, porém o grito de sua mãe ainda ecoava, era a pior sensação de sua vida:

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—Mama! Anata wa dokodesu ka? Jigoku, anata wa watashinohaha wa dokodesu ka?-berrava o garoto entrando na varanda de madeira e quase quebrando a porta de tanta pressa e força que ele usou para abri-la:-Mamãe! Mãe onde você está? Diabo, onde você está minha mãe?!

Chang foi andando as cegas, vendo ao longe algumas velas acesas na sala. A passos vagarosos e a respiração apressada e ofegante, Chang ia se esgueirando pelos corredores, até chegar na única chama de luz que tinha ali; virando o mesmo deparou-se com a cena que participaria da maioria de seus pesadelos a partir daquela noite. Havia sangue por todo o local, fumaça saí e um cheiro fétido de carne queimada tomava conta do local, o rapaz sentiu a bile subir a garganta e fez força para vomitar, porém nada saía de seu estômago, ele apenas segurou a barriga com uma mão e a outra tapava o nariz. Seu avô estava morto, repleto de golpes de espada pelo corpo que agora estava sendo queimado, a cabeça fora fincada sem dó e nem piedade na parede, com os olhos do homem esbugalhados e a boca aberta.

A náusea chegou forte com tal cena, o que fez, finalmente, Chang vomitar, mas não havia comido a um bom tempo, apenas regurgitava de seu corpo, água. O suor frio escorria por sua testa pálida, ao passo que escutava mais gritos vindos de cima. Quem, em nome de Deus, havia feito tal atrocidade? Era o que ele pensava, sua voz mal conseguia sair nem para gritar, as pernas estavam trêmulas demais para se andar sem segurar em algo, sentia que não conseguiria subir todos os vãos da escadaria até o andar de cima, todavia os gritos de sua mãe lhe davam força para persistir e temor para o que teria de ver.

Chang chegou ao cômodo mal se mantendo de pé, porém logo conseguiu tirar forças do ódio que sentiu ao ver a imagem das costas de sua mãe em carne pura, saindo fumaça da mesma; seu pai estava em pé com o olhar banhado de ódio e das mãos estavam as chamas que queimavam o corpo do avô e macularam sua mãe que estava mordendo os lábios, nenhuma lágrima saía dos olhos da mulher que se mantinha firme:

—Kanojo kara hanare nasai! Anata wa kanojo ni fureru koto o aete shinaide kudasai, anata wa akumadesu!-gritou Chang chamando a atenção de ambos, que se viraram encarando o rapaz que mantinha os olhos arregalados pela cena, e com cinco passadas já se encontrava a frente da mãe. Sentia tanto ódio que mal conseguia respirar:-Afaste-se dela! Não ouse tocar nela, seu desgraçado!

—Chang!-grito a mulher deitando de bruços na cama, deixando o ferimento hediondo a mostra:

—Veja, Alli... Nosso filho chegou. Eu estava me perguntando quando ele viria.-falou o homem sustentando um olhar louco no rosto contendo sangue, de uma ferida aberta na testa do mesmo. Claro, seu avô deve ter lutado:-Imagino que já tenha dado boa noite a seu avô não é, moleque?! Aquele velho miserável, tanto tempo eu queria destroçá-lo com minhas próprias mãos... Ele estragou minha vida, assim como vocês.

—Do que está falando?-perguntou Chang em um rugido baixo:

—E-Ela está lo-louco C-Chang!-falou Alli com dores:

—Damare, mesu yo! Sore wa watashi ga shōkyaku shiyou to shite iru tsugi no mono ni narudeshou!-gritou o homem repleto de cólera e loucura, porém mal conseguiu terminar direito a frase, quando um soco forte o bastante para fazê-lo cair no chão, lhe foi desferido:-Cale-se sua vadia! Será a próxima que vou incinerar!

—Kanojo to hanashite wa ikenai, anata wa akumada! Anata wa kanojo o kizutsukeru tame ni o shiharai shimasu... Watashi wa anata ni kanojo o mōichido kizutsukeru koto wa arimasen.-a voz de Chang parecia mais grave, áspera, fria e rouca, como em nenhum momento Alli e tampouco Isamu, já haviam visto igual:-Não dirija a palavra a ela, desgraçado! Pagará por tê-la machucado... Não deixarei que a machuque novamente.

—Você vai me matar, Chang?-perguntou o homem se levantando, cuspindo o sangue acumulado dentro da boca pelo soco:-Justo você? Que mal consegue bater como um homem de verdade?!

—Chang... Filho, não dê ouvidos a ele!-falou Alli tentando aplacar um pouco a fúria do filho que sentia algo muito quente dentro do corpo:-Por que fez isso, Isamu? Eu te amava!

