Elementary, my loved Joan

Capítulo 10 - Enfim tudo acabou


Capítulo 10 – Enfim tudo acabou

– Você! Acorde! Vamos ligar agora.

Joan podia ouvir a voz distante. Abriu os olhos, vendo Thomas a sua frente, mas não se sentia nem um pouco bem para se levantar.

– Você dormiu por vinte e cinco minutos. Fui bonzinho demais. Já chega! Quer voltar pro seu noivo? Então vamos acabar logo com isso.

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Ela fez o máximo de esforço que pode e conseguiu se sentar, sentindo o corpo todo doer.

– Quem é Kitty? Sua filha? Irmã?

– Não, nenhum dos dois... Embora eu fosse ficar feliz caso ela fosse. É uma amiga e também é consultora. Nós três somos parceiros.

– Vocês duas e aquele Sherlock? Dois não conseguiram achar você ainda. Estou com sorte.

Ryder colocou o telefone nas mãos de Joan de novo, no preciso momento em que o toque de mensagens de Kitty soou, embora a mensagem tivesse sido obviamente escrita por Sherlock, e o homem olhou para a tela verificando o que dizia o sms.

“We r see u2.”

– Traduza.

– Não precisa ela traduzir, senhor Ryder! – Ouviu-se claramente a voz de Gregson através de um pequeno alto-falante portátil.

– Somos da polícia de Nova Iorque – Joan identificou a voz de Bell – Nós temos a planta deste depósito. Não importa o quão grande ele seja, nós vamos encontra-lo onde você estiver.

– Não vou perder a chance de salvar minha filha – o sequestrador dizia raivoso – Vamos fazer isso de um jeito ou de outro! Vamos pessoalmente encontrar Jane William.

– Está louco?! Não haverá tempo sequer de chegar à saída. Se você se entregar podemos ajuda-lo.

– Se quer me ajudar, salve Jasmine! Não há outro jeito.

Ryder parecia louco, seus olhos mostravam medo, raiva, nervosismo, apreensão, dor, tristeza... Ele agarrou o pulso de Joan, sem se importar em tomar seu celular novamente, mesmo quando ela o guardou no bolso da calça, e a puxou para o chão, forçando-a a dar passos vacilantes em direção ao caminho visível em frente. Ele a puxou por o que parecia um extenso labirinto formado por paredes e colchões, enquanto ouviam incontáveis passos se deslocando a certa distância, alguns pareciam tão perto que Joan esperava ver alguém a qualquer momento. Ela tentava identificar o som dos passos de Sherlock ou de Kitty, mas com todo o barulho e sua mente confusa pela tontura e dor, não conseguia.

– Assim não vamos conseguir, ande mais rápido!

Ele ainda a puxava pelo braço tentando alcançar a saída quando a detetive foi vencida pela dor e caiu de joelhos, apoiando-se com as mãos para não bater no chão. Ryder voltou alguns passos, intencionando carrega-la para fora do depósito, mas Joan agarrou a mão estendida com toda a força que lhe restava, puxando o sequestrador para o chão. Ele caiu com tudo, mostrando uma expressão de extrema dor quando suas costas bateram no chão, e pensava em levantar-se quando Joan o imobilizou torcendo seus braços num ângulo estranho e o segurando. Mas além de estar fraca, o homem era muito maior e mais forte do que ela, e não demorou para se recuperar e soltar-se, jogando-a contra uma grande pilha de colchões e caixas Ele tentava remover as caixas que havia derrubado para chegar até ela quando foi surpreendido com todas as luzes em volta se acendendo e um soco fortíssimo acertou sua cara.

Ryder caiu no chão, não desacordado, mas gemia de dor e cobria o rosto com as mãos. Joan pode ouvir sons que claramente se tratavam de policiais invadindo o local e alguém sendo algemado. Pode escutar as vozes de Gregson e Bell dando voz de prisão ao homem caído, e depois seu coração se encheu de felicidade ao escutar Kitty chamando por ela.

