Lembranças

Capítulo 35


PDV Daniel

A contragosto , eu e Phoebe viemos para Aspen , não que tivéssemos algum direito de escolha , pelo contrario,Christian apenas nos intimou a viajar o mais rápido possível , me dando tempo apenas para literalmente jogar minhas roupas em uma pequena mala e ligar pra Klaus , Emma e Ava.

E por mais que eu não goste de admitir,passar esses dois dias longe da agitação de Seattle e consequentemente dos paparazzi , já tinham feito essa viagem valer a pena .

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Desde quarta a noite ,minha rotina era simples , pensar em Ava , fazer sexo pelo telefone , bater uma punheta , correr de manha acompanhado de perto pelos meus seguranças , ser ignorado e evitado por Christian , ligar para Emma e Klaus , tomar chá com Ana antes do jantar e ver um filme com Phoebe após ele , bater uma punheta novamente, e ir dormir pensando no motivo de Christian estar agindo assim comigo.

Não necessariamente nessa ordem , mas eu estava ficando louco , sem Ava , com Christian e fora as reclamações de Emma e tudo isso sem sexo .

Quinta a tarde,após ser ignorado pelo meu pai , mais uma vez , resolvi invadir o seu computador , para tentar descobrir o motivo dele estar me afastando . Mais infelizmente não encontrei nada que o levasse a fazer isso comigo . Por outro lado , tinha encontrado nos arquivos da Grey Enterprises , um dos projetos mais fantásticos que eu já vi .Um celular que carregava a base de energia solar. Ou seja, além de economizar energia , ajudar o meio ambiente , nunca a bateria dele ,iria acabar durante o dia . Só tinha um pequeno problema , esse projeto estava parado a alguns meses , então eu meio que resolvi copiar todos os arquivos , todas as contas e refazê-las , para ver se conseguia achar o que tinha de errado , mas até agora eu não estava tendo muito êxito .

—Daniel – Ouvi de longe a voz da Phoebe , me chamar .Estava tão alheio em meus próprios pensamentos, que provavelmente ,devo ter ignorado minha irmã. Sacudo a cabeça, confuso, me deparando com suas impacientes orbitas acinzentadas .-Estava no mundo da lua,novamente ,irmãozinho . – Debocha , ela rindo .

—O que você quer, Phoebe ? –Murmuro desnorteado.

—Nossa quanto bom humor . – Ironiza Ebe, revirando os olhos . – Você por acaso ouviu alguma palavra do que eu disse ?-Arqueio uma de minhas sobrancelhas , fazendo minha irmã bufar .-Eu e a mamãe estamos indo , para a cidade fazer compras, após o almoço . Quer nós acompanhar?

—Compras ? – Debocho, dando um pequeno sorriso. – Acho , que vou recusar o seu convite .

—Deixa de ser chato Dan , vai ser divertido .

—E será uma ótima chance de você conhecer a cidade . –Completa Ana , adentrando a sala de jantar , com o fricassê. –Pronto , agora já podem se servir .

—O papai , não vem almoçar ,com nós...de novo ? –Pergunta Phoebe , um pouco decepcionada . Por enquanto , que Ana se sentava há mesa .

Nesses últimos dias , mal vi Christian .Ele não jantava ou almoçava com nós ultimamente.

E as poucas vezes , que o vi fora do escritório e tentava puxar algum assunto, ele simplesmente inventava uma desculpa e saia de perto de mim , como se eu tivesse alguma doença contagiosa .

—Ele deve estar resolvendo algum problema da empresa queria . – Replica Ana , tristemente .

—Que novidade .-Zomba ela , sem conseguir esconder , a pontada de decepção em seu voz.-Nem sei porque ainda pergunto .

Acredite Ebe , eu me faço essa pergunta , todos os dias . E ainda não consegui achar uma resposta racional , para ela também .

—Alguma chance de você ir para cidade com nós hoje ? – Questiona Ana , mudando de assunto rapidamente .

—Não sou muito fã de compras . –Espero Phoebe terminar de se servir , para só então colocar uma boa quantia de fricassê , juntamente com a salada de legumes assados , em meu prato. – E além disso , tenho alguns trabalhos da faculdade para terminar .

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—Você pode fazer os trabalhos mais tarde , Dan. –Insiste Ebe. -O dia está muito bonito , para ficar trancado dentro de um quarto.

—Ou dentro de uma loja provando roupas .-Retruco .

—Você realmente é um chato . – Resmunga minha irmã,cruzando seus braços. Fazendo tanto eu como Ana rirmos .

—Parece que eu perdi a piada . – O sorriso , some imediatamente de meu rosto ao escutar aquela voz . Me inclino um pouco na cadeira , me virando para traz a tempo de ver Christian , adentrando a sala de jantar .-Não me esperaram para almoçar ?

O silencio reinava na mesa, sendo até possível, ouvir e distinguir as respirações de Ana e Phoebe . E assim ficou , até minha mãe pigarrar e quebrar o silencio desconfortável que ali se formou .

—Se soubesse que iria almoçar hoje conosco , teria ido lhe chamar.- Acusa Ana, olhando friamente para o marido.

—Não é do meu feitio perder um almoço em família Anastásia.

—Não é o que você , deixou transparecer nos últimos dias .

Christian solta um suspiro pesado, parecendo estar abatido com algo. Ele nem sequer rebateu Ana , simplesmente sentou na ponta da mesa, e continuou a encarar minha mãe , para meio segundo depois direcionar seu olhar pra Ebe , que sorria para o mesmo . Ele retribuiu o gesto da baixinha , e apertou de leve a sua mão .Para só então , pousar seu olhar sobre mim . Esse que foi desfiado rapidamente, como se ele não gostasse do que estava vendo .

—Então ? – Questiona ele , tentando puxar algum assunto. – O que foi que eu interrompi ?

—Papai. – Replica , Phoebe feliz em velo a mesa .

—Oi princesa . – Ele diz sorrindo minimamente. Mas esse sorriso não chega até sua íris .

Se eu tinha alguma duvida que algo estava errado , ela não existe mais .

—Não suma novamente .

—Não irei . – Promete Christian, fazendo o sorriso de Ebe se ampliar .

Phoebe , não parou de tagarelar por um segundo se quer. Ela era a única, que parecia estar feliz por Christian estar presente no almoço novamente. Ou pelo menos era a única que estava demonstrando isso .

—Eu e a mamãe , vamos hoje a cidade fazer compras . – Comenta ela , animadamente.– O que acha de nós acompanhar?

—Hoje , não tem como princesa . – Replica, Christian encarando a baixinha.-Estou cheio de contratos para revisar, além de ter uma videoconferência com Ross mais tarde.

—Tenho certeza que a empresa sobrevive algumas horas sem você Christian.- Adverte Ana.

—Hoje , realmente não tem como baby.-Responde ele , com uma voz mansa . Como se estivesse fazendo de tudo para evitar uma discussão com minha mãe .

—Se você quiser ajuda ? – Proponho , chamando a sua atenção , pela primeira vez, desde que o mesmo , se sentou a mesa.

—Ajuda ? – Ele repete , olhando para mim por alguns segundos . Antes de abaixar a sua cabeça e se servir novamente .

—Sim , com o trabalho . – Explico , esperando ansiosamente , que ele aceite .

Era estranho , mais sentia falta de conversar com Christian .

—Porque , não vai a cidade com as meninas ? – Questiona , ele sem ao menos me encarar .

Se existisse alguma duvida , que ele estava apenas me evitando . Ela acabou de terminar.

—Não , estou afim . –Dou , de ombros . Engolindo o meu orgulho e volto a perguntar . – Então se quiser ajuda , estou sem nada para fazer .

—Eu acho uma ótima idéia . – Incentiva Ana , olhando seriamente para o meu pai. – Assim você acaba o trabalho mais cedo Christian , e pode ir até a cidade mais tarde com o Dan , para nos quatro jantarmos juntos.

—Perfeito . – Fala Phoebe , quicando na cadeira .

Mas a minha atenção , estava voltada unicamente para o homem sem reação , na ponta da mesa .

—Quem sabe outro dia . – Ele diz por fim , depois de ficar por alguns segundos em um silencio interminável . –Mais hoje Daniel , você iria mais me atrapalhar que ajudar .

E por mais que eu soubesse que a resposta poderia ser negativa,a rejeição vez surgir uma raiva que eu nem ao menos sabia que existia queimar em meu peito .

