Diario da Academia

A briga, parte 2


...

— Dimitri Yovitch... — disse e assim que ele ouviu o nome arregalou os olhos e saiu correndo porta a fora me deixando ali parada.

Fiquei encarando o nada por alguns segundo antes de escutar uma confusão vinda do outro lado do corredor. Sai do meu quarto e me deparei com Eric-senpai segurando Wiru enquanto Alex segurava Dimitri. Senti-me culpada por tudo aquilo e fui ver o que estava acontecendo.

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— Me solta! Deixe-me acabar com a raça daquele baka! — disse um Wiru furioso tentando se soltar dos braços fortes de Eric. Meu coração acelerou, por que ele está fazendo isso? Ele pode ser demitido ou pior, expulso! Pensei enquanto empurrava alguns shinigamis para chegar mais perto.

— Wiru! — gritei ao me aproximar. — O que está acontecendo aqui? — perguntei e quando olhei para seu rosto senti meu coração doer. Seu olho direito estava levemente vermelho e em seu lábio inferior havia um corte que sangrava. — Ai minha morte! Wiru você está bem? — disse preocupado.

— Estou bem... — disse ele olhando no fundo de meus olhos.

— Mas que demônios aconteceu aqui?! (sebastian: que tem eu?) — disse um professor que eu não sei o nome se aproximando rapidamente pelo extenso corredor. Todos ficaram em silêncio. Meu olhar suplicava para que alguém resolvesse aquilo logo e uma voz aveludada vinda do lado oposto ao que eu estava disse:

— Apenas um mal entendido... — disse Alex calmamente soltando Dimitri. — Dimitri-san estava andando no corredor quando William esbarrou nele. Dymie estava um pouco atormentado por “sei eu o que” e acabou descontando em William-chan e os dois começaram a brigar. É disso que eu sei. — o sensei pareceu não acreditar totalmente nas palavras dele, mas assentiu em sinal de entendimento.

Então o sensei fez Dimitri se desculpar e dispersou os shinigamis que estavam na volta da confusão. Alguns deles me olharam de maneira estranha e foi quando notei estar vestido de pijama. Minhas bochechas queimaram, naquele instante eu gostaria de ser um avestruz para enfiar meu rosto em um buraco. Wiru cambaleou até as paredes depois que Eric o soltou. Tentei ajudá-lo, mas foi somente com a ajuda do loiro que consegui levar Wiru pra o nosso quarto.

— Você arrumou uma bela briga não é? — murmurou o loiro sentando Wiru na cama dele.

— Isso... não é da sua conta. — disse Wiru lançando um olhar tão rude quanto o tom de sua voz. Oh como aquele olhar frio me derrete. Eric deu de ombros e saiu do quarto com as mãos nos bolso. Andei até a porta e gritei para ele.

— Obrigada por tudo! — ele virou-se de costas e assentiu, logo voltando a andar na direção oposta ao quarto.

— Francamente... — murmurou Wiru, por um pequeno instante achei que tinha visto uma pontada de ciúmes, mas acho que foi só impressão. Andei até banheiro, peguei um lenço de pano e o umedeci na pia com água morna, depois voltei para o quarto e fui à direção dele.

— Fique quietinho. — sussurrei erguendo seu queixo para avaliar o corte no lábio palido. Não é muito profundo, mas vai arder. murmurei.

Olhei em seus olhos pedindo permissão para prosseguir e ele a concedeu. Ergui minha mão em direção aos seus lábios e foi quando notei o quanto estava tremendo. Tentei ignorar este fato e me concentrar em limpar o ferimento, mas quando olhei em seus olhos senti um arrepio percorrer meu corpo e meu coração acelerar, não sei o porquê de tal sensação, mas me arrepiei toda ao encostar com os dedos em seus lábios frios. Fiquei calado, apenas segurando a vontade gigantesca e quase incontrolável de beija-lo. “Isso é errado”, pensei repreendendo-me por tais pensamentos. Ele também estava calado e assim que terminei de limpar o sangue dei-lhe boa noite e me deitei em minha cama na esperança de conseguir dormir.

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Grell estava ruborizado por mais aquela lembrança “levemente” constrangedora. Será que foi ai que eu comecei a gostar dele? Pensou com a mão direita em frente aos lábios. Oh, agora vejo... ele... ele... gostava de mim... desta forma que somente eu poderia desejar... sinto-me em um romance... um romance mal...

Toc, toc, toc. Mais uma vez batidas lhe atrapalhavam na descoberta da verdade. Talvez fosse o destino tentando os separar, mas o shinigami ruivo estava determinado a descobrir porque e como feriu os, aparentemente, superficiais sentimentos de William a ponto de fazê-lo odiá-lo por mais de 100 anos.

Toc, toc, toc. Outras batidas, desta vez, mais rudes e insistentes. O ruivo suspirou roçando o polegar nos lábios. Quem será agora? Pensou desanimado.

