Perseguida Pelo Inferno

Surpresas do Passado e do Presente


Acordo no quarto de Washi estou deitada em sua cama. Jun e Washi estão discutindo. Mas esses dois não param nem quando estou mal?

– Não vou deixar que mais uma coisa assim aconteça! – diz Jun – Vou fugir com Higure e nunca mais...

– Não há como fugir de Yomi, ela é uma deusa – lembra Washi – Akari precisa vencê-la.

– Eu já disse que o nome dela é Higure! E ela não vai arriscar a vida mais uma vez! – discorda Jun.

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– Mas eu quero fazer alguma coisa – me intrometo – Não posso ficar aqui parada enquanto Yomi mata todos que amo.

– Akari você acordou – fala Washi.

– Hi-gu-re! – corrige Jun – E o que está dizendo: Não pode lutar de novo, você já está fraca e ferida.

– Mas eu quero! E vou, pois de um jeito ou de outro ela vai nos atacar até conseguir nos matar. – digo pensando em como queria fugir também, mas de qualquer forma ela vai nos encontrar e devo admitir: eu amei lutar.

– Akari está certa, vocês não podem fugir. E tem o poder de derrotar Yomi, eu irei ajudá-los. – Washi se oferece – Não deixarei que tudo aconteça como da última vez.

– Que última vez? – eu e Jun perguntamos desconfiados.

– Nada. – Washi tenta mudar de assunto – Agora que Yomi está sem seus poderes será mais fácil...

– Não tente esconder nada da gente – falo – Você não nos contou como deixou de ser anjo. E eu tive um sonho estranho em que estava me afogando num aquário com um monte de fios...

– Você está se lembrando? – Washi se surpreende – Suas memórias...

Eu não devia ter contado isso.

– Memórias? Foram memórias? Quer dizer que o que sonhei aconteceu? – penso sobre ter beijado ele no sonho e mordo o lábio.

– Do que estão falando? Que memórias? – pergunta Jun confuso.

– O que mais você sonhou Akari? Conte-me – pede Washi.

Conto só a parte em que eu estava submersa no aquário e Washi levava chicotadas, não falo sobre tê-lo beijado, pois temo a opinião de Jun. Quando acabo de falar Washi fica com uma expressão de pesar, e diz:

– É você lembrou de algumas coisas que ocorreram ates de vir pra cá. Foi isso mesmo que aconteceu. Só que sua mãe não sabia que você estava no aquário.

– Mas por que Higure-chan estava naquele aquário e você estava sendo chicoteado? - indaga Jun.

– Eh... Bem... – Washi parece triste, ele não quer contar o porquê.

– Por favor Washi, eu preciso saber o que realmente aconteceu pra entender – digo – Não vamos culpá-lo de nada.

– Está bem – ele concorda – Eu estava sendo punido por... ter me apaixonado por você.

Agora as coisas fazem mais sentido. Quando ele me viu pela primeira vez em com o Fukosei e me abraçou daquele jeito... então era isso. É por isso que ele sempre escuta o que eu digo, por isso que Jun odeia ele, por isso que tenho medo dele... medo de seu amor por mim.

– Você o quê?! – Jun se altera – Que descaramento! Você se atreveu a tocar em Higure?!

– Mas ela também estava apaixonada por mim – Washi se defende – Não podíamos evitar.

Do que eles estão falando?!

– Não acredito! Você está mentindo! Higure nunca... – Jun faz escândalo.

– Tá Jun, vamos ouvir o resto da história e falar disso depois – peço apreensiva com meus pensamentos incontroláveis – Pode nos contar por que eu estava no aquário?

– Yomi colocou você lá, Amaterasu não sabia disso, estava muito ocupada me castigando – conta Washi – Nem eu sabia disso até que o vidro explodiu e você caiu no chão inconsciente. Então começou a desaparecer em meus braços...

– Sem falar que ela estava nua! Como é que pode?! Você...a viu...e tocou... – Jun está incrédulo.

– Vamos esquecer essa parte – fico envergonhada quanto a isso. Por que Jun tem que falar tudo o que dá na telha? Será que ele pensa que isso é um filme?! – Eu estava inconsciente e Washi não é um pervertido.

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– Como você pode saber? Ele é um garoto como outro qualquer! – diz Jun.

– Então isso quer dizer que você também é – me irrito – Cale a boca e ouça! Precisamos saber de tudo!

