60 Minutos de Paixão

Novas Provas de Inocência


CAPÍTULO XIII - NOVAS PROVAS DE INOCÊNCIA

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Meu coração batia acelerado e minhas mãos passam a suar. Dan me encarava com desespero em seus olhos, enquanto Jenny parecia completamente alheia ao que ocorria conosco. Minha mãe sorri levemente e bebe um pouco de vinho, provavelmente se divertindo por ter descoberto a nossa mentira.

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— O que você entendeu, mãe? – Pergunto, apenas porque não aguentava mais aquele silêncio constrangedor que havia se instalado entre nós.

— Você e Fernanda são muito amigos mesmo. – Comenta minha mãe, como se fosse algo banal. Mas eu vi que ela estava apenas entrando na nossa mentira. Felicity Smoak sempre foi esperta demais e atenta aos detalhes. Minha mãe provavelmente já desconfiava de nossa mentira desde que dissemos que Daniel namorava. – O que eu não entendi foi essa história de ser pai da filha dela. Não sabia que Fernanda era mãe.

— Ela não é, tia Felicity. Max e Fernanda encontraram uma gatinha de rua e acabaram a adotando. Como eu sou alérgico a gatos, infelizmente ela não pode ser minha filha. Então eles têm essa brincadeira de dizer que são pais dela e a tratam como se fosse uma criança de verdade. – Explica Dan, preocupado que fossemos mal interpretados.

— Ela é uma princesa. – Afirma Jenny, sorrindo enquanto pega o celular. Ela abre na foto de Kiara e mostra para meus pais. – Essa é a Kiara e assim como a princesa do Rei Leão 2, ela é curiosa e vive se metendo em problemas.

— Ela realmente é muito fofa. Espero poder conhecer minha neta em breve. Vocês realmente têm bom gosto para nomes. – Brinca minha mãe, olhando a foto da gatinha.

— Max e Dan adoravam assistir Rei Leão quando crianças. Eu perdi as contas de quantas vezes eles me obrigaram a sentar com eles para assistir os filmes do Simba. – Conta meu pai, relembrando de nossa infância.

— Eu também amava os filmes do Rei Leão quando criança. Era tão divertido cantar as músicas com eles. – Relembra Jenny, sorrindo nostálgica.

Observo minha mãe, esperando que ela dissesse algo, mas a mulher apenas me encara de volta com tranquilidade, como se nada tivesse acontecido. Meu pai, Jenny e Dan continuam a conversar sobre nossos costumes infantis com participações de minha mãe em alguns momentos. Eu nem mesmo prestava atenção ao que dizia e apenas comia minha carbonara em silêncio.

Assim que terminamos de comer, meus pais pedem a sobremesa ao garçom. Isso significava que era hora de cantar parabéns e trocar os presentes. Nesse momento, todos pareciam mais relaxado. Minha mãe não havia dito mais nada sobre meu relacionamento com Jenny e nem mesmo questionado sobre a identidade da garota. Ela parecia ter ignorado tudo e apenas desejava comemorar o aniversário do sobrinho.

O garçom então aparece com o bolo de aniversário com as velas acessas. Nós passamos a cantar parabéns e logo todos do restaurante nos acompanhavam. Os olhos de meu primo brilhavam em animação, enquanto batia palmas no ritmo da canção. Quando a música chega ao fim, Dan fecha os olhos para fazer um pedido e assopra as velas. Todos batem palma, comemorando.

Minha mãe é a primeira a se levantar para abraçar o aniversariante e entregar seu presente. Ela sussurra suas felicitações e orgulho pelo garoto em seu ouvido. Dan sorri largamente e aperta ainda mais o abraço que recebe da tia que tem como uma mãe. Meu pai vai em seguida, que também o abraça e deseja os parabéns. Jenny abraça o garoto mais uma vez e deixa um beijo em sua bochecha, afirmando ser muito grata por ter o conhecido. E por fim, eu me aproximo de meu primo que sorri animado.

— Parabéns, primo. Eu realmente espero que você realize seus sonhos e seja sempre muito feliz. Você é o meu melhor amigo e a pessoa em quem eu mais confio. Muito obrigado por estar comigo desde que nasceu e espero que seja assim até a nossa morte. – Afirmo, abraçando o rapaz, que ri e balança a cabeça, concordando. – Eu te amo.

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— Eu também te amo, Max. – Responde, assim que nos separamos. – E obrigado por ser o meu melhor amigo.

— Agora vamos para a troca de presentes. – Pede minha mãe, animada. Ela adorava ver a reação de Dan com os presentes que ele recebia.

— Eu me sinto mal por não ter trago nada. – Fala Jenny, sorrindo envergonhada.

— Não se preocupe com isso. A sua presença aqui já é um grande presente para mim. – Garante Dan, sorrindo gentil.

— Obrigada, Dan. – Agradece a garota, sorrindo com as bochechas levemente coradas. Rio de sua reação. Ela realmente consegue ficar vermelha por qualquer coisa.

— Meu menino é realmente um príncipe. – Comenta minha mãe, apertando a bochecha de Dan, que ri sem graça. Ela então se vira para mim. – Você deveria aprender a ser mais gentil com as pessoas como seu primo!

— E o que foi que eu fiz agora? Estou quieto aqui. – Reclamo, erguendo as mãos em sinal de redenção.

— Você já deveria estar acostumado, filho. Não importa o que a gente faça, nós sempre estaremos errados. – Lamenta meu pai, que recebe um tapa no ombro de minha mãe como resposta. Ele se encolhe de dor e massageia o local. – Está vendo?

— É melhor eu abrir os presentes, antes que minha tia deixe os dois roxos. – Comenta Dan com Jenny, que ri concordando.

O primeiro presente que Dan abre é o da minha mãe. A caixa pequena tinha uma embalagem vermelha e laço branco. Ele abre a caixa e quando finalmente ver o que tem dentro, parece ficar confuso. Meu primo então tira um envelope branco da caixa e encara minha mãe, que sorria com expectativa.

— Abra. – Pede a mulher, sorrindo largamente. Incerto, Dan faz o que minha mãe pede e retira uma espécie de bilhete de dentro do envelope. Meu primo lê o bilhete e vejo seus olhos quase dobrarem de tamanho. – Depois de muito insistir, eu consegui que você faça um estágio nas férias de fim de ano da escola na Havas Life de Paris.

— Isso é sério? – Pergunta Dan, ainda sem acreditar no que estava acontecendo.

— Não foi fácil conseguir, mas sim, é verdade. – Afirma minha mãe, sorrindo. – Eu gostaria de ter conseguido esse estágio para você no meio do ano, mas por ser um estágio muito concorrido, as vagas já tinham sido todas preenchidas.

— Eu... eu nem sei o que dizer. Tia, isso... eu... – Dan parecia atordoado demais para formular uma frase. Ele então sorri e a encara com tanta gratidão, que minha mãe sorri e acaricia o rosto dele. – Obrigado, tia Felicity. Eu nem sei como agradecer. Esse é... eu...

— Essa empresa é o seu sonho. Eu sei, meu amor. E é por isso que quero que você dê o seu máximo para se sair bem e conseguir ser reconhecido pelo talento que você tem. Você é um garoto incrível, Dan. Eu sei que vai conquistar o mundo. Esse é o seu último ano na escola. Você tem uma vida inteira pela frente, mas é a partir de agora que você vai definir o seu destino. Eu apenas te dei uma mãozinha, mas a única pessoa que pode realizar o seu sonho é você mesmo. – Aconselha minha mãe e Dan concorda, suspirando embasbacado. – E como vocês podem ver, esse ano, eu dei o melhor presente.

— Isso é injusto! Como é que eu vou competir com um estágio na empresa dos sonhos dele? – Entro na brincadeira, fazendo todos rirem.

— Eu não tenho tanta certeza assim se seu presente é o melhor. – Afirma meu pai com um sorriso prepotente. – Eu também vim muito preparado, afinal, esse é o aniversário de 18 anos do meu sobrinho favorito.

— Eu sou seu único sobrinho, tio Oliver. – Responde Dan, rindo.

— Exatamente. – Concorda meu pai, entregando para Dan uma caixa grande, mas de altura pequena. – Eu acho que você vai gostar.

