A Nova Seleção

Capítulo 17


É que eu também sou inventora, inventando todo dia um jeito novo de viver. - Selecionada Monyra Stain

Kauê

Coloquei o travesseiro sobre a cabeça assim que ouvi o despertador tocar pela décima vez. Não era eu quem tinha essa mania, era Karl. Mas eu estava cansado e o barulho nada confortável do despertador me deixava ainda mais com a vontade de ficar ali, dormindo.

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– Acorda, seu mané! - Karl me deu um soco leve no braço descoberto, gritando.

– Me deixa em paz. - Murmurei.

– Se a garota acordar e você não estiver lá, pode ser que ela logo vá dar com a língua nos dentes e conte para todo o palácio que você não está em seu posto.

Karl. Uma vez exagerado, sempre exagerado.

Bufei.

Tirei as cobertas do corpo e me levantei.

Se tivesse sorte, conseguiria tomar uma rápida ducha, vestir adequadamente meu uniforme e correr como um louco para meu posto antes que a srta. Monyra acordasse. Sem nem mesmo parar para o café;

Era mais que evidente que eu não tinha conseguido dormir direito.

Peguei meu uniforme e uma toalha, e corri para o banheiro;

Enquanto me lavava meus pensamentos vagavam, em saber o quanto eu deveria estar atrasado, algo incomum. E estranhamente eu havia sonhado com ela, literalmente, lendo seu livro enquanto atravessava o corredor; aquela era uma sensação estranha e ao mesmo tempo não tão diferente dá que eu tinha vivido poucos anos atrás; Balancei a cabeça para esquecer o assunto;

Quando terminei de me enxugar e vestir meu uniforme, tentando deixar-me apresentável me apressei em subir as escadas principais, trombando com Katie.

– Está atrasado? - Ela perguntou sorrindo.

– Um pouco. - Respondi, passando as mãos sobre o cabelo úmido.

– Não vou tomar seu tempo, já tomou café? - Acenei positivamente. SeKatie soubesse a verdade, me levaria á força para a cozinha, me atrasando mais. - Então tá, bom dia. - Ela disse.

Meneei com a cabeça e terminei de subir as escadas.

Eu não era irresponsável. Essa era uma das características de Karl.

Era sempre eu quem o acordava e recebia vários xingamentos; E desta vez tinha sido exatamente o contrário.

Não tinha guardas no corredor.

Era somente eu e o vazio.

Nem mesmo uma criada saia de um quarto, carregando vestidos;

Mas já era tarde, pelo menos do meu ponto de vista.

Me posicionei de frente á porta do quarto da srta. Monyra. Imóvel.

Poucos segundos foram o bastante para que um grande barulho fosse ouvido atrás da porta.

Olhei para os lados e abri a porta, devagar.

A selecionada estava quase no chão, cercada de livros, enquanto tentava inutilmente segurar a pesada estante; Corri para ajuda-la erguendo a estante de volta ao seu lugar na parede, enquanto Monyra pegava alguns livros do chão.

Assim que me certifiquei que a estante não mais cairia, ajudei a garota com os livros.

Ficamos alguns minutos colocando os milhares de livros na estante, em silêncio.

– Acho que ela é muito pequena para o tanto de livros - apontei para a estante.

– Tem razão. - Ela respondeu timidamente.

– Onde estão suas criadas? - Perguntei, constatando que estávamos sozinhos.

– Dispensei-as ontem á noite. - Ela respondeu, passando as mão sobre a camisola verde, um pouco acima dos joelhos.

Dei de ombros. Já tinha terminado de ajuda-la. Sorri e fui em direção da porta.

– Qual o seu nome? - Ela perguntou, assim que pus a mão na maçaneta prateada.

– Kauê, Kauê Noszka. - Respondi, sem me virar para trás.

– Obrigada por me ajudar. - Ela falou.

– Não precisa agradecer. - Falei abrindo e fechando a porta e em seguida voltando para meu posto;

Ela não precisava agradecer, eu gostava de ajudar.

Acho que se estivéssemos em outra situação, mesmo não conhecendo-a por completo, algo me dizia que ela faria o mesmo por mim.

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(...)

Selecionada Ella

O café da manhã tinha sido interessante. O príncipe Sebastian tinha tentado puxar conversa com algumas garotas, além de fazê-las sorrir com seus comentários.

Não podia discordar de sua extrema beleza e humor; ele era ainda mais bonito e simpático do que as revistas e a televisão diziam.

Algumas meninas não paravam de sorrir, bobamente;

A princesa Reina conversava com a irmã, Christy, excluindo todos ao redor da mesa, do diálogo.

Lara fingia que ninguém existia e olhava com tédio para as tortinhas salgadas sobre seu prato.

A rainha vezes ou outra conversava com o rei - este, com postura inabalável e sorriso falso.

Audrey, uma modelo sentada ao meu lado, conversava comigo e Kamille, enquanto tentava encaixar Beverly– a garota da Seis - no diálogo sobre o que mais gostávamos de fazer. Elas eram legais, tinha que admitir.

