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Capítulo 1 - Negócios


- Cadê minhas malas, Watanuki? – A esbelta mulher, chamada Ichihara Yuuko, gritou do lado de fora do deposito de sua loja. Ela apenas observava enquanto um garoto, aparentemente mal humorado, revirava caixas.
- As malas, Watanuki! – Repetiam as gêmeas Maru e Moro saltitando por entre a bagunça do deposito. – Cadê as malas, Watanuki?
- AH! Dá para ficarem quietos?! – Watanuki gritou estressado. – Estou procurando, só que tem um monte de coisa entulhada aqui! Quando foia ultima vez que alguém limpou esse lugar?!
- Acho que nunca. – Yuuko respondeu na cara dura e só fez o garoto se estressar mais ainda.
- Para que você precisa dessas malas afinal?!
- Vou viajar. – Respondeu tomando um gole de saquê. – Não te disse?
- Não, não disse nada. – O garoto saiu do deposito e fez um sinal para que as gêmeas continuassem a busca pelas malas. Bateu suas mãos no avental que usava para tirar a poeira. – Para onde a senhora vai?
- Me encontrar com um velho amigo que precisa de minha ajuda. Creio que será meio perigoso, mas estou com o pressentimento de que o preço que ele ira me pagar vai fazer tudo valer à pena.
- Novamente fazendo coisas pelo pagamento?! Não é a toa que tem fama de gananciosa. – Disse Watanuki descontando a raiva.
- Está querendo limpar o deposito inteiro sozinho, Watanuki?
- Não! Claro que não! Desculpe... – Ele abaixou a cabeça e suspirou, acalmando-se. – Esse seu amigo mora longe, senhora Yuuko?
- Podemos dizer que sim.
- Então da onde o conhece? – Perguntou curioso.
- Do meio comercial. Ele é dono de uma loja, - Um pequeno sorriso se formou em seus lábios. Um sorriso de quem sabe algum segredo. – assim como eu.
- Também é uma loja que realiza desejos?
- Oh, não! Se fosse, ele não precisaria de minha ajuda. – Yuuko levou novamente o copo a boca, tomando mais um gole. – Mas isso não significa que a loja dele seja comum. Ela também atende aos dois mundos. – O garoto ficou curioso e pensou em perguntar mais a respeito, mas acho melhor não tocar mais nesse assunto. Tem coisas que é melhor não saber.
- A senhora tinha dito algo sobre ser perigoso. O que quis dizer com isso?
- Nem eu sei ao certo. Isso depende do desejo dele e se eu soubesse qual será, não precisaria me deslocar até lá.
- Não tem como ele fazer o pedido por telefone ou algo assim?
- E o pagamento, Watanuki? Eu não recebo? – Ela franziu a testa como se ele tivesse dito um grande absurdo. – Tudo tem seu preço, e todos tem que paga-lo.
- Ah, é verdade, tinha me esquecido desse detalhe. – Ele coçou a cabeça. – Mas não te preocupa ter que ir sozinha, senhora Yuuko?
- Quem disse que vou sozinha? – Ela abriu um sorriso divertido. Tinha uma alegria especial em responder perguntas com novas perguntas e deixar um gostinho de mistério no ar.
- Eu não vou! Pode ir tirando seu cavalinho da chuva! – Watanuki começou a gritar e a fazer suas poses estranhas de sempre.
- Mas que garoto metido, não? – Yuuko perguntou retoricamente rindo em seguida. – Não estava falando de você, Watanuki. Você vai ficar e cuidar da minha loja durante minha ausência.
- Ah, mesmo? Então com quem a senhora vai?
- Um antigo cliente que ainda não me pagou o que deve. Segurança e serventia temporária.
- Basicamente vai arrastar o coitado sem se importar com a opinião dele e transformá-lo em seu empregado?
