Blood Royal

Epílogo


Turning Page - Sleeping At Last

QUANDO O CARRO FINALMENTE para em frente os degraus da Igreja, minhas mãos estão frias.

Olho através do vidro e vejo que, do lado de fora, uma grade foi montada. Atrás dela centenas de pessoas se acotovelam, segurando câmeras e cartazes, afim de me ver. Já não sou mais conhecida apenas como Alexia, agora antes do meu nome eles costumam dizer princesa, e isso é algo com o qual preciso me acostumar ainda.

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Tento, sem sucesso, arrumar a saia cheia do meu vestido. Mas o espaço no banco de trás é pequeno demais, e meu gesto não surte efeito algum. Meu coração bate acelerado, e eu aguardo o momento certo para sair.

A manga longa e bordada desce até um certo ponto do meu antebraço, e cada detalhe foi trabalhado exclusivamente para ser perfeito. O modelo que estou usando foi desenhado por Lori quando ainda estávamos na Seleção, e de acordo com ela, aquele era seu presente para mim.

Tento me distrair, mas estou nervosa demais para conseguir pensar em algo. Dentro da enorme Igreja a minha frente, centenas de pessoas ansiosas aguardam para assistir a cerimônia, e na frente delas Nicholas estará me esperando.

A porta se abre do lado em que estou e Theo estende a mão para mim. Respiro fundo e tento me manter estável. Sonhei durante semanas com este momento, e agora é a hora. Eu agarro a mão dele com firmeza, e impulsiono meu corpo para fora.

Quando desponto para fora do carro, a multidão grita. O coro de vozes faz meu peito vibrar, e por um momento fico apenas fascinada por eles. Todos eles, todas aquelas pessoas, agora me amam. E, querendo eu ou não, sou um exemplo para eles.

Ergo minha mão direita e aceno, com um sorriso afável no rosto. Princesa Alexia. Certamente preciso me acostumar.

Theo me conduz pelos degraus e eu me apoio nele para garantir que estou firme. Minhas pernas tremem e minhas mãos estão úmidas, sinto como se uma bola de cera tivesse sido enfiada na minha garganta.

Passo pelos guardas de sentinela na porta e Duncan sorri para mim. Logo após Luke ter me feito refém, descobri que foi ele quem lhe acertou o tiro na cabeça. Sorrio de volta.

O tiro. Levo instintivamente a mão livre até o ponto onde uma das balas me atingiu.

A ferida já cicatrizou, e agora apenas uma marca do tamanho de um dedo se encontra sobre minhas costelas. Ainda assim, o ponto é sensível e preciso ter cuidado para não pressioná-lo demais.

Paramos a alguns passos da porta e minha mãe, Lily, Lori e Miranda correm em nossa direção.

— Preparada? — pergunta Lori, com um grande sorriso.

— Estou meio enjoada — respondo, com uma careta.

Ela ri.

Miranda avança e segura brevemente a minha mão.

— Estaremos bem perto de você — diz. — Não deixaremos que caia feito uma banana.

— Tranquilizador — aceno. — Me sinto melhor agora.

Elas estão trajando vestidos azuis de mesmo tom, mas os modelitos são diferentes um do outro. Minhas madrinhas.

— Entraremos logo, e depois será a sua vez — diz Lily, ela lança um sorriso doce para Theo e para mim. — Você merece isso, Alexia.

Eu apenas aceno, sentindo-me incapaz de falar. Porque eu sei que, se tentar responder a coisas desse tipo, vou acabar chorando. E não seria nada bonito entrar na Igreja parecendo um panda.

Minha mãe dá alguns passos na minha direção, e entrega-me o buquê. Seus olhos estão úmidos, e eu sei que se olhar para ela durante a cerimônia, a encontrarei chorando. Puxo o ar com força para os meus pulmões.

— Você está linda — ela diz. — E Nicholas parece a beira de um ataque de nervos.

Solto uma risada ao imaginá-lo olhando ansioso para a porta atrás da qual eu me encontro.

— Quando você entrar, diga-lhe que não irei fugir — brinco.

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Ela acena para mim e entra para se posicionar ao lado do meu pai.

Depois de um consenso que aconteceu rápido até demais, meu pai acabou permitindo que fosse Theo quem me acompanhasse até o altar. O que aos meus olhos pareceu muito justo.

Uma música começa tocar dentro da Igreja, e meu coração dispara. Ele bate tão alto e tão forte que acredito que qualquer um possa ser capaz de ouvir. Lily, Lori e Miranda posicionam-se e entram primeiro.

Puxo o ar pelo nariz e solto pela boca. E repito o gesto até que Theo me bate de leve com o cotovelo.

— Está me deixando nervoso — diz.

Eu o olho e me sinto grata por tê-lo ao meu lado, Theo sempre conseguiu de alguma forma me transportar segurança.

— Desculpe, mas só estou tentando não entrar em pânico — respondo.

