Skeletons In The Closet

VINTE E UM: Ex-amor


Capítulo VINTE E UM: Ex-amor.

Madge

Sozinha.

Esse é meu atual status e tenho a impressão de que ele vai permanecer assim por um bom tempo, o que só me faz pensar que isso é uma total injustiça comigo. Qual é, eu apenas quis me vingar um pouquinho da Katniss, ela mereceu. Katniss sempre foi a boazinha, a mais bonita, a mais legal... Saco, viu! Não foi como se eu tivesse jogado Peeta de cima daquela cachoeira ou algo do tipo, foi apenas uma mentirinha besta. Nada demais, apenas uma vingancinha. Mas é claro que Johanna não está falando comigo assim como todo os outros como se todos eles tivessem um senso moral melhor que o meu.

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Hipócritas. – bufo enquanto mudo de canal.

Eu não estou realmente assistindo TV, estou apenas passando o tempo. Mudando de canal com o controle remoto numa mão e um pote de sorvete na outra, jogada na cama tento espantar o tedio pra longe enquanto todos os outros estão na Premiação botando o plano em ação, pra fazer os pombinhos Katniss e Peeta ficarem juntos – finalmente. Bufo mais uma vez e paro de mudar de canal. Levo uma colher de sorvete até minha boca e como, fecho os olhos e suspiro cansada. Talvez, eu esteja me sentindo culpa por ter dito aquilo pro Peeta num momento em que ele estava tão confuso, mas foi apenas que eu não medi o tamanho do meu ato. Apenas fiz e pronto.

Ouço a campainha tocar, abro os olhos e me pergunto quem poderia ser. Levanto da cama, deixo o pote de sorvete pela metade em cima da cômoda ao lado da cabeceira da minha cama e vou abrir a porta.

– Você? – acabo soltando um pouco surpresa demais.

– Não precisa parecer tão surpresa assim. – Gale diz e nem espera que o convide pra entrar, ele simplesmente entra sem cerimônia alguma. Faço uma careta pra isso.

– Apenas achei que você está na Premiação. – disse enquanto fechava a porta.

– Eu não tinha nada pra fazer lá. Minha parte do plano já foi cumprida. – ele diz olhando em volta, acho que pra saber se estou sozinha ou não. Cruzo os braços. – Não faça cara feia Madge, estraga seu lindo rostinho. – Gale olha pra mim.

– Então me diga o que veio fazer aqui.

– Conversar? – ele tenta. – Escutar uma explicação pelo o que você fez?

– Sabia que era sobre isso... Veio me dá um sermão também?

Johanna tinha feito isso mais cedo juntamente com Annie que me olhou como se fosse me bater, mas no fim não o fez - fato que achei ótimo, afinal a ruiva tem uma mão pesada.

– Na verdade, não.

Eu arqueei uma sobrancelha, desconfiada sentei no sofá que existia ali perto. Ainda de braços cruzados, esperei que Gale falasse mais.

– Madge, eu e Katniss tivemos uma conversa e – ele suspirou. – ela me perdoou por tudo que eu fiz e nós nos beijamos...

Baixei os olhos e descruzei os braços. Era isso, não? Gale sempre seria apaixonado pela Incrível Katniss, ele sempre viveria em função dela mesmo que a morena nunca sinta uma fração do sentimento que eu sinto por ele e agora, Gale veio aqui justamente pra me contar o quanto não pode parar de amá-la e que o beijo que demos não significa nada se comparado ao beijo que ele deu em Katniss...

– ... então eu estou aqui agora e se você quiser, eu também quero. – ele continuou falando e olhou pra mim. Seus olhos cinzentos cheios de expectativa.

– O quê? – solto perdida, porque não entendo a razão de ele estar me olhando desse jeito.

– Madge, eu estou dizendo que – ele toma folego, seu rosto assume um tom rosado. – não amo mais Katniss e eu não consigo parar de pensar no nosso beijo no parque naquela noite.

– O quê? – solto mais uma vez, porque agora não consigo encontrar nada mais pra dizer. Gale acabou de me pegar totalmente desprevenida. – Mas você e Katniss... Katniss e você... – tento. – Você a ama desde o colegial. – consigo dizer e por mais bizarro que isso que eu disse seja, é a pura verdade. Sempre foi assim.

– Não amo mais. – me diz com a voz cheia de certeza. Gale dá alguns passos em minha direção. Fica em pé na minha frente enquanto eu permaneço sentada no sofá. – Mad, eu acho que estou gostando de você.

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A sentença demora pra ser entendida por meu cérebro. Eu fico embasbacada olhando pra ele, a boca meio aberta. É fato que quando o beijei no parque o fiz porque Gale parecia tão diferente, ele parecia o Gale antes de se apaixonar por Katniss. O bom e velho Gale por quem me apaixonei. E ele estava ali me olhando como se eu fosse um ser de outro planeta, exótico e lindo, que não resisti. Fazia tanto tempo que ninguém me olhava daquele jeito e quando ele disse que me achava bonita, não pude me impedir de ir até o moreno e beijá-lo. E aqui está ele de novo me dizendo algo que quero ouvir desde de sempre dele, mas ao contrário das minhas fantasias, eu não consigo dizer nada. Continuo encarando-o por um bom tempo, tempo demais. Tempo esse que acaba se tornando incomodo. O que faz com que Gale fique com o rosto rosado, ele me dá as costas e se encaminha pra porta.