—Me amava?! Me amava?! Como tem a audácia de proferir tais palavras, sua maldita?!-gritou o homem tomado pela loucura:-Eu sei... As vozes me falaram, quanto mais eu matava, mais eu tinha que matar. Vocês me obrigavam a fazer aquilo, a matar, eu não conseguia parar...

—Kare wa kurutte iru.-murmurou Chang, sentindo a queimação aumentar dentro de si:-Está louco.

https://www.youtube.com/watch?v=3GjNX7jcLK0

—Este mundo me fez assim, Chang... O mundo é um lugar mal, sombrio e terrível, com pessoas ruins que matam sem nem se importarem com o próximo. O mundo me fez ser igual, porque somente assim você será forte o suficiente aqui; matando inocentes que você tem algum valor neste mundo infeliz! Eu iria para a guera novamente amanhã, meu filho, e eu teria que viver tudo de novo, mas... Eles não vão me obrigar a isso, não de novo. NÃO DE NOVO! Vocês destruíram a minha vida, então se eu vou para o inferno... Todos vocês irão comigo!-ele gritou indo para cima de Chang que recebeu um soco no rosto, virando todo o seu corpo para o lado.

Isamu correu e direção a Alli que continuava deitada na cama com dor, mas antes do mesmo chegar até ela, Chang lhe deu uma rasteira fazendo-o cair e bater o queixo, na parte de madeira da cama, quebrando-o e deixando a boca pendurada de aparência horrível, pingando sangue. O homem foi em direção a Chang novamente e começaram o duelo.

Isamu foi com a mão fechada em direção ao rosto do garoto novamente, porém Chang o bloqueou com o punho, segurando-o e em seguida desferiu dois chutes fortes no estômago do homem que se curvou sem ar, dando tempo ao garoto de pular virando o corpo com a perna erguida, e chutar a face do pai que caiu no chão, se erguendo novamente e voando na direção do filho. Chutou a cocha esquerda de Chang que gritou com o impacto da força exercida ali, fazendo-o cair de joelhos, o homem socou duas vezes o rosto do garoto abrindo um corte na bochecha direita, enquanto tonto pelos golpes, Chang caíra no chão, com o pai por cima batendo mais, porém o garoto ergueu ambos os braços ao redor, protegendo seu rosto e sua cabeça. Chang utilizando da força em chakra que possuía, inverteu as posições ficando por cima socando a face do pai que garalhava conforme recebia os golpes.

Chng enfurecido, sentindo cada vez mais o calor subir sobre seu corpo, nem ao menos dando-se conta do que estava fazendo, viu-se em seguida enforcando o pai sem dó, apertando as mãos contra o pescoço do mesmo que começava a tossir e a ficar sem ar, porém ainda sustentando o terrível sorriso o rosto:

—Anata wa watashi o kaeta! Watashi mo mama mo anata o semenakatta, anata no kaibutsu! Watashitachi wa anata o tasukeyou to shite itaga, anata wa watashitachi o semeta... Anata wa watashitachi o kizutsukeru! Anata wa watashinojinsei no jigoku o tsukutta... Anata wa ikimono o hōki shinai!-gritou o garoto apertando o pescoço do homem que arregalava o olhos:-Você mudou comigo! Nem eu e nem a mamãe tivemos culpa, seu monstro! Enquanto tentávamos te ajudar, você nos culpava...Nos feriu! Fez da porra da minha vida um inferno... VOCÊ NÃO MERECE VIVER!

—Faça... Meu filho... Meu pequeno.-murmurou o homem, com dificuldade pelo queixo quebrado, e Chang parou, sentindo o sangue escorrer do ferimento em sua bochecha. As mãos trêmulas largaram o pescoço do pai, com os olhos embaçados pelas lágrimas... Ele nunca conseguiria matá-lo, amava-o demais:-Como sempre você é um fraco.

Chang o encarou chorando, e sentiu uma queimação insuportável no estômago, abaixou os olhos arregalados de surpresa e dor, deparando-se com ambas as mãos do pai queimando-o vivo. O fogo que sempre aquecia e que para ele era "bonzinho", o fogo que ele almejava ter um dia, o fogo que seu pai demonstrava amor, estava agora o machucando... Estava o matando. Chang gritou em desespero pulando para longe do pai, jogando-se no chão a fim de retirar as chamas de si, ouvindo os gritos de sua mãe que logo foram abafados pelas mãos de seu pai no rosto dela. O garoto via as queimaduras em seu abdômen deixando as lágrimas caírem, e em seguida se jogou contra o pai desferindo vários golpes. Tirando-o de perto de sua mãe.