— Muito tarde para isso — replica. — Está na hora.

Os guardas posicionam-se de cada lado e abrem as portas duplas. Meu estômago revira, e movo-me sem consciência alguma. A Igreja é imensa, e o altar me parece longe demais. Centenas de olhos estão grudados em mim, e muitas pessoas estão sorrindo.

Eu faço o mesmo e tento olhar para o máximo delas que consigo alcançar. Nos movemos numa velocidade regular, e alcançamos a metade do caminho quando a música está no ápice. Avisto algumas das garotas que estiveram na Seleção em um dos bancos, Brittany está entre elas, ela acena brevemente para mim. Noto, instantaneamente, o brilho prateado em sua mão direita. “Esperta”, penso.

Rowena está entre elas, mas tenho certeza de que não está presente por mim. Depois de tudo que vivemos, o máximo que somos capazes de estabelecer é uma relação respeitosa. Ambas sabemos que não iremos passar disso.

Então direciono meu olhar para a minha frente, para a pessoa que move-se de uma perna para a outra a todo instante, para a pessoa que é capaz de preencher qualquer vazio que eu venha a sentir.

Nicholas está com um sorriso bobo no rosto, tão bobo quanto eu jamais vi. Não desgrudo meus olhos dos dele por mais nenhum segundo, afinal, aquele é o nosso momento. Quando finalmente o alcançamos, ele se aproxima calmamente e para diante de Theo e eu.

— Cuide dela — meu irmão diz, e deposita minha mão sobre a dele.

Meus dedos tremem, mas Nicholas segura-me firmemente. Subimos cerca de três degraus pequenos e paramos diante do padre.

— Pronta? — sussurra ele, inclinando-se ligeiramente para mim.

— Terá que ser cuidadoso comigo — respondo.

Nossos dedos se entrelaçam firmemente, e então nos ajoelhamos. Enquanto seguro sua mão, eu tenho a mais pura e genuína certeza de que é a coisa certa. Em meio a tudo que vivi, Nicholas foi a minha escolha mais sensata.

Não posso ter a certeza de quanto tempo iremos durar, mas enquanto seus dedos estão firmemente presos aos meus, sinto que podemos ser infinitos. Que o amanhã não importa e que estarei com ele em qualquer lugar. Sei que estamos juntos para cuidar um do outro, e que iremos fazer isso até o fim das nossas vidas.

Nicholas me encara e sorri, e ele nunca me pareceu tão bonito. Recordo-me de tudo o que vivemos até este momento, e meus olhos enchem-se de lágrimas. Quase desisti, mas não o fiz. Fui pressionada, mas não cedi. Tomei um tiro, mas não morri. Durante todo esse tempo mantive-me firme por uma razão em especial, e agora estou unida a ela. Segurando sua mão com a certeza de que ela é a única coisa no mundo que desejo segurar.

Há muito tempo eu procurava pela minha válvula de escape, por alguma coisa que me ajudaria a me libertar, a me sentir livre. E Nicholas tornou-se isso.

***

Quando o padre chega na metade de seu discurso, estou com a vista tão embaçada pelas lágrimas que quase não o enxergo mais. Não desgrudei minha mão da de Nicholas nem por um minuto, e nem quero fazer isso.

Ficamos de pé novamente, e o rei Maxon entrega a caixinha com as alianças para o filho. Seu sorriso exibi puro orgulho, e quando olho para a rainha logo atrás de mim, seus olhos estão vermelhos.

— Nicholas Calix Schreave — começa o padre. — Primogênito, futuro herdeiro do trono de Illéa, aceita casar-se por livre e espontânea vontade com Alexia Walcolt, para amá-la e respeitá-la, na saúde e na doença, até que a morte os separe?

O olhar de Nicholas é tão intenso que sinto como se nada mais existisse ao nosso redor.

— Sim — responde, e desliza a aliança que sei que carrega o seu nome pelo dedo anelar da minha mão esquerda. — Prometo que estarei presente nos melhores e nos piores dias.

Então o padre vira-se para mim. A aliança parece pesar contra a palma da minha mão.

— Alexia Walcolt, futura princesa de Illéa, aceita casar-se por livre e espontânea vontade com o príncipe Nicholas Calix Schreave, para amá-lo e respeitá-lo, na saúde e na doença, até que a morte os separe?

Meus dedos estão tremendo, e as palavras do padre ecoam dentro da minha cabeça. Seremos apenas só nós dois com uma vida inteira pela frente. Construiremos uma família, e eu sei que o quero como o pai dos meus filhos. Seremos o Sr. e a Sra. Complicados, mesmo que mais ninguém saiba disso, e eu não me importo.

Não me importo porque esse é um segredo nosso, assim como nosso primeiro beijo e os muitos outros também foram.

Até que a morte nos separe...”

Olho para ele, certificando-me de que está olhando no fundo dos meus olhos. Então, finalmente abro um sorriso largo e respondo:

— Sim.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.