—Christian . – Fala Ana o repreendendo .

—Ele está certo mãe .- Replico, chamando a atenção do meu pai . – Eu realmente , não sei muita coisa sobre telecomunicação . Fui criado para me interessar , e principalmente me aperfeiçoar em outro tipo de negócios . –Cruzo meus braços , tranquilamente , por enquanto que fuzilava Christian com o olhar . – E foi exatamente e exclusivamente por esse motivo que ele me convidou para estagiar na Grey´s . Mais como ele mesmo acabou de admitir não levo muito jeito para esse ramo , o que é ótimo . Pois , agora não preciso mais perder meu tempo com algo que eu só atrapalho, e posso voltar a aperfeiçoar as minhas qualidades em algo que eu já sou bom . – Christian , abre a boca para dizer algo . Mais eu levanto meu dedo,pedindo para ele continuar calado . –Afinal , entre assumir uma empresa onde, não sei mexer direito com os seus negócios, e o dono parece ter nojo de ficar ao meu lado , e uma que sou um gênio no que faço , e Klaus ainda por cima gosta da minha companhia. Não é difícil saber , qual seria minha escolha.

Sem dizer mais uma única palavra me levanto da mesa e sigo em direção ao meu quarto. Escuto tanto minha mãe , como meu pai chamando meu nome , mais estava com a cabeça quente de mais para responder Ana , já Christian ignoro ele propositalmente . Afinal,se ele podia me desprezar eu também tinha o direito de ignorá-lo.

Fecho a porta do quarto com força , descontando toda a minha raiva nela. Eu não sabia o motivo de estar tão irritado , afinal o que tem de mais , em Christian não falar comigo? Á alguns meses atrás isso era o que eu mais queria , que ele parasse de pegar no meu pé. E agora que ele o fez, estava mendigando por um pouco de atenção? Qual era o meu problema afinal?

Me jogo na cama ,socando o travesseiro algumas vezes pra tentar conter a minha irá , minha vontade era de socar a cara dele e perguntar o que de fato está acontecendo , para ele estar tão diferente.Mais sabia que iria me arrepender depois .

Respiro fundo algumas vezes , eu precisava fazer algo pra me acalmar , antes que cometesse uma loucura .

Nessas horas que eu sentia falta da cocaína . Aquele pó tinha o poder de levar todos os meus problemas pra longe , ele era tão bom e relaxante . Que eu gostaria de cheirar um pouco dele agora .

Se eu ligasse para algum dos meus amigos do Reino Unido, tenho certeza que pelo menos um deles saberiam me informar onde eu poderia comprar o pó em Aspem . E ai toda essa tenção iria sumir , pelo menos por um momento .

Me inclino sobre o colchão, pegando meu celular em cima da cômoda e fazendo assim algumas folhas caírem no chão .

Não faria mal eu cheirar apenas um pouco de pó hoje , não é mesmo ? É só para relaxar , eu não voltaria a ficar dependente dele novamente. Iria ser só hoje .

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Escrevo uma mensagem no grupo do WhatsApp dos 12 . Mais antes que eu possa envia lá, um grito sufocado, acompanhado por um pedido de ajuda vem até minha cabeça fazendo eu jogar o celular pra longe .

HAANS...HAAANS ....Nãaaao con..sigo......HAANS......HAAANS...HAANS...Daaaaaan....HAAANS...HAAAANS.....HAAANS......AAJUU....DA

Respiro fundo novamente , balançando minha cabeça com força . Evitando ao máximo ativar as lembranças daquela noite . Harry estava morto agora e não tinha nada que eu pudesse fazer .Mas mesmo assim a culpa dominou o meu corpo , fazendo algumas lagrimas traiçoeiras escorregarem dos meus olhos.

Teria que achar outra maneira de relaxar , cocaína estava fora de questão . Nem sei por que fui cogitar cheirar novamente depois de anos . Mais eu queria , não eu quero. Mais não posso . Vou tentar ser forte , por mim , pelo Harry e por Klaus .

—Daniel. –Chama, Ana batendo na porta do meu quarto .

Limpo os vestígios de lagrimas do meu rosto , antes de respirar fundo pela ultima vez e deixá-la adentrar no cômodo .

—Não deveria ter saído daquela forma no almoço. – Repreende-me Ana, vindo se sentar ao meu lado na cama . –Você está bem ?

—Porque não estaria ? – Coloco minha melhor mascara de indiferença . -Não era ,para você estar na cidade com Phoebe ?

— Sei que não está sendo fácil pra você. –Replica ela , ignorando minha pergunta.- Mas Christian faz o que faz pelo seu bem.

—Ele me despreza para o meu bem ? – Encaro minha mãe , arqueando uma de minhas sobrancelhas. – Eu não sei o que fiz , pra ele não suportar nem ao menos passar cinco segundos sozinho ao meu lado. Parece até, que eu tenho uma doença contagiosa , que ele tem medo de pegar .

—Não diga bobagens . –Replica ela , me encarando seriamente . – Christian apenas está... estressado ,por conta da repercussão que a entrevista gerou . A diretora de imprensa da Grey´s não para de ligar, junto com os problemas da empresa , ele está sobrecarregado. Mais logo tudo voltará ao normal Dan, você apenas tem que ter paciência com o seu pai.

—Não vejo ele evitando ou ignorando ,você e a Phoebe. –Tento ao máximo manter meu tom de voz neutro. -Não que eu me importe . – Dou de ombros . – Apenas queria saber o motivo dele estar assim comigo . E não me diga que é por ele estar sobrecarregado novamente , pois eu não acredito nisso.

—Sua boca diz que não se importa , mais seus olhos não mentem . – Um sorriso triste surge em seu rosto . – Você está magoado. – Ela solta um suspiro antes de prosseguir . – Christian é uma pessoa difícil Daniel , ele tem dificuldades em demonstrar seus sentimentos e muitas vezes acaba afastando as pessoas que mais ama por conta disso .-Ela aperta minha mão . – Então por favor , tenha paciência com ele , quando Christian se sentir preparado irá te contar tudo .

—Irei tentar ser um pouco mais paciente .-Suspiro pesadamente

—É só isso que lhe peço . – Ela deposita um beijo em minha bochecha . – Agora se arrume , pois vamos para a cidade . – Abro minha boca pra protestar, mas Ana é mais rápida do que eu . – Não para fazer compras , vou apenas lhe mostrar as belezas naturais de Aspem . Algo me diz , que você precisa se distrair. – Será que o sexto sentido das mães realmente existe? - Além disso , andei pesquisando e descobri que tem uma pista de Kart montada no centro da cidade .- E pela primeira vez , dei um sorriso sincero naquele dia . – Então , o que me diz ?

Ana conseguiu me distrair ao ponto de ver um indivíduo fumando maconha e não sentir necessidade alguma por aquela erva ou por drogas mais fortes . Passamos metade do dia e o início da noite no centro , minha irmã fez questão de me levar para alguns pontos turísticos que por ser dia de semana ,não estavam lotados. Lógico que Phoebe não resistiu e fez algumas compras , mais eu não me importei, usei esse tempo livre para ligar pra Klaus, por sorte meu celular não havia quebrado, depois de eu telo arremessado no chão .

Depois de ganhar tanto da minha mãe como de Ebe no Kart , fomos ao Wheeler Opera Hause assistir Os Miseráveis, era um de meus musicais favoritos . Foi ouvindo Emma tocar On My Own , que eu quis aprender a tocar piano . E por fim , fomos em um rodízio de fondue jantar , antes de voltarmos para casa exaustos .

Por sorte não vi mais Christian naquele dia , então para não abusar do acaso, desejei um boa noite para as meninas e subi para o meu quarto. Tomei um banho , liguei para a minha loira e fizemos um pouco de sexo pelo telefone , afinal eu não era de ferro . E antes de dormir , pequei as folhas onde estavam minhas anotações e contas sobre o projeto da Grey´s, recomeçando a fazê-las de onde avia parado .

Agora era uma questão de honra terminar esse projeto , para mostrar pro Christian que eu era capaz de trabalhar com ele um dia .

-Daniel . – Sinto meu corpo inteiro tremer. – Daniel . – A pessoa chama mais alto meu nome , ou talvez eu é que esteja , mais desperto . – Daniel . – Abro meus olhos assustando um pouco ao ver Christian inclinado sobre o colchão chacoalhando meus ombros .

