A Bastarda

Capítulo XIV


Srta. Taylor entrou no quarto de Florence, batendo a porta com tanta força que por um momento a jovem teve a impressão de ver as paredes tremerem.

— Maldita seja! Maldita seja, aquela garota! – ela rosnou, andando de um lado para o outro.

Florence ficou de pé assustada, largando seu caderno e sua pena, deixando de lado suas poesias. No fundo estava chateada pelo fato da Srta. Taylor ter atrapalhado sua concentração daquela forma, mas que Deus tivesse piedade de sua alma se ela dissesse algo.

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— O que houve? – Florence perguntou, com medo que fosse estrangulada pela mulher extremamente possessa.

— Aquela garota. – Srta. Taylor encarou Florence enfurecida. – A mulher de Maxon. Esteve aqui.

Florence franziu levemente as sobrancelhas.

— E o que há de errado nisso? – perguntou com cautela.

— Florence não seja estúpida! – a Srta. Taylor caminhou a passos lagos em direção a Florence, segurou em seus ombros e a chacoalhou. – Ela é perigosa. Não percebe? Ela pode estragar nossos planos. Não acha estranho o fato dela ter suas mesmas características. As mesmas características da verdadeira filha de Shalom.

Florence permaneceu alguns momentos em silêncio e sua expressão mudou.

— Mas... mas pode não ser ela. – Florence comentou pensativa. – Não deve ser. Seria muita falta de sorte nossa.

Srta. Taylor revirou os olhos, tentando manter a paciência e se segurou para não berrar na cara da jovem.

— Você não conheceu Magda, Florence.

— Magda, seria no caso minha suposta mãe? – Florence perguntou.

— Sim. – Srta. Taylor acenou com a cabeça, num olhar distante. – Esta menina, a America, ela me lembra Magda. Percebi isto desde o momento que a vi, tem quase os mesmos traços. E a canção que ela tocou... – Ela se afasta de Florence com um olhar amedrontado. – Não pode ser. Se ela for a verdadeira filha de Shalom, nós precisamos tirá-la de nosso caminho.

— E como podemos descobrir isto? – perguntou Florence.

— Não faço ideia, mas precisamos dar um jeito de fazer America falar. É perigoso de mais. – ela ficou ofegante – Se descobrirem... Oh, céus! Eles nos matarão.

Florence sentiu seu corpo inteiro gelar e tremer.

Nós?— ela se pronunciou engolindo em seco. – Este plano todo é seu.

Srta. Taylor encarou Florence por cima do ombro, e quando Florence menos percebeu estava com uma de suas bochechas quentes e com as marcas dos dedos da srta. Taylor visíveis por conta da bofetada. Uma lágrima solitária caiu de seus olhos enquanto ela tirava alguns fios ruivos do rosto e a srta. Taylor puxava seus cabelos, forçando-a a olhar em seu rosto.

— Nunca mais repita isso garota, pois querendo ou não você aceitou fazer isso.

— Contra minha vontade. – Florence se debateu tentando se soltar. – Você me chanta... – Foi interrompida por outro tapa no rosto.

— Cale-se! – srta. Taylor gritou. – Não ouse me desafiar, você sabe muito bem do que sou capaz quando alguém entra em meu caminho para atrapalhar meus planos. – ela semicerrou os olhos largando os cabelos de Florence e deixando-a jogada no tapete do quarto dando soluços.

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America estava exausta.

Caminhava com Anne, sua dama de companhia no centro da cidade, em direção ao ateliê de costura da sra. Beaumont, uma francesa, que de acordo com a moça, era a mais famosa e a melhor. A festa para apresenta-la a sociedade estava próxima, e ela precisava de um vestido apropriado.

— Sra. Beaumont? – Anne se pronunciou ao entrar.

— Oh, olá! – ela apareceu segurando uma pilha de tecidos e colocando na bancada dando um sorrio amável. Era uma mulher elegante, com cabelos grisalhos bem arrumados e curtos, a pele tão branca que parecia neve e olhos castanhos claros. – O quê desejam? – perguntou com seu sotaque.

— Um vestido bem elegante para a sra. Schreave. – Anne respondeu dando um sorriso, saindo da frente de America.

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— Ah! Então é você a esposa de Maxon. – ela sorriu juntando as mãos. – Muito prrazer, conheço este rapaz desde menino. Adorrava fazer verstidos parra sua mãe.

A sra. Beaumont apoiou seu queixo no seu polegar e indicador, enquanto encarava America, analisando-a com atenção seu rosto e corpo.

— Hum... Não serrá difícil fazer um verstido parra você. – ela sorriu. – É bonita, e seu corrpo é como se fosse de um manequim. Perrfeito! – Ela juntou as mãos. – Irrei medi-la e você escolherrá o modelo que quiserr.

— Como desejar. – America respondeu dando um sorriso.

Após ser medida, a sra. Beaumont lhe entregou um caderno com vários vestidos, desenhados à mão, um mais lindo que o outro, que apesar de America nunca ter tido interesses por compra de vestidos, naquele momento ficou tão indecisa sobre qual escolher, que quis levar todos.

Após escolher, America se despediu e partiu com Anne para a carruagem de volta para a mansão.

— Estou exausta. – disse America fechando os olhos e suspirando, encostada no banco.

— Eu imagino senhora. – respondeu Anne dando um sorriso. – Não se preocupe que quando chegarmos, irei preparar-lhe um banho.

— Bom, me sentirei grata. – America sorriu sem jeito. – E não me chame de senhora, eu me sinto velha. Me chame simplesmente de America. – ela fingiu um olhar reprovador para Anne, fazendo-a rir.

— Bom, se é assim que deseja. – Anne acenou com a cabeça.

Ao chegarem, as duas entraram e America subiu para seu quarto. Maxon não estava, então ela preferiu permanecer no quarto, pois no andar de baixo os criados estavam a todo vapor preparando a maldita festa.

Ela se deitou na cama sentindo-se exausta até que adormeceu.

Mergulhou nos seus sonhos e de alguma forma inexplicável para ela, sonhou com o tio de Maxon. Com a sala de música de sua casa e que ele estava sentado ao seu lado enquanto ela tocava o piano, como na tarde anterior. E por fora de seus sonhos, America estava adormecida, e sorrindo.

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Maxon chegou com seu pai já de noite. Sentia-se esgotado de tanto resolver negócios. Como já estava casado, Clarkson não perdeu a oportunidade de começar a jogar todo o dever de duque para o filho. Aproveitaria a oportunidade da festa de confirmação oficial do casamento para anunciar Maxon como o dono de tudo.

— E America? – perguntou Maxon para uma das criadas que lhe servia.

— Jantou mais cedo e subiu senhor. – respondeu.

Maxon apenas ficou com um olhar distante enquanto comia. Ao terminar subiu e abriu a porta do quarto com cuidado. America dormia serenamente. O vento batia nas cortinas de seda e a luz da lua entrava no quarto, deixando a imagem extremamente surreal de tão bela. Ele fechou a porta suspirando e ficou encostado na porta encarando-a. Tirou suas roupas e caminhou em direção a ela.

Ajeitou suas cobertas e deitou-se ao seu lado. Não resistindo, envolveu seus braços em seu corpo, roçando em sua pele macia. America se movimentou adormecida e Maxon por um momento temeu que ela fosse acordar, mas isto não aconteceu. Ela apenas aconchegou-se mais em seu corpo e eles compartilharam o calor que tinham, durante aquela noite fria.