Depois do café, seguimos as ordens de nossa instrutora Maeve, indo diretamente para o salão das mulheres. Depois de aulas rápidas de postura e etiqueta, Maeve nos liberou; enquanto várias garotas formavam grupinhos e se aconchegavam na grande sala e nos, sofás vermelhos e divinamente confortáveis.

Audrey era sonhadora e contava sobre a rede de televisão do padrasto e família; era um pouco chato ter que ficar ouvindo Audrey falar isso e, falar aquilo. Ela era muito legal, mas queria andar, pensar em alguma coisa que pudesse escrever. Pedi licença e comecei a circular pelo salão.

Queen e Kristen liam revistas de fofocas, acompanhadas por Heidi - uma das asiáticas.

Helena, Angela Thaissa e Àgata conversavam ao redor de uma mesa no canto da sala; logo sendo interrompidas por Barbara, fazendo-as sorrir e convidá-la para a conversa.

Quando ainda dava círculos, as princesas foram anunciadas, fazendo-nos parar o que quer que estivéssemos fazendo, levantar e prestar uma reverência - não antes de receber olhares mortais de Maeve.

– Não é necessario - A princesa Reina da Dinamarca, prima de Sebastian, se pronunciou. - Estamos muito felizes pela presença de vocês.

– Esperamos que estejam confortáveis e, gostando do palácio. - Christy delicadamente, falou, alisando o vestido vermelho que caia em camadas nos pés.

Ela era extremamente bonita e, com certeza estava deixando, não somente á mim, mas metade da sala, com um pouco de inveja.

– Hoje, nós vamos ver um pouco da chegada de vocês, desde o aeroporto até aqui; as entrevistas que algumas fizeram e o modo com que o público recebeu vocês. - Rose falou. Como uma menina de cinco anos podia falar daquele modo?

Ah, claro, ela era uma princesa.

– Pedimos que se assentem para acompanharmos todas juntas. - Christy, falou.

Em questão de segundos, todas nós nos acomodávamos nos diversos sofás e pufes coloridos.

Como era proibida a entrada de homens no salão - com a excessão de três guardas em cantos da sala -, Rose logo correu e pulou num dos pufes e se sentou, nem se importando com as garotas ao seu redor. Lara fez o mesmo, ainda quieta e mascando um chiclete - e ficando á uma boa distância da pequena irmã do príncipe.

Reina, saltitou até a TV, ligando-a e se sentando ao lado de Alyna.

A reportagem começava falando da nossa despedida e saída de nossas províncias; Thaunna, a única Sete da competição não tinha sido muito homenageada; Catherine teve rosas brancas jogadas nela, assim que subiu ao palco, sendo aplaudida pelo público; Kamille foi rápida e a câmera que á filmava, flagro-a se despedindo tristemente da família; Alyna estava cercada pela família e era aplaudida alegremente pela multidão, que a impedia de entrar no carro;

Logo após estas, o locutor começou a falar sobre a recepção de algumas no aeroporto.

Sarah uma Dois sorria docemente enquanto recebia vários gritos de apoio.

Ela era famosa, não parecia ter vergonha de estar no meio de uma multidão; Luna Scarlett ajeitava a boina vermelha enquanto cumprimentava sorrindo nervosamente o público; Àgata sorria enquanto dava alguns autógrafos e recebia vários gritos e lia cartazes coloridos de apoio; Helena sorria, dava alguns autógrafos e era sendo barrada por várias garotas antes de entrar no avião; Lucianna passou reto, com o rosto imóvel e duro, sem dar a mínima;

Já Queen tinha ficado quinze minutos dando autógrafos e tirando fotos. Os moradores de Bonita deveriam mesmo estar torcendo por ela, pois não haviam economizado em máscaras com o rosto da mesma.

– Eu sei que sou linda e que todos me adoram, mas as máscaras com o meu rosto já ficam meio forçadas, eu sou única, não adianta tentar me copiar - Queen falou, enquanto algumas selecionadas bufavam.

Em breves segundos, minha recepção apareceu. Eu sorria - ou pelo menos tentava - estava um pouco nervosa por estar cercada de pessoas, gritando meu nome.

Outras garotas também tiveram seus momentos, até mesmo as garotas que já tinham sido eliminadas - como Molly e Stacie - mas logo a reportagem acabou e Blair puxou uma salva de palmas, sendo seguidas pela maioria das garotas.

– Pelo que vimos, todas são muito queridas. - Christy falou, arrumando a postura em sua poltrona.

– Queridas - Reina adiantou -, não é por que algumas apareceram mais que outras, que não tem valor. Todas são muito queridas e já gostamos muito de vocês, independentemente da escolha do meu primo.

– Sabemos disso - Queen disse por todas nós.

– Está certo. - Rose pulou do pufe e ficou na frente de todas. - Quem quer que machuque meu irmão, saiba desde já que vai ganhar uma inimiga, pra vida toda. Tenho várias formas de vingança. - Fiquei sem reação. Ela tinha apenas cinco anos, cinco. - Estou brincando - ela respondeu, rindo da expressão assustada das meninas.

Em seguida, rimos - até mesmo Christy.

Não tinha dúvidas que Rose podia fazer alguma coisa contra nós, mesmo que essa vingança fosse um ovo na cara.