—Finalmente . –Fala ele , se afastando de mim . – Você tem um sono pesado .

—O que você está fazendo aqui ? – Bocejo , ainda desnorteado pelo sono .

—Se troque . – Ele diz simplesmente , jogando um macacão azul marinho em cima da cama . –Te espero na cozinha em 10 minutos.

— O que ? Porque ?. – Protesto,desviando meu olhar do seu rosto para ver as horas no celular.- Ainda não são nem seis horas da manhã .

—Só faça o que eu estou mandando . – Ele diz e me deixa ali com cara de idiota .

Se ele queria me pedir desculpas começou muito mal . Afinal quem em sã consciência acorda uma pessoa em um sábado as cinto e quarenta da manhã ?

Levanto da cama mal humorado e vou até o banheiro fazer minha higiene antes de vestir o macacão e descer até onde foi mandado .

—Você está cozinhando ? –Questiono surpreso ao ver meu pai fazendo panquecas .

—Por que o espanto ? –Pergunta ele , de costas para mim , por enquanto que me arrastava até um dos bancos do balcão .

—Então é esse seu plano ? Me matar por intoxicação alimentar ? –Brinco , mais ele não parece ter achado graça.

Christian apenas lançou um olhar discreto , porem triste em minha direção . E continuou a fazer as panquecas em silêncio . Eu não ousei dizer mais nada , apenas fiquei o observando calado .

—Coma tudo . – Manda ele logo após me servir três fartas fatias de panquecas e se sentar ao meu lado .

Coloco um pouco de cauda de caramelo nelas , antes de provar a comida meio apreensivo.

—Huum, está bom . –Replico , sem conseguir esconder o assombro em minha voz .

—Obrigado . – Agradece ele , sem levantar a cabeça .

—O que significa tudo isso?

—Não posso querer passar um tempo de qualidade com o meu filho? –Questiona, sem me olhar novamente.

—Tempo de qualidade? – Debocho. – E como pretende fazer isso se ao menos consegue me encarar?- A pergunta sai antes que eu possa controlar minha língua.-Parece até que você sente nojo ao me ver.

-Eu não tenho nojo de você. –Christian solta um grande suspiro , antes de levantar sua cabeça e finalmente me encarar . – É um absurdo você pensar algo assim Daniel . Pelo amor de Deus você é meu filho. –Fala ele deixando transparecer toda a sua frustração. – Eu te amo Theodore.- Agora eu estava confuso . – Não sei como pode cogitar pensar uma coisa dessas.

Fico em silencio por alguns segundos ,tentando digerir tudo o que me foi dito.

—Então porque você está me afastando , me desprezando ? Não consegue ao menos me olhar.- Solto tudo o que estava preso na minha garganta nos últimos dias. – Não sei o que posso ter feito para você...

—Você não fez nada Daniel. – Fala ele rapidamente me interrompendo. – A culpa disso tudo é minha , como sempre.

—Então me diz o que está acontecendo? – Imploro praticamente. – Que fez você mudar da água para o vinho em questão de horas .-Não desvio nem por um segundo o meu olhar do seu . – Começou a se isolar na hora das refeições , ficar trancafiado no escritório, brigar com Ana , ser seco com Phoebe , me ignorar.- Era o azul frustrado , contra um cinza angustiado.- Me diz o que ouvi ?Por favor .

Christian , assim como eu ,precisou ficar alguns minutos em silencio ,para provavelmente absorver tudo o que lhe falei .

—Coma . – Ele diz por fim , voltando a prestar atenção na sua panqueca .

—É só isso que tem para me dizer? –Elevo minha voz, sem acreditar no que eu estava ouvindo. – Coma?

—Fale baixo Daniel, as meninas ainda estão dormindo. – Repreendi-me ele calmamente. Fazendo meu corpo queimar de irritação. – Vamos conversar sobre isso depois, em um outro lugar. Agora coma.

—Depois quando? –Olho para ele friamente, contraindo o meu maxilar.

—Depois que você terminar de comer. –Ele cruza seus braços e fica me encarando. Bufo irritado, mais volto a comer. – Tão impaciente quanto sua mãe. – Comenta ele, dando um riso abafado, me fazendo revirar os olhos.

Uma hora depois ,Christian estava estacionando o SUV ha sombra de uma árvore de tronco grosso.

