A Hard Love 2

Fear After Fear


Suspirei, passei minhas mãos em meu rosto e respirei fundo, abri meus olhos lentamente e olhei pela grande janela de vidro, percebendo já estar escuro, mesmo sendo seis da noite. A garçonete, que não parava de olhar para a revista, desviou seus olhos finalmente para mim e bufou, parecendo impaciente.

– Olhe, eu não sei qual é o seu problema e muito menos quero saber, mas você está espantando meus clientes, sem falar que não pediu nada até agora. - ela colocou a revista em cima do balcão, enquanto um homem entrava. - Se não vai pedir, é melhor sair.

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Me arrastei para fora da cadeira, peguei minha mochila e a abracei, caminhei lentamente até a porta da cafeteria e saí. No mesmo instante, um carro parou em frente à cafeteria, me encolhi mais e imagens de Elliot me pressionando na parede surgiram em minha mente.

– Rachel!

A luz externa da cafeteria iluminou o rosto de Santana, me encolhi mais e dei um passo para trás, ao perceber que ela iria me abraçar.

– O que você está fazendo aqui? - resmunguei.

– Shelby ligou para Quinn e disse que você não estava bem, ela me buscou no restaurante e viemos para cá. Entre no carro e iremos para...

– Não...

– Está tudo bem agora, Rachel. - Santana tentou sorrir. - Vamos para casa, e eu cuidarei de você.

– Eu quero minha mãe. - choraminguei, me encolhendo mais. - Eu quero ir para a minha casa.

– Nós vamos para casa, querida. Eu prometo que cuidarei de você.

– Você prometeu isso antes, mas não esteve aqui. - senti as lágrimas já descerem. - Eu estive sozinha todo o tempo.

– Rachel... - ela tentou segurar minhas mãos, mas eu me afastei mais. - Eu ia lhe buscar, juro que ia, mas ouve um imprevisto no trabalho, Michael precisou de mim, mas eu liguei para uma das meninas, pedindo para lhe buscar. - ela ficou pensativa, revirando os olhos em seguida. - É claro que Brittany esqueceria de dar o recado à Quinn! No telefonema, ela parecia distraída. Eu devia ter feito ela repetir o recado. Mas, agora está tudo bem. Eu não sei o que lhe assustou, mas está tudo bem e nós podemos ir para casa agora. Entre no carro, querida.

Molhei meus lábios, suspirei pesado e entrei no carro, sentando no banco de trás, joguei minha mochila para o lado e me encolhi novamente, abraçando minhas pernas. Percebi que Quinn e Andrea também estavam no carro, Quinn no volante e Andrea ao seu lado, ambas me olharam pelo espelho retrovisor. Santana entrou no carro e sentou ao meu lado, me afastei ao máximo dela e olhei pela janela. O silêncio do carro causava zumbidos em meus ouvidos, nenhuma das três garotas ali pareciam querer começar uma conversa. Passei a murmurar uma música qualquer, passei minha unha em meu braço e fechei meus olhos. Minhas unhas arranhavam meu braço, justo o lugar em que Elliot apertou, meu braço e meus dedos começaram a arder, minha cabeça começou a doer.

– Rachel. - Andrea sussurrou, me assustando. - Pare com isso, está me assustando.

Abri meus olhos novamente e olhei para o espelho retrovisor, Andrea me encarava com a testa franzida. Estranhamente, Santana estava quieta, virei meu rosto para ela, a mesma me encarava atenta, parecendo esperar por algo.

– 1... 2... 3... 4... - sussurrei, desviando meu olhar para o chão do carro. - 5... 6... 7... 8... - passei a cravar minhas unhas em minha pele, sentindo meu corpo tremer. - 9... 10... 11... 12... 13... 14... 15... - fechei meus olhos com força, tentando ao máximo me controlar, mas a necessidade de gritar era maior. - 22... 45... 56... 77... 83...

– Rachel... - Santana sussurrou, preocupada. - Olhe para mim.

– 108... 140... 4.840...

