Genro de Ouro

Único


- Arh! Pra mim já deu! - ele fechou com força a tela do notebook. Talvez a tivesse quebrado se câncer não estivesse em primeiro naquele dia. Por sorte estava.

- Eh, Shin-chan, não fique tão bravo. – a voz, preguiçosa e livre de preocupações, vinha da sua cama. Takao estava estirado lá, confortável e folgado, não dando indícios de que levantaria tão cedo.

- Eu não vejo motivo para comemorar outra data estúpida, Takao. Francamente. – ele ajeitou os óculos que caíam sobre a ponte do nariz.

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“Nota mental: comprar óculos novos.”

Isso porque no último treino, um dos calouros havia se chocado contra ele. E era um daqueles Kagamis da vida: grandes e desengonçados que derrubariam uma parede se colidissem com ela. Resultado: óculos quebrado.

- Não é só uma data estúpida, Shin-chan. – Takao se remexeu na cama, sorrindo para ele. Aquele sorriso calmo de dar raiva. Como Midorima queria estraçalha-lo naquele momento.

Mas só um pouquinho.

- É puro merchandising, Takao! – ele esbravejou. Claro que estava irritado, deveras irritado. Mas isso tudo tinha uma explicação...

X

Duas semanas antes do dias das mães, ele havia ido para uma reunião com a Geração dos Milagres—sim, uma daquelas reuniões bregas que não combinam em nada com Midorima mas que, como todos os outros membros, ele compareceu. E então Kise—como sempre Kise—falou aquela coisa ridícula de dia das Mães e todos se manifestaram, exceto por Midorima.

“Eu comprei pra okaa-chan uma bolsa nova da Louis Vitton. Ela gosta muito dessas coisas, tem uma coleção inteira! Mas eu achei uma que é exclusiva. Custou todo meu salário de modelo do mês, haha. Mas ela vai amar.”

Óbvio que o único com porte para modelo ali era Kise. Talvez Aomine, mas só se fosse modelo da G Magazine.

“Eu comprei um par de tênis novos da nike. Minha mãe corre muito, e os dela já estavam desgastados porque ela se recusa a comprar novos. Mas esses têm amortecedor, eu tenho certeza de que ela vai gostar, heh. Além disso, ninguém escolhe presente melhor do que eu mesmo.”

Midorima achava que sua mãe jogaria os tênis nele.

“Eh, eu? Comprei uma cesta de chocolates com um ursinho. Mas só o ursinho chegou.”

Pelúcias? Definitivamente não. Podia dar certo para Murasakibara, mas sua mãe não era esse tipo.

“Eu comprei uma espada. Porque nas horas livres ela pratica com a boken. Talvez ela goste de algo que corte de verdade.”

Midorima quase podia imaginar o tipo de mãe que Akashi teria. Já que ele quase havia furado—literalmente—o olho de Kagami com uma tesoura. Bem, ele jamais se arriscaria a dar uma espada para sua mãe. Se ela ficasse furiosa, iria fatiá-lo com ela.

“Eu comprei um cachorro.”, Kuroko se manifestou e, até então, ninguém além de Akashi havia notado sua presença ali. “Para fazer companhia para o Nigou quando eu vou pra casa.”

Não. Midorima achava que sua mãe não gostaria de um cachorro, até porque, no bairro onde moravam, os únicos cachorros que transitavam eram aqueles poodles frufru das madames e, definitivamente, ele não suportaria o latidos tinindo em seus ouvidos enquanto tentava estudar. E, claro, não aceitaria nada menos do que um lindo Husky Siberiano em sua casa.

Então, todos os olhares se voltaram para ele, o único que não havia dito nada, e que segurava um patinho de borracha nas mãos—seu item da sorte para aquele dia.

“O quê?” Midorima questionou, sob o olhar inquisidor de seus companheiros.

“Qual o presente que você comprou, Midorimacchi?”

“Eu... bem, eu...”

“Uh-oh, parece que alguém se esqueceu da mamãezinha!” Aomine deu uma gargalhada.

“Não ria disso, Minechin. Isso é grave.”

Midorima nunca se sentiu tão tentado a explodir um lugar.

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X

Até agora.

- Se acalme, vamos. – Takao se ergueu de onde estava, caminhando até ficar atrás de Midorima. Pousou as mãos em seus ombros, que estavam tensos, mas que imediatamente começavam a relaxar com a massagem feita por Takao. E com seus beijos em seu pescoço. E com o corpo dele assim, tão perto do seu.

