Mente tortuosa

A preparação


POV Emily Monroe

Meu rosto estava quente, ele estava se aproximando de mim, senti sua respiração tão próxima a minha que era algo até insano. Nunca senti isso antes, nunca pensei isso antes, mas como eu queria me entregar e sentir todas as sensações que eu sei que ele iria me proporcionar.

Mas eu tenho medo, de machuca-lo, de que ele veja como sou descontrolada, instável, me pergunto como ele tem paciência de ficar perto de mim. Desvio a cabeça. Consigo ver seu sorriso ele se levanta estedena mão para mim e diz:

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– Você quer sair comigo?

Não sei o que dizer, na verdade eu sei, poderia dizer mil vezes sim, mas eu sei que é difícil eu conseguiu sair da clínica, é preciso assinar termos, requerimentos, eu preciso estar estável, coisa que eu não sