Jornada Espiritual
Capítulo Único
Surge uma luz no fim do túnel.
Uma luz branca, radiante e poderosa, que se aproxima cada vez mais.
O trem ultrapassa a saída e somos banhados pela luz, a luz do sol, que descortina um cenário maravilhoso à nossa volta.
Árvores frondosas, muito altas, verdes e antigas, fundem-se às montanhas, cercas naturais paralelas a este vale interminável.
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Quem diria que existiam trilhos neste lugar tão isolado e solitário?
Enquanto o caminho até a próxima Torre Espiritual me intriga, você permanece tranquilamente sentada no teto da locomotiva, como se nada fosse mais importante que admirar a paisagem.
Eu daria minha alma para que esta fosse a realidade.
Mas a sua existência neste mundo tomou apenas a forma tênue de um espírito. Nada além de um fino "cordão de prata", que pode ser partir a qualquer instante, retém a sua vida neste lugar.
E mesmo assim você me presenteia com o seu riso doce, após todas as minhas tentativas infrutíferas de apressar esta máquina, como se me ver coberto de fuligem fosse a coisa mais divertida do Universo.
É a primeira vez que você me acompanha numa jornada. A forma etérea deixa a sua beleza ainda mais estonteante, e a sua voz mais adorável e suave do que eu seria capaz de lembrar. Mas você se desvanece, pouco a pouco, em centelhas peroladas que flutuam ao vento, misturadas à nuvem cinzenta que marca o rastro da locomotiva.
É a primeira vez que você me acompanha numa jornada. Posso te ver, posso te ouvir, dias e noites a fio. Desfruto do prazer egoísta de ter a sua companhia só para mim. Nunca estive tão perto de você... Não posso te tocar, não posso te confortar, não posso de proteger. Por milhas e milhas a fio, até ao infinito... Nunca estive tão longe de você.
Mas juro que enfrentarei tempo, espaço, espíritos, monstros, a própria Morte, o que quer que apareça, nem que seja apenas para ver o seu sorriso doce uma última vez.
Apenas por você.
Minha adorada Zelda.
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