Venena anguis

Darkness is coming


Sabrina se ajoelhou ao lado do garoto caído e tentou sentir sua pulsação. Ele ainda estava vivo. Amaldiçoou-se por não ter trazido sua varinha, mas conseguiu erguer o torso do rapaz.

– Tentem o fazer vomitar seja lá o que ele bebeu – Gritou para a multidão que se aglomerava para ajudar – E achem bezoar.

Dois monitores levitaram o aluno e correram para a enfermaria, professor Slughorn decidiu dar a festa por encerrada e mandou que todos os alunos se retirassem. Os olhos da sonserina se fixaram na garota chorosa no chão e seu coração se encheu de pena. Foi até ela e tocou-lhe de leve o ombro, os olhos castanhos chorosos a encararam por um breve momento antes de se voltarem para o chão novamente.

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– Ele vai ficar bem... Não precisa se preocupar – Afagou levemente as costas da garota, sentindo-se mais uma vez no meio da guerra em 1997 – Madame Hopkins vai saber como ajudar.

— Ele tinha acabado de me pedir em casamento – Ela sussurrou – Este é nosso último ano em Hogwarts e estamos juntos desde o terceiro... – Ela soluçou mais uma vez – E se ele morrer?

Sabrina sentiu um aperto no coração.

– Ele não vai – Garantiu solenemente – Agora vamos, eu vou lhe deixar no seu salão comunal – A Gaunt a ajudou a levantar – De que casa você é?

– Corvinal – Ela resmungou enquanto esfregava os olhos.

– Então vamos... – Sabrina a guiou tranquilamente pelos corredores do castelo até a torre da Corvinal, e sua mente vagou para todas as decisões estúpidas que tinha tomado.

Nunca deveria ter confiado em Tom Riddle. Não devia ter se deixado apaixonar por ele. Agora que tinha presenciado o lado negro dele mais uma vez, percebeu o quanto perigosa era a situação em que estava. Quem podia garantir que ele não a trataria como tratou Avery e Lestrange? Voldemort era completamente louco no futuro e nada garantia que a loucura já não estava na cabeça do belo e jovem Tom. Chegaram à torre e Sabrina respondeu o enigma, esperou que ela entrasse e deu meia volta. Um pouco antes de chegar ao salão comunal da Sonserina, Tom bloqueou seu caminho.

– O que você quer? – Deixou que ele falasse depois de falhar miseravelmente em passar por ele – Não vê que quero passar?

– Precisamos conversar – Estendeu o anel dos Gaunt para ela – Entendo que você estava irritada, mas sua reação foi um exagero.

– Exagero? – Rosnou para ele – Ele é uma pessoa, Riddle! – Os olhos vermelhos dela focaram no anel – E fique com essa merda, eu não quero mais.

A garota percebeu a dor passando rapidamente pelos olhos dele, como se tivesse levado um choque, mas rapidamente a mágoa se transformou em raiva e a Gaunt se recusou a recuar. Encararam-se por incontáveis minutos. Os orbes vermelhos afundando-se nos agora também vermelhos olhos do primo. Tom fechou os olhos e suspirou, se concentrando para não deixar sua fúria se manifestar demais.

– Não faça isso... – Ele pediu baixinho, parecia suplicar – Não sabe o quanto dói o fato de você estar tão distante.

Os olhos dela se encheram de fúria novamente e ela o empurrou com brutalidade.

– Dói? Ah é? – Rosnou para ele com toda a força de seu ser – Aposto que aquele corvino também sentiu muita dor!

Ele retesou novamente e sua mente começou a trabalhar em mais argumentos para convencê-la. Nada surgiu e ele rosnou, puxou a varinha e explodiu uma das estátuas; Sabrina segurou um gritinho de susto e assistiu, embasbacada, Riddle demolir metade do corredor em um de seus ataques de fúria. Ao terminar, ele encostou a testa na parede rachada e tentou colocar sua respiração sob controle. A sonserina saiu de seu choque e lançou um reparo no corredor, toda a destruição foi se remendando aos poucos e o autocontrole de Tom pareceu voltar a funcionar.

– Perdoe-me Sabrina – Ele respirou fundo – Eu não queria que você presenciasse isso.

– Isso é o de menos – Retrucou com acidez – Já vi você torturar pessoas, lembra?

– Você não parecia tão incomodada na hora – A voz dele retomou o tom ácido – Estava adorando vê-los gritar.

O rosto dela se contorceu de culpa, mas sua posição não vacilou.

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Não voltaria para ele.

– Eu não sei o que deu em mim – Admitiu lentamente – Mas eu não estou feliz com minha atitude e pretendo não repetir – Os olhos dela encararam o chão antes de olhá-lo de novo – E é por isso que decidi seguir a minha vida sem você.

Tom sentiu como se tivesse sido esfaqueado. A dor que atingiu seu peito foi estranha e inédita, ele não esperava que a presença e o afeto da prima fossem tão essenciais para sua vida; a simples ideia de não tê-la lá era aterrorizante. Doía. Bastante.

– Não diga isso – Lutou para não demonstrar o quanto aquilo o tinha afetado – Nós nos amamos...

– Eu sei! – Rosnou – Mas se amar você significa que eu tenho que concordar com aquela loucura... – A voz dela permaneceu firme – então eu devo arrancar esse sentimento e jogá-lo o mais longe possível.

Aquilo foi o que bastou. Tom ficou sem reação e tudo que pôde fazer foi observar a mulher da sua vida se afastar dele. Para sempre.

