Nick continuava sorrindo com a reação de Elizabeth. Ele já havia deduzido que ela era espontânea, mas o jeito inocente e infantil da mulher o surpreendeu. Nick mau a tinha conhecido e já confiava nela, não sabia porque, mas confiava. Era como se ela foce sua irmã...

– Você sabe que eu patino bem melhor do que você! - Disse a menina que completava 16 anos. Rose correu e óbvio que Nick foi atrás. O inverno era deles, os irmão sempre saiam para patinar, hábito que Rose adquiriu já que a mesma sonhava com as manobras profissionais, e Nick gostava de ver a irmã feliz.

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Eles brincavam e faziam provocações, um momento só dos dois, já que...

... E em meio a esse pega pega Rose tropeçou e Nick, que estava em alta velocidade, tropeçou nela. Ambos saíram escorregando em direções diferentes, rindo bastante.

– Você está bem? - Perguntou Nick já se recompondo.

– Sim, eu acho? - disse a mais nova ainda deitada de barriga pra cima. Ele encostou a bochecha no gelo e observou um traço, escutou um barulho diferente e então arregalou os olhos. O gelo começou a trincar..

– Rose - chamou Nick, a menina mostrava medo no olhar - levante-se logo, eu te peguei, está com você...

– Mas Nick - ela estava com os olhos verdes marejados.

– Mas nada, hoje é o seu aniversário de 16, daqui pra frente não vai ter tempo de ser criança. Aproveita, anda de vagar até mim - disse ele, calmo entortando a cabeça um pouco para o lado, passando a mão nos cabelos e mordendo o lábio inferior - vem na minha direção, você ainda tem que me pegar lembra, lesma.

– Tudo bem - com toda cautela Rose se levantou e começou a andar devagar, cada passo era um trincado diferente. Até que finalmente ela conseguiu sair da área de risco e ficou no gelo sólido, patinou até Nick que estava com os braços abertos e o abraçou, chorando de alívio. Até que o gelo se rompe e ela cai no lago.

– Rose! - Nick grita, estava tentando controlar suas emoções para a menor não perceber, mas agora ela havia caído. Em uma reação de segundos Nick tirou o casaco pesado e pulou no buraco que havia se formado. A água fria era como agulhas perfurando sua pele, ele sentiu um frio imenso, mas a adrenalina o mantinha acordado. Logo avistou os cabelos castanhos da menina, os puxou de leve e conseguiu a trazer para perto de si. Rose estava desacordada. Ele a segurou por trás, pegando debaixo dos braços e nadou para a superfície, não conseguia achar o buraco por qual entrara. Em um gesto desesperado, desamarrou os patins e perfurou o vidro abrindo uma nova saída.

Como toda a força que ainda restava em Nick ele empurrou Rose para água e logo saiu, inspirando o ar gélido. Fez maçagem cardíaca na menina, que em questão de segundos cuspiu toda a água. Nick correu e pegou o casaco que ficara do lado de fora, seco e intacto. Embrulhou a menina, tirou o celular do bolso do casaco e ligou para emergência, abraçou a menor para aumentar o calor.

Um imenso alívio soprou seu coração, ele a conseguira salvar.

O moreno piscou os olhos verdes. Ainda estava com os amigos, perto da fogueira, não havia desmaiado. Elizabeth olhou nos olhos do rapaz e soube que ele havia tido uma lembrança, mas preferiu ficar quieta o que só aumentou o respeito do jovem pela mesma.

– Elizabeth - chamou Chelsea alheia as lembranças de Nick - seu nome é comprido demais, que tal um apelido...

– Isso - Clara interrompeu mais animada, aquele clima de enterro já estava se esvaindo - você se lembra de algum?

– Elis - disse a morena sorridente.

– Lis - disse Josh entrando na brincadeira.

– Lis é melhor - falou Clara sorrindo.

– Que vamos fazer agora? - Perguntou Sugar com um sorriso entediado (isso existe?).

– Já deve estar de noite - falou Lis - que tal fazermos um luau - disse em um tom doce e levantando as mão em sinal de vivas.

– Luau com o que? - Perguntou Josh antes que Sugar pudesse fazer a mesma pergunta.