Jun senta e tenta se acalmar. Peço a Washi para que continue.

– Bem, parece que aqueles fios estavam tirando suas memórias e talvez até sua vida. Mas Amaterasu lutou contra Yomi e a impediu de matá-la, só que você veio à Terra e reiniciou. – conta Washi – Eu não pude fazer nada...

– Você não teve culpa – tento acalmá-lo – Estava machucado ainda por cima. Como minha “mãe” pode ser tão cruel?

Sinto muita pena. Isso não é justo, apenas por uma pessoa se apaixonar, seja um anjo ou um demônio, ela não deve ser punida por amar.

– É que sou...era um anjo e temos de ser “puros”, mesmo apaixonados não devemos ter contato nenhum com amor. Até mesmo beijar é proibido. – explica ele.

– E que tipo de “contato” proibido você teve com Higure-chan? – Jun está falando o que quer outra vez.

Washi fica nervoso e provavelmente pressionado, também fico nervosa ao pensar no que pode ter acontecido entre nós. Mas foi no passado, não é? Então não aconteceu nada comigo literalmente.

– Jun não seja...ciumento – acabo falando envergonhada.

– Ciumento? Eu não... bem... ele... – Jun fica vermelho e resolve se calar.

– Washi – começo a falar – Por que sua punição teve de ser tão horrível? Todos os anjos que pecam são castigados dessa forma?

– Não – nega Washi – Os anjos simplesmente são expulsos do céu e tem de viver como humanos, só que Amaterasu ficou tão furiosa por eu ter me apaixonado por sua filha, que isso aconteceu. Depois eu fugi.

– Ficou com medo? – zomba Jun – Espera, acabei de lembrar de uma coisa ainda não esclarecida: o que eu estou fazendo no meio disso?

– Yomi quer que você seja dela, não foi o que ela disse? Ela quer cruzar as linhas com você...

Perco o fôlego. Esses dois estão numa linha de fogo cruzado não é?

– Pode não falar disso? – peço ofegante, só de imaginar Yomi e Jun juntos me dá náuseas.

– É, melhor calar a boca – concorda Jun cruzando os braços – O que vamos fazer agora? Tentar derrotar Yomi de novo?

– Vamos falar com Amaterasu, quer dizer, vocês vão – fala Washi – Posso levá-los mas depois é por conta de vocês.

Acho melhor não pedir que ele vá, entendo que minha mãe o odeie por minha causa e Washi provavelmente tenha medo dela. Depois do que aconteceu...

Aceitamos. Washi abre um portal e entramos nele, num só instante nos encontramos num grande castelo cheio de detalhes nos vidros, imagens majestosas que provavelmente são deuses etc. Subimos umas escadas para procurá-la e percebo uma coisa: há vidros quebrados, coisas atiradas no chão, furos no teto e nas paredes, tudo meio destruído. Acho isso suspeito. Se Amaterasu é uma deusa ela já teria consertado isso, certo? Então vejo que há uma mulher sentada num trono virado de costas.

– Amaterasu? – chamo – É você?

A mulher se levanta do trono e não é aquela do meu sonho, tem longos cabelos negros e sedosos, usa um kimono também, mas não é minha mãe. Sua face é cadavérica e tem olhos amarelos como os de uma serpente, Amaterasu pelo que vi no sonho tinha olhos vermelhos.

– Amaterasu é um pouco assustadora – comenta Jun como uma criança idiota.

– Não é ela – nego – Quem é você?

– Minha filha, não me reconhece mais? – sua voz é rouca e oca, parece sem vida – Sou Izanami.

– Izanami? Mais uma deusa? – Jun fica confuso – A mãe de Higure não era Amaterasu?

Estou paralisada e boquiaberta, nada faz sentido. São deuses demais nesta história. E Izanami não tem nada a ver com Amaterasu. Por que essa mulher diz que é minha mãe?

– Ah, como eu queria vê-la! – exclama ela vindo até mim – Como está linda!

– Você não é minha mãe – me afasto dela, com receio – O que faz aqui? Onde está Amaterasu?

– Isso é lastimável! – lamenta triste – Aquele anjo miserável fez você acreditar que é filha de Amaru.

– Amaru é outra deusa? – pergunta Jun – Estou boiando...

Tenho vontade de bater nele. Como pode estar tão calmo na presença de uma mulher assustadoramente horrenda que diz ser nossa mãe?!

