Perseguição

Pov Zach

As luzes das viaturas iluminam todo o pátio da grande delegacia, formando sombras assustadoras nas paredes, vejo meu pai ao longe, ele conversa com o pai de Aidan, eles sorriem e acenam para mim, uma sensação boa percorre meu corpo.

– Tudo bem? – Harry aparece ao meu lado, é a primeira vez que seu pai o deixa o ajudar em um de seus casos, consigo ver o brilho em seus olhos.

– Claro – Digo sorrindo – Só estou repassando algumas coisas que seu pai me disse.

– Com certeza não será nada como previsto – Ele diz – Sempre há alguns contratempos.

– Estou consciente disto – Digo segurando uma arma em minhas mãos – Mas no final tudo valerá a pena.

– Você ama mesmo Aidan – Harry diz me olhando – No começo eu achava estranho, sabe, vocês dois – Ele diz sorrindo – Mas hoje nem ligo. Vocês nasceram um para o outro. Conheço Aidan desde pequeno, espero que cuide bem dele, ele é um garoto incrível.

– Assim farei – Digo sorrindo, paro um tempo e penso em uma pergunta para fazer a Harry, quero passar o tempo ali conversando com alguém – Você acha que ele me ama mesmo?

Ele me olha incrédulo. Fiz a pergunta só para brincar com a cara dele.

– Será que não percebe a forma com ele te olha, a forma que que ele sorri quando te vê – Harry diz me olhando nos olhos – Eu queria que alguém me amasse tanto quanto Aidan te ama – Ele diz sorrindo – Mas é impossível, ele deu a vida por você, ele... Não tenho palavras para descrever o amor de vocês, talvez seja o casal mais engraçado que já vi, gosto de você e de Aidan, não há como não se apaixonar por vocês. Com certeza, onde quer que ele esteja, ele estará pensando em você.

– Obrigado – Digo sorrindo e ele começa a se afastar, mas antes para e se vira de novo – Promete que cuidará dele?

– Eu prometo – Digo.

– Agora, mais do que nunca... – Ele diz me encarando – Ele precisa de você.

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Pov Aidan

Acordo com alguns gritos vindo do galpão, a minha frente David sorri, aquele sorriso doentio que assustaria a pessoa mais corajosa do mundo, aquilo não me afeta nem um pouco, ele joga alguma coisa em mim e o líquido entra nos meus ferimentos me fazendo gritar, o cheiro de álcool toma o local. O menino acende um pequeno fósforo e ameaçar jogar em meu corpo, ele sopra o e o fogo apaga, vários bufam indignados, todos ali me querem mortos, nem todos, encontro o olhar da mulher no meio do grupo, ela sorri disfarçadamente para mim, leio seus lábios, ela me dá algumas instruções “Seis e meia, janela do banheiro” e ela diz outra coisa depois “Fique calmo”.

– O que está achando de seus últimos minutos de vida? – O menino pergunta passando as mãos em meus cabelos, acerto um murro em seu nariz que começa a sangrar, depois de meu golpe minha força se esvai de meu corpo, pouco a pouco, é como se tudo, minhas lembranças, meus sentimentos, estivessem sendo retirados de mim.

– Agora, eu estou amando – Digo, sorrindo entredentes.

– Você é um ser desprezível – O garoto diz acertando um chute em meu rosto, caio e sinto o gosto de sangue em minha boca – Aproveite cada segundo – Ele diz levantando meu rosto com suas mãos, fico ao ver que seu nariz ainda está sangrando – Você tem pouco tempo.

Um tempo se passa e todos saem, menos a mulher, ela vem até mim e olha no relógio.

– Consegue andar? – Ela pergunta preocupada, ela pega um garrafa com água e uns biscoitos.

– Um pouco devagar... – Digo me encostando na parede gelada, o líquido gelado desce por minha garganta e sinto um alívio – Obrigado – Digo entregando a garrafa e mordendo algumas bolachas de chocolate – Estou sem comer a duas semanas, se não fosse por você.

A mulher vai até o grande portão de Metal e o fecha.