Isamu gritou invocando as chamas até os cotovelos e Chang tentava ignorar o corpo trêmulo ainda pelas dores que não cessaram, as vistas estavam escurecendo, mas ele não poderia desmaiar; se o fizesse estariam todos mortos. Ao longe no cômodo, Chang avistou a espada ensanguentada encostada na parede, esta que ele imaginara fincada no avô, um arrepio se fez presente, mas antes que ele pudesse ter a ânsia de vômito novamente, desviou, abaixando, de um golpe em chamas de seu pai.

Pai.

Essa não era mais a definição para aquele homem. Nunca mais.

Chang desviava como podia, mas sempre acabava com resquício de fogo pelo corpo. Estava em desvantagem, Isamu estava acostumado a lutar, utilizava seu chakra de fogo, enquanto Chang estava com o peito nu, agora o abdômen queimado, alguns traços também espalhados pelo corpo, porém não se deixaria abater. Recebeu um soco na face, sentindo os olhos arderem pelo impacto no nariz, sentindo o mesmo quebrando, xingou alto abrindo os olhos segurando o punho do homem e o torcendo, fazendo as chamas pararem e ele gritar de dor. Chang não teve piedade ao erguer-se e chutar com força o pulso do mesmo, quebrando-o, deixando a mão do homem mole.

O garoto fora chutado na cabeça e caiu na parede batendo a lateral da mesma ali, ficando sem a visão por alguns minutos, respirando fundo, o coração guiando as batidas rápidas e escutadas pelo seu ouvido ôco. Quando finalmente começou a enxergar novamente, Isamu estava com o braço repleto de fogo até os ombros posto em punho contra a parede, ao lado de sua cabeça que pingava sangue na lateral. Ambos se encaravam, Chang sustentava o olhar ao louco do seu progenitor, não havia nada para ser dito, não havia amor ali pra Chang, apenas o ódio sendo virado em morte:

—Kieru!-sussurrou o pai retirando a mão da parede, pronto para enfiá-la em seu coração. Chang estava com dores, não poderia desviar, não havia como desviar:-Desapareça!

Porém o garoto sentia o cabo de prata da espada em suas mãos. Teria que ser rápido, não poderia voltar atrás agora. Era ele ou Isamu. E Chang não morreria esta noite:

—Desapreça você...-murmurou em sangue.

A mão em chamas nunca chegara ao destino final, parada no meio do caminho, Chang sustentava os olhos na face embasbacada do homem que cuspia sangue. A espada completamente enfiada dentro do peito, atravessada no corpo. Chang arregalou os seus próprios, as lágrimas deslizando ao passo que seu pai caíra morto ao seu lado. Nada foi dito, ele apenas morreu, pelas mãos do filho.

Alli se arrastou até o filho segurando nos dois lados do rosto do menino, acariciado-o, ao passo que Chang começava a e desesperar pelo ato feito:

—Watashi wa kare o koroshita! Watashi... Watashi wa koroshita! Haha, watashi wa kare o koroshita, haha! Watashi wa chichi o koroshita!-mumurava Chang balançando cabeça de um lado ao outro:-Eu matei ele! Eu... Eu matei! Mãe, eu o matei, mãe! Eu matei mu pai!

—Ochitsuite, Chang! Sore wa sudeni owatta... Anata wa watashitachi o sukutta, sore wa anata matawa kare, watashi no musukodatta... Kare wa tomaranaidarou!-falou a mulher olhando fundo nos olhos do filho:-Acalme-se, Chang! Já foi feito... Você nos salvou, era você ou ele, meu filho... Ele não ia parar!

—O que vamos fazer? Eu o matei... Quando raiar o dia e ele não se apresentar ao campo de treinamento... Irão descobrir que ele está morto, e logo que meu avô está morto e não terá outro a culpar a não ser eu! Serei condenado!-murmurava Changa com ambas as mãos na cabeça abaixada, chorando como uma criança:

—Escute-me Chang! Iremos ar um fim nos corpos deles... Você me salvou e se salvou, meu filho...-falou Alli:

—Não me arrependo do que fiz, mãe. Não sou um garoto, mas irão descobrir.-falou o menino:

—Não, não vão...-murmurou Alli:-Não é o primeiro assassinato na família...

—Mas será o último!-decretou Chang:

—Vá limpar seu rosto, arrumar a armadura... Você irá no lugar de Isamu na guerra.-falou a mulher e Chang apenas assentiu, já sabia que somente ira lhe restar isso:

—Watashi wa sudeni shitte iru... Desutinī wa suu!-sorriu pesaroso:-Eu já sei... O destino é uma merda!