— O que é isso? – Pergunta meu primo com curiosidade. Daniel abre a caixa e novamente a sua reação desperta risadas em nós. Ele sempre é muito expressivo e é visível em seu rosto o quanto ele ama um presente. Seus olhos brilham tão intensamente que era como se estivéssemos vende estrelas. – Eu tenho certeza de que esse quadro é da Fernanda Romano. Conheço os traços delas e os conceitos que ela gosta de pintar. Mas eu nunca o vi antes e pela assinatura, ela o fez ainda esse ano. Os traços estão idênticos, mas o conceito é novo. Por acaso isso é uma peça personalizada dela?

— Sim. Assim como sua tia teve que mexer os pauzinhos para conseguir seu estágio, eu procurei a sua artista favorita e depois de muito insistir, eu a convenci a pintar um quadro para o seu mais novo e maior fã. E então ela criou um quadro que ela nomeou de família. Nele estão sua tia, seu primo, você e eu abraçados para que sempre se lembre que não importa o que aconteça, nós sempre seremos a sua família e estaremos sempre ao seu lado, Dan. – Explica meu pai, emocionando a meu primo. Mesmo sem saber, aquelas palavras tinham um forte significado para Dan, que acredita que se revelar sua orientação sexual vai acabar sendo odiado pela família.

— Obrigado, tio Oliver. Esse quadro é tão... perfeito. – Vejo as lágrimas se formarem nos olhos de meu primo, enquanto um lindo sorriso estampa seu rosto. Ele realmente havia amado o presente. – Obrigado. Vocês são a melhor família do mundo. Eu realmente amo vocês.

— Nós também te amamos, meu pequeno príncipe. Muito mesmo. – Afirma minha mãe, sorrindo emocionada.

— Vocês realmente estão destruindo minhas chances do meu presente ser inesquecível. – Reclamo, apenas porque queria melhorar o ambiente. Dan ri e limpa as lágrimas, antes de me encarar. – Acho que chegou a minha vez, primo.

— Eu estou ansioso para saber o que você preparou. – Responde, colocando o quadro que ganhou em uma cadeira ao seu lado. Eu pego a caixinha que estava em meu bolso e entrego a Dan, que a pega com um olhar curioso.

— Infelizmente, não é tão incrível quanto a realização de seu sonho e nem tão glorioso quanto uma pintura personalizada de sua artista plástica favorita, mas é um presente significativo. – Conto a meu primo, que abre a caixa e sorri ao ver o que havia dentro. – Essa foto representa perfeitamente a nossa amizade. Você sempre disse que nós somos parentes por obrigação e melhores amigos por opção. No dia em que eu perdi meu cachorro, você me mostrou que eu tenho o melhor amigo do mundo. O mais companheiro, leal, gentil e inteligente. Você sempre é a minha parte racional, Dan, e, por mais que eu odeie admitir, eu sou grato a megera por ter obrigado seus pais a se casarem, porque assim eu ganhei você.

- Por mais que você sempre me dê muitas dores de cabeça, você com certeza é uma das pessoas que eu mais admiro nesse mundo, Max. Mais do que primos, nós somos irmãos. E eu não poderia ter escolhido um melhor amigo do que eu você. – Afirma meu primo, colocando o colar de prata com um pingente da mesma cor com a nossa foto favorita. Eu estou com a boca melada de chocolate e segurava uma casquinha de sorvete, apertando um ursinho de pelúcia contra o meu corpo, enquanto abraçava meu primo com força e sorriamos para a câmera. – Eu sempre vou andar com esse colar no pescoço.

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— O bom é que com esse colar, mesmo com você estando em Paris, nós sempre estaremos juntos. – Respondo, sorrindo. Eu estava sendo um pouco meloso, mas não me importava com isso. Apenas em ver a felicidade do meu primo, eu ficava feliz.

— Você tem razão. – Concorda meu primo, sorrindo. Fazemos nosso toque especial, como se selássemos um acordo de amizade eterna.

— Acho que já está ficando tarde. – Digo, olhando para o relógio em meu pulso. Jenny precisa estar em casa antes das onze horas, como eu havia prometido a seu pai e já eram nove horas da noite. Com minha mãe sabendo que o namoro de Dan e Jenny não é verdadeiro, é melhor não arriscar que a mulher que me conhece melhor do que ninguém tenha chance de questionar a verdade. – Fernanda precisa estar em casa cedo.

— Ótimo. Nós deixamos a Fernanda em casa e depois vamos para a nossa. – Responde minha mãe, dando um sorriso animado.