– Agora eu sou a responsável por você – Ela diz se sentando ao meu lado – Os cabelos loiros eram lisos, os olhos azuis me encaravam, parecia ter a minha idade.

– Tem quantos anos? – Pergunto curioso.

– Vinte nove – Ela diz sorrindo.

– Você tem cara de dezoito – Digo sorrindo.

– Como consegue? – A mulher me olha.

– Consigo o que? – Pergunto sorrindo.

– Suportar tudo isto – Ela diz olhando para frente – Fico espantada como é forte.

– Não posso desistir – Digo tirando o cabelo dos olhos, nas últimas semanas ele cresceu muito, acho que a primeira coisa que farei quando sair daqui é cortar isto – Tem pessoas lá fora que precisam de mim.

– Que lindo – A mulher diz me abraçando.

– Tenho que ser forte por elas – Digo sorrindo e abaixo a cabeça – Tenho que ser forte por Zach.

– Zach? – A mulher me olha sem entender nada – Quem é Zach?

– Meu namorado – Digo olhando para a menina que sorri.

– Menino sortudo – Ela diz meio triste, olho para sua barriga e vejo que está um pouco grande, a pouco tempo não fazia ideia de que ela estava grávida.

– Está grávida? – Pergunto e ela assente com a cabeça.

– Sim – Ela responde tímida – É um menino.

– Que ótimo – Digo sorrindo – Como vai o pai dele?

– Ele me deixou assim que descobri que estava grávida – Ela diz triste e coloco a mão sobre seu ombro – Ele me disse que não queria uma criança para atrapalhar a vida dele.

– Meu sonho é ter muito filhos – Digo sorrindo – Eu quero adotar uns cinco – Digo e ela me olha sorrindo.

– Tenho que ir – Ela se levanta sorrindo – Ás seis apareça na janela do banheiro, até lá eu conseguirei arrebentar aquela grade.

– Obrigado mais uma vez – Digo me esforçando para abraçá-la, minhas pernas doem.

E então ela sorri e a vejo sair pela grande porta.

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Pov Zach

Estamos na faixa de uns cinco quilômetros do galpão, nos dividimos em dois grupos, cada um foi por uma estrada, não podemos eixa-los escapar. Um barulho no lado de fora me assusta, outro barulho idêntico e depois vários iguais. Tiros.

Jeremy para o carro e ficamos ali, vejo alguns meninos e meninas vindo em nossa direção, Heloise segura minhas mãos, abro a porta e a empurro para fora, faço o mesmo com Harry.

– Por ali – Grito ao avistar um grande canavial – Vem comigo Heloise.

Seguro a arma e posso sentir o metal frio contra minhas mãos, Heloise começa a correr e uma garota aparece bem a nossa frente.

– Merda – Grito e atiro na perna da menina, a menina grita e cai no chão, xingando vários nomes estranhos – Corre!! – Grito com Heloise, escuto os passos apressados de Harry atrás de mim. Avisto um galpão dali, demoraremos um pouco até lá.

Olho para Heloise e Harry, eles param um pouco para tomar ar, faço o mesmo.

– Temos que ir – Digo apontando para o galpão.

– Será que atacaram os outros? – Harry pergunta.

– Claro que não – Digo escutando alguns passos em nossa direção, de repente estamos cercados.

– Ah que bom – Jeremy diz abraçando o filho, queria meu pai aqui agora, mas infelizmente ele foi com o outro grupo.

– Eu encontrei – Digo olhando para todos os policias, alguns estão com a roupa cheia de sangue – É bem ali.

– Tudo bem – Jeremy diz – Acabamos com alguns deles, não será difícil acabar com a outra parte.

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Pov Aidan

– Segura minhas mãos – A mulher diz e me esforço para passar na pequena janela.

Algumas luzes iluminam o grande galpão, não vejo ninguém ali, mas não por muito tempo.

– Merda – A mulher me puxa para uma sombra e tampa minha boca.

O Homem vem andando até nossa direção e grita David, a mulher saca a arma e atira na cabeça do homem, ele cai ao chão como uma pedra. Os olhos já sem vida me encaram, de repente vários guardas aparecem ali.

