Forgotten

Afraid


Em meio a lágrimas e constantes pedidos de desculpas, Hayden conta o motivo de ter sumido. Durante toda sua narração, Steve permanece ao seu lado, enquanto eu me esforçava para absorver tanta informação. Ele começou lembrando dos primeiros sonhos, os quais havia contado para Steve. Depois contou sobre a lembrança da praia e sobre o acidente. No qual eu morri... ou morrerei, dependendo do ponto de vista.

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Nesse momento minha cabeça começou a girar e eu senti a bile subindo a minha garganta. Eu vou morrer?! Eu não quero morrer! Hayden termina sua narração e fica com a cabeça baixa, Steve intercala olhares entre eu e o Hayden. Um misto de emoções transparecendo em seu rosto.

Eu conseguia sentir as mesmas emoções de Steve, só que em uma escala muito maior e pior. Eu sabia que iria morrer, mas saber como e quando, tornava as coisas muito mais difíceis do que eu imaginava. Subitamente, sinto uma fraqueza tomar conta de mim, coisa que nunca aconteceu antes, e eu tateio em busca de algum apoio. Antes que eu soubesse como, Steve tinha um braço na minha cintura, apoiando meu peso.

– Nat, você está bem? – sua pergunta soa estranha. Sua voz soa estranha. O quarto girava ao meu redor e eu não conseguia achar meus pulmões. – Nat? Nat? – tudo fica escuro.

~~ 8 ~~

– Ela está acordando... Natasha? Consegue me ouvir? – uma voz masculina soa no fundo da minha cabeça.

– Humm... – não consigo formar nenhuma frase. Minha cabeça pesava de forma desconfortável.

– Nat, você desmaiou. – reconheço a voz do Steve.

– Steve? – minha voz soa tão rouca que quase arranha minha garganta. – cadê... – será que havia sido um sonho? – cadê o Hayden? – pergunto incerta, abrindo os olhos.

Mesmo com a visão prejudicada, consigo perceber a troca de olhares entre Steve e o Dr. Bruce.

– Cadê o Hayden? – pergunto num tom mais autoritário.

– Ele está bem. Está aqui do lado. – Steve aponta para a porta do quarto de hospedes. – como você se sente? Quer agua? Comida? – respiro fundo.

– Não foi um sonho, foi? – ignoro suas ofertas. Ele balança a cabeça, negando.

A voz do garoto volta a ressoar em meus ouvidos: “Você olhou pra mim por dois segundos e então ele apareceu. Foi tudo tão rápido. Me desculpe. Eu não pude fazer nada. Eu não fiz nada.”

– Agua. – peço, precisava desfazer aquele bolo na minha garganta. Clint aparece ao meu lado com um copo em mãos e me estende. Não havia percebido ele ali. – cadê o idiota do Tony?

– Está com o Hayden... o garoto ficou bastante alterado. – Clint fala pesaroso. Ao que parece todo mundo já sabia o motivo do meu desmaio.

– Ele... – eu gostaria muito de saber como ele está. Conforta-lo e dizer que está tudo bem. Mas como posso fazer isso se nem eu estou bem? Que ótima mãe eu sou.

Sinto lagrimas encherem meus olhos e respiro fundo. Não vou permitir que ninguém aqui me veja chorar. Eu sou Natasha Romanoff, a Viúva Negra! Uma super espiã treinada para controlar minhas emoções. Contudo, meu treinamento se mostra infrutífero quando sinto as primeiras lagrimas escorrendo por minhas bochechas. Consigo sentir o olhar de todos ali sobre mim, mas não me importo.

– Nat... – Clint fala, mas quem me abraça é Steve. Seus braços me apertam contra si e eu coloco a cabeça em seu ombro.

– Shiii! Está tudo bem. Vai ficar tudo bem. – e mesmo sabendo que não, deixo suas palavras me acalmarem e reconfortarem. Steve continua me abraçando e eu perco a noção do tempo.

Choro por tudo. Por todas as decepções, frustrações, arrependimentos, todos os desencontros e negações. Choro como nunca havia chorado antes. A morte realmente muda nossa visão sobre a vida.

Quando me afasto dele, Clint e Bruce, não estão mais ali. Steve acaricia meu rosto e só então percebo que ele também estava chorando.

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– Eu não quero te perder e também não quero perder o garoto. – ele sussurra. Uma lágrima escorre por sua bochecha e ele a seca, com a mão. – eu estou com medo Nat.

– Eu também. – eu nem lembrava quando havia sentido medo pela última vez.

