I'll Stay For You

Capítulo 4


"When return your madness,

you'll lose your soul" — Madness, S.D.B

"Eu estava correndo pela floresta. Minha visão estava turva e o sangue pulsava em meus ouvidos. O fato de eu não respirar fazia eu me sentir agoniada. Alguns galhos pendurados faziam cortes profundos em minha pele e a neblina parecia ficar mais escura, como sombras na escuridão.

Havia um tipo de ruído atrás de mim, como se fosse uma estatística que ficava cada vez mais alta. Eu conhecia aquela estatística, mas estava muito assustada para pensar.

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De repente, esbarro em alguém ou alguma coisa. Minha cabeça bate em um tronco e a última coisa que eu vejo é o meu maior objetivo nisso tudo.

Slender..."

—Preciosa, acorda! —Pediu uma voz conhecida. Abri os olhos e vi Jeff ao meu lado. O seu rosto macabro fez eu me assustar, até me lembrar de que ele estava do meu lado e não iria me matar. Bem, eu acho...

Eu não conseguia respirar. Acho que Jeff havia percebido isso também, pois começou a fazer respiração boca a boca em mim. Eu não conseguia pensar. Não conseguia tentar achar em minha mente o porquê de isso estar acontecendo. Eu estava agoniada, como no pesadelo. Talvez isso tenha ligação com o pesadelo...

Meus pulmões parecia que iam explodir e meu peito doía. Segurei o pulso de Jeff, como se fizesse sinal para ele parar de tentar me salvar. Tentei puxar o ar, mas o que eu consegui sentir foi o gosto de sangue que devia ter vindo dos cortes da boca de Jeff. Fechei os olhos e tentei me concentrar em puxar o ar. Tentei não ficar em pânico. Mas as imagens do pesadelo não me deixavam confortável na minha tentativa.

Finalmente consegui me mexer e tentei me sentar. Voltei para o chão quando bati minha cabeça na de Jeff.

—Ai! —Exclamei, recuperando o ar.

—Você se machucou? —Perguntou Jeff, me ajudando a sentar.

—Acabei de sair de uma enorme falta de ar. O que você acha?

—Eu tentei te ajudar e você não deixou!

—Desculpe, mas é difícil ter um cara com a boca cortada, praticamente, te beijando!

—Eu não estava te beijando!

—Mas parecia!

—Você não sabe o que é um beijo de verdade, porque você nunca beijou!

—Como você pode saber disso!?

—Eu...meio que li o seu diário...

—O QUÊ!? —Era como se eu tivesse sido invadida. Eu estava vermelha de raiva, com certeza. Eu nunca tinha deixado ninguém chegar perto do meu diário — que não era um diário —, muito menos lê-lo! Jeff não tinha esse direito. Ninguém tinha!

—Calma, Preciosa. Eu só li algumas páginas...ou talvez todas...

—Cretino! —Não aguentei e parti para cima de Jeff. Dei um soco em seu rosto, sem me importar se ele iria ou não retribuir. Escorreu um pouco de sangue de seu corte na boca mas não me importei. Eu só queria dar uma lição nele.

Ele me jogou contra o chão e tentou amarrar meu pulso em uma corda presa na parede, mas eu dei uma mordida em sua mão e rolei para o outro lado, já me levantando rapidamente. Jeff olhou para mim como se estivesse espantado. Tentei dar um chute em seu rosto. Ele se defendeu mas eu consegui chutá-lo na lateral da barriga. Ele gemeu de dor e, em um golpe rápido, peguei a faca que estava em seu bolso. Sem olhar nem pensar, a arremessei. Ela parou a apenas alguns centímetros da cabeça de Jeff. Dei um sorriso e andei até a faca. A puxei da parede e a examinei.

—Se você encostar em uma das minhas coisas novamente, te mando para o Inferno. —Eu sei. Acho que eu devo ter sido um pouco grosseira nessa última parte, mas eu estava tão brava que era difícil controlar a mim mesma. Eu podia ter matado Jeff. Mas não o fiz. Poderia ter feito, quase fiz... —E valeu por ter cuidado dos meus cortes e arranhões. —Agradeci, guardando a faca em meu bolso. Era estranho. Eu ainda possuía arranhões e cortes bem feios em meu corpo, mas era como se eles não estivessem ali. Sádica havia me machucado bastante. Por que eu não conseguia sentir nada?

—Uau. —Foi tudo o que Jeff disse.

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Depois de um tempo olhando para a cara espantada, surpresa e macabra do Jeff, me levantei e comecei a sair da casinha. Jeff não me interrogou, apenas me deixou ir.

* * *

—E então, Preciosa? Sinto que ainda não te conheço. — Disse Jeff, me puxando para o seu lado. Fico impressionada com a coragem dele, já que há algumas horas eu tentei matá-lo por causa do meu "diário".

