Diario da Academia

Uma nova "amizade", um novo dia.


Grell havia trabalhado de maneira exemplar naquele dia para que pudesse sair cedo e ler mais alguns dias do diário de William. O supervisor até se espantou com o acontecimento e até o parabenizou por tal atitude, sempre mantendo sua forma fria.

Desculpa Wiru, mas eu tenho um... compromisso... e... não posso me atrasar foi a desculpa que ele deu para seu comportamento enquanto saia correndo do departamento em direção aos blocos de apartamentos destinados aos shinigamis.

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Chegando ao seu apartamento Grell o destrancou e trancou rapidamente, preocupando-se em dar duas voltas na fechadura para impedir que alguém entrasse.

Em seguida ele passou as mãos nas portas do guarda roupas e de lá retirou os diários. Com a mente fervilhando de curiosidade, Grell sentou-se no chão mesmo apenas preocupado em absorver cada uma das palavras ali escrita por ambos.

Página 3 – Diário de William T. Spears – dia 13 de agosto de 1799

O dia de hoje foi um pouco irritante. Grell não parava de tagarelar no meu ouvido desde que despertei, não que este fosse o verdadeiro motivo de aquele dia ter sido irritante.

Depois de irmos ao refeitório fomos juntos para a sala de aula onde aprenderíamos a parte teórica do trabalho como ceifador. A aula em si foi bem interessante, mas o fato de Grell estar sentado ao meu lado me distraiu um pouco e acabei por perder uma parte da explicação, por prestar atenção em uma das “fofocas” que Grell não parava de contar.

— Wiru, irei tirar uma duvidas com Müller-sensei. Me espere! — disse ele assim que a aula acabou correndo em direção ao professor com seu caderno em mãos.

Sorri mentalmente tentando imaginar se ele teria conseguido prestar atenção em algum instante da aula. Levantei-me e quando passei por alguns dos outros rapazes não pude deixar de escutar seus comentários.

— Aquele lá não bate bem... — disse um rapaz moreno dando uma pequena gargalhada.

— Se brincar nem vai passar do próximo mês. Vocês vão ver que aquela coisa não tem potencial para ser ceifador. — murmurou outro, sendo este loiro, de modo ofensivo e debochado.

— Relaxem rapazes aquela “dama” não vai causar problemas para a gente — falou um garoto de cabelos castanhos. — Spears-kun, algum problema? — disse ele puxando a manga do meu paletó. Virei-me lentamente para trás e lhe lancei um olhar vazio.

— Nenhum — disse agachando-me e apanhando uma caneta que jazia aos pés de sua classe — Acho que isso lhe pertence Debois-chan — levantei-me lhe estendendo a caneta prateada.

— Me chame de Alexander ou Alex, posso lhe chamar de William? — questionou e eu assenti.

— Wiru! Vamos ou vamos perder o próximo período! — disse Grell vindo em nossa direção saltitante.

— William-kun porque não me apresenta seu “amigo”? — murmurou Alexander lançando um olhar provocativo para Grell.

— Alexander este é Grell Sutcliff, Grell este é Alexander Dubois. — disse com meu tom frio.

— Encantado — disse ele de maneira sínica enquanto beijava o dorso da mão de Grell, fazendo-o corar. Senti meu sangue “ferver” ao vê-lo cometer tal ousadia. Pigarreei.

— Vamos Grell... temos que ir se não perderemos o próximo período — disse de maneira calma.

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Grell terminou a leitura daquele dia e decidiu não ler sobre ele em seu diário, pois continha quase a mesma coisa que o dele, com apenas pequenos comentários diferenciados e a ausência dos comentários maldosos que ele só viria a descobrir depois. O ruivo leu mais algumas páginas que eram mais superficiais e depois parou, ao observar a data e a visível raiva com a qual aquela pagina havia sido escrita.

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Página 42 – Diário de William T. Spears – dia 21 de outubro de 1799

Por que aqueles bakas não param de me provocar?

Certo, o fato de Grell ser diferente dos outros rapazes não passa nem deveria passar despercebido por eles, mas porque eles não conseguem aceitar nossa amizade sem pensar em obscenidades? Sempre estão eles no meu pé, me azucrinando com perguntas despudoradas e cheias de malicia, fazendo insinuações sobre um romance entre nós dois.

Ah, como eu gostaria que todos eles sumissem e parassem de nos atormentar. Principalmente o Alexander, que cara insuportável ele é. Hoje cedo já estava ele a assediar Grell, com ações galanteadoras, seus truques e aquele olhar que exala luxuria.

“Minha adorada lady, seus cabelos estão cada vez mais belos e seus olhos, oh seus olhos, tão magníficos quanto a moldura carmesim que os envolve. Por favor aceite esta mera rosa como presente de seu admirador” dizia um dos cartões mandados por aquele arrogante.

Grell pode achar muito bem saber o que fazer com a própria vida, mas ele é muito inocente. Temo por ele, temo que seja enganado por um desses bakas e depois tenha seu coração partido.

— Grell, você é meu amigo e eu só quero o seu bem, então me escute, por favor. — implorei olhando para Grell que possuía uma expressão indiferente.

— Wiru eu sei me cuidar, já sou adulto! Pare de falar como meu pai! — pediu ele aos berros. Revirei os olhos.

— Mas eu me preocupo com você... — disse quase em um sussurro mantendo-me em uma expressão séria apesar de estar triste por dentro.

— Eu sei, mas não precisa andar colando em mim se não quiser... — murmurou ele mirando o ambiente alem da janela.

— De onde tirou essa ideia estúpida? — questionei espantado. — Quem foi o baka que te disse isso? — me aproximei dele, finalmente deixando minhas emoções transparecerem.

— Ninguém me disse... — começou ele mas eu o interrompi virando-o para mim. Seu rosto tinham uma coloração levemente rosada.

— Não minta para mim... por favor Grell. — Pedi olhando-o nos olhos. Ele desviou os olhos dos meus e engoliu a seco.

— Dimitri Yovitshi...

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Os olhos verdes de Grell se arregalaram com tais palavras vindas do mais intimo de William.

— Ele realmente se preocupava comigo... será por isso que ele... — murmurou pensativo enquanto virava violentamente as páginas de seu diário na procura desta mesma data no mesmo.

— Achei! — exclamou ele animado.

Quando ele estava prestes a começar a ler, batidas puderam ser ouvidas vindas da porta de entrada. Maldição... logo agora... pensou ele amaldiçoando baixinho que quer que estivesse na porta.

— quem é? — perguntou o ruivo juntando e guardando os diários.

— Chapeuzinho vermelho, sua netinha. — respondeu a pessoa do outro lado da porta. Ronald? Ronald Knox? O que faz ele aqui? Pensou Grell destrancando a porta.

— Ronald! — Exclamou o ruivo fingindo surpresa. O loiro se apoiou em sua deathscythe* sorrindo para o mais velho. — O que você quer? — perguntou Grell de forma ríspida e impaciente, cruzando os braços.

— Está de mau humor Sutcliff-senpai? — perguntou o subordinado arrumando os óculos.

— Desde quando isso é da sua conta pirralho? — contra-atacou o ruivo. O mais novo ergueu as mãos em sinal de rendição. — O que você quer, desembucha. Sabia que é muito rude atrapalhar o sono de beleza de uma dama? — exclamou Grell indignado.

— Está bem, está bem, desculpe — pediu Ronald “mas ele nem tá de pijama” pensou o loiro, mas decidiu ignorar este fato. — O supervisor Spears me mandou para buscar o LIVRO...