– Sherlock! Ela tá aqui! – A garota gritou olhando para trás quando ajudou Joan a sentar-se e se apoiar em seu ombro.

Joan sentiu um leve tremor através do chão com os passos rápidos e pesados que tanto ansiava ouvir. Sherlock as alcançou e se ajoelhou a frente das duas, sem conseguir dizer uma palavra. Tinha os olhos arregalados, assustados, apavorados, do mesmo jeito em que Joan o vira pela primeira vez ao ser libertada pelos sequestradores envolvidos com Mycroft.

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– Eu tô bem – disse o encarando.

– Não tá não – Kitty lhe disse.

A garota tremulava ao falar e parecia querer chorar de alívio, mas não o fez. Apesar da aparente tranquilidade, estava tão nervosa quanto Sherlock.

– Você tá com febre, deve estar sentindo dor – ela falou – Isso pode virar uma infecção, temos que voltar lá pra cima.

Sherlock ergueu o anel para que ela visse, embora qualquer pessoa não pudesse notar Joan percebeu facilmente como ele parecia satisfeito.

– Muito esperta... Em deixar isso aqui pra trás – ele falou.

Sherlock pegou um agasalho que carregava no ombro e o colocou em volta dela. Kitty deixou Joan com Sherlock e levantou-se para falar alguma coisa com Gregson a certa distância.

– Fique calmo – ela pediu quando ele a abraçou – Já está tudo bem.

Sherlock tinha a respiração ofegante e pesada, claramente muito nervoso. Após alguns segundos ficou mais calmo e tomou sua mão direita entre as dele, recolocando o anel em seu dedo e voltando a encara-la ainda em silêncio. Não era preciso dizer nada, tudo havia sido falado com aquele olhar. O consultor se levantou com Joan no colo, e finalmente sentindo-se tranquila ela recostou-se a ele e fechou os olhos numa tentativa de reduzir sua dor de cabeça, sentia-se sonolenta.

– Vou acionar o socorro lá em cima – Gregson falou ao ver Sherlock se aproximar – Leve-a depressa, encontramos um elevador aqui. E a mantenha acordada.

Bell e um monte de outros policiais levavam o homem detido pelas escadas enquanto Gregson guiou seus três consultores para o elevador e os quatro seguiram direto para o primeiro andar, onde o socorro já aguardava.

– Joan – Kitty a chamou dentro do elevador, vendo a consultora entreabrir os olhos – Fique com a gente – ela pedia enfaticamente.

– Eu juro que estou tentando – a chinesa respondeu baixinho.

– Chegamos! – Sherlock falou tentando animá-la quando saíam do elevador e logo encontraram uma equipe médica.

Podiam ouvir barulhos distantes, devido à proximidade das escadas. Passos, vozes, choro, provavelmente da senhora Ryder, mas as informações a respeito da prisão e confusão na família Ryder ficariam para segundo plano.

– Joan! Joan! – A mãe da detetive surgiu de algum lugar num estado de pânico – Minha garotinha! Ainda bem que está aqui! – Ela dizia entre lágrimas beijando o rosto da filha, que ainda nos braços de Sherlock, acabou despertando com o contato da mãe.

– Eu estou bem, mamãe – respondeu com um sorriso para a mulher chinesa – Acho que também gostaria de saber que Sherlock quebrou a cara dele, literalmente.

A mulher acalmou-se aos poucos e conseguiu abrir um sorriso, encarando Sherlock em seguida.

– Muito obrigada. Conversaremos melhor depois – ela conseguiu dizer antes de se afastar para permitir o socorro da filha.

Sherlock levou Joan até uma maca trazida até ali e a equipe a levou para outro lugar, onde momentos após ser examinada e estabilizada, ela estava novamente dormindo em um novo quarto. A senhora Watson a havia ajudado a tomar banho e se trocar. A febre praticamente havia desaparecido após o contato com a água fria. O ferimento fora tratado e protegido com um novo e reforçado curativo e um tubo de soro levava medicamento para sua mão direita. Sherlock, Kitty e a mãe da detetive estavam sentados no sofá, todos com um rosto claramente exausto.

