A Million Faces

Prólogo


O agente Coulson corria da forma mais educada e menos escandalosa que conseguia pelos corredores subterrâneos e ecoantes. Ajeitava sua gravata e conferia o relógio no pulso quando percebeu que estava sendo seguido.

Parou subitamente e ouviu uma doce gargalhada que soava quase como uma melodia. Logo em seguida, deixou escapar um arfar de surpresa e sentiu seu coração bater ainda mais rápido quando virou-se em direção ao dono da gargalhada e a avistou.

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O que você está fazendo aqui? ─ quase não ouviu os próprios sussurros por conta de seu coração que martelava ainda mais quando percebeu que ela estava com seu pijama de unicórnio, seu par de meias rosa de bolinhas azuis e carregava consigo sua arma mais letal: a mamadeira. ─ Volte já para a cama. Xô!— abanava a mão, agora desesperado, temendo que alguém a visse ali ─ Seu pai não irá gostar de saber que está aqui novamente.

A jovenzinha fez biquinho e franziu o cenho, demonstrando-se magoada com a rejeição do agente. Segurou a mamadeira com ainda mais firmeza e, por pouco, não atinge Coulson ao lançá-la.

─ Agente Coulson. ─ aquelas duas palavras ditas de forma grave o fizeram tremer de cima a baixo. Ele percebeu a demora.

Coulson virou-se bem devagar, na tentativa de posicionar seu corpo no corredor de modo que escondesse a presença da miniatura humana logo atrás dele. Encarou o seu líder e assentiu com a cabeça antes de proferir as palavras:

─ Senhor Fury. ─ sentiu a gotícula de suor escapar pela testa e descer lentamente por sua face.

─ Está tudo bem, agente? ─ Fury estava em sua melhor postura, usando trajes pretos e o tapa-olho de sempre. No momento em que ele desviou o olhar em direção a arma letal, Coulson já tinha a certeza de que estava encrencado ─ Aquilo é uma mamadeira?

O agente perdeu a voz e os sentidos quando percebeu que ela começara a se mover no momento em que ouvira a voz do seu superior.

Papai! ─ guinchou, animada, a miniatura enquanto corria em direção ao Fury.

Lilly? ─ O franzir de cenho de Nick Fury transformou-se em uma feição espantada e surpresa.

As risadas finas e melódicas da menina ecoaram pelo corredor enquanto seus pezinhos avançavam em direção ao pai.

Fury tomou-a ao colo e a segurou firme, encarando-a da forma mais gentil que Coulson vira em toda sua vida.

─ O que minha menininha faz aqui em baixo? ─ a garotinha ria, animada e balançava a cabeça fazendo os cachos loiros chacoalharem em brincarem em sua face. Com apenas mais um movimento da garota, Coulson sentiu seu mundo desabar.

Utilizando seu dedinho indicador, a menina apontou para o agente sorridente e dizendo palavras sub-entendidas como passeio com tio Coulson.

─ Hã...─ as palavras ainda estavam em fuga do agente, que procurava na mente o que deveria dizer para contradizer uma menina tão angelical e, ao mesmo tempo, diabólica.

Fury arrumou sua compostura e lançou um olhar de repreensão ao agente antes de se colocar a andar pelo corredor com a filha no colo.

─ Vamos voltar para o quarto. Está na hora da minha menininha ir dormir.

Foi preciso quase um minuto inteiro para Coulson se recompor e perceber que uma garotinha colocava mais temor no homem que todas as missões já enfrentadas por ele.

Enquanto o agente dirigia-se para a sala de reuniões que era seu objetivo desde o inicio, podia ouvir as risadas de Fury e a filha ecoando pelo corredor.

Risadas que, raramente, foram ouvidas depois.