— Nós? – Pergunto, apenas porque não havia entendido essa parte.

— Isso. Nós. Seu pai e eu bebemos. Dan ainda não tem carteira. Então você é o motorista de hoje. Nós deixamos Fernanda em casa e depois voltamos para a nossa. Assim também podemos conhecer a família dela. – Explica minha mãe com um falso ar de inocência. Eu sabia que ela faria alguma coisa para nos pegar.

— Eu não sei se é uma boa ideia, tia Felicity. – Intervém Dan, sorrindo nervoso. – Nós ainda nem nos apresentamos para os pais da Fernanda. Talvez seja melhor outro dia.

— Querido, essa é uma ótima chance de vocês se apresentarem. Já estão namorando há tanto tempo, não é mesmo, Oliver? – Insiste minha mãe, olhando para meu pai, que parecia confuso com o que acontecia.

— Claro. Eu iria adorar conhecer os pais de Fernanda. Afinal, agora somos uma família. – Concorda meu pai, sorrindo completamente alheio aos planos da esposa.

— Vocês não podem conhecer os pais da Fernanda depois de terem bebido e sem avisar que iriam fazer uma visita. – Argumento como se isso fosse um detalhe muito importante. – Que imagem vocês irão passar para eles?

— E apenas meu pai está em casa hoje. Minha mãe precisou viajar a negócios e só voltará na semana que vem. – Explica Jenny, sorrindo sem graça.

— Vamos deixar essa visita em família para outro dia. – Afirmo, um pouco mais aliviado por ver que a sentença de Jenny deixou meus pais sem escolha além de aceitar. – Eu vou deixar vocês em casa e depois levo a Fernanda para ela. A nossa casa está mais perto mesmo.

— Por que não levamos logo a Fernanda para casa? É melhor do que você fazer duas viagens, filho. – Sugere meu pai, pensativo. – Nós ficamos no carro, enquanto a Fernanda se despede do Dan.

E é então que eu vejo os olhos da minha mãe brilharem em animação. Se Dan e Fernanda estão namorado, então é claro que eles precisam se beijar para se despedir. Caso eu tente interferir, isso seria muito estranho e deixaria claro para meus pais que existe algo de errado no relacionamento dos dois.

Olho para Jenny e Dan a espera de uma ajuda para nos tirar dessa enrascada. Além de ter o problema da despedida, existia um risco indescritível de Austin Moon aparecer e meu pai acabar descobrindo que na verdade, Fernanda Freitas não existe e tudo o que dissemos até agora não passou de mentiras.

— Na verdade, eu quero muito um dos livros de Max emprestado, então eu vou aproveitar que ele vai deixá-los em casa para pegar esse livro. – Explica Jenny, sorrindo nervosa. – Max me contou de um livro recente que ele leu e que havia gostado. Sendo uma apaixonada de carteirinha por livros, eu pedi esse livro emprestado.

— Isso. Eu preciso pegar esse livro para emprestar para a Fernanda. Ela já tem me cobrado ele há dias. – Concordo, sorrindo aliviado pela ideia de Jenny.

— E que livro é esse? – Pergunta minha mãe, desconfiada.

— Os Garotos Corvos. – Respondo, relembrando da última saga que eu havia lido. – Eu até mesmo te falei dele, mãe. Que eu havia gostado muito da narrativa dessa saga.

— Max falou tão bem dessa saga que eu me interessei para ler. – Afirma Jenny, sorrindo animada para minha mãe. No entanto, eu conseguia ver o quão tensa e insegura a garota estava naquele momento.

— Então é melhor nós irmos, não é mesmo? Fernanda não pode chegar tarde em casa. – Apressa Dan, aproveitando que meus pais haviam se convencido que precisávamos deixá-los em casa primeiro antes de levar Jenny para a dela.

Após pagarmos a conta, seguimos para o carro e partimos em direção a residência Queen. Durante o caminho, minha mãe e Jenny começaram a conversar sobre seus livros favoritos e os atuais romances que elas haviam lido. Era incrível como a loira mais nova conseguia conversar sobre qualquer coisa com qualquer pessoa quando perdia a timidez. E de forma bem estranha, ela havia se dado muito bem com a minha mãe.