– E você meu filho? É bonito e forte – ela vai até Jun – Deve fazer um sucesso com as garotas!

– E como...Espera aí! Você me chamou de filho?!

– Claro - afirma ela – Não lembra de sua mãe?

– Ela está mentindo – falo – O que fez com Amaterasu?

– Está bem longe daqui, pelo menos sua mente, não conseguirão acordá-la.

Cerro os dentes. O que será que ela fez com minha mãe?! Quem é ela?!

– Ah, é outra deusa do mal, certo? – assimila Jun – Faz parceria com Yomi?

– Idiota! – insulto – Tá pensando que é brincadeira?

– Que foi que eu fiz? Só perguntei...

Izanami aproveita que estou distraída e me paralisa repentinamente, não posso me mover. Droga!

– Higure? Que fez com ela? – Jun fica com raiva.

Pelo menos assim ele fica sério.

– Preciso de você pra recuperar meus poderes!

Antes que possamos assimilar alguma coisa ela dá uma investida em Jun e os dois ficam na parede do outro lado do salão, Izanami é muito forte.

– Vou te matar – ameaça ela – Vou cortar-lhe em pedacinhos e comer um por um.

– Vai ter uma indigestão terrível – debocha Jun tentando fugir.

Izanami lhe dá um soco tão forte que ele cai cambaleando no chão, seu nariz sangra. A deusa chuta seu rosto e Jun solta um grito abafado. Ela pega algo do chão, um chicote. Será que é o mesmo com que Washi apanhou?

– Vou fazer você morrer de forma bem dolorosa! – fala Izanami.

Ela dá a primeira chicotada, arregalo os olhos, não posso ver isso. Ele é importante demais pra mim.

Continua a chicoteá-lo, rapidamente e fortemente, Jun se contorce de dor. Mas tenta levantar-se.

– Você é um idiota! – Izanami ri como Yomi – Sabe que morrerá!

– Não... – nega Jun fraco, ele se levanta desnorteado.

Vai Jun, vai Jun. Sei que você é forte, você consegue. É só o que posso fazer, pensar que ele conseguirá.

Ela bate nele mais uma vez e Jun quase cai, então algo estranho ocorre:

– Eu... não morrerei – Jun começa a brilhar.

Vai Jun.

– Seu idiota! Que pensa que está fazendo? – pergunta Izanami zombando.

– Vou derrotar você – nesse momento os olhos dele pegam fogo – E vou salvar minha mãe!

O que está acontecendo?

Jun ataca Izanami com uma espada samurai que arde em chamas, ela se defende com um campo de proteção escuro e duas lâminas grossas aparecem em suas mãos. Jun investe com a espada, ele luta rapidamente, nem parece ele. Izanami se defende, mas depois tenta atacar. Quase acerta o rosto de Jun que desvia por pouco. Jun não é o mesmo certamente, ele atira Izanami na parede tão forte que ela quase quebra. E os dois começam a voar.

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Como não posso me mexer, não consigo vê-los muito bem, mas Jun deixa Izanami desorientada quando acerta seu rosto com suas próprias lâminas. Ele a atira no chão com um estrondo e consigo me mover.

Ao invés de ficar lá assistindo ao espetáculo, quero procurar minha mãe. Seja lá o que quer que tenha acontecido com Jun, agora ele é capaz de derrotar a deusa. Corro tentando não chamar atenção, mas ouço Izanami gritar:

– Vou matar você garota! Não me vencerão tão facilmente!

Passo por uma porta e sigo pelo corredor, procurar minha mãe. Na primeira está tudo destruído e não há nada; na segunda, bem, não é uma sala mais só tem uma porta; na terceira parece um quarto de garota, há coisas cor de rosa e lilás por todo o lugar, mas Amaterasu não está lá... Numa das salas só tem um grande baú no fundo da sala, vou até lá pra ver se ela não está dentro dele. Ao abri-lo fico com receio, porém o abro. De dentro dele sai um leão negro e quase saio correndo em choque. O bicho me olha de forma sutil e não me ataca, fico pasmada e não saio do lugar.

– Você é filha de Amaterasu, certo? – pergunta a criatura.

Engulo em seco.

– S-sim – respondo baixinho ainda chocada.

Então o animal se transforma em um homem que parece um samurai, ele diz:

– Prazer em conhecê-la, sou Izanagi.