After the pain

Vida na floresta


Pov Andrew

Depois que sai de casa da Riley liguei ao meu irmão a perguntar se ele estava livre. Precisava mesmo de falar com ele.

Estacionei o carro ao lado do carro do meu irmão no parque e fui até o seu gabinete.

– Entre- ouvi depois de bater à porta do seu gabinete.

Entrei e ele caminhou até mim abraçando-me.

– Então a que devo esta visita do meu maninho? - sentei-me.

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– Preciso que faças de psicólogo...

– Bem, não é bem a minha área mas posso tentar. O que é que se passou??

– Uma rapariga que entrou na minha vida tipo furacão, virou tudo do avesso e agora está tudo completamente destruído.

– Deixa me adivinhar... Riley!? - Eu assenti.

– Eu vou contar-te porque tenho plena confiança em ti e sei que não contas a ninguém mas não podes mesmo contar a ninguém... nem a Kety.

– Estás a assustar-me...

– Descobri que o pai da Riley está preso - o meu irmão abriu a boca em sinal de surpresa - Logan... ele batia-lhe a ela e à mãe.

– Que cretino...

– E há mais ! Hoje tivemos aquela semana de actividade...

– Oh sim, já havia quando eu andava lá - interrompeu-me Logan.

– E hoje foi piscina. A Riley não entrou na piscina e eu fiquei preocupado. Ela parecia que estava a ter um pesadelo acordada. Até que ouço um barulho e vejo que ela caiu a água e percebo que ela está aflita. Tirei-a da água e depois ela fugiu e pensei que fosse só vergonha. Mas quando vi a cara dela percebi que era algo mais. Aqueles olhos não mentem. Depois decidi ir até casa dela. E a mãe dela acabou por me contar tudo e disse que a Riley não sabia nadar e que tinha um grande trauma de infância em que quase se afogou a fugir do pai que estava a bater na mãe e que breve já ia atrás dela.

– Isso é horrível!

– Eu sei... o pior é que eu quero ajuda-la, mas ela não deixa.

Logan estava-se a rir .

– Não tem piada! É uma situação séria.

– Eu sei e não é disso que me estou a rir. E só que tu gostas mesmo dela mano.

– Eu ... Eu só quero ajuda-la como amigo. Não faças filmes.

– Eu acho que devias ter calma e esperar que ela ganhasse mais confiança em ti.

– Talvez tenhas razão.

– Ela deve estar magoada com as pessoas e é normal que lhe custe a confiar nas pessoas. Dá-lhe tempo.

– Eu vou tentar fazer isso. Vês afinal até tens jeito!

– É claro que tenho.

Pov Riley

Boa, amanhã é aquilo do passeio pela floresta e com a sorte que eu tenho ainda cai um pinheiro em cima de mim ou então sou assaltada por um esquilo juntamente com o seu gangue. Tudo o que mais me apetecia era ficar em casa a ler ou a fazer outra coisa qualquer que me fizesse esquecer tudo aquilo. Não me apetecia nada passar o dia todo no meio de mato e bichos principalmente com mau tempo. Chuva bah! Podiam ter cancelado. Não me parece que o façam.

Quando cheguei a escola, de manhãzinha, estavam todos ao pé de um autocarro que devia ser o nosso meio de transporte. Avistei Andrew a conversar com os amigos e assim que os seus olhos encontram os meus, ambos desviamos o olhar. Ele parecia tão estranho e diferente e distante. A viagem até à floresta foi um pouco demorada uma vez que tínhamos um longo caminho a percorrer até encontrarmos algo verde.

Ao chegarmos, por volta das 10 horas da manhã, uns guardas florestais fardados a rigor aproximam-se de nós:

– Bom dia meninos! - cumprimenta-nos o guarda florestal mais alto e que aparentava ser também mais velho - Antes de mais, espero que tenham tido uma viagem boa e tranquila - lança-nos um sorriso simpático - mas agora é hora de começar a trabalhar. Eu sou o guarda Peters e este meu colega é o guarda Sanders. Vão nos seguir até um edifício mais ali à frente onde terão de assistir a uma curta palestra e só depois é que podem partir à descoberta!

Começamos todos a andar e a seguir os guardas que agora falavam animadamente com os nossos professores. Juntei-me a Lyla e caminhamos as duas até um auditório amplo onde nos sentamos uma à beira da outra para assistir à palestra. Uma senhora nova que devia estar na casa dos 30 anos entra na sala e começa por se apresentar:

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– Boa dia jovens! Eu sou a Lilly Cooper. Sou bióloga terrestre com um mestrado para a educação para o ambiente e vou ser quem vos vai dar esta palestra sobre a vida na floresta e preservação ambiental.

A palestra assim começou e deixei de ouvir o que a senhora dizia passados uns 5 minutos. Estava no mundo da lua, longe de tudo e de todos. Ouvia apenas algumas palavras desconexas que não me interessavam.