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Semanas se passaram sem que os dois trocassem uma única palavra e toda a escola percebeu a mudança no casal maravilha. Nenhum dos seguidores de Tom ou os amigos de Sabrina mencionaram a mudança de comportamento, mas Sosie fazia questão de falar alto sobre como poderia ajudar Tom a superar o término e que Sabrina era uma total idiota por não ter conseguido manter o sonserino entre suas pernas. Os enamorados em questão, no entanto, fingiam não ouvir e não enxergar os estudantes absurdamente animados com a maior fofoca dos últimos anos.

Todas as noites, Sabrina tinha sonhos... interessantes.

Tom sempre estava neles e tentava convencê-la a voltar para ele, seja utilizando gestos amorosos que a fariam derreter ou partindo para ações mais ousadas. O ponto era que ela estava achando cada vez mais difícil manter a distância do charmoso lorde das trevas.

Voldemort, no entanto, também não se sentia muito bem com toda aquela situação. Matava-o não ter a opção de se aproximar da Gaunt, não ter a opção de ver seu sorriso... até o sarcasmo exagerado da garota lhe fazia falta, mas não iria ceder! Ela causou a confusão, então ela que deve pedir desculpas e se redimir. Tom sabia que a Horcrux dele estava causando problemas no plano da garota de se manter longe dele, mas ela estava resistindo por mais tempo do que ele esperava. Estavam na metade de Fevereiro e as aulas terminariam em Junho. Tom pretendia passar as férias de verão na casa da prima, planejando uma vida com ela que garantiria a ele total controle sobre a garota. A teimosia dela o preocupava.

– Tom! Você está aqui – Sosie se sentou ao lado dele no salão comunal, se agarrando no braço do moreno – Eu estive a sua procura por todo o castelo!

Forçou um sorriso.

– Desculpe por gastar seu tempo Sosie – Ele queria manda-la embora, mas não consegui pensar em uma maneira de fazer aquilo educadamente.

– Não gastou meu tempo – Ela abriu um de seus famosos sorrisinhos – Eu estava a sua procura para lhe ajudar a superar a idiotice daquela garota Gaunt.

Riddle teve vontade de estrangular Sosie, mas conteve-se.

– É mesmo? – Virou o rosto para encará-la – E como você me ajudaria?

Os olhos dela se encheram de malícia e a garota se aproximou ainda mais dele, suas mãos macias tocaram o rosto dele e os lábios de ambos se tocaram. Tom retribuiu o beijo no inicio, mas logo começou a perceber os erros na garota. O cheiro dela era tão diferente do de sua prima, exageradamente doce, a pele dela não tinha a mesma firmeza e seus toques não o deixavam em chamas. Empurrou-a delicadamente abrindo os olhos para encarar os orbes azuis de Sosie quando tudo que ele mais queria eram os vermelhos de Sabrina.

– O que foi Tom? – A voz aveludada da sangue-puro o tirou do transe.

– Você não é ela – Sussurrou, levantando-se de supetão e derrubando Sosie do sofá.

– Eu não sou ela? – Rosnou – Claro que não! Eu sou MELHOR que ela! – Se levantou – Eu tenho dinheiro, sangue-puro e influência! O que a novata nojenta pode oferecer?

Tom deixou uma risada rouca escapar.

– Desafio – Ele respondeu com um sorriso maldoso no rosto – Ao contrário de você, Sabrina é absurdamente interessante; estar com ela parece tentar pisar em ovos sem quebra-los, qualquer movimento em falso e ela nunca mais olhará na minha cara – Os olhos dele se fixaram na garota – Não é como você, como cada uma das garotas desse castelo, que aguenta qualquer tapa e volta correndo mesmo assim... A primeira vez que eu lhe dispensei não foi o bastante? Essa vez é a terceira, não é? – Riu outra vez – Acho que, mesmo depois deste meu discurso, ainda terão mais cinco.

Os olhos azuis de Sosie marejaram, mas ela se recusou a chorar. Em vez disso, jogou sua única satisfação na cara do sonserino com a voz embargada.

– Que pena que o seu amorzinho saiu antes de ouvir essa declaração estúpida! – Sorriu de forma maldosa – Acho que o beijo foi demais para ela.

Tom se sentiu um idiota. De novo.

(----)(----)

Mais semanas se passaram e o final do ano letivo havia chegado. Desde que viu a “linda” cena entre Tom e Sosie, Sabrina estava convencida 100% de que ele era um completo idiota manipulador que tinha se aproveitado dela. Sua raiva pelo sonserino fez com que ela resistisse com mais fervor aos sonhos q a carência que sentia por estar longe de Voldemort ao ponto de que sua vida parecia estar voltando ao normal. Billy, Lara e Chen estavam sendo bastante simpáticos e prestativos em ajudá-la a se “remendar”. Chen... Chen era mais que incrível. O coreano havia se tornado uma parte maior da vida da sonserina, sempre lá, apoiando-a e acompanhando-a pelos corredores e, caso esbarrassem em Riddle, puxando uma conversa animada que a faria rir. Sabrina amava Chen... Talvez não como ele queria que ela o amasse, mas ele era uma parte essencial de sua vida agora.

A Gaunt pegou seu malão ao descer do trem na estação de King’s Cross, satisfeita por ter sua própria casa e não precisar passar um verão inteiro com Riddle (a lembrança de que ele detestava o orfanato e teria que passar as férias lá melhorava seu humor). Respirou profundamente e sorriu. Estava livre de Voldemort.

Mas o que ela não sabia, era que outro bruxo das trevas a esperava.

E esse bruxo das trevas não queria enchê-la de beijos e presentes.