- Ele tem um preço a pagar e é perfeito para o trabalho. Alias, já é um empregado... – Parou de falar esperando alguma reação de Watanuki, mas como esse ficou quieto, resolveu completar: - Um mordomo, para ser mais exata.
- Um mordomo? Que tipo de desejo um mordomo tinha?
- Todos têm desejos, Watanuki. - O garoto olhou para o chão um tanto envergonhado por ter tido um pensamento meio preconceituoso. – Alias, este mordomo a quem me refiro, não é um simples empregado. É uma pessoa realmente poderosa... E realmente inofensiva também. Pelo menos para mim.
- Como assim?
- Ele veio até mim, pois precisava de um parceiro manipulável e com os mesmo ideais dele. E eu a indiquei. – Yuuko tomou o ultimo gole de saquê do copo. – Infelizmente deu tudo errado e no final ela morreu.
- Isso é... Isso é trágico! – Exclamou Watanuki meio chocado pela historia. – Sinto muito por ele.
- Não sinta. Ele a matou.
- MATOU?! ELE É UM ASSASSINO? E VAI CONFIAR NELE?! – O garoto começou a surtar, mas isso já era comum. - Senhora Yuuko, endoidou, é?
- Não fale assim comigo, Watanuki. – Ela bronqueou de brincadeira e suspirou em seguida. – Ele tem o péssimo habito de matar mulheres. Um assassino serial mais conhecido como Jack, O Estripador. – Disse calmamente enquanto se divertia com a expressão assustada do garoto. – Mas ele jamais me mataria.
- Está confiando no Jack, O Estripador?! – Ele perguntou incrédulo. Antes nem ao menos acreditaria que esse assassino existiria, mas como era a senhora Yuuko que dizia, a coisa mudava de figura. – Ai Meu Deus, eu sabia que um dia todo esse saquê ia causar um efeito retardatário no seu cérebro!
- Acredite em mim, “Jack” é de confiança. Na verdade são os boatos que o tornam tão amedrontador. Pessoalmente ele não assusta ninguém... Sem dizer que não é capaz de agir sozinha, por isso precisou de minha ajuda para achar um comparsa.
- Mas é um psicopata! – Alertou.
- Um psicopata realmente bobinho. Poderia ter desejado a pessoa que ama, mas desperdiçou a chance com esse desejo insano de espalhar terror e agora fica correndo feito um idiota atrás daquele cara.
- Correndo atrás de um cara? Jack, O Estripador é gay?!
- Sim, sim. Eu te disse, ele é inofensivo e não assusta ninguém. – Ela sorriu calmamente. – Não se preocupe comigo, Watanuki. E cuide bem da minh loja, por favor.
- Cuidarei, senhora Yuuko. – O garoto assentiu com a cabeça e sorriu.
- Vou para o jardim agora, traga-me duas doses de saquê, ta bom?
- QUÊ?! Eu nem terminei uma tarefa e você já exige outra?! Podia muito bem pegar o saquê sozinha, né não? A senhora não estava tomando um copo agorinha?! – Ele começou a berrar inconformado com a personalidade folgada de “sua alteza”.
- Watanuki, - Yuuko lhe lançou um daqueles olhares misteriosos. – peça para que Maru e Moro procurem por uma caixa onde está escrito “Urahara”, provavelmente é lá onde minhas malas estão. Esperando por esse dia.
- Hum, certo. Obrigado, senhora Yuuko. – Watanuki retornou para dentro do deposito, se encontrando com as gêmeas e voltando a procurar pelas malas.
Yuuko, por sua vez, caminhou até o jardim da loja, quase deslizando daquele modo elegante dela. Encontrou exatamente quem precisava, o Mokona preto, basicamente a mascote da loja e sua fiel companhia. Sentou-se na sombra do jardim, ao lado dele.
- Mokona... – Ela o chamou num tom quase inaudível.
- Sim? Puu!
- Por favor, ache e contate-me com Grell Sutcliff.

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