Assim que chegamos em casa, suspiro aliviado. Em nenhum momento, o namoro de Dan e Jenny foi questionado, então provavelmente minha mãe havia decidido esperar para ver até onde essa história vai dar. Devido seu ódio por minha avó e o amor que sente por Dan, duvido muito que ela revelaria algo para nossa família.

— Nós iremos nos deitar, queridos. – Avisa minha mãe, sorrindo para Jenny. – Fernanda, muito obrigada por esse jantar maravilhoso. Espero que possa nos visitar mais vezes. Você é uma garota muito divertida. É ótimo ter alguém como você para conversar.

— Eu também amei a noite de hoje, Felicity. Será um prazer conversar com você e o sr. Oliver mais vezes. – Afirma Jenny, abraçando minha mãe em despedida.

— Você é sempre muito bem-vinda, Fernanda. – Responde meu pai, sorrindo com sinceridade. – Boa noite a todos. E tome cuidado com o trânsito, Max, está formando um temporal. Cuidado com as pistas. Você sabe como as ruas ficam perigosas com essas fortes chuvas.

— Pode deixar, pai. Eu terei cuidado. Boa noite. Durmam bem. – Despeço-me, vendo o casal subir as escadas para irem a seu quarto.

— Boa noite e não cheguem tarde em casa. – Pede minha mãe, antes de desaparecer de nosso campo de vista.

Suspiro aliviado e encaro o falso casal ao meu lado. Eles pareciam tão tensos quanto eu pela pressão de meus pais para deixarmos Jenny em casa. Por sorte, aparentemente, minha mãe não vai interferir em nossos planos, caso contrário, ela já teria nos desmascarado essa noite mesmo.

— É melhor eu te deixar em casa logo. – Digo, suspirando cansado.

— Eu vou pegar o livro que você falou para sua mãe. Eu não quero ter que mentir para ela mais do que já menti. Eu a adoro. – Confessa Jenny, gemendo frustrada.

— Tudo bem. Vem comigo. – Digo, cansado demais para discutir as ideias malucas da garota. Eu realmente tinha o livro e não tinha problemas em emprestar para ela.

Jenny, Dan e eu subimos as escadas em direção ao meu quarto. Por sorte, minha avó parecia não estar em casa e meus tios provavelmente ainda estão no encontro deles, então a casa estava em um completo silêncio.

— Enquanto vocês vão buscando o livro, eu vou guardar meus presentes. Quando estiverem prontos para ir, me avisem. – Fala Dan, entrando em seu quarto.

— Está bem. – Concorda Jenny, enquanto entro em meu quarto e deixo a porta aberta para que a garota faça o mesmo.

Vou em direção a minha parede onde estão as minhas estantes com livros. Procuro pelo primeiro livro de A Saga dos Corvos que eu havia comentado com minha mãe. Assim que eu o encontro, pego e me viro para Jenny, que olhava os diversos livros que eu havia em minhas estantes. Esse era um dos muitos vícios que eu compartilhava com minha mãe, por isso ela se negou a comprar e completar coleções de livros para mim. Ela sempre dizia que era o único vício que ela fazia questão de me alimentar, pois leitura nunca é demais.

— Você realmente lê de tudo um pouco. – Comenta a garota, surpresa.

— Eu te disse. – Respondo, rindo. Estendo o livro para ela. – Aqui. Esse é o livro que eu falei. Eu tenho a coleção completa, então se você se interessar em ler os outros e os quiser emprestado é só me falar.

— Obrigada. – Agradece a garota, sorrindo. Ela então se vira para a minha mesinha de computador e ver seu livro sobre ela. – Você vai realmente ler, não vai?

— Pode ter certeza. – Afirmo com convicção.

— Seus pais possuem uma história de amor tão bonita. Um amor proibido que superou a diferença de classes e todos que eram contra para ficarem juntos. É nítido que eles realmente se amam. – Comenta a garota, olhando para a foto em família que estava ao lado de seu livro.

— Sim. Eles realmente se amam. Nunca vi um casal brigar tanto. Eles são completo opostos, mas dariam a vida um pelo outro. – Respondo, encarando a foto que ela segurava. – É por causa deles que eu acredito na força do amor, ainda que ache que ele não é para mim. Não sei se um dia serei capaz de amar tanta alguém como eles se amam.