– Corre – A mulher diz e escuto um barulho, o tiro acerta a parede ao meu lado.

– Não consigo – Digo e escuto alguém gritando a mulher.

– Parada aí Chloe – O homem grita, mas a mulher continua a me empurrar para o canavial a poucos metros dali.

O homem atira e uma coisa passa e uma dor atinge o lado esquerdo do meu corpo, me descontrolo e cai no chão, machucando minhas mãos, Chloe coloca as mãos em volta de minha cintura e grito.

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Pov Heloise

– Aidan – Zach grita o nome do menino ao ouvir o grito.

– Zach – Grito e corro atrás dele – Por favor, espera, é perigoso.

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Pov Aidan

Se mexerem algum músculo mato vocês.

– Some daqui – Grito para Chloe que me olha – Você está grávida.

Ela consegue me levantar e entramos no canavial, escuto passos rápidos e precisos por todos os lados, Chloe aperta minhas mãos e cai ajoelhada ao meu lado. Vejo a marca do tiro em suas costas.

– Sai daqui – Ela diz sorrindo pela última vez, o sangue escorrendo de sua boca – Espero que seja feliz com Zach, estou torcendo por vocês – A mulher diz desabando sobre a terra. Fecho os olhos dela devagar e as lágrimas caem dos meus olhos, beijo a testa dela e passo a mão em sua barriga.

– Eles conseguirão te salvar – Digo chorando.

Olho para os lados e escuto os passos cada vez mais pertos de mim, meu coração acelera.

– Ele está ali – David grita e aponta para mim, me esforço para sair correndo.

Á minha frente vejo alguns policiais e saio dali segundos antes de tiros serem disparados por todos os lados, pelo canto do olho vejo o corpo de David desabando. Corro mais, como se minha vida precisasse disso, se passam uns dez minutos e cai sem forças.

– Aidan – Escuto a voz de Zach.

– Estou aqui – Grito tentando me mover, mais a dor em meu corpo é insuportável.

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POV Zach

A voz de Aidan está perto, abro espaço entre algumas folhas e então o vejo. Quando o vi, minha vontade era de chorar, ele está com alguns cortes no rosto, as roupas estavam ensanguentadas, ele gritava de dor. Mas a primeira coisa que fiz foi sorrir, ele estava a minha frente, ele estava ali e eu não podia expressar o tanto que estava feliz.

– Aidan – Corro até ele e o abraço devagar, ele solta um gemido de dor e aponta para o lado esquerdo do corpo, levanto a blusa dele e vejo seu corpo todo, marcas de todos os tipos.

– Eu sabia que você me encontraria – Ele diz me olhando e percebo o tanto que emagreceu nesses dias, mas seu sorriso continuava cativante, me lembro do que David disse “Será que não percebe a forma com ele te olha, a forma que que ele sorri quando te vê” – Ficaremos com a cicatriz no mesmo lugar.

– Verdade – Digo sorrindo e passando as mãos pelo seu rosto, o beijo devagar e ele sorri - Não se preocupe. As melhores pessoas sempre carregam alguma cicatriz.

– Você leu os livros que te dei? – Ele pergunta me olhando.

– Sim – Digo sorrindo e me alegro com o sorriso que forma em seu rosto – Era uma forma de te ter comigo.

– Suportei isso tudo por vocês – Ele diz mexendo nos meus cabelos e passando as mãos no meu rosto – Começo a sorrir, como eu sentia falta de seus toques em minha pele, de seus beijos, como eu sentia falta daquele sorriso. Mas tudo voltou para mim, eu o tenho de volta – Sabe onde está meus pais?

– Eles estão chegando – Digo dando um beijo em sua testa – Você tem que descansar – Digo pressionando um pano contra o ferimento de Aidan, por sorte a bala passou de raspão – Estou aqui com você, pode dormir – Digo e ele encosta a cabeça no meu colo.

– Pode mexer nos meus cabelos? – Ele pergunta e nem respondo, passo as mãos devagar pelo rosto e cabelo de Aidan, ele sorri – Eu te amo – Ele diz fechando os olhos.

– Eu também te amo – Digo e em poucos minutos ele já está dormindo.