Bellarke - Antes dos 100

Um assassino na Terra.


Abby se concentrava no painel.

Os sinais vitais de Clarke estavam ótimos, apesar de oscilarem muito. Ela tinha um pouco de arrependimento em mandar sua única filha, uma garota de 18 anos, sozinha para um planeta completamente desconhecido. Mas...era um risco que valeria a pena. E Abby tinha certeza que ela saberia se cuidar bem.

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— O Chanceler foi baleado! - alguém gritou, do lado de fora.

Um dos operários do sistema se aproximou dela, parecendo desesperado:

— Abby, vá para a enfermaria. Atiraram no Jaha e um clandestino entrou na nave! - ao ver a confusão de Abby, o homem suspirou. - Temos um assassino na Terra. Ele partiu na nave de Clarke Griffin.

(X)

— VOCÊ FEZ O QUÊ? - Clarke gritou, se levantando.

Bellamy acabou de confessar que era, simplesmente, um assassino. Todas as esperanças de "amizade" que Clarke tivera com ele foram basicamente esmagadas depois daquela frase. E, era difícil de acreditar, mas Clarke sentiu medo de ficar ao seu lado. Quem iria garantir que ele não estava se aproximando dela só para arrancar sua pulseira? Ou, pior... Ela não queria nem imaginar.

— Você entendeu errado, eu posso explicar. - Bellamy se levantou também, com pressa. - Eu...

— Você vai me matar também?! - ela disparou, se encolhendo.

Bellamy não sabia como poderia ligar tanto para o que a loira pensava dele, mas...a simples ideia de que ela se encolhesse ou sentisse medo de sua presença...o deixava maluco.

Ele segurou os ombros da garota e olhou diretamente em seus olhos azuis:

— Clarke, se eu fosse te matar e, acredite, já quis muito fazer isso, eu teria feito antes. Só que agora, com os terras-firmes, morrer não é uma opção. Não sou a melhor a pessoa do mundo, talvez eu seja um monstro, talvez eu mereça tudo que vá acontecer comigo quando a Arca chegar...Mas eu preciso que você confie em mim, do mesmo jeito que eu confio em você.

— Você não é um monstro. Eu entendo que faz de tudo para proteger sua irmã, mas... - Clarke percorreu a mão pelo rosto. - Vamos lá, Bellamy, não pode sair por aí matando quem quiser para conseguir o que quer!

— Clarke, abaixa! - Bellamy berrou, puxando a garota para o chão, bem na hora que uma flecha passou zunindo sobre suas cabeças.

Eram os terrestres. Aquilo era um ataque.

O garoto pegou a pistola no chão perto deles e começou a atirar para todos os lados, e os dois dispararam em direção á floresta. Ficava difícil de ver a noite, com toda a névoa, mas Bellamy sabia que eram muitos. Os dois estavam em absoluta desvantagem. Sem dúvidas, eles estavam mortos.

Clarke empurrou Bellamy para o chão e o garoto deslizou, batendo em alguma coisa dura.

— Que droga é essa?! - ele disse e a loira o ignorou, mexendo na terra.

— Entra! - ela ordenou.

Bellamy desceu as escadas que levavam a um tipo se bunker subterrâneo. Ele tomou um tempo para recuperar o fôlego, com as mãos apoiadas nos joelhos. Onde eles estavam, afinal? O rapaz ergueu a cabeça, analisando o local.

Um alvo preto estava desenhado numa lona vermelha, no canto do lugar, um barril cheio de balas se localizava perto do alvo e muitas, muitas armas de fogo estavam postas em prateleiras enferrujadas, gastas pelo tempo. O lugar era, mais ou menos, um pequeno centro de treinamento, junto de um avantajado arsenal.

Ao ver Clarke se acomodar num colchão maltrapilho, que estava jogado no chão, como se aquele lugar já fosse bastante conhecido, ele estranhou.

— Espera... - Bellamy cruzou os braços. - Você sabia desse lugar. Por que não me contou?

A loira deu de ombros, os olhos azuis brilhando:

— Descobri ontem. Estava esperando o momento certo, e me pareceu ótimo. Agora, chega de conversa. Vamos treinar. - ela foi interrompida por batidas monstruosas na porta. Eram os terras-firmes. Clarke ignorou as batidas e pegou um fuzil da prateleira. - É só manter apoiada no ombro e puxar o gatilho?

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— Veja como se faz. Exatamente assim. - Bellamy recarregou a pistola e atirou, errando o alvo por vários centímetros.

— Ah, claro...Depois eu devo errar o próximo por quantos metros? - ela debochou, sorrindo.

Bellamy bufou:

— Engraçadinha. Essas armas são diferentes, só precisamos de prática, ok?

Clarke fez tudo que ele fez, e seus dedos tocaram o gatilho ameaçadoramente. Bellamy se pôs atrás dela, apenas ajudando a se posicionar e tocou em sua cintura, de uma forma protetora.

Ela sentiu descargas elétricas percorrendo seu corpo, sem saber o que fazer. Clarke puxou o gatilho, sentindo o impacto da arma e o barulho estrondoso que a bala fazia, ao ser disparada.

— Isso foi...incrível! - Clarke sorriu novamente.

— Do que está falando? Do tiro ou da cintura? - Bellamy perguntou e Clarke desviou o olhar, corando vergonhosamente. – Ah, claro, o tiro foi legal também...

(X)

— Você vai sozinho? – Clarke perguntou, frustrada. – Ainda não sabemos se eles estão lá em cima.

Logo de madrugada, Bellamy teve a “brilhante” ideia de sair, para checar se os terrestres ainda estavam do lado de fora, os esperando sair.

Definitivamente, aquilo era uma péssima ideia. Se eles quase morreram hoje, caso não tivessem esse refúgio, o que aconteceria se Bellamy fosse sozinho? Ele se recusava a deixar Clarke ir com ele, com todas as forças. Aliás, outra péssima ideia.

— Eu posso lidar com isso, Clarke. E você não precisa ir, é um...risco desnecessário. – ele pôs uma pistola no bolso e tinha um fuzil em mãos. A loira deu as costas, inconformada. – Clarke.

Ela se virou, bem na hora que Bellamy se aproximou, isso fez com que ficassem tão próximos que seus corpos se colaram um no outro. Clarke podia sentir a respiração de Bellamy tão perto de seu pescoço. Ela mordeu o lábio, se afastando:

— Boa sorte.

Ele assentiu e se afastou, saindo o bunker.

Por que ela se sentia tão intimidada na presença de Bellamy? Por que tinha tanto medo de dizer algo que não devia? Clarke não conseguia entender o porquê de sentir tudo aquilo. Toda aquela raiva, toda aquela excitação... Todo aquele sentimento de felicidade, quando estava com o garoto.

Então, ela finalmente percebeu:

Estava apaixonada por Bellamy, um criminoso que atirara em uma pessoa, e não havia nada que ela pudesse fazer para parar isso.