Já passava das 11 horas da manhã e a mulher ainda não se tinha calado lá com a vida dos animais. Se eu da minha já sei pouco porque raios é que me interessa saber a dos animaizinhos!? A definição deles de curta duração é completamente diferente da minha pois uma hora de palestra já era exagero.

Às 12:30 horas finalmente saímos daquele maldito auditório e Lyla já bocejava! Fomos ao almoço que consistia numa sandes de panado com sumo e/ou uma garrafa de água e para sobremesa um pêssego, tudo entregue num saquinho plástico que foi atirado ao chão por muitos dos meus colegas. Então acabamos de sair de uma palestra sobre a preservação da floresta e eles fazem isto!?

Assim que acabou o intervalo para almoçar, os professores juntaram-se e pediram para os ouvirmos.

– Bem, como já sabem, esta actividade foi elaborada e organizada pelo grupo de professores de biologia. A actividade vai ser a pares vamos vos entregar os papéis com informações sobre espécies que terão de encontrar e fotografar. A dupla que acabar as tarefas todas mais depressa recebe um prémio.

Os professores começaram a dizer as duplas até que...

– Riley Collins com o Andrew. - que pontaria os professores parece que conspiram para nós ficarmos juntos.

Fui até ao professor agarrei nos papéis e comecei a caminhar por entre a floresta atrás de Andrew que tinha quase desaparecido pelo meio das árvores.

– Caso não tenhas reparado isto é uma atividade a dois. - Disse com um tom de voz reprovador e angustiado, ia jurar que estava com raiva. Seria de mim!? Parei por instinto e virei-me para trás arrependendo-me de seguida. Andrew encarava-me com aquelas janelas verdes, porém desprovidos do seu brilho habitual. Não tinha aquele sorriso convencido ou o inocente a sua boca estava fechada numa linha que descaia nos cantos. A sua expressão estava estranha. Estava parado a 5 metros de mim provavelmente parara assim que eu parei à espera da minha reação. Percebi que ainda não tinha falado nada.

–Eu também quero fazer o trabalho, não quero ter má nota por tua causa. - as palavras dele acertaram no meu coração como flechas. A sua voz transportava pura raiva e tristeza. Seria eu a culpada?! Não, não podia ser. Por mais que eu tivesse sido dura com ele não podia ser assim tão importante para o deixar assim.

– Desculpa. - foi a única coisa que consegui e virei a cara encarando uma árvore.

– Claro, desculpa ... - diz ele com desprezo - É só isso que tens para dizer? Pois bem eu tenho muito mais! Estou cansado Riley. Estou farto de tentar aproximar-me de ti, de tentar ser teu amigo mesmo quando tu não queres. Eu dei-te tempo mas cansei de ser maltratado. E saber que tu não confias em mim depois eu ter confiado em ti e de te ter contado os meus segredos. Eu confiei em ti como nunca confiei em alguém. Nem os meus pais e muito menos a Jenny sabem algumas das coisas que eu te contei. Caramba Riley... eu confiei em ti do fundo do meu coração, com todo o meu ser - diz ele levando o punho fechado ao peito - e mesmo assim tratas-me com desprezo, como se eu não fosse ninguém! Sabes pensei que podia ser diferente. Pelos vistos enganei-me. Tu dizes que eu sou como os outros que se acham bons, são populares e namoram com a rapariga mais gira da escola, mas deixa que eu te diga, tu é que és como as outras... fria, maltratas os outros, brincas com os sentimentos das pessoas como se fossemos marionetas. E eu fartei-me de ser a tua marioneta...

Não disse nada... simplesmente não conseguia.

Ele parou, suspirou e voltou a encarar-me.

– Diz alguma coisa por favor. - eu não disse nada e desvio o meu olhar envergonhada. Ele aproxima-se de mim... E tira-me metade dos papéis e desaparece por entre a densa vegetação. Falamos só por causa do trabalho e o tom das nossas vozes era totalmente ríspido. Eu gaguejava sempre e ele falava com indiferença. Eu andava sempre atrás dele e com os olhos postos no chão.

Até que quando me apercebo ouço um som de um splash. Aí, olho mas nem sinais de Andrew. Corro até a origem do som. E quando o vejo... não aguento e desato às gargalhadas.

– Ahahahahahahahahahah.

Andrew tinha caído numa gigantesca poça de lama e estava todo coberto por lama. Sempre que se tentava levantar escorregava e caia. Eu não aguentei e ri me. Ele tentava e tentava só que sem resultado e só parou quando aterrou de cara naquela poça castanha e viscosa.

– Não é engraçado! Ajuda-me. - diz ele ainda chateado comigo. Então eu aproximei-me e dei-lhe a minha mão. Ele agarrou-a forte para a lama não fazer com que escorregasse e puxou-a com demasiada força o que fez com que eu caísse em cima dele e ficasse também toda castanhinha encaramos-nos até que sinto uma mão coberta de lama acertar me na cara. A humidade da lama fez me desviar a cara e gritar.

