No Largo Grimmauld

Um toque de galanteio


"Harry acordou cedo na manhã seguinte, envolto em um saco de dormir no andar da sala de visitas. Uma parte de céu estava visível entre as cortinas pesadas. Era o azul frio e claro de tinta aguada, em algum lugar entre a madrugada e o amanhecer e tudo estava quieto, exceto as respirações profundas e baixas de Rony e Hermione. Harry espiou as figuras escuras que eles faziam no piso ao seu lado. Rony tinha tido um chilique de galanteio e insistiu que Hermione dormisse nas almofadas do sofá, de forma que sua silhueta ficasse acima da dele. Seu braço curvado ao chão, seus dedos a centímetros dos de Rony. Harry imaginou se eles tinham caído no sono de mãos dadas."

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Harry, você se importa se a Hermione dormir nas almofadas?

— Não precisa Rony. Eu posso muito bem dormir no saco de dormir como vocês.

— Não, Hermione, não vou deixar que você passe frio ou fique desconfortável.

— Não vou passar frio, Ronald. E se fosse assim, como eu poderia permitir que você passasse frio?... Ou o Harry.

— Não precisam se preocupar comigo. - Harry conseguira se expressar finalmente. — E eu acho que o Rony tem razão, Hermione. Não tem porque você dormir no chão.

— Eu não vejo motivos para dormir nas almofadas.

— Hermione, somos dois contra uma. Você vai dormir nas almofadas. - E enquanto falava, Rony retirava e batia as almofadas do sofá espanando a poeira, colocando-as gentilmente sobre o chão, próximas aos pés de Hermione. — Não tem que contestar, queremos que fique com as almofadas. - Finalizou colocando a coberta sobre as almofadas estendidas.

Hermione sorriu intimamente, embora superficialmente parecesse contrariada enquanto se direcionava as almofadas. Olhou para Harry e o amigo nada fez, apenas sorriu e deu de ombros como que lhe mostrasse que não adiantava muita coisa contestar.

Ela olhou novamente para Rony e o sentimento de carinho e admiração floresceu ainda mais. Nunca a tratara tão bem e desconfiava que alguma coisa tivesse a ver com o tal livro que ele sempre estava lendo quando o encontrava sozinho na Toca nos dias que antecederam o casamento e embora achasse estranho o comportamento do amigo que tanto amava, não poderia dizer que não ficava feliz.

— Tudo bem, Rony. Você venceu.

E proferindo as sabias palavras, sentou-se sobre as almofadas tão bem amontoadas para ela. Rony pareceu satisfeito, pois o sorriso que abriu seria o suficiente para que ela aceitasse muitas das coisas que ele pedia, mas isto ele jamais saberia, ou saberia, um dia, se ficassem vivos depois de toda essa guerra.

O pensamento fez o peito de Hermione se esfriar e doer enquanto se acomodava e Rony percebeu a tristeza que envolveu o rosto da garota tão bela que estava há aproximadamente um metro de seu saco de dormir.

— Está tudo bem, Mione?

A voz sussurrada e cheia de preocupação do ruivo despertou Hermione de seus maus pensamentos. Virando pra ele, sob sua coberta, ela revelou seus temores em um tom carregado de apreensão.

— Não está nada bem, Rony. Você-sabe-quem está por ai, nos procurando e eu estou com medo do que pode acontecer com a gente.

As palavras eram um sussurro. Não sabiam se Harry estava ainda acordado, e tinham medo que o amigo se sentisse ainda mais pressionado pela apreensão que carregavam.

Levantando-se de seu saco de dormir enquanto era observado por Hermione, Rony o arrastou até ficar a poucos centímetros dela, deitando-se em seguida e ficando de frente antes de continuar.

— Mione, todos nós estamos com medo. Por nossas famílias, por nossos amigos... Pelo Harry. Não sabemos o que nos espera, mas temos que confiar que o Harry sabe o que fazer.

— Eu sei... Mas como vamos ajudar?

— Eu não sei como vamos ajudar Hermione. Sinceramente, eu nem sei o que vamos fazer ou como vamos encontrar essas horcruxes, mas temos que ficar com o Harry.

— Ele precisa da gente, não é?

— Sim. Ele precisa da gente...

A frase ficou cortada. Rony queria completar dizendo que ele precisava dela também. Que sempre precisou e que não conseguia mais imaginar a vida sem ter a sabe-tudo ao seu lado. Mas ele não disse. Calou a frase que revelaria para ela o quanto ele a admirava e amava, o quanto estava preocupado por ela estar ali com eles. Não revelou que faria o que fosse necessário para que ela estivesse sempre bem, para que não se machucasse.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Rony, e se não der certo?

— Pelo menos tentamos. Teremos convicção de que nossa luta não foi em vão. Vamos ter a certeza que fizemos o melhor que poderíamos ter feito.

— Você tem razão...

— Sério? - Ele pareceu divertido. Ela sorriu com um sussurro.

— Sim. Muitas vezes. Você não imagina o quanto é esperto e forte, Rony.

— Obrigado. - Ele agradeceu sentindo ainda uma enorme gratidão por terem apenas a penumbra da lua adentrando uma janela da sala, assim Hermione não veria o vermelhão que suas orelhas se tornaram.

— Rony...? - Ela o chamou, os olhos fechados, o cansaço já vencendo suas palavras.

— Estou aqui, Hermione.

— O que vai acontecer com a gente? - Ela perguntou quase inebriada pelo sono.

— Eu não sei Hermione, mas o que quer que nos aconteça, e onde quer que a gente esteja eu vou estar lá pra te proteger. Não vou permitir que te façam mal e se for preciso, trocarei a minha vida pela sua.

— Segura a minha mão, Ron...

— Claro.

Rony estendeu um pouco o braço e tocou delicadamente a mão estendida de Hermione. Aquela sensação de conforto e quentura que sempre sentia perto dela preencheu seu coração e lhe afastou um pouco o temor das horas passadas.

Ela dormia tranquilamente agora, e ele velava o seu sono como um protetor, apto a não deixar que nenhum mal sobreviesse a ela. Hermione lhe estendera a mão em resposta as suas palavras e ele a aceitara. Não a deixaria, era isto o que se prometia, e preferiria morrer a vê-la sofrendo.

E assim, observando a serenidade com a qual ela dormia, aproximou ainda mais o seu rosto do dela. Sentiu a respiração calma e profunda de Hermione quando tocou levemente seus lábios com os dele.

Hermione jamais saberia o que ele havia feito. Ele mesmo não acreditava que tivesse coragem de tal ato, mas seu coração se alegrou ali e, ainda a observando, sentiu a calma invadir seu corpo, segurando a mão de Hermione mais próxima de si, se rendeu também ao sono e ao descanso.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.