– Ele se sente culpado. – não preciso perguntar para saber de quem ele está falando. – ele voltou para impedir o que aconteceu. Pelo menos essa é a teoria do Clint. – Clint e suas teorias, não consigo evitar revirar os olhos.

– Isso... Steve, nós estávamos brigando. Acho que eu não serei uma boa mãe. – no fundo eu estava apenas tentando mentir para mim mesma, eu nunca seria uma boa mãe. – estava obrigando ele a ir à escola. A socializar! – reviro os olhos diante da ironia daquilo. – justo eu, que odeio socializar.

– Nat, você não pode basear uma vida em uma discussão de momento. Ele é adolescente. Vocês dois brigavam o tempo todo antes de se conhecerem realmente. Agora, vocês se amam. Você passou a noite cuidando dele. – argumenta.

– Cuidei tanto que ele sumiu. – falo com desgosto. Eu sei que o Steve está certo, não posso basear nossa relação nisso, mas... – Steve, quando eu morrer quem vai cuidar dele? Quem vai cuidar de você? – pergunto com a voz novamente embargada.

– Nat, por favor. – Steve pede. – você não vai morrer.

– Eu já morri.

– Não! Se ele conseguiu voltar, isso quer dizer que podemos alterar o futuro. – ele não vai desistir.

– E o que você planeja fazer? Steve, o Soldado está maluco, completamente obcecado. Ele veio aqui atrás de mim! Do jeito que está, talvez ele me mate bem antes do Hayden sequer nascer, ele...

– Eu mato ele antes. – Steve me interrompe, me assustando. Sua expressão dura, o maxilar trincado e a voz completamente soturna.

– Você não... – ele não conseguiria fazer isso. Não conseguiu fazer antes, porque conseguiria agora?

– Porque ele ameaçou minha família. – Steve responde a minha pergunta não dita. – eu não vou deixar ele machucar você ou o Hayden. Se ele tem que morrer pra vocês viverem seguros, assim será. – há tanta verdade nas suas palavras que por um momento todo o medo se esvai.

– Ele pode machucar você. – murmuro. Eu não queria que nada acontecesse com ele. Ele nega com a cabeça.

– Vai ficar tudo bem. Eu prometo. – ele beija minha testa. Alguém pigarreia, chamando nossa atenção.

– O garoto está mais calmo, mas ainda está se sentindo muito culpado. Vocês precisam conversar com ele. – Tony fala, e não há nenhum resquício de humor em sua voz.

– Tudo bem. Eu vou chama-lo, obrigado Tony. – Steve agradece e eu concordo com a cabeça.

Tony vai embora e Steve se levanta, indo até o quarto no qual o Hayden está. Respiro fundo, tentando acalmar meu coração, que bate descompassado. Parece passar uma eternidade, até que finalmente Steve e Hayden voltam para o quarto. Hayden está com os olhos vermelhos, aliás, todo o seu rosto está vermelho. Ele se senta na beirada da cama, o mais longe possível de mim. Olho para Steve que me incentiva.

– Hayden? – chamo depois de alguns segundos em silencio. Ele continua de cabeça baixa, sem sequer se mexer. – Hayden! – chamo novamente, dessa vez com autoridade. Ele vira a cabeça na minha direção e me olha.

– Me descul... – não aguentava mais ouvi-lo pedir desculpas.

– Não. – falo o interrompendo. – chega de pedidos de desculpas. Desculpas não mudam fatos, principalmente desculpas que não vem do real culpado.

– Mas foi eu que te atrapalhei, você podia ter saído do carro, mas ao invés disso, preferiu me tirar de lá! – ele começa a falar rápido, despejando novamente todos os motivos que na cabeça dele, o fazem culpado.

– O que eu disse quando você saiu do carro? – questiono quando ele para de falar.

– Você mandou eu procurar o papai, avisar sobre o soldado e – balanço a cabeça em negação.

– Não. Pelo que eu lembro da sua história, eu disse isso quando você ainda estava dentro do carro. Quero saber o que eu disse quando você estava fora do carro. – dou bastante ênfase no fora.

– Você disse que... – ele me olha nos olhos. – que me amava. – sorrio com isso.

– Eu salvei você porque te amava. Porque você é o meu filho e a única coisa da qual eu nunca vou me arrepender. – me aproximo dele. Ele continua sentado e eu paro ao seu lado. – você é tão grande. – falo em meio a um sorriso. Eu tinha uma perna dobrada sobre a cama e a outra no chão. Mesmo assim, Hayden ainda conseguia ser uns 10 centímetros mais alto que eu. – eu gosto do seu cabelo assim, te deixa mais novo. Fica bem parecido quando você apareceu. – o cabelo antes curto, agora caia sobre os olhos dele, numa franja bagunçada.