—Se você leu o meu diário, já pode ser considerado o meu irmão. — Falei, tentando engatinhar para o outro lado mas ele segurou o meu pé. — Idiota. Você é um idiota. — Jeff riu e me puxou para o seu colo, segurando-me pela barriga. — Me solta, Jeff!

—Calma, fera! Só quero conversar com você! — Jeff segurou o meu rosto e me fez olhar bem para os seus olhos. E mais uma vez, não consegui parar de examinar o rosto macabro que me deixava tão confortável sem nenhum motivo.

—Não precisa segurar o meu rosto, Jeff. Eu escuto com os ouvidos e não com... — Não consegui completar. Jeff me deu um tapa tão forte no rosto que meu peito chegou a doer também. Fui de cara no chão. Lágrimas sem aviso caíram do meu rosto. Meu coração estava acelerado e meu sangue deve ter esquentado porque meu corpo estava quente. Tentei me levantar mas meus braços não pareciam obedecer ao meu comando, nem as minhas pernas.

—Pensava que você tinha ficado mais forte. — Disse Jeff, parecendo não se importar com as lágrimas que caiam do meu rosto.

—Acho que você pensou errado. — Falei, limpando as lágrimas que desciam e encostavam na ferida em minha boca, fazendo-a arder. — Não precisava ter sido tão forte.

O sorriso de Jeff se esticou ainda mais.

—Quer que eu dê um beijinho na ferida, amor? — Perguntou ele, sendo sarcástico.

—Vai se ferrar! — Jeff riu e me puxou para perto dele, limpando a minha pequena ferida com um lenço úmido.

—Então, me conte sobre a sua vida. Acho que tem vários detalhes que você não registrou naquele diário... — Eu não queria contar sobre a minha vida a um Serial Killer. Já era o suficiente ter que conviver com o Jeff The Killer, logo agora que eu estava procurando por um monstro — que a minha consciência cismou que não é um monstro, na verdade — que poderia me matar se eu me aproximar mais ainda.

—Contar sobre a minha vida significa voltar ao passado, coisa que eu não fazer no momento. — Falei, fechando os olhos e tentando me concentrar somente em meu único pensamento: "Não faça besteira. Ele vai te matar de qualquer jeito quando for a hora."

—Sabe Preciosa, a cada dia eu gosto mais de você. — Disse Jeff acariciando meu rosto, no mesmo lugar em que o tapa foi dado. — A cada minuto, cada segundo, a sua voz vai ficando cada vez mais linda de um jeito que eu não entendo. — Ele parou por um segundo. — Acho que depois dessa vou poupar a sua vida por mais tempo.

—Planejava me matar quando? — Perguntei, abrindo meus olhos rapidamente.

—Há uns dez segundos. — Respondeu ele.

—Idiota.

—Eu ainda posso mudar de ideia.

Olhei para ele com um sorrisinho.

—Não me importo. Eu já queria morrer mesmo.

—Seu drama me deixa desconfortável. — Bufou ele. Dei uma risadinha sem graça. — Essa risada é falsa, Preciosa?

—Minhas risadas sempre são falsas. Não acredito que você nunca percebeu isso.

—Eu percebia mas tinha que confirmar. — Disse Jeff. — Agora me conte sobre você. Do que você gosta?

Essa pergunta era difícil. Eu não gostava de muitas coisas e o que eu gostava era insignificante. Eu não sabia como responder essas perguntas, já que ninguém nunca me perguntava nada.

—Bem...eu gosto de...

Comprimi os lábios. Eu não fazia ideia do que eu gostava.

—Você não gosta de nada? — Perguntou Jeff, parecendo surpreso.

—É claro que eu gosto, só não lembro o quê. — Respondi, revirando os olhos. — Ok. Eu gosto de pizza, mortes, sangue, tortura, preto...

—Ei, vai com calma! — Pediu Jeff. — Para uma garota depressiva até que você gosta de coisas legais.

—E eu também gosto de você... — Tapei a minha boca depois que eu disse isso. Não foi a minha intenção, eu deixei escapar sem querer. — Desculpa, e-eu... — Acho que eu estava vermelha de vergonha. Coloquei as mãos em meu rosto tentando parar de olhar para Jeff. Eu estava tão nervosa que eu não conseguia dizer que eu gostava dele como amigo.

Jeff não disse nada. Nem a sua respiração eu conseguia escutar. Ele deve estar envergonhado ou coisa parecida.

—Acho que você devia descansar... — Começou Jeff.

—Não estou cansada. — Falei, interrompendo-o.

Ele não me escutou. Me puxou para mais perto dele e me abraçou de modo gentil e reconfortante.

—Vá dormir. — Disse ele. Foram as últimas palavras que eu ouvi antes de cair no sono, nos braços de Jeff.