— Grell Sutcliff, abra esta porta ou eu a vou derrubar! — a voz “melodiosamente” robótica, fria e ríspida de William T. Spears inundou os ouvidos de Grell como um tsunami.

— Espere um minutinho Wiru! — gritou o ruivo desajeitadamente juntando os diários e colocando-os dentro do armário.

Andando aos tropeços chegou a cozinha e lá largou o pote de sorvete vazio, juntamente com a colher prateada. Correndo de volta ao quarto passou em frente ao espelho e notou estar vestindo apenas o pijama, sua face corou e ele vestiu um roupão de seda vermelha por cima do traje folgado enquanto tentava, rapidamente, retocar o contorno dos olhos.

Enquanto isso do lado de fora William segurava sua deathscythe com força como se quisesse descontar toda a sua raiva e ansiedade nela.

Aquele baka, nem deve ter noção da importância daquele documento. Pensou o moreno arrumando os óculos com o indicador e o médio da mão direta.

Sua raiva pela usurpação de seu objeto mais secreto e particular aumentava a cada segundo e tinha cada vez mais medo de que o ruivo descobrisse seu segredo... o motivo para tentar odiá-lo com todas as suas forças.

A porta se abriu e revelou, para William, um Grell que continha pequenas gotas de suor escorrendo pela lateral de seu rosto.

— Grell Sutcliff, o cão ainda está aqui? — perguntou o moreno sem a menor cerimônia ou discrição. O ruivo tentava controlar seu coração para que ele não parasse e negou com a cabeça. — Ronald me disse que aquele akuma estava aqui mais cedo, isso... é verdade? — questionou William abaixando os olhos. Grell sentiu o coração parar de bater.

— Está com ciúmes Wiru? — rebateu o ruivo pondo a destra na cintura e o indicador da esquerda na bochecha. William deu um pequeno salto e se encolheu nos ombros lançando o olhar para o chão, tentando controlar a raiva mais uma vez.

— Não vai me convidar para entrar? Isso é muito rude, creio que esteja aprendendo a ser assim com aquele mordomo akuma... — despejou ele assumindo novamente a figura fria que deveria ter.

— Oh! — suspirou Grell — tem razão... mas isso seria apropriado para uma dama? — provocou o ruivo apoiando o cotovelo esquerdo com a mão direita. William mordeu a parte interna do lábio inferior enquanto sua sobrancelha tremia, demonstrando sua irritação. — Acho que não vai ter problema. Então, entre, por favor! — murmurou tentando esquecer-se dos diários para que não dissesse nada inapropriado.

— Com licença — disse William ao adentrar no apartamento onde o outro vivia.

Aquilo era um paraíso para os amantes do vermelho. A sala tinha suas paredes pintadas de carmim e no piso o carpete felpudo tinha um tom bordô. O que realmente o surpreendeu foram os móveis, todos negros com pequenos detalhes em vermelho.

— Aceita chá? — perguntou Grell tentando ser gentil. Afinal, depois do que fez...

— ... ah, sim. — concordou o moreno ainda observando a decoração do apartamento vermelho.

Grell retirou de cima do fogão(também vermelho) algumas panelas, onde ele tentara de maneira fracassada preparar uma refeição decente (apesar de não precisar ele gostaria de saber cozinhar) e ali pôs uma chaleira cheia de água.

O ruivo finalmente olhava para situação em que se encontrava o ambiente onde morava e se sentiu levemente enojado pelo desleixo e imundice que se encontrava o mesmo. Levando as mãos ao rosto, ele lamentou ao estado que chegara.

Enquanto isso, William se encontrava sentado no sofá onde, horas antes, estava Sebastian fingindo ter se relacionado com Grell para se livrar dele.

Aquele akuma esteve aqui... posso sentir seu cheiro... só não entendo porque Grell... anda atrás daquele traste... pensou o shinigami moreno sentindo desgosto. Seus olhos correram até a pequena mesa de centro retangular disposta na frente do sofá, lá havia algumas revistas de moda feminina e um cartão onde se lia: Nina Hopkins, alfaiate.

Um quase imperceptível sorriso começou a brotar nos lábios pálidos que normalmente se encontravam em uma linha reta e levemente apertada.

— Açúcar? — perguntou Grell carregando uma bandeja prateada até a sala. Nela continha um pequeno bule de lata vermelha, um pacote de biscoitos (n/a: biscoitos, não bolachas) e duas xícaras, ambas listradas de preto e vermelho. Além de um açucareiro negro.

— Não... obrigado. — murmurou o moreno arrumando novamente os óculos. Frio e amargo, ah... pensou Grell cravando os dentes pontiagudos no lábio inferior. O gosto de ferro logo chegou ao seu paladar e ele notou que o lábio sangrava.

— Ai! — Exclamou o ruivo abanando o lábio ferido que ardia. William soltou um leve som que lembrava uma risada e balançou a cabeça em negação.

— Aqui, deixe-me fazer isso... como... uma retribuição.