—Aconteceu alguma coisa? – Questiono, confuso ao olhar o ambiente a minha volta.

Estávamos em uma clareira pouco arborizada, mais mesmo assim não deixava de ser bonita. O lugar em si era bem calmo, perfeito para um piquenique, talvez. E ainda continha um pouco mais a frente um deque, que dava acesso, para a imensidão verde azulada, que era o rio daquele pequeno paraíso.

-Não. – Responde Christian, tirando seu cinto de segurança.

—Então por que paramos?- Questiono confuso.

—Vamos pescar.-Replica ele , gesticulando com a cabeça o banco traseiro do automóvel, onde se encontravam três varas desmontadas. – Pensei que já tivesse percebido isso. -Não eu não percebi isso ,porque além de não entender nada de pesca , passei todo o caminho imaginando o que poderia ter acontecido com você.

Mordo minha língua antes que acabe expondo meus pensamentos, e saio do carro com o meu pai.

—Pensei que íamos conversar.- Acuso.

—Mas nós vamos.-Fala ele descarregando o porta-malas.-Me ajude aqui , por favor ? – Pego uma bolsa térmica media e um pote vermelho , por enquanto que meu pai levava as varas junto com uma maleta preta. –Lhe trouxe aqui para fazermos isso.

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—E não podíamos ter feito isso em casa?

—Sim podíamos. –Afirma ele . – Mais hoje está um dia propício para a pescaria não acha ?

Dou de ombro , e o sigo até o fim do deque em silencio . Afinal o que eu poderia dizer? Não entendia nada sobre pesca.

Christian me guiou até uma lancha pequena perto dos iates que estavam ancorados ali, porém luxuosa . Ela era branca com detalhes em preto e continha um deque reto , confortaria dez pessoas tranquilamente.

—Ella.-Leio em voz alta o nome do barco . – Colocou o nome da sua mãe biológica?

—Sim . – Ele sorri minimamente. –Eu tenho um iate homenageando Grace , nada mais justo do que uma lanche para Ella.-Arqueio uma de minhas sobrancelhas. –Por que o espanto Daniel ?

—Nada , quer dizer...-Fico em silencio por alguns segundos , procurando as palavras certas na minha mente. – Bom,quando você me contou sobre a Ella, deu a entender que... não gostava muito dela.

Flash Back :

—Eu queria te pedir desculpas Daniel , pela as coisas que eu falei ontem , por não ter acreditado em você, mais quando eu vi a cocaína eu pirei . –Christian respira fundo ao continuar . – Minha mãe biológica era viciada em Crack....

—Espera um pouco, você não é filho da Grace, de verdade ?

—Não . – Ele diz franzindo a testa . – Pensei que você soubesse .

—Então você e o Elliot , não são irmãos de verdade ?

—Ele é meu irmão , mas não de sangue . - Quando escuto essas palavras um alivio vem eu meu corpo. Ava não é minha prima.-Posso continuar ou você vai querer falar sobre Elliot ?

Assinto com a cabeça , e depois de ter certeza que eu não iria interrompe ló novamente , Christian volta a falar .

—Eu não tive um começo de vida fácil Daniel , e por isso ainda carrego lembranças dolorosas da minha infância . – Ana aperta gentilmente sua mão.- Bêbados, mendigos e viciados em crack gritando nas ruas. Um buraco sórdido que chamava de casa e uma mulher jovem porém acabada, a prostituta drogada a quem eu chamava de mãe.

—Prostituta. –A palavra sai quase como um sussurro de meus lábios.-Sua mãe era uma...