— Espero um dia ser capaz de viver um amor tão forte quanto o deles. – Comenta Jenny, suspirando sonhadora, enquanto abraça o livro que segurava.

— Bom, agora que eu já te dei o livro, é melhor eu te levar para casa. Não quero que seu pai tenha mais motivos para me odiar. – Digo, relembrando da ameaça do pai da garota. Austin Moon pode ser bem intimidador quando quer.

— Meu pai não te odeia. Ele apenas não gosta de seu pai porque ele tem a mesma mentalidade competitiva de uma criança. – Responde Jenny, dando de ombros. Ela então encara meu computador e parece se lembrar de algo. – E você disse que iria confirmar sobre as filmagens das câmeras de segurança assim que chegasse em casa.

— Você pode acabar se atrasando. – Contraio, porque sabia que para invadir um sistema de segurança como o da polícia, eu poderia acabar demorando horas até descobrir alguma coisa. – Eu não quero que tenha problemas.

— Não se preocupe com isso. Eu já mandei uma mensagem para Mel avisando que eu poderia me atrasar. – Jenny então pega uma cadeira e se senta ao meu lado. – Vamos a ação. Eu quero ver se você é tão bom quanto diz ser.

— Isso é um desafio, mocinha? – Questiono, encarando-a com desconfiança.

— Me mostre do que você é capaz, garotão. – Brinca a garota com um sorriso divertido em seus lábios. Rio e me sento de frente para meu computador. – Como você vai fazer para acessar as câmeras de segurança?

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— Em resumo, eu vou invadir os sistemas de segurança rodoviária para ter acesso aos arquivos de toda a rede de vigilância da polícia. – Respondo, começando a descriptografar os códigos e senhas de segurança da rede.

— Mas isso não é ilegal? – Questiona Jenny, receosa.

— Bom, só é ilegal se eles me pegarem. – Respondo, sorrindo convencido para a garota, que ergue as sobrancelhas em desconfiança. – Mas eu fui treinado pela melhor hacker dos Estados Unidos. Invadir sistemas é apenas uma das minhas muitas qualidades.

— Cínico. – Resmunga a garota, revirando os olhos. Um forte trovão ecoa pelo céu de Miami. – Seu pai tem razão. Vai vir um temporal e tanto.

— É incrível como sempre que eu estou com você, começa a chover. Por acaso você é uma espécie de feiticeira que atrai tempestades? – Questiono, terminando de descriptografar o primeiro código.

— Acho que o grande problema aqui é você. Desde que chegou, as chuvas de Miami se intensificaram. – Retruca Jenny, começando a folhear o livro que eu havia dado a ela.

Rio e volto a prestar atenção no que eu fazia. Eu precisava de total concentração para conseguir quebrar os complicados códigos. Desligo-me do mundo a minha volta e passo a tentar decifrar as diversas senhas que surgiam em minha frente. Conforme me aproximava de ter acesso aos arquivos que preciso, mais complexas as senhas se tornavam e, para evitar ser pego, eu também precisava ser discreto com as minhas ações.

Não faço ideia de quanto tempo se passou, mas quando finalmente consigo quebrar todo o sistema de segurança, suspiro aliviado. A última vez que eu havia invadido o sistema de segurança de Star City, ele era muito mais fraco que o atual. Olho para o lado e Jenny estava concentrada em sua leitura, completamente alheia ao que ocorria. Sorrio e volto a buscar as filmagens do dia do assassinato de Nathan.

Após alguns minutos pesquisando, encontro as câmeras de segurança que estão instaladas de frente a residência onde ocorreu a festa. Comemoro ao notar que todas as três estavam em funcionamento e pegavam um pouco do quarto onde o crime aconteceu. Agora eu precisava apenas confirmar se estavam em funcionamento no dia do assassinato, por isso, observo as datas dos arquivos gravados com expectativas.

— Achei. – Sussurro, apreensivo.

— Conseguiu? – Questiona Jenny, encarando-me com expectativa.

— Sim. – Respondo, sorrindo nervoso. – As três câmeras estavam funcionando no dia do assassinato e o ângulos delas dá para pegar um pouco do quarto onde tudo aconteceu e a entrada da casa.

