Assim que Kuroko abriu os olhos, se surpreendeu com o celular azulado que não cessava de piscar e vibrar. O branco cegante que de vez em vez tomava conta de seu quarto escuro forçou-o a levantar da cama aquecida e confortável para rumar em direção a sua escrivaninha, onde, escondido por livros didáticos e novelas de mistério, estava o eletrônico.

Ignorou o cabelo desarrumado que era mais que visível, tirando os olhos do espelho quase que no mesmo momento que os colocou. Percebeu que tanto as mensagens quanto as ligações pararam. Curioso, não perdeu tempo em checar o autor de sua distração.

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Akashi Seijurou.

Era o nome que parecia pintado de vermelho no celular, e suas bochechas com certeza atingiram o mesmo rubor. Qual seria a razão do antigo capitão ligar para ele? Foi interrompido do pensamento quando o objeto começou novamente a vibrar, e dessa vez, pressionou o botão de atender tão rápido que nem deixou o telefone tocar. — Akashi-kun? — perguntou cautelosamente, e jurou que podia ver o sorriso do ruivo se formando.

— Estou te ligando a mais de uma hora, Tetsuya. Já é tempo de você atender.

Deu-se o prazer de mostrar um sorriso ele mesmo, e passou alguns segundos em silêncio, somente apreciando a companhia, ainda que indireta, do outro. Akashi parecia fazer o mesmo. — Porque? — terminou o silêncio confortável com uma pergunta que deixou o outro sem palavras.

Uma risada. — Nossa, Tetsuya. Não quer dizer que você não se lembra?

As bochechas já coradas, fizeram questão de envermelhar-se ainda mais. — Desculpe, Akashi-kun, mas temo lhe informar que esqueci de qualquer que seja a tal coisa que deveria saber.

— Deixe de formalidades.

— Mas...

— É uma ordem, Tetsuya. — ambos permaneceram calados. — Faz um bom tempo que nós não conversamos, não é?

Silêncio.

Kuroko enrolava os fios da franja que caiam no rosto, esperando alguma resposta do ruivo, mesmo que nenhuma pergunta aparente tenha sido feita. Decidiu tomar a iniciativa. — Foi lá em Teiko, não é? — usou do mesmo tom calmo que o outro. Ignorou as mãos suadas, a respiração incerta e o coração que batia mais rápido do que nunca.

— Isso mesmo. A gente fazia isso todo dia, não lembra?

— Lembro.

— Eu ligava pra você bem cedo, e a gente conversava até sua avó terminar de fazer o café da manhã. — Akashi sorria do outro lado, ele mesmo ainda encoberto por lençóis grossos. — Depois, você me ligava e eu te contava todos os sonhos que eu tive aquela noite, e você me contava os seus. A gente falava até chegar na escola.

— Eu lembro. — Kuroko sorriu, o coração batendo mais forte ainda. — Você...quer...você sabe...

— Se eu quero fazer isso de novo.

Kuroko assentiu com a cabeça, mas logo percebeu que o ex-capitão não estava em sua frente. — Sim. — murmurou, jogando-se novamente na cama.

— Sabe, eu não ligo.

Mostrou um sorriso para o nada. — Nem eu.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.