Roses

Decepções


A intensidade da dor aumentava a cada respiração, fazendo com que a loira colocasse desesperadamente ambas as mãos contra sua cabeça, aliviando algumas pontadas enquanto lágrimas começaram a cair. Olhando assustado, Killian tentou se aproximar dela, já havia visto aquela cena antes - e esperava que suas expectativas estivessem corretas -, mas foi repelido quando a tocou.

– Emma? - deixou escapar o nome - Deixe-me ajudá-la.

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– Sou Elizabeth! - ela gritou indignada por ser confundida com a outra mulher, novamente - Não se aproxime!

Killian jamais a vira daquela forma tão rude, e poderia jurar que estava diante da Sra. Miller naquele momento.

– V-Você não se lembra? - a dúvida ainda persistia.

– Me lembrar do quê? - a loira enxugou as lágrimas com o dorso das mãos, parecia que a dor havia passado.

– Storybrooke, o acidente, eu, você... NÓS. - ele engoliu o choro - Só me diga que se lembra, por favor.

– Sr. Jones, eu sinto muito pelo que aconteceu com essa tal Emma, e deve ter sido algo terrível. - ela suspirou - Mas sugiro que procure um especialista para essa sua obsessão.

“E eu sinto muito por ter te deixado partir”, Killian pensou em seus devaneios.

Notando o silêncio constrangedor, Elizabeth dava passos para trás, como se estivesse com medo de que ele a atacasse. Não. Ela estava apavorada.

– Você não sabe o que diz! - Killian se aproximou - A Sra. Miller e o Gold fizeram alguma coisa, os conheço o suficiente pra duvidar.

– Como você sabe disso? - a loira franziu o cenho enquanto tentava ignorar o fato de que podia sentir a respiração dele - Andou espionando a minha vida?

– É claro que não. - Killian argumentou, mas teve pouco sucesso - Eu te conheço há algum tempo.

– Quantos pagaram pra você mentir? - ela estava inconformada - Se me conhece por que não falou nada?

– Por que não pode acreditar em mim?

Uma única lágrima percorreu a face dele, mas o próprio Killian não a impediu de cair, era doloroso demais ver alguém que ele amava não corresponder os mesmos sentimentos.

– Já pode fechar as cortinas, - ela ironizou se afastando novamente - o teatrinho acabou.

– É a verdade. - ele tentou alertá-la.

– Kill... Sr. Jones, não me procure mais.

A loira deu meia volta e seguiu seu caminho a passos rápidos - escorregando vez ou outra no chão molhado pela chuva -, evitando que Killian a chamasse mais uma vez. Mas, de uma coisa ela estava certa: Não o queria por perto.

...

FLASHBACK ON

Um ano atrás...

Mesmo sabendo que o pai e a mãe a reprovaria, Emma ficou descalça na grama do jardim enquanto deixava que os raios de sol penetrassem em sua pele e o vento brincasse com seus fios de cabelo. Aquela sensação era boa, acalmava e a fazia esquecer-se dos problemas.

– Me disseram que você ignorou o café da manhã. - a voz da Sra. Miller surgiu.

– Estou sem fome. - a loira respondeu.

– Essa é a mesma coisa que você me falava quando fazia suas dietas malucas. - o lado maternal foi mais forte.

– Eu tinha 14 anos e queria parecer uma boneca. - sorriu se lembrando - Pobre ilusão.

– Como se já não parecesse uma... - a mãe a elogiou - Espero que não esteja fazendo isso novamente, mocinha.

A loira não pôde deixar de rir, a Sra. Miller não era tão agradável de se conversar, geralmente elas duas viviam discutindo sobre os assuntos mais banais.

– Elizabeth, sou sua mãe, pode contar comigo. - a mulher colocou a mão no ombro da outra.

– Já disse que meu nome não é esse. - a loira se afastou - Com licença.

– Emma? - a senhora a surpreendeu - Para se ter uma nova vida, tem que se desfazer da velha.

– Obrigada. - a loira foi gentil - Mas não estou pensando em me desfazer.

...

O Dr. Hopper começava a atender seus pacientes a partir das nove da manhã, mas naquele dia ele havia aberto uma exceção para a Sra.Miller, que não estava acompanhada da filha.

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– Bom dia. - o homem lhe estendeu a mão, mas ela apenas o ignorou sentando-se na cadeira.