– Andrew, eu vou te matar! - Assim que me apercebo ele já estava fora da poça e a rir se, parecia um jacaré. Estava todo castanho. Camisola, calças, sapatinhas, mãos, cara e os seus cabelos todos sujos. Na sua cara apenas se conseguia distinguir os seus olhos verde-esmeralda que reluziam e os seus dentes brancos.

– Não mete piada! - disse eu tentando sair e tal como Andrew escorreguei e aterrei na lama - Ajuda-me! - Cedi-lhe a mão e ele puxou-me para fora da poça. Andrew estava mais relaxado e o brilho dos olhos voltou bem como o sorriso rasgado.

– De que te estás a rir?- perguntei.

– Do teu riso parva! Parece que estás com prisão de ventre. Ahahahah. - Dei-lhe um murro no ombro e ele escorregou novamente e caiu.

– Ahahahah!

– Riley... - disse ele num tom brincalhão e ameaçador e começou a correr com punhado de lama.

– Andrew, não por favor! Eu imploro! - Quando fui a ver já me estava a agarrar com os braços cheios de lama e a esfregar lama na minha cara e por todo o meu corpo.

– Pára por favor! - digo entre gargalhadas.

– Diz que eu sou lindo. - provoca ele.

– És feio! - deito-lhe a língua de fora.

– Diz!

– És lindo.- o que não era mentira só que difícil de o admitir.

– Um pequeno passo para o homem e um grande passo para a humanidade. Riley Collins, a admitir que sou lindo. Isto era digno de aparecer no noticiário da noite!

– Só disse porque fui obrigada. - Então ele largou-me e ficamos a encaramo-nos. Então eu deixei de sorrir ao lembrar-me da nossa discussão e do quão chateado ele estava comigo.

– Sabes... tu devias sorrir mais vezes. Eu gosto da tua gargalhada mesmo que pareça que tens problemas intestinais! - Disse tirando o cabelo da minha cara colado pela lama, o que me fez corar. Então do nada sai da minha beira e sentasse no ramo de uma árvore. - Anda ver o pôr do sol. Está lindo.! - Apesar de ter chovido o tempo estava agora razoável, mas frio e dava para ver o por do sol. Sentei-me a sua beira. Tive alguma dificuldade em subir para o ramo onde o Andrew estava devido à lama no meu corpo que me fazia escorregar, mas pelo menos não caí uma única vez. - É como se os problemas desaparecessem.

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– Uhm- olhei e percebi que ele me encarava. Fiquei sem saber o que fazer e por instinto saltei da árvore. Mas arrependi-me logo de seguida, batendo com o pé que torci no chão com força e ouço o osso a estalar. Que ideia Riley! Doeu-me um bocadinho e não consegui conter o pequeno grito de dor que se escapou pelos meus lábios.

–Au!

– Estás bem? - perguntou Andrew descendo da árvore.

– Sim, estou. - Disse eu andando e mancando. - Já passa! - tento dar-lhe um sorriso encorajador.

– Vamos daqui a nada devemos partir. E com esta história toda perdemos a tarde toda e poucas tarefas completamos. - E fomos andando. Assim que os professores nos viram tiveram um ataque e quase toda a gente se começou a rir. A Jennifer veio a correr para abraçar Andrew mas ao ver melhor o seu estado conteve-se e restringiu-se a tirar uma pequena mexa do seu cabelo para o lado e de seguida limpou os seus dedos a um lenço pois tinha uma migalha de lama.

– O que é que aconteceu amor? - pergunta ela.

– Nada! Eu e a Riley caímos numa poça de lama... - disse Andrew coçando a parte de trás da cabeça.

– Aposto que a culpa foi daquela selvagem. - diz ela desviando o seu olhar para mim.

– Cuidado se não queres que a selvagem te suje a cara. - digo eu ameaçando-a.

– Vês, Andrew?! Ela é uma selvagem! Nem sei porque é que não insistis-te para que trocassem o teu par. - disse Jenny escondendo-se atrás do Andrew. Que atitude mais infantil. Encarei-a diretamente nos olhos.

Entregamos os papéis aos professores que ficaram admirados por não termos completado tudo.

E fui andado para o autocarro. A Lyla estava triste. Ela não o admitiu mas eu sabia que ela queria ter ficado como Josh em vez de ficar com a Caroline apesar de elas se darem bem. Mas a sua tristeza não a impediu de tirar umas quantas gargalhadas à minha custa.

Cheguei a casa estoirada, cansada, exausta, toda partida! Tomei um banho e bem que precisava para tirar a lama que agora já tinha secado e fui me deitar.

As actividades correram normalmente tirando as peruas que são sempre as mesmas e não perdem uma oportunidade de magoar os outros e aquele abutre do Valentine que não consegue deixar a Sarah em paz.

Amanhã é o dia em que a escola primária vai a escola. Vamos lá ver como isso corre.