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– Podemos utilizar os tocos de ouro e fazer várias tochas - falou Chelsea.

– E montar uma fogueira bem grande no centro - disse Clara se levantando, sendo seguida por Lis.

– Vamos então. - A moça pegou um dos galhos da fogueira entregou pra Clara, outro pra Chelsea e outro pra Josh. Chelsea ofereceu companhia para Sugar e todos saíram deixando Elizabeth e Nick sozinhos.

– Teve uma lembrança - disse Lis se sentando ao lado do rapas e fazendo rabiscos na areia.

– Você consegui me ler tão bem quanto eu leio você - disse ele virando a cabeça um pouco para o lado.

– Foi como a primeira? - Perguntou ela.

– Não. - Disse ele.

– Curto e grosso - disse Lis em tom de zombaria.

– Eu estava brincando coma a minha irmã - disse ele - era aniversário dela e estávamos num lago congelado, até que ela caiu - Lis fez um barulho de espanto "Ahnn" - mas eu consegui salvá-la - a morena soltou o ar aliviada. Era incrível como ela sentia o que os outros sentiam.

– Sabe - começou ela - eu acho que o amor de amigos e de irmãos valem mais do que amor platônico ou conjugal.

– Conhece os termos - Nick zombou, Lis apenas deu um leve empurrão nele.

– Engraçadinho.

– Vamos, os outros vão sentir nossa falta - ele se levantou e ajudou a morena a se levantar - será que eu conto a eles.

– Não, isso os deixariam assustados - falou Elizabeth - não podemos prever a reação deles quando souberem que já morreram.

– Vamos melhora nossas caras ou vão desconfiar - disse Nick, sorriram um para o outro e então foram em direção à noite estrelada.

Chelsea estava tecendo uns tapetes com capim dourado e já conseguira fazer dois, Sugar tinha bastante dificuldade e hora ou outra bufava de raiva. O céu estava mais claro que de costume, mas ainda assim estava escuro. Josh colocava as tochas e as acendia enquanto Clara fazia a fogueira.

– Sugar, vem comigo em até um lugar -Lis apareceu com Nick atrás de Chelsea.

– É longe? - Perguntou a rósea.

– Sim, mas vai valer a pena - disse Elizabeth.

– Eu acho que não levo muito jeito pra isso - falou se levantando - vamos.

As duas saíram e Nick ocupou o posto vago. Ele ficou observando as mãos de Chelsea trançando o capim dourado, a ruiva desacelerou a velocidade para que ficasse melhor dele entender o processo. Ele começou a fazer bem de vagar e de vezem quando embolava, mas fazia a maior parte certo.

– Até que você leva jeito - disse Chelsea - pelo menos mais jeito que a Sugar.

Nick assentiu positivamente. Chelsea voltou pra sua velocidade normal e mais um tapete feito. Começou outro.

– Teve outra lembrança? - Disse Chelsea, Nick parou de trançar e olhou para os expressivos olhos verdes da garota - você ficou fitando o vazio por uns breves segundos e em seguida ficou estranho.

– Você só me conheceu a algumas horas, não pode tirar conclusões sobre isso - disse ele.

– Em seguida Elizabeth despacha todo mundo e vocês conversam sendo que ela provavelmente sabe sua primeira lembrança - falou a ruiva fazendo o trançado olhando para os olhos de Nick. Que por sua vez ficou caldo.

– Boa observadora - voltou a trançar o tapete.

– Não vou falar com ninguém se não quiser - disse ela.

– Obrigado.

– Por que será que viemos sem memória?

A resposta veio na boca de Nick, mas resolveu ficar calado, ninguém merecia saber disso agora. Antes que percebesse ele havia embolado os dedos no trançado e não conseguiu tirar fazendo Chelsea rir. Ela se aproximou dele e foi desenrolando aos poucos o capim dos dedos do rapaz.

– Obrigado - disse ele olhando nos olhos da menina que expressou simpatia.

– Não á de quê - respondeu sorrindo, ele retribuiu o sorriso. Ficou um pouco corado por estarem bem próximos, mas não se afastou.

– Você tem facilidade para aprender as coisas - disse Chelsea observando o trabalho dele.

