Recomeçar

Eu passava os dedos pelas teclas sem sentir bem o que fazia. Era mecânico. Fácil.

A música preenchia o ambiente vazio, mas não trazia nenhuma alegria. De repente fui voltando, muito, muito lentamente aos sentidos, e notei uma figura parada em frente a porta, ela falava comigo.

- Não sabia que você tocava.

Era Steve.

- Não sabia que você espionava as pessoas. Achei que esse era meu trabalho.

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Ele ri.

- É, as pessoas surpreendem.

- Nem me fala - penso com amargura.

Ele percebe a ambiguidade e dá um olhar torturado.

- Ó, hmm, me desculpe, não estava pensando...nele.

- Não faz mal.

Ele continua meio sem graça, então me sinto obrigada a continuar :

- Sério Steve, me sinto uma monstra agora.

- Só estava pensando... Sabe, eu entendo o que você está passando. Bem, meio que sim.

- A famosa agente Carter ? - pergunto com um olhar mais cúmplice, para melhorar o clima.

- Peggie- ele me corrige - Para mim, ela era só Peggie. É isso que quero te dizer, Natasha, não precisa fazer toda uma bolha em volta da pessoa, colocando ela num pedestal inalcançável. É só uma pessoa.

Olhei um tempo para a tecla do piano, não podia olhar pra ele, ver a pena nos olhos. Estava tão cansada de ver apenas isso nas pessoas, como se estivesse doente, ou viúva no caso, o que era bem irônico.

Era idiota. Nunca fui o motivo de pena de ninguém.

Me virei pra ele, mas meu estado de espírito já não era o mesmo. Estava intacta. Como metal.

- Vamos, já deve estar na hora.

Ele notou a formalidade, e agiu como tal. Ele conhecia a vida militar.

"Temos que saber quando se calar", as palavras ecoaram em mim.

Então com uma ultima olhada para a "sala nostalgia", como eu a havia apelidado, saímos para uma nova missão e senti que uma nova Viúva Negra saía.

Já estava na hora de recomeçar. Iria renascer das cinzas.

Como uma fênix.