- Ah, Takao, mas não é possível. Até a minha irmã já tem um presente pra ela! Que tipo de filho eu sou? – ele passou as mãos pelos cabelos, suspirando exasperado. E Takao sabia que ele só fazia isso quando estava muito nervoso.

- Tenho certeza de que, qualquer coisa que você dê, por mais banal que seja, Shin-chan, se for sincera, sua mãe vai gostar.

Midorima quase riu disso, mas deu apenas um sorriso cansado.

- Você não faz ideia do tipo de pessoa que ela é.

- Faço sim. – Takao rebateu. – Afinal, ela é sua mãe.

Midorima queria dizer algo pra rebater, qualquer coisa, mas Takao lhe roubou as palavras.

- Vem aqui. – limitou-se a dizer, puxando o moreno para o seu colo.

- Opa! – Takao riu. – Eu gosto disso, Shin-chan. – mordiscou de leve sua orelha, mas Midorima virou o rosto, beijando seus lábios.

Depois poderia pensar no que dar à sua mãe. Agora tinha outras questões mais urgentes e saltitantes para resolver.

X

E, no dia 10 de maio daquele ano, nenhum presente. Nem mesmo o item da sorte. Nada. Takao havia mandado o presente da sua mãe por correio, visto que ela estava na Coréia. Mas ele, o prodígio da Geração dos Milagres, conhecido por suas jogadas perfeitas, aspirante a médico, com excelente histórico escolar, não conseguia escolher a porra de um presente para sua mãe.

Ele estava envergonhado, exasperado. Takao havia dormido na sua casa naquela noite e, mesmo diante de uma excelente noite desfrutada pelos dois, isso não gerava nenhum presente além de uma pele macia, obrigado.

Assim que desceram para tomar o café da manha, sua irmã correu logo para os braços da mãe, abraçando-a e entregando para ela um cartão desenhado à mão. Obviamente ridículo, claro, mas sua mãe apenas sorriu.

- Feliz dia das mães, okaa-chan! – a menininha sorriu, dando um beijo estalado na bochecha da mãe. Na época em que Midorima tinha essa idade, se fizesse isso, sua mãe teria dito a verdade sobre aquele desenho. Mas ela havia se tornado muito mais dócil após a segunda gravidez.

- Obrigada, querida. – a mãe de Midorima sorriu, depositando um beijo na testa dela. – Eh? É seu e do Shintarou?

- Ahn? – Midorima ergueu o rosto para encarar o cartão. Na verdade havia um lindo desenho sobre ele, totalmente decorado, colorido. Certamente sua irmã não havia feito aquilo.

- E do Kazu-chan também, okaa-chan! – a menina disse, sorridente.

- É mesmo, Takao-kun? Bem, obrigada os três. E também pelo vale-spa, Shin-chan. A mamãe realmente precisava de uns dias de férias.

- Que isso, tia. A ideia foi toda do Shin-chan. – o moreno respondeu com um sorriso largo no rosto.

Midorima não fazia ideia do que estava acontecendo, mas sua mãe estava tão feliz que lhe deu um beijo estalado na bochecha. Ele nem computou que o responsável por cuidar de sua irmã não seria outra pessoa além dele. E, claro, Takao. Ele definitivamente o arrastaria para isso.

- Claro, mamãe, claro. – ele limitou-se a responder, sem saber mais o que dizer. – E... feliz dia das mães.

- Obrigada, Shintarou. – ela respondeu. – Aliás... – enquanto o abraçava, sussurrou em seu ouvido: - meu maior presente foi esse genro de ouro.

Vermelho, roxo, azul. Várias tonalidades passaram pelo rosto de Midorima naquele momento.

- Eh, nii-chan? Tudo bem? Você parece meio quentinho.

- Shin-chan? – Takao inclinou-se para olhar o rapaz.

- Ah, meninos, não é nada que não possa ser curado com uma dose de beijinhos! – a mãe de Midorima piscou, ao que um Takao confuso olhou para ele.

- Eh? EHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH?

Minutos depois, Takao era abanado no sofá, descrente de que sua sogra havia mesmo dito aquilo.

Mas, no fim das contas, o que importava é que o presente estava dado. Takao era um genro de ouro afinal.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.