—Não reclame! Passe uma pomada de ervas que está no meu quarto nessas queimaduras, não foram tão graves, ele gastou tudo o que tinha com o velho maldito.-falou a mulher, se referindo ao seu avô:-Depois saia de casa.

—O que? Por que?-perguntou Chang se levantando com o auxílio da mãe:

—Não quero que veja como vou me livrar desses dois lixos.-falou a mulher:

—Mãe, não sou uma criança! Eu posso ver...-murmurou Chang, mas a mulher segurou em seu rosto:

—Não! Há coisas que somente a dama do clã tem que fazer, e levarei isso para o meu túmulo... Não deixarei que presencie mas isso.-falou Alli e Chang assentiu.

Saiu do cômodo mancando, mal se aguentando em pé, tendo a última visão de seu pai. Nunca mais o viu, nunca mas se falou nele e Chang nunca soube o que sua mãe fez para se livrar dos corpos, porque quando chegou em casa naquela madrugada, tudo estava limpo e arrumado e Alli estava em seu leito repousando e Chang, apenas foi se preparar para sua estadia no exército Imperial.

***

Chang teve que mentir para muita gente.

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Andando em direção ao campo de treinamento nas costas de seu alazão, ele ia refletindo como amanhã fora terrível. Ele não estava bem, não sabia o quão surreal a sensação estava sendo, mas ele não se arrependia, essa era sua única certeza e ele iria se apegar a isso. Estava perdido em pensamentos, todos voltados na manhã exaustiva que tivera hoje.

Primeiro ao chegar, tiveram de explicar a situação e a desculpa usada por sua mãe, na frieza pura, fora que seu pai sofreu um pequeno acidente e foi em uma viagem para se restabelecer, por consequência seu filho tomaria seu lugar. Yuko não sabia se o consolava ou fazia uma comemoração por ter uma companhia no inferno próximo, porém Emi estava aos prantos, implorando com seus olhos para ele não ir. Nunca em sua vida, sentiria tanta dor no peito, porém como ele chegaria a amada e contasse que assassinara o pai noite passada, não... Este fardo ele carregaria sozinho.

Nada mais fora dito e ele apenas continuava seu caminho, em silêncio, tentando o máximo possível ignorar tudo a sua volta. Estava exausto, não dormia desde ontem e tudo parecia estar o irritando:

—Anata wa umaidesu ka?-perguntou Yuko chegando com o cavalo ao seu lado:-Você está bem?

—Estou.-respondeu ele simples dando de ombros:

—Naze watashi wa kore o kakushin shite inai nodesu ka?-perguntou Yuko e Chang bufou irritado, era a última coisa que precisava:-Por que eu não estou convencido disso?

—Watashi wa koko ni itai to omowanakatta! Watashi wa umakunai, watashi wa tsukarete iru, dareka no kao o panchi ni kuso, kyōki no ue de, watashi o yūwaku shinaide kudasai!-falou Chang e Yuko apenas ergueu a s mãos em rendição, quase caindo do cavalo, dando espaço ao amigo. O Nohara sentia que algo estava errado com ele, Chang estava muito diferente, porém tentou se manter neutro:-Eu não queria estar aqui, cara! Não estou bem, estou cansado, com uma fome desgraçada e doido para socar a cara de alguém, por favor não me tente!

Chang fora deixado só novamente, odiava ter que brigar com Yuko, mas realmente ele não estava nada bem. Sentiu um tapa em seus ombros e se virou ponto para amaldiçoar o infeliz, dando de cara com um garoto de cabelos negros curtos e intensos olhos azuis sorrindo de lado para ele:

—Hādona hi, Honō ryū?-perguntou o garoto sorrindo de lado. Outra coisa que Chang não suportava, como todo mundo sabia o seu nome?!:-Dia difícil, Honō ryū?!

—Pra cassete, então não me enche, cara.-falou Chang e o outro deu de ombros:

—Olha como ele é nervoso.-falou o garoto e Chang sentiu uma outra cutucada do lado. Olhou e viu um garoto com os cabelos negros, porém longos, mas um pouco mais curtos do que os seus, com os mesmos olhos azuis do outro:

—Não fica irritando o cara.-falou o garoto:

—Esse é mu irmão, Chang!-falou o garoto acenando:

—Que ótimo! Se importam de dizerem seus nomes?!-perguntou o garoto quase socando a cara dos dois:

—Eu sou Wuochiha Kabuto!-responde o garoto de cabelos curtos:

—E eu sou Mitsuo! Muito prazer.-falou o outro sorrindo amigável:

—E aí?!-respondeu Chang minimamente.