O Código Bruxo

Sob o céu de cinzas


Já fomos chamados de muitas coisas: Magos, feiticeiros, conjuradores...

Hoje a alcunha que nos compete é a de bruxo. Ninguém sabe ao certo como surgem tais nomenclaturas, muitas das vezes o povo é quem dita tais nomes, baseado naquilo que um pequeno grupo deu como verdade. Vivendo as sombras da sociedade inúmeros papéis foram atribuídos a nossa classe, as ordens do conselho eram para que jamais soubessem da existência de tais seres.

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Mas o conselho não garantia a proteção e sobrevivência de cada bruxo existente no país, de modo que, cada um procurou o caminho que achou melhor. A coisa se inverteu e a maioria agora escondia segredos do conselho, trabalhando para aqueles que lhe pagassem mais.

Em uma era de escuridão e guerras, não se sabia se viveria para o próximo raiar do dia. Mas nem tudo se resumia a isto, muitos se compraziam na maldade entendendo o tipo de poder que tinham em mãos. Não tínhamos um líder para seguir, não existiam regras bem estruturadas, apenas um grupo de anciãos que adquiriram conhecimento necessário para serem temidos.

Eles governaram por muito tempo, mas o legado estava chegando ao fim com o início de vertentes rebeldes. Nada era simplesmente pela anarquia, aqui encaixamos um conceito mais abrangente e prático. A filosofia nunca comprou um pedaço de pão, mas o conhecimento e os segredos da sociedade sempre foram uma ótima moeda de troca.

Naquele dia Eu e Nohx fazíamos a guarda do Duque Brastorn, pois esse era um método bastante eficaz para se ganhar alguns trocados. A guarda dos nobres era um trabalho divulgado nas sombras, apenas os indicados podiam fazer tal atividade. Nossos empregadores sempre sabiam o que éramos e o que podíamos fazer, por isso éramos contratados tão rápido. As cidades se tornavam cada vez mais perigosas e ninguém queria arriscar o próprio pescoço, o jeito mais fácil: contratar bruxos.

O céu acinzentado despejava uma chuva fina sobre nossas cabeças, os sulcos na estrada faziam com que a carroça balançasse, mas não estávamos lá dentro, nosso lugar era do lado de fora, vigiando, temendo, aguardando.

Os robes de tecido pesado e tonalidade escura estavam começando a ficar encharcados, aumentando assim o peso e causando um desconforto a mais. Nohx me olhou virando lentamente a cabeça, apesar da escuridão pude notar sua indignação perante aquela situação. Já havíamos feito algumas viagens ruins, mas aquela estava ganhando disparadamente.

Arfei embora o som produzido não tenha melhorado meu estado, não podíamos conversar, pois isto poderia revelar a posição caso estivéssemos sendo observados por algum inimigo. Nobres eram perseguidos constantemente, ora por ouro, ora por suas cabeças.

Mais à frente nos deparamos com uma ponte, um rio raso e sujo corria sob suas vigas, do outro lado alguém permanecia imóvel fitando o chão. A chuva que aumentara e agora castigava os desprotegidos lambia a face do homem fazendo com que os fios de seu longo cabelo caíssem sobre seu rosto. Nohx sabia que isso significava problemas, ninguém pararia a carroça de um Duque sem ao menos saber o que estava fazendo. Dois guardas saíram da lateral trajando armaduras em algumas partes do corpo, um deles carregava uma besta o outro uma espada de metal frio e reluzente.

Antes que pudéssemos reagir, o homem do outro lado da ponte esmagou o ar com as duas mãos fazendo com que o metal presente nas armaduras se dobrasse esmagando e cortando a carne dos soldados. Os gritos ecoaram pela estrada vazia e o sangue escorreu unindo-se a água que caia impiedosamente, deslizando pelos sulcos e formando poças na estrada.

Nohx rapidamente fez um gesto com as mãos e pronunciou motus tenuistis. Por hora nosso algoz parecia imobilizado. Rapidamente aproveitei a chance e invoquei a água que nos rodeava a meu favor vocavit aqua, envolvi sua cabeça com um globo e assim permaneci até que ele não respirasse mais. Quando desfiz o feitiço o corpo sem vida tombou inerte.

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Mais ao longe Nohx apontou para o céu e quando me virei notei que uma grande coluna de fumaça cobria a extensão de uma cidade. Era aonde deveríamos estar, algo não estava certo.

Na verdade, nunca estava.