—Sim , eu sou um merda, filho de uma prostituta drogada. – Ele respira tomando fôlego e coragem . – O seu nome era Ella, vive ao seu lado até meus quatro anos. Passei fome , muita fome e não foram poucas as vezes que eu apanhei até ser adotado por Grace e Carrick. –Christian fecha os olhos e começa a abrir os botões de sua camisa bem lentamente .- Eu devia ter cerca de três anos e o cafetão da prostituta estava louco, promovendo um inferno. Ele fumava e fumava, um cigarro atrás do outro e ele não conseguia encontrar um cinzeiro. — Ele para e eu congelo com um frio insidioso invadindo meu coração, ao notar pela primeira vez varias bolinhas pequenas , que se confundiriam perfeitamente com pintas , no peitoral do meu pai.— Doeu — ele diz, — É a dor que me lembro. – Como poderia alguém tratar uma criança assim? Ele levanta a cabeça e me fitou intensamente com seus olhos cinza - Às vezes, nos sonhos, a prostituta está apenas deitada no chão. E acho que ela está dormindo. Mas Ella não se move. Ela nunca se move. E eu estou com fome. Realmente com fome. –Fecho meus olhos para tentar evitar as lagrimas novamente. –Ella teve uma overdose , passei dias ao lado do seu corpo , até alguém sentir o cheiro de algo podre e chamar a polícia . –Escuto Christian soltar um suspiro e me forço para abrir os olhos novamente . – Agora você entende porque surtei quando vi a cocaína ? Não podia deixar que a historia se repetisse .

Fim de Flash Back

—E não gostava , eu odiei minha mãe biológica por muito tempo . – Revela ele , ligando a lancha . – Mais eu conheci Ana , e ela me mostrou uma nova perspectiva disso tudo.

—Como isso pode ter outra perspectiva ?

—Você ama a Emma Mikaelson , mesmo depois de tudo o que ela vez não é ?

—Não é a mesma coisa .- Replico indignado por Christian comparar minha mãe com uma prostituta.

—Tem razão, não me lembro de Ella já ter roubado uma criança.-Bufo irritado.- Mas não viemos aqui para falar disso , não é mesmo?–Acho que ele percebeu que brigaríamos novamente caso não mudasse de assunto .-Coloque a bolsa térmica e o pote em algum canto . –Fala ele muito calmamente

Faço o que ele pediu e me sento em uma das cadeiras estofadas , sentindo o vento bater no meu rosto , conforme Christian acelerava a lancha e ia em direção ao horizonte. A beleza natural daquele local era estonteante.

Diversas arvores se acomodavam nas margens , uma água cristalina preenchia o horizonte, que estava sendo refletido pelo sol da manhã.

Só percebi que a lancha avia parado , quando a brisa cessou. Christian saio do volante e foi até onde estavam as varas , pegou duas delas juntamente com a maleta preta e foi até a ponta do deque se sentando no chão do mesmo .

Respirei fundo , e peguei novamente a bolsa térmica e pote vermelho , indo até seu encontro. Coloquei com cuidado os objetos , no chão , antes de me sentar ao seu lado .

—Então . – Suspiro, quebrando o silencio . –Já pode me contar o que ouvi?

Ele me entrega uma vara já montada e continua a montar a outra , com a ajuda de alguns objetos estranhos presente da maleta preta.

—Coloque a isca ? – Manda ele , me fazendo franzir a testa . –A isca . – Repeti Christian novamente , gesticulando com a cabeça o pote vermelho.

Pego o pote incerto do que devo fazer. Olho para o meu pai que parece estar se divertindo as minhas custas.

—Você já pescou antes ?-Abro o pote encontrando varias minhocas se remexendo em uma orgia nojenta. –Pela sua expressão não . – Fala ele rindo.

—O que eu faço com isso ? – Questiono , com uma pequena careta em meu rosto.

—Sabe eu sempre quis te ensinar a pescar. – Revela Christian pegando o pote de minha mão e colocando em nosso meio , para só então pegar uma minhoca dentro do mesmo e colocar no anzol de sua vara.-Só imaginava que varia isso quando você tivesse uns seis ou sete anos . – Um sorriso triste surge em seu rosto.

—Bom eu estou aqui agora , e provavelmente serei um aluno melhor hoje do que quando era mais novo.

—Me desculpa.-Christian pega uma nova minhoca e coloca em minha vara .

—Por que está pedindo desculpas, de novo ?

—Os peixes precisam se atrair com algo , se quisermos....

—Pai. – O interrompo usando minha melhor arma, afinal tanto Christian como Ana , ainda ficavam meio abobalhados , quando eu me referia a eles pelos seus títulos. – Me conte , o que está acontecendo?

Ele solta um suspiro pesado , antes de lançar a linha com o anzol sob a água e ficar segurando com força a vara .Imito seus movimentos , sem desviar por um segundo meus olhos do seu rosto.

-Eu fui o culpado de toda aquela merda do acidente Daniel .