– O que o senhor disse a Elizabeth? - a mulher foi direta - Ela está pensando em desistir do tratamento!

– Com todo o respeito, Sra. Miller, - ajeitou seus óculos desgastados - mas a escolha tem que partir de sua filha.

A mulher revirou os olhos, mas continuou a sorrir enquanto retirava um cheque milionário da bolsa. Pessoas da alta sociedade sempre conseguiam o que queriam. SEMPRE. Principalmente quando há um médico sonhador que precisava de dinheiro.

– Apenas gostaria de deixar claro que quem faz as regras sou eu. - ela disse mostrando o valor do cheque - Agora, onde estávamos?

– U-Uma vez iniciado o tratamento, as memórias jamais voltarão. - ele começou a explicar - Se for interrompido, trará problemas.

– Bom garoto! - a senhora levantou-se e lhe entregou o papel - Foi bom negociar com o senhor.

FLASHBACK OFF

...

Assim que chegou à portaria do hotel - atraindo a atenção de todos por suas roupas encharcadas -, Elizabeth não esperou o elevador, preferindo subir correndo as escadas até seu quarto, não dando importância aos “numerais” que estavam no corredor. Entrou em sua enorme suíte e se jogou na cama, pretendendo ficar por lá pelo resto da eternidade.

A confusão de sentimentos estava lhe deixando louca. Primeiro Killian a beijava e dizia o nome de outra mulher, depois garantia que conhecia sua família - Sra. Miller e Gold - numa atitude suspeita. Estaria ele mentindo ou ela sendo precipitada?

Deixou que o choro, preso há tanto tempo, se libertasse. Mas aquilo não a aliviou nenhum pouco. Só conseguia pensar no paisagista que havia virado sua vida de cabeça pra baixo.

Enquanto isso - há alguns quilômetros do Hotel Marseille -, raiva, indignação e amor eram sentidos por Killian Jones. Ele já não conseguia assimilar o porquê de Emma não ter se lembrado de quem ela era. Poderia passar todo o restante do dia e toda a noite deitado em seu sofá, tentando pensar numa solução. E de fato pensou.

...

P.O.V EMMA

Aquela foi a primeira vez em que eu reclamei do sol - que entrava pela fresta da janela -, incomodando meu sono. Num ato de desespero, cobri minha cabeça com o cobertor, mas logo fui desperta pelo canto dos pássaros - talvez Paris não fosse tão perfeita como eu pensava.

– Está bem, está bem... - falei com preguiça enquanto me arrastava para fora da cama ainda de olhos fechados.

Foi então que batidas irritantes ecoaram por toda a suíte, fazendo que eu tropeçasse em meus próprios pés para atender a porta. Com certeza eu já tinha ideia de quem se tratava: A pessoa com a mente mais “infantil” - depois de mim, claro - em acordar os outros pela manhã...

– Robin - eu disse num tom ameaçador.

– Já são oito horas e os numerais evaporaram. - ele sorriu - Eu não estaria te incomodando se tivesse atendido as ligações do seu noivo ontem à noite!

Aquela palavra com “N” me deixava insegura sobre o futuro. Quer dizer, o mundo todo já sabia que eu e Neal estávamos noivos, e aquilo não era surpresa pra ninguém - já que crescemos juntos e tal -, mas como eu contaria para todos que não haveria mais casamento? E tudo por causa de um homem, que eu já não acreditava mais.

– Elizabeth? - Robin perguntou, e eu percebi que ele escondia algo atrás das costas - Eu não tenho uma notícia muito boa.

– O que tem aí? - perguntei impaciente.

Ele me entregou uma revista parisiense de fofocas sobre os famosos. Havia uma reportagem inteira sobre mim e um suposto amante. Só podia ser piada!

Folheei algumas páginas e me deparei com Killian em todas as fotos. Na pizzaria, na fachada do hotel, no jardim, na chuva... Tive a certeza de que ele estava envolvido nisso. Por que mais se aproximaria de mim?

“[…]

Eu sei que tenho um coração inconstante e amargurado

E um olho errante, e um peso em minha cabeça.

Mas você não se lembra?

Você não se lembra?

A razão pela qual me amou antes?

Querido, por favor, lembre-se de mim mais uma vez.

Quando foi a última vez que você pensou em mim?

Ou você me apagou completamente da sua memória?

[…]

E espero que você encontre a peça perdida

Para trazer você de volta para mim”.

Don't You Remember - Adele