Hormônios

Rose Weasley não gostava de Scorpius Malfoy e isso não era segredo para ninguém. É bem verdade, que Scorpius Malfoy também não gostava de Rose Weasley e não fazia questão alguma de esconder seu desprezo pela moça. Isso não era de fato um problema, afinal sonserinos e grifinórios não foram feitos para se misturar e Weasleys e Malfoys nasciam com a rivalidade estabelecida por seu código genético.

É de conhecimento geral que a rixa entre as duas famílias vem de bastante tempo, mas entre nossos adorados protagonistas começou efetivamente em seu primeiro ano em Hogwarts. Rose havia sido avisada por seu pai para manter distância do Malfoy e se assegurar de vencê-lo em tudo. Não que, competitiva como era, a garota precisasse de algum incentivo.

O garoto, por sua vez, passara tempo suficiente ouvindo as opiniões exaltadas do pai a respeito do Weasley para não querer se misturar a eles. Ainda assim, mesmo aos 11 anos, possuía um ego gigantesco e a necessidade de ser o melhor em tudo o que fazia. A combinação não podia ser boa e, de fato, não foi. Quando duas criaturinhas teimosas, orgulhosas e competitivas se enfrentam o resultado só pode ser catastrófico.

Durante cinco anos, Rose Weasley e Scorpius Malfoy trocaram todo tipo de insultos, gritos, palavras de baixo calão e azarações. Tudo teria seguido seu curso natural, se no meio do caminho não tivessem trocado um beijo. O fato aconteceu na primeira semana do sexto ano. James organizara uma festa na sala precisa e Scorpius e Rose beberam um pouco de Whisky de Fogo demais. De algum modo, o verão havia feito bem à ruiva, que estava mais bonita do que nunca. Ou, talvez, o encanto fosse causado pelo vestido preto, que pegara emprestado de Dominique, e ressaltava as curvas que Scorpius nunca antes percebera. Rose também não pode deixar de notar que todo o treino de Quadribol havia feito bem ao rapaz e que ele deveria usar jaquetas de couro de dragão com mais frequência.

Os dois nunca entenderam exatamente como aquilo aconteceu, em um minuto discutiam exaltados por mais alguma besteira e no outro estavam aos beijos. Beijos muito bons, diga-se de passagem. A partir daí, o caos se instaurou. Eles ainda continuavam se odiando e brigando pelas questões mais banais, ainda assim, bastava estarem sozinhos para ignorarem toda a desavença e se jogarem nos braços um do outro.

Rose tentou lutar contra aquilo. Merlin é testemunha de como ela tentou se controlar e não ceder ao charme do rapaz, mas era simplesmente impossível. Até quando gritava com ele e proferia os insultos usuais tudo o que conseguia pensar era em como ele era malditamente gostoso e o quanto desejava seus lábios junto aos dele. Para Scorpius a situação não era diferente. E quanto mais eles se agarravam mais difícil se tornava resistir.

Rose sabia que aquilo era uma loucura e passou muito tempo buscando explicações racionais para seu comportamento nada racional. Aquilo era totalmente físico e foi aí que ela entendeu que a culpa da pequena sessão diária de amassos com Malfoy era de seus malditos hormônios adolescentes.

Aquelas substâncias químicas, que corriam desregulada e insanamente por seu corpo, eram a causa de todos os seus problemas e ter consciência disso a fez voltar a respirar tranquilamente. Afinal, era tudo culpa de seus hormônios e, quando a bendita adolescência passasse, tudo estaria de volta a seu lugar. Enquanto isso, ela poderia voltar a se agarrar a Scorpius sem culpa. Pelo menos, era isso o que dizia a si mesma.