Corvo Negro.

Capítulo 1 - Último


*

Em homenagem a Ana Oliveira, um pequeno anjo que nos dias de trevas, me mostrou a luz.

*

*


Um pássaro amarelo pousa em minha janela.
Um pássaro azul pousa no vazo ao lado.
Um pássaro verde pousa na minha escrivaninha.
Um lilás na pia da cozinha.
Mas eu não entendo, estou tão sozinha.
Um pássaro marrom pousa no banheiro.
Um pássaro rosa nas flores que eu cultivava em Janeiro.
Um pássaro branco pousa nas árvores do quintal.
E mesmo assim eu não vejo meu estado terminal.
Eu vejo todos eles.
Porém eles se juntam e voam para longe.
Com um choro desanimado eu me viro para onde?
Talvez para o outro lado da cama.
De onde vem o corvo negro?
“Não me abandona.”
Diz a desesperada.
Mesmo sendo uma mescla irradiante.
O soar daquele corvo negro na minha estante.
Seu canto ao meu ouvido.
Irritante.
Irritante.
Irritante?
Quando param de cantar, no abraço me toma.
Calmamente em sonar.
Dormindo em sua porta.
O aconchego de quem me leva.
O aconchego de quem me levou.
O choro de quem me abandonou.
Pássaro persiste.
Com os olhos cor de sangue.
Gralha inconveniente.
“Saia daqui, me abandone, me esqueça. Para ti virarei poeira!”
Mesmo assim persiste.
Pois na silhueta da morte.
Vejo em tuas penas do ofício.
Meu reflexo embaraçado.
Já morta sem sacrifício.

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