A mocinha e o vilão

Capítulo 03- Meu colega de trabalho


narração de: Agnes

Eu estava realmente numa sala de leitura com o meu maior inimigo, Eric. Ele parecia ter se transformado em outra pessoa, alguém novo e culto. Me julgue, eu devia ter ódio dele, mas quando ele mostrou seu interesse pela leitura, era como se minha raiva por ele tivesse decido pelo ralo. Eric me mostrou o seu conhecimento por diversos livros, sagas e trilogias.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Mas tinha algo que eu não engolia, o fato de ele trabalhar aqui. Lógico que eu insistia à Wesley contratar um funcionário, já que era só eu para o sebo inteiro. Colocar os livros em ordem alfabética, escrever o nome de todos os livros novos que chegam, organizar HQ's e várias outras atividades exaustivas. Mas eu nunca, jamais, imaginei que meu colega de trabalho fosse Eric, meu inimigo declarado. Eu podia esquecer o que ele me fez por alguns segundos, mas logo eu lembrarei de tudo e não vou deixar barato.

Escutei o sino da porta bater. Espiei para ver quem era, e vi um grupo de adolescentes revoltados e uma garota quase nua. Levantei da cadeira para atendê-los, mas Eric me impediu.

—Eles não podem me ver aqui. Deixe-os irem embora.— pediu

—O quê? Não! São clientes! Meu irmão precisa do dinheiro do sebo.

Me soltei dele e continuei a andar. Estava quase chegando neles, quando Eric me puxou para trás dos armários de livros infantis. Ele tapou minha boca e espiou entre os livros. A mão dele fedia à álcool. Pisei no pé dele e corri para o grupo de jovens. O garoto de moicano de olhou de cima a baixo e assentiu com a cabeça, rindo. Queria muita saber o que se passava na mente dos garotos. Ele me rodou e tirou a piranha que prendia meu cabelo.

—Você fica mais sexy assim.

—Em que posso ajudá-los.— ignorei seu comentário e amarrei meu cabelo

—Estamos procurando Eric. Nós vimos ele entrar aqui, você o viu?

Não sabia o que fazer, se o entregava o ou não. Uma grande sombra atrás de mim surgiu. Me virei e era Eric. Ele agarrou meu braço com força e me colocou por trás dele. Não entendi essa ação, parecia que ele queria me proteger desses garotos. O garoto de moicano riu.

—Qual é Eric...? Não vai nos apresentar sua amiga?

—Ela não é minha amiga,Carl— disse Eric— O que vocês querem?

—Queremos saber o que você veio fazer num sebo!— riu Carl

—Pagar contas que devo ao gerente desse local.— mentiu— E quem é essa garota? Nova namorada?

Carl pegou a garota pela cintura e colou com ele. Aquele garoto me enojava.

O celular de Eric tocou em seu bolso. Ele atendeu e fez um rosto aflito e preocupado. Eric caminhou em passos largos até a saída. Quis falar alguma coisa, ou segui-lo, já que não queria ficar sozinha com esses garotos.

—Eric.— chamei, mas ele continuou andando, como se não me escutasse— Eric!

Ele me ignorava. Tentei acompanhar seus passos, mas eram bem rápidos. O cutuquei no ombro e ele gritou tão alto, tão forte e tão bruto que meu coração parou por um segundo:

—O que é?!

—Eu só quero saber se você já começa amanhã.

Eric jogou as mãos para trás e continuou andando. Meu Deus! O que foi que deu nele?! Agarrei seu braço, mas ele me jogou para longe com força. E como tinha força. Bati minhas costas na estante de livros de ficção e todos os livros caíram em cima de mim. Eric nem olhou para trás, e continuou andando, até começar a correr pela rua. O grupo de garotos e a menina começaram a rir de mim.

Nunca me senti tão humilhada. Mordi meu lábio e tentei segurar um possível pranto. Carl caminhou até mim e segurou meu rosto com força. Ele riu e saiu do sebo com os amigos.

Quando escureceu, Wesley entrou no sebo e viu toda a bagunça dos livros.

—Agnes! O que foi que aconteceu aqui?!

Eu estava escondida debaixo da bancada. Minhas lágrimas já tinham acabado, mas meu rosto ainda estava vermelho. Me encolhi quando ouvi sua voz irritada. Tudo que eu menos precisava no mundo inteiro agora eram gritos de raiva, mau-humor e... Eric. Era tudo que eu menos precisava! Que idiota eu sou! Pensei que ele era um humano, que podia mudar com o tempo, e eu estava disposta a ajudá-lo, mas pelo o que acabou de me ocorrer, Eric era um monstro bêbado.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Wesley me achou e ficou surpreso em me ver chorando. Ele me deu a mão e eu segurei. Wesley sabia que eu não chorava por qual quer coisa, tinha que ser muito grave para mim, que tivesse no mínimo me magoado muito, me decepcionado muito, então ele apenas me abraçou, sabendo que eu não queria falar nada agora. Wesley era o melhor meio-irmão do mundo.

Ele limpou minhas lágrimas e disse:

—Depois você me diz, certo?

Assenti com a cabeça e dei a minha última fungada. Peguei a prancheta e tirei o nome de Eric para trabalhar aqui. Nunca, jamais, em tempo algum eu vou querer um maluco, exaltado e bêbado trabalhando comigo.

Jorge foi colocando a comida na mesa e me perguntou:

—Então Agnes? Como foi o primeiro dia de aula?

—Legal eu acho...

—Está com um baixo astral. Quer alguma coisa? Eu comprei sorvete.

—Não,é que... eu conheci um garoto e eu pensei em tentar mudá-lo. Para o bem claro. Mas ele... me decepcionou.— falei— Ah... sabe aquele sorvete que você me ofereceu? Vou querê-lo agora...

—Não fale mais com ele Agnes. Não é um pedido.— disse Jorge, sério

—Não precisa pedir duas vezes.

Peguei o pote na geladeira e subi as escadas, deixando minha janta quase intacta no prato. Eu sei que era bobagem ficar triste com alguém que você mal conhece, mas eu não podia evitar.

Decidi tomar um banho, para esfriar a cabeça. Tirei minha blusa e tentei ver minhas costas. Tinha uma pequena roncha no meio da minha coluna. Quer saber? Chega de arrastar caixão! Se aquele nojento vier falar comigo, eu tenho uma arma, e não é o soco que eu guardo faz tempo. É o gelo...