Estiquei minhas pernas rapidamente e chutei o banco da frente, assustando as três, gritei o máximo que pude e me encolhi novamente, gemendo alto. Minha mente estava vazia, apenas imagens daquela tarde surgiam em minha mente, meu corpo agia por impulso.

– Querida, olhe para mim. - Santana disse, parecendo não saber se me tocava ou não. - Eu estou aqui.

– Não!

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Rapidamente, abri a porta do carro com o mesmo em movimento, Quinn e Andrea gritaram de susto, me fazendo gritar junto.

– Rachel! - Santana gritou, se apressando para fechar a porta, para em seguida trancá-la. - Hey! Controle-se! Você pode fazer isso sozinha!

Gritei novamente, a assustando, me encolhi novamente e comecei a chorar, soluçando junto. Santana tentava se aproximar, mas eu a empurrava com força. Depois de minutos, percebi o carro parar, Andrea foi a primeira a sair, Quinn olhou para mim pelo espelho retrovisor e saiu em seguida, Santana permaneceu ao meu lado, esperando por algo. Me virei de frente para ela, mordi meu lábio inferior e respirei fundo.

– Ele disse que você não gosta realmente de mim, por me deixar sozinha. - sussurrei, abaixando minha cabeça.

– Quem disse isso, Rachel?

– Ele disse que se fosse meu namorado, não me deixaria sozinha. - continuei, ainda de cabeça baixa. - Ele disse ser o homem certo para provar a mim o que era ser um namorado. - as dores entre minhas pernas voltaram, assim fechei meus olhos. - Eu precisava saber o que era sexo de verdade, sem dedos femininos.

– Rachel, você está me assustando. - ela murmurou, mais preocupada. - Por favor, me diga o que aconteceu. Quem fez o que você ?

– Ele me machucou, Santana... - choraminguei, voltando a abrir meus olhos. - Ele garantiu ser o melhor nisso, mas me machucou. Você não me machucou, mas ele sim. Ele rasgou minha calcinha, Santana.

– Rachel. - finalmente encarei seus olhos, começando a me sentir mais segura, Santana já chorava comigo. - Quem fez isso?

– Eu precisei de você... Eu estava com medo, ainda estou.

Santana abaixou sua cabeça, arrependida, fechou suas mãos com um pouco de força e suspirou.

– Quem fez isso, Rachel? - sua voz estava rouca, por um momento me assustou. - Quem foi o idiota que tocou em você, sem a sua permissão?

– Elliot. - respondi finalmente, Santana rosnou alto. - E-ele me seguiu e...

Ela se virou rapidamente e abriu a porta do carro, eu fechei meus olhos com força e voltei a chorar, sabendo que ela sairia dali. Sem pensar duas vezes, saí do carro e corri até Santana, estávamos no estacionamento do prédio, ela já saía do mesmo.

– Eu vou matar aquele idiota, molestador! - ela gritou, saindo pelo portão. - Quem ele pensa que é, para tocar em minha namorada?

– Santana... - murmurei, correndo atrás dela. - S-Santana...

– Aquele idiota queimará no fogo no inferno! - ela continuou gritando, algumas pessoas olhavam para ela. - Hijo de una...

– Santana! - gritei, parando rapidamente, ela fez o mesmo. - Por favor, volte! Eu estou com medo... - me ajoelhei no chão, logo ela correu até mim. - Estou com medo de ficar sozinha...

– Não precisa ter medo, querida. - Santana me abraçou rapidamente, me aninhando em seu corpo. - Eu estou aqui, e nunca mais lhe deixarei sozinha.

Cada parte que Santana me tocava, sentia arder e uma necessidade em empurrá-la, mas eu a queria por perto, então agarrei sua camiseta com força e a puxei para mais perto.

– Não me deixe sozinha. Eu preciso de você...

– Vamos para casa, está bem? - ela beijou minha cabeça. - Você precisa de um banho e de uma boa noite de sono.

– Você promete ficar comigo essa noite?

– Eu prometo ficar com você essa e todas as outras noites de nossas vidas.

– Eu estou brava e muito triste, mas eu te amo, e não quero que você me deixe.

– Me desculpe, eu não a deixarei, nunca! Eu te amo muito, querida.