– Bom, acho que é isso. – diz e olha pro chão, envergonhado.

Me levanto, o espanto que sua declaração me causou perdendo o efeito.

– Espera. – digo ainda com a voz meio vaga. – O que você disse? – pergunto como uma idiota. Gale levanta seus olhos pra me encarar. – Sobre estar gostando de mim.

– Que eu acho que estou. – diz.

É quando as palavras finalmente fazem sentido pra mim. Corro até eu me jogo em seus braços sorrindo:

– Eu sempre fui afim de você.

– Graças a Deus! – ele sorri, o som da sua risada causando pequenas ondas de vibração no meu corpo. – Achei que ia levar um fora.

Afundei meu rosto em seu pescoço, senti seu cheiro.

– Você me pegou de surpresa com essa declaração. – me explico depois que me afasto dele, olho em seus olhos.

– Eu fiquei nervoso. – ele segura meu rosto, eu fecho meus olhos.

– Achei fofo. – declaro baixinho e sinto quando sua boca toca a minha em meio a um sorriso.

~~

Annie

– Bom, está entregue. – Sêneca diz com um suspiro.

Ele foi quem me deu uma carona de volta pra casa já que Johanna foi com Finnick e eu não quis dividir o carro com eles. Se bem que Peeta poderia ter me levado, mas estava na cara que ele queria ficar a sós com a Katniss e Cinna ia com Portia pra uma balada que estava rolando na cidade. Sobrou apenas Sêneca, que me ofereceu uma carona com um sorriso galante no rosto, foi meio impossível resistir. No entanto, agora que ele parou o carro em frente à minha casa depois de passarmos o caminho inteiro em silêncio, eu sinto que tenho que dizer alguma coisa apenas não sei o que.

– Er... Obrigada pela carona. – falo mais não faço menção de me mexer, continuo sentada como uma boba. Olhando pra frente e esperando alguma reação dele.

– Foi uma noite agitada, não? – sorrir meio nervoso ao mesmo tempo que coloca a mão na nuca.

– Foi mesmo. – concordo, também estou nervosa.

Sêneca fica calado, põe as mãos no volante e olha pra frente, parece que está decidindo algo pois ele morde o lábio num claro sinal de nervosismo. Eu suspiro audivelmente, um pouco frustrada comigo mesma porque eu realmente estou afim dele do jeito que nunca fiquei afim de Finn ou de qualquer outro cara. Sêneca desperta meu interesse como se ele fosse uma obra de arte rara e eu precisasse muito possui-la pois sei que ninguém mais tem. Mas ao mesmo tempo que é um sentimento de posse também é um sentimento de carinho, eu vejo nele uma certa fragilidade e isso desperta meu lado protetor, quero protege-lo, acolhe-lo e... ama-lo. Sim, é isso. Eu quero ama-lo, quero abrir meu coração pra esse sentimento outra vez. Já faz mais de três meses que deixei, finalmente, de me importar com Finnick e seu relacionamento com Johanna. Uma parte minha sempre vai amá-lo, ele é o pai do meu filho - que é a coisa mais importante da minha vida - e também foi meu primeiro amor o que faz com que ele sempre tenha um lugar no meu peito. E eu quero tanto dizer isso pro Sêneca. Dizer que não tem ninguém no meu coração e se ele quiser, o lugar é dele. Mas estou insegura. Sou uma mulher grávida, daqui uma semana completo nove meses e então meu filho pode nascer a qualquer momento e eu não posso inseri-lo nisso assim sem mais nem menos, mas também não posso negligenciar meu filho. No entanto, não sou uma mulher antes de ser mãe? Eu não mereço amar, ter um relacionamento? Isso por um acaso diminui meu papel de mãe?

– Annie, - sua voz me tira dos meus devaneios, foco minha atenção nele. – queria ter dito isso há algum tempo, mas não tive coragem suficiente e era sempre difícil que ficássemos a sós.

Engulo em seco.

– Mas eu sabia sobre Johanna e Finnick.

Arqueio minhas sobrancelhas em surpresa.

– Encontrei Johanna umas duas semanas atrás, eu literalmente esbarrei com ela por aí. – ele respondeu ao ver minha expressão.

– E ela te contou como me traiu com meu noivo bem embaixo do meu nariz? – falei e me surpreendi com o quão amargo a frase saiu.

Sêneca engole em seco, nervoso.

– Contou. – falou baixo. – Contou também que você ainda ama o Finnick. É verdade?