– Você pode ir descansar, eu posso ficar com ela hoje – a senhora disse para Sherlock.

– Eu agradeço, mas quero ficar com ela.

– Ele não vai dormir se for pra casa, acredite – Kitty falou.

– Pensei que fosse mandar uma nova enxurrada de mensagens pra Joan após as últimas horas, Mary – Sherlock disse após uma longa pausa – Se tivesse tido tempo.

– Sobre vocês dois? – A senhora emitiu um risinho simpático – Nem tive tempo de pensar quando eu soube, até agora.

– Não precisa sair Kitty – ele falou ao perceber que a garota pretendia se levantar – Você mora com a gente, não há problema em ouvir isso.

A jovem deteu-se e continou sentada, porém fitando o teto, e apenas escutando.

– Acredito que não lhe agrada a vida que Joan leva agora.

– Não, de fato. Qual mãe não se preocuparia? Mas Joan sempre foi teimosa e acho que nunca vai deixar de ser. Quando ela encontra um caminho e se ajusta a ele não há como fazê-la voltar. Mas dessa vez ela encontrou algo muito maior. Você devolveu a vida a ela, a vida que eu vi se esvair dos olhos dela anos atrás quando aquilo aconteceu. Ela diz que te conheceu pra consertar você, mas os dois concertaram um ao outro – ela ficou um tempo em silêncio e voltou a falar – Nossas conversas nos últimos tempos tem sido turbulentas às vezes, mas eu posso notar claramente o quanto ela fica feliz quando falamos de você, mesmo quando ela está falando das brigas bobas que vocês têm ou de como fica irritada quando você a acorda ou invade o apartamento dela. Eu não desejo de forma alguma ver minha filha em perigo, mas sinto que ela sempre estará segura ao seu lado. Você tem a minha aprovação, Sherlock.

– Eu farei tudo que puder por ela.

Ele sorriu simpaticamente e os dois voltaram a ficar em silêncio. Era quase meia noite quando as coisas no hospital se acalmaram, e devido ao horário não muito amistoso para se caminhar pela cidade, Bell levou Kitty e Mary Watson para casa. Os assuntos pendentes ficariam para o dia seguinte.

– Sherlock...

Ele abriu os olhos e verificou as horas no celular. Duas e meia da manhã. Apesar do quarto estar escuro, a luminosidade de fora era suficiente. Levantou-se e caminhou até Joan, sentando-se na beirada da cama.

– Que horas são?

– Duas e meia da manhã. Sua mãe e Kitty foram pra casa por volta de meia noite. Bell as levou. Está tudo bem.

– Como está meu soro? – Ela olhou para cima tentando avaliar a quantidade do líquido transparente.

– Ainda tem suficiente pra durar até amanhecer, então você poderá se livrar dele – Meus sentidos dizem que você não está mais tonta ou com dor.

– Não... Só bem cansada. Espero poder ir pra casa amanhã.

– O dano no seu ferimento causou um certo estrago...

– Eu sei... Mas eu sei o que estou dizendo, não é necessário me manter aqui mais tempo. Posso cuidar disso por mim mesma agora.

– Mas não pode sair daqui sem uma alta médica, então descanse pra estar bem amanhã.

– Como me encontrou? A garotinha correndo risco... Aquilo era verdade?

– Sim. Prometo contar tudo de manhã, agora quero que volte a dormir e repousar.

– Muito obrigada, Sherlock.

– Me chateia o capitão não ter me deixado bater mais nele – ele falou ao se aproximar.

Ela riu e afagou o rosto dele com a mão livre. Sherlock chegou mais perto e a beijou mais demoradamente do que Joan esperava, como se aquilo selasse o fim de todo o desespero que havia passado.

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– Boa noite – lhe disse ao afastar-se.

– Boa noite – ela sussurrou.

Sherlock arrumou os lençóis sobre ela e acomodou-se na poltrona ao lado da cama, onde acabou por adormecer pouco tempo depois de Joan.