– Acho que sim - falou - mas você já tem o dom - apontou para os tapetes já feitos e par o outro em andamento.

– Acho que sim - respondeu.

– Essa corda significa isso?

– Provavelmente - respondeu olhando para a marca - Elizabeth também tem uma tatuagem, só que é um sol.

Chelsea reparou em Nick, na cicatriz no lábio inferior, nos traços, nos olhos verdes. Ele era muito bonito. À luz da lua seus cabelos ganhavam um tom mais prateado (mesmo a lua sendo de sangue), e refletia em seus olhos, como a claridade era pouca suas pupilas estavam dilatadas refletindo, como um espelho, o rosto de Chelsea.

– Está tudo bem? - Perguntou ele arqueando uma sobrancelha.

– S-sim - a ruiva se recompôs.

– Vocês gostam de se encarar - disse Clara que estava na frente dos dois. Ela estava muito bonitinha naquela posição: mãos na cintura, pernas paralelas, e um biquinho de brava - estou aqui já faz um tempinho e vocês ai, se olhando.

– Calma fofinha - disse Nick. Clara suspirou firme e pisou duro, chegou mais perto de Nick e colocou o dedo no nariz dele.

– Do que você me chamou?

– De Clara - falou ele. A pequena bufou e saiu a passos largos, deixando Nick e Chelsea rindo - a fogueira já está montada.

– Temos que terminar os tapetes - Chelsea deu um pulo, como se só se lembrasse disso agora. Voltou para o seu lugar e continuou com o trabalho.

Quando concluiu o quinto tapete Nick terminou o primeiro que ele havia feito. Levaram os seis para perto da fogueira e deixaram um um pouco mais distante, mas ainda assim na roda. Era o de Sugar.

Essa que acabara de chegar com Lis, ambas carregadas de uma frutinha estranha. Era redonda, azul, e parecia ser durinha.

– O que é isso? - Perguntou Clara, quando as duas se aproximaram.

– Não sei o nome, mas é gostoso - disse Sugar que estava com um uma na boca. Elas colocaram a fruta em um montinho em frente ao grupo, a praia estava to iluminada e era uma visão linda.

– Achei isso - Lis mostrou um óculos retangular de armação escura, parecendo aqueles óculos sem grau.

– Deixe-me ver - pediu Nick, ele pôs os óculos. Levantou uma sobrancelha e depois a outra fazendo todos rirem.

Clara foi a primeira a pegar a fruta, deu uma mordia e arregalou os olhos.

– É uma delícia! - Aquela fruta tinha um gosto familiar, mas não era de fruta, era de chocolate.

A menina estava sentada no chão escutando atentamente:

– "Robin Hood colocou uma flecha no arco, observou o campo de batalha, todos a sua volta caindo, um após o outro, enquanto seu rei fugia como um covarde.

Ele mirou, com os dois olhos bem abertos e disparou, a flecha percorreu todo o campo de batalha até perfurar o coração..."

– Ela é só uma criança - disse Sara, ela era linda. Cabelos loiros como o sol, olhos violetas, esses que foram herdados pela menina.

– Eu já sou gente grande mamãe - disse Clara fazendo um pequeno biquinho. Sara continuou fuzilando o marido com um olhar mortal.

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– Não tenho culpa se nosso amorzinho gosta de histórias mais agitadas - disse ele coçando atrás da nuca e com o melhor sorriso que poderia dar, fazendo a mulher querer sorrir também.

– Tudo bem, mas da próxima vez escolha uma menos sanguinária - o Alan olhou para a pequenina e deu uma piscadela nada discreta fazendo a mesma rir.

– Ah! e acho melhor apreçarem ou o chocolate quente de você vai esfriar - tanto Clara quanto o pai deram um pulo e foram em direção à cozinha, voltaram rindo com as canecas na mão.

Os três sentaram-se no chão perto da lareira enquanto Alan continuava com a história. Clara devia ter uns cinco anos, mas já tinha noção do quanto era feliz.

A menina caiu de bunda na arei, sentiu os olhos fecharem e dormiu, parece que ter tido a lembrança a exaurira, mas pelo menos ela lembrava do doce gosto de ter uma família, tão doce quanto chocolate.