A pergunta me pegou desprevenida e de guarda baixa, não respondi nada porque nunca depois que Finnick me deixou eu tinha falado sobre isso, nem mesmo com minha mãe que era a pessoa mais próxima de mim. Percebi ali, olhando nos olhos extremamente azuis de Sêneca que a resposta pra essa pergunta era muito mais complicada do que sim ou não. Contudo não era nisso que eu estava pensando agora a pouco? No quanto uma parte minha sempre iria ter amor por Finnick? E no entanto, pôr isso em palavras parecia impensável. Claro que durante um tempo eu nutri ódio por ele ao mesmo tempo que o amava e queria que ele me amasse de volta. Claro que durante meses eu esperei que ele batesse na minha porta dizendo que queria voltar. Claro que ainda existe dor quando o vejo tão feliz com Johanna, tão completo e acima de tudo, tão apaixonado. A sentença que Katniss me disse naquele dia quando dei uma surra em Johanna, se mostrando a mais pura verdade: “Ele nunca vai olhar pra você, Annie, do jeito que ele olha pra Johanna. ” Por que Finn nunca olhou pra mim do jeito que olha pra Johanna como se ela fosse algum tipo de coisa rara e linda e maravilhosa.

Fecho os olhos tentado clarear meus pensamentos. E como as palavras não saem, Sêneca desvia seus olhos dos meus, volta a olhar pra frente com o rosto todo contorcido em tristeza.

– Sêneca, por que está perguntando isso? - desconverso enquanto tento distinguir meus sentimentos.

– Estou interessado em você. – ele diz na lata, arregalo meus olhos com sua tamanha sinceridade.

– O-o quê?

– Estou interessado em você, mas não adianta nada. Não é? Você ainda ama o pai do seu filho. – o moreno olha pra mim com seus olhos incrivelmente brilhantes de magoa.

É aí que acontece. Sinto algo destravar dentro de mim, uma pressão no estomago como quando sei que estou prestes a fazer uma burrada. E é por isso, por causa desse click que entendo a grande verdade: Eu realmente gosto desse homem. Não aquele que me traiu e me fez sofrer, não. Eu gosto desse homem, esse aqui na minha frente que tem um sorriso fácil e um jeito galante como os caras do século passado, esse homem que é cheio de ideologias e sonha com um mundo melhor assim como eu. Como cheguei nessa conclusão? O jeito quebrado que ele está me olhando faz eu querer conforta-lo, mas quando sou eu que estou causando isso apenas consigo me sentir como a pior pessoa do mundo. Sinto como se meu peito estivesse sendo rasgado.

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– Sim. – digo e o moreno solta o ar pela boca e abaixa cabeça. – Quer dizer, eu amo. Mas não desse jeito. Já amei e muito, é apenas que agora é diferente. Finn é o pai do meu filho, não tem como mudar isso. Mas o sentimento muda e o sentimento que eu sentia por ele mudou. Não é mais como antes, não é mais amor... Não amo mais o Finnick.

Os olhos dele estão quase pretos quando levanta o rosto pra me ver. Cheios de expectativa. Tomo uma lufada de ar e resolvo falar tudo de uma vez:

– Estou interessada em você. – sorrio. – Acho que desde o momento que me segurou pra que eu não caísse no shopping.

– Mas você sempre pareceu tão desinteressada.

– Ah, eu vou ser mãe, Sêneca. Não é apenas eu mais, agora sou eu mais meu filho. Eu não quis forçar você a assumir um relacionamento com uma grávida...

– Annie, - ele balançou a cabeça sorrindo, se aproximou de mim, segurou meu rosto. – eu gosto de você. Muito e não me importo se você vai ter um filho ou não, o que me importa é se você pode me corresponder. Então, você pode?

– Posso. – meio sussurrei, o rosto dele perto demais do meu. Tão perto que eu podia sentir o cheiro da colônia que ele estava usando.

Sêneca me puxou pra mais perto e então seus lábios estavam sobre os meus. Um beijo calmo, delicado e demorado que foi interrompido porque James começou a chutar em minha barriga, me afastei de Sêneca sorrindo e tocando minha barriga. O bebê parecia animado.

– Está chutando. – falei ainda sorrindo, em geral ele era bem calminho.

– Eu posso? – Sêneca perguntou meio receoso com a mão estendida em direção a minha barriga. Assenti. O moreno pôs sua mão sobre minha barriga e logo James o brindou com mais um chute o que fez Sêneca estremecer de susto, mas então ele sorriu. – Ele está bem agitado, não?

– Acho que ele gosta de você. – declarei.

– Qual o nome desse garotão?

– James.

– Hum. Oi, James. – ele se abaixou o rosto em direção a minha barriga. – Eu sou o tio Sêneca e acho que vamos nos dar muito bem. – James apenas chutou em resposta. Sêneca muito orgulhoso de si, olhou pra mim como quem diz “ver? Todos me amam! ” Eu ri em resposta a essa expressão.

O peguei pelo colarinho do terno e o beijei.