– Você não me odeia? – sussurra.

– Como eu poderia? – tento ser o mais verdadeira possível. – a culpa não foi sua. Nós dois somos assim, arrogantes, presunçosos, orgulhosos, entre várias outras coisas. – dou de ombros.

– Eu ouvi você dizendo que está com medo.

– Sim, é verdade. Estou com medo, mas não de morrer, mas sim de não ver você crescer. De não poder te proteger e está lá quando você precisar de mim. Eu sei que eu não levo jeito com isso, e que nós provavelmente vamos brigar bastante, mas eu te amo. Te amo agora e vou te amar ainda mais cada dia. Eu lamento que você tenha passado por isso, que eu não tenha conseguido te proteger como devia. Eu realmente lamento. – minha mão desce do seu cabelo para seu rosto, acariciando. Ele põe sua mão sobre a minha e então me abraça.

Quase caio com o ato repentino, e fica meio desajeitado também, por causa da diferença de altura, mas ainda assim, aquele aperto me parece tão natural.

– Mamãe... – ser chamada de mamãe por um garoto de 16 anos e maior que eu, soa estranhamente natural. – eu te amo Nat. Te amo muito mãe.

– Eu também te amo... filho. – a palavra sai canhestra. – meu filho. – tento mais uma vez. Escuto o som do riso de Hayden em meus ouvidos. Nos separamos.

– Você geralmente me chama de garoto. – é bem minha cara isso.

– Acho que vou mudar um pouco as coisas. – comento. Nos abraçamos novamente e dessa vez Steve, que havia ficado tão quieto que até esqueci dele, se junta a nós.

– Eu vou proteger vocês. Eu prometo. – fala.

– Eu sei que vai, pai. – Hayden fala com um sorriso.

– Porque ele você chama de pai tão... naturalmente e eu você quase engasga ao chamar de mãe? – admito que aquela familiaridade entre os dois me irritava.

– Você não tem cara de mãe. – ambos respondem ao mesmo tempo e começam a rir. O que eles queiram dizer com isso?

– Idiotas. – murmuro mau humorada.

POV Clint Barton

Extávamos na nova sala comum, bebendo e aguardando alguma novidade da nova família super poderosa.

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– Quem diria que o Capsicle e a ruivinha iriam... você sabe. – Tony fala me fazendo revirar os olhos.

– Você é tão inconveniente as vezes. – Maria comenta, mau humorada.

– Ele é sempre inconveniente. – corrijo-a.

Depois que trouxe o Hayden de volta, ela foi para casa, trocar de roupa e depois voltou para saber o resultado da conversa. Foi ela quem nos contou sobre o sonho do Hayden que na verdade, é uma recordação do seu passado/futuro.

– Tudo isso vai contra as leis da física. – Bruce fala quebrando o silêncio. – mais uma vez você conseguiu Tony. – parabeniza.

– É isso que faz de mim um gênio. – se gaba.

– Então Sr. Gênio, a máquina já está pronta? O tempo do garoto está se esgotando... – pergunto.

– Não se preocupe, Jarvis está fazendo os ajustes finais. – ele toma mais uma dose de whisky.

Estava ansioso para saber no que a conversa resultou. E estava preocupado também, afinal, a Nat nunca havia desmaiado por causa de fortes emoções antes. Provavelmente a cabeça dela estava uma confusão.

– Acho que nem vamos mais precisar do resultado do seu teste, ScienceBro. – Bruce sorri.

– Eu concordo, mas de qualquer forma, eu quero estudar todas as possibilidades. O soro que corre no sangue do Hayden, pode vir a ser a resposta para a cura de várias doenças. – Bruce divaga com as possibilidades.

– Eu realmente espero que termine tudo bem, sabe que – as palavras do Tony são interrompidas pelo som de disparos que atingem a sala.

Pulo sobre a Hill, nos jogando no chão atrás do sofá.

– Você está bem? – pergunto e ela concorda com a cabeça. Rastejamos até o lado oposto ao que estávamos e posso ver pela grande janela, um helicóptero disparando contra nós.

– Olha a cabeça! – Tony avisa e eu abaixo, em seguida um míssil passa voando sobre nós, quebrando completamente o vidro, quase atingindo o helicóptero.

Os disparos cessam e eu me levanto, com Hill ao meu lado. Bruce permanece abaixado enquanto Tony se posiciona a nossa frente, dentro da sua armadura. Steve e Natasha aparecem em seguida. O helicóptero se aproxima o bastante para que possamos ver o piloto.

– Bucky. – Steve sussurra. Em seguida uma granada cai no meio da sala e explode.