— E o que você está esperando para abrir essas filmagens e ver se realmente gravou a pessoa que matou o seu amigo? – Pergunta a loira, fechando o livro e se aproximando de mim com curiosidade.

— Estou com medo do que posso não ver nessa filmagem. – Confesso, batucando meus dedos sobre o mouse em minha mão. – Ou pior ainda, estou com medo de ver essa filmagem e descobrir que na verdade todos estão certos esse tempo todo, que eu sou um assassino que por estar sob efeito de drogas matou o próprio amigo.

Jenny coloca sua mão sobre a minha e entrelaça nossos dedos. Desvio o olhar da tela do computador para nossas mãos e depois encaro a garota, que sorri gentilmente. Havia tanta força em seus olhos e uma segurança que jamais havia visto antes. Ela aperta ainda mais nossas mãos e balança a cabeça, como se dissesse que estava tudo bem.

— Eu estou aqui. Independente da resposta que encontrar, está tudo bem. Eu ficarei ao seu lado da mesma forma. Eu acredito em você, Max. Eu sinto em meu coração que você é inocente. Você não matou Nathan. O Max que eu conheço jamais faria algo assim, mesmo estando bêbado ou drogado. – Afirma Jenny, sorrindo confiante. – Eu jamais teria te escolhido como pai da minha princesa Kiara se não tivesse certeza disso.

— Obrigado, Jenny. – Sussurro, agradecido. Respiro fundo, buscando toda a coragem que tenho. – Tudo bem. Vamos ver o que realmente aconteceu.

Com a mão ainda entrelaçada a de Jenny, aperto para ver a filmagem da câmera que tem melhor visibilidade do quarto onde o crime aconteceu. Configuro para a hora aproximada onde os legistas afirmaram que foi o horário da morte de Nathan. Por ser de noite e a câmera estar distante, não é possível ver os rostos com clareza, mas era possível ver que eu não estava sozinha com Nathan.

Um corpo feminino aparece. Assim como nos meus pesadelos com os flashes daquela noite, ela usava um vestido vermelho e tinha os cabelos cacheados. Reconheço meu corpo sendo carregado pela garota, que me joga no que imaginei ser a cama, já que a câmera não mostra com detalhes o quarto. Ela então parece colocar luvas, enquanto um cara aparece e a abraça por trás. Eu o reconheço como Nathan Piers.

A garota se vira e o beija com luxuria, ficando de costas para a câmera. Em seguida, ela começa a levantar o vestido e parece retirar algo de uma cinta liga que estava em sua coxa, enquanto continua a beijar Nathan. Pouco tempo depois, o rapaz a empurra e é possível ver ele segurando a faca que estava em seu abdome. A garota havia o esfaqueado enquanto ele estava distraído.

Nathan tenta avançar para cima da garota, mas ela parece jogar alguma coisa nele que o faz cambalear e buscar por ar, completamente atordoado. Antes que ele caia, ela puxa a faca de volta do abdome de Nathan e empurra sobre o que provavelmente era cama onde eu estava deitado. A garota desaparece da imagem e depois de alguns minutos aparece de novo, sem mostrar seu rosto. Ela troca de roupa, se abaixa novamente e aparece agora com o cabelo loiro e curto.

Algum tempo se passa e mais nada acontece. Ela provavelmente havia deixado o quarto. Avanço a filmagem até o amanhecer que é quando alguém finalmente aparece no quarto. Mais pessoas aparecem e sei que esse é o momento em que eu acordo e descubro que estou sendo acusado de matar Nathan Piers.

Ainda atordoado demais para o que havia acabado de ver. Vou até as outras câmeras e busco a filmagem da entrada da casa, procurando pela garota que havia assassinado Nathan. Encontro uma gravação onde dá para ver apenas o cabelo loiro curto e as roupas agora completamente diferente de quando ela havia chegado. Agora ela usava um moletom cinza pelo menos dois números maiores que ela, calças jeans pretas e coturnos pretos com uma mochila em suas costas. Ela coloca um boné sobre a cabeça e não demora muito para um Impala preto com a placa tampada estacione de frente a casa.

A garota entra no carro, sempre escondendo o rosto. Segundos depois o carro deixa o local sem ser notado. Retorno a cena algumas vezes, apenas porque queria ter certeza de que não havia perdido nada, mas a filmagem não mostra nada que pudesse ser usado para reconhecer a garota.

Olho para Jenny que encarava a tela do computador com os olhos arregalados. Quando ela finalmente me olha, um sorriso começa a crescer em seus lábios. Seus olhos brilham intensamente e ela se joga sobre mim, em completo êxtase. Sorrio, porque eu também não sabia como reagir e correspondo ao abraço.

— Eu te disse! – Exclama a loira, animada. – Você é inocente, Max! Essa gravação é tudo o que você precisa para provar que você não matou Nathan!

— Eu sei! – Respondo, rindo. Eram tantas emoções que me invadiam naquele momento. Eu me sentia eufórico. Levanto-me da minha cadeira, ainda abraçado a Jenny. Animado, começo a nos rodar, gargalhando. – Eu sou inocente!

— Eu sabia! Eu sempre soube! – Afirma Jenny, rindo, enquanto me abraça forte para que eu não caísse.

Paro de rodar Jenny e a coloco no chão. O cabelo da garota estava todo bagunçado e ela não conseguia parar de sorrir. Eu a observo, sem conseguir controlar o sorriso bobo em meu rosto. Coloco uma mecha teimosa que estava sobre o rosto de Jenny atrás de sua orelha. Meu coração batia tão forte que parecia querer sair pela minha boca. Ela parecia tão orgulhosa de mim.

Por impulso, acabo deixando um beijo na testa de Jenny, que fecha os olhos e arfa surpresa. Eu nem mesmo sabia o que estava fazendo. Eu só estava deixando as minhas emoções falarem por mim. Afasto-me de Jenny e ela abre os olhos aos poucos. Os chocolates brilhantes pareciam refletir toda a luz do mundo. Era tão surreal como eles conseguiam me transmitir tanta confiança e segurança.

— Eu odeio atrapalhar o momento de vocês, mas precisam se afastar agora mesmo. Os gritos de vocês acordaram tio Oliver e tia Felicity e eles estão vindo para cá. – Alerta Dan, entrando no quarto. Assustados, nós nos afastamos e encaramos meu primo. – O que foi que aconteceu?

— Max? Dan? Vocês já voltaram... Fernanda? – Minha mãe entra em meu quarto, vestida com um roupão de seda branco. Meu pai logo aparece e nos encara preocupado. – Você não deveria estar em casa? O que foi que aconteceu para vocês estarem gritando a essa horas?

— Aconteceu alguma coisa? – Pergunta meu pai, encarando o relógio. – Já são quase uma hora da manhã.

— Mãe, pai, algo incrível aconteceu! – Não consigo me conter e sorrio para os dois que me encaram desconfiado. – Eu não matei Nathan e eu posso provar isso!

— O quê? – Sussurra minha mãe, com os olhos arregalados. – O que você disse, Max? Você... descobriu algo?

— Como? Você... conseguiu provas? – Pergunta meu pai, esperançoso.

— Isso é sério, Max? – Questiona Dan, aproximando-se de mim.

— É verdade! Ele tem vídeos mostrando que não foi ele quem matou Nathan e sim uma garota. – Revela Jenny, animada. – Mostra para ele, Max!

— Tudo bem. Vejam isso! – Digo.

Rapidamente meus pais e meu primo se aproximam do meu computador, enquanto eu coloco as gravações que Jenny e eu havíamos acabado de assistir. Eu não conseguia parar de sorrir e trocar olhares com a loira que havia visto as filmagens comigo. Quando minha família termina de assistir, minha mãe começa a chorar de alívio. Ela me abraça e ri, enquanto as lágrimas descem pelo seu belo rosto. Meu pai e Dan gritam, celebrando. Jenny ri e nos encara, parecendo segurar o choro.

Nós havíamos lutado tanto em buscar de algo que provasse a minha inocência e finalmente eu havia conseguido. Eu realmente não matei Nathan. Tudo foi uma armação para que eu acabasse sendo o culpado. Agora o que eu realmente preciso descobrir é quem é a garota que matou Nathan e armou tudo para me culpar.

O que me levar a pensar que se ela realmente deseja me prejudicar, essa garota provavelmente não vai poupar esforços até que consiga me destruir por completo. Se ela foi capaz de matar uma pessoa para me incriminar, até onde ela é capaz de ir para conseguir o que deseja?

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