Melodia

Vinte e três


ESTAMOS CAMINHANDO em direção ao banco que estávamos mais cedo. Sem direção e sem ideia do que fazer, onde ir.

Seria um boa ideia, aliás faltam poucos minutos para o recreio. A gente vai se separar.

— E então?...- Ele me pergunta ao sentarmos.

— E então?- Eu rebato.

— O que acho até agora...quer dizer, achou até agora.

— Achei legal. Foi divertido e diferente o dia de hoje.- Eu encosto em seu ombro.

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— Que bom.- Ele sorri e eu encosto a cabeça em seu ombro.

Ficamos olhando o horizonte. É viciante ficar olhando-o. Hipnotizante. Vejo uma passarinho levantar voo e uma borboleta voar sobre algumas flores. É tão legal isso, quase não reparamos nesses mínimos detalhes do dia-a-dia. De repente me lembro da conversa que eu tive com o Cebola ontem. Uma dúvida se formou e eu preciso tirá-la.

— Cebola.

— Hum.- Ele responde sem tirar os olhos do horizonte.

— O que é aquela "coisa" - Ponho ênfase - que te fez afastar do resto do pessoal?

— Eu não... Eu...

Ajeito a postura e olho para ele.

— Eu...-Ele respira fundo e me encara.- Não acho que aqui seja adequado para falarmos isso. Não quero falar disso agora.

— Você não confia em mim, é isso?- Pergunto.

— Não! Não é nada disso.

— Então o que...

— Eu não posso falar, não aqui, não agora.- Ele suspira.- Por favor.

— Entendo.- Digo dura. Me levanto e pego minha mochila.

— Pera, onde você vai?- Ele também levanta.

— O recreio começou e vou me encontrar com as meninas e você com seus amigos.

— Mas o sinal nem...

O sinal anunciando o recreio toca.

Encaro-o convencida.

Depois me viro e desço até o pátio.

• • •

— Mônica você realmente está bem? - A Magá me pergunta pela enésima vez.

— Estou. Estou e muito. Não precisa perguntar mais, está bem?- Digo irritada.

— Não parece. Você não tocou no seu lanche. Nem na hora do recreio, nem agora, na hora do lanche. - A Cascuda fala. - E olha que quem repara no lanche dos outros é a Magali.

— Ei!- A Magali exclama.

Nós rimos.

— Mas é sério, Mônica. Estamos preocupadas.- A Aninha fala.

Estamos voltando do refeitório. Estamos juntas, com exceção da Marina e da Denise.

Quando chegamos ao quarto eu finalmente digo.

— Eu só estou um pouco estressada. Só isso.

— Estressada? Sei...- A Aninha fala.

— Amiga, você cantou m"Lithium" e "Hello" do Evanescence. Sério, por ação existem musicas mais depressivas que essas?- A Magali diz.

— Claro que existe! Você já escutou "My Immortal"? Já escutou "I was" do Imagine Dragons?

— Já.

— Aliás, - mudo de assunto- o que vocês tem contra a Amy Lee?

— Contra aquela diva? Nada. A não ser suas musicas serem mega depressivas e egocêntricas.- A Cascuda solta.

— O quê? - Finjo estar ofendida. - Não são egocêntricas!-

— Ah, são sim! - A Cascuda entra na brincadeira.- Ai, meu Deus, coitada de mim eu sofro muito! Vou me suicidar! Me acorde por favor, não consigo me mexer! Estou sozinha, sem ninguém, solitária na multidão!

Nós rimos.

— Vamos combinar que não é egocentrismo.

— É sim. - Ela diz.

— O.k., o.k., minhas crianças. Agora sem fugir do assunto principal, vamos, Mônica, diga! - Aninha me põe contra a parede.

— Não precisa de tanto, Aninha, parece até a Denise! - A Magali fala e ri.

— Cuidado! Do jeito que é a Dê, ela pode aparecer do nada!- A Cascuda fala o que nos faz rir ainda mais. - Não duvide da Denise!

— Posso saber por que as lindinhas estão usando meu poderoso nome em vão? - A Denise diz chegando de supetão.

Ela faz uma cara de brava e eu gargalho. A Magali e a Marina deram um gritinho de susto. A Cascuda joga uma almofada na Denise.

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— Aí, que susto, Dê! - Ela reclama.

— Não tenho problema se vocês ficam me insultando pelas costas! - Dê continua- Agora qual é o babado?!

— Nenhum. - Falo indiferente.

— Aham, sei... - Ela exclama desconfiada. As meninas, como belas amigas que são, saíram de fininho e me deixaram sozinha com a Dê me interrogando.

"Belas amigas, realmente! " Penso." Aliás qual é o propósito disso? Que ridículo!"

— Que ridículo! - Falo de repente para o espanto da Dê. - O que é Denise? - Pergunto impaciente.

— Já ficou brava? Acalme-se . Não tenho problema se você está brigada com o Cebola!

— Desculpa. Fiquei descontrolada. - Desanimo.

— Não tudo bem. - Ela fala.

Sentou me com ela na minha cama. A Magá nos acompanha.

— Meninas, só têm nos três aqui? - Pergunto.

— Sim. - A Magá fala.

— Por que, Mônica? O que foi? Quer fazer um grupo de três? Tipo as Panterelas?! - Dê pergunta fazendo pose.

—Primeiro, não. Segundo, quem são essas? - Pergunto.

— Esquece... - Ela fala desanimada.

Eu e a Magá damos de ombros.

— Eu queria perguntar algumas coisas...

— Algumas coisas?!...- A Dê exclama.

—Sobre o que, Mônica? - A Magá pergunta.

— Humpf, eu vou cobrar sobre meus dons informativistos. - Dê resmunga.

—Informativos. - A Magá e eu corrigimos.

—Aí, tanto faz.-Ela bufa.

— Hum... Dê, você chegou aqui no terceiro ano, né? E você, Magá, no segundo...

— Vocês estão aqui há tempos e são uma das primeiras a estarem aqui. Mas especificadamente nesse quarto, entre nós.

" Como vocês sabem eu sou amiga do Cebola e tudo mais...

— Amiga, sei...- A Dê fala com um olhar malicioso.

— Hã, não entendi...

— Esquece, Mônica- A Magá fala.

— Ahan... tá. Bom enfim, meninas, eu queria perguntar ao vocês... Bem, é que no início o Cebola era amigo de vocês juntamente com outros meninos e meninas. Não sei o que rolou, mas vocês se separaram. No caso, só sobrou vocês cinco... - Percebi que ambas ficaram caladas. Não, seria melhor descrevê-las como mudas. - Vou ir direto ao ponto, o que aconteceu para vocês se separarem, já que eram tão inseparáveis como uma, uma...

— Turma. - A palavra sai seca e cheia de remorso da Magá, tão baixa como um sussurro.

— É... Exato.

"Acho que agora fui fundo na intimidade delas. Droga!"

— Mônica, - Levanto a cabeça de imediato. A Dê continua. - se você é tão amiga do Cebola, capaz dele te contar uma coisa dessas, ou você se acha tão amiga a ponto de saber sobre isso...

— Ele - A Magá limpa a garganta. - Ele mesmo que vai ter que te contar sobre isso. Ele que vai falar para você sobre isso. - Magá completa. - Elas levantam e eu sento.

Depois disso elas saem me deixando sozinha no nosso quarto. Pensando o quão grande é o mistério que eu tinha acabado de entrar.