Eu estava em um lugar escuro. A verdade é que não sabia se meus olhos estavam abertos ou não. O único som que podia ouvir era o ruído da minha respiração baixa.

E então, na minha frente apareceu aquela garotinha linda. Os seus olhos grandes que me encaravam, eram da cor de avelã.

O cabelo escuro, dessa vez não estava preso na fita cor-de-rosa, era lindo e liso, formando pequenas e quase imperceptíveis ondas apenas nas pontas.

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Ela aparentava pouco mais de quatro anos.

- Pequena, que sentimento é esse que cresce em meu coração?

- O seu amor sem fim.

- É possível te amar assim?

- Você me conhecerá mais do que ninguém. E será a única capaz disso.

- Mas por quê?

- O seu amor é diferente. É puro e descomunal. São poucas as pessoas que podem ter tal sentimento. Você ama a todos, amigos e desconhecidos, por que seria diferente com quem faz parte de você?

- Um amor sem limites...

- E por isso, você precisa ser forte.

De repente, o pequeno vestido branco foi mudando de cor: um rubro conhecido, eu demorei a perceber que de seu pequeno nariz jorrava sangue. E então, de todos os orifícios, boca, olhos, ouvidos...

O desespero tomou conta de mim, mas eu não podia gritar.

O corpo da criança caiu, jaz em seu próprio sangue.

Senti que eu mesma não tinha mais corpo e foi minha vez de cair para sempre.

Acordei novamente suando. Esse foi um dos pesadelos que me assombraram naqueles dias. Mas este foi diferente, querido ouvinte. Foi o pior de todos, porque envolveu o amor que eu sentia pela criança desconhecida.

Não pude mais dormir aquela noite.

Continuei de olho no teto do quarto, vendo-o clarear pelo sol que teimava em invadir o quarto de acordo com que as horas avançavam. E então, naquela manhã azul, meu celular tocou.

Até hoje não entendo como meu coração não havia parado ainda de tantas palpitações excessivas que tive em vida.

No visor, o nome ‘Alex’ brilhava, me fazendo vibrar de emoção.

- Alô, Li?!

- O-oi... oi Alex!

- Como você está?

- Eu estou ótima, agora estou ótima...

- Já soube que meu pai não será transferido?

- Soube sim, a Eliza me disse. – Sorri.

- É... eu fiquei feliz.

Ele ficou feliz porque ficaríamos juntos? Me sinto estranha em te dizer isso, mas meus olhos encheram-se de lágrimas de alegria.

Ficaríamos juntos.

No colégio contei para Mi. Tanto sobre o sonho ruim quanto sobre a ligação de Alex. Ela pareceu chateada com ele:

- Ele fica um tempão sem te ligar, depois liga, fala algumas coisas e acha que está tudo bem?!

- Mas está tudo bem, Mi!

- Como assim, Alice?

- Eu não consigo sentir raiva dele...

Ela revirou os olhos e mudou de assunto.

O caderno preto estava na sua bolsa aquele dia, e pela primeira vez, a vi escrevendo algo nele na hora da saída, ela o fechou antes que eu chegasse mais perto.

- Mi, você ainda não conhece o Alex, não é?

- Sinto que o conheço só por ouvir você falar tanto dele. – nós duas rimos um pouco – mas não, nunca o vi.

- Quando ele chegar de viagem vou apresentá-los. Afinal, uma de minhas melhores amigas tem que conhecer o meu namorado, né?

- Alice...

Tarde demais. Mi tentou me avisar sobre uma bola que tinha acabado de quase rachar o meu crânio.

- Ai.

- Me desculpe! – Ouvi uma voz masculina vindo de trás.

Um garoto alto, talvez maior que Alex, me ajudou junto com Mi a me levantar do chão.

Sim, eu caí com uma bolada na cabeça, me senti idiota.

- Foi sem querer, juro.

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- Você está bem, Alice? – Perguntou Mi, preocupada.

- Tá, tá tudo bem...

- Mesmo? Quantos dedos tem aqui? – Falou o rapaz, levantando a mão.

- Sério, está tudo bem. Não se preocupem comigo. Vamos, Mi.

- Espere! – o assassino da bola me parou segurando o meu braço. – como é o seu nome?

- Alice. Essa é minha amiga Mi.

- Eu sou Edward. Espero que possamos nos ver novamente.

- Tudo bem, tchau.

- Tchau Alice!

No meio do caminho, Mi me contou sobre como Edward tinha olhado diferente para mim, e tentou me convencer de que eu era mesmo a garota mais linda – e mais legal, na opinião dela – de toda escola.

- Você foi logo cortando o cara! Ele era um gato, Alice!

- Ah era? Nem percebi...

Edward parecia um atleta, me lembro. Tinha ombros largos e braços malhados. O cabelo era castanho e ondulado. Foi disso que me lembrei naquele momento.

Eu não me importei muito com isso, havia mais coisas em que eu queria pensar: faltava apenas alguns dias para Eliza e Alex voltarem. Estava extremamente ansiosa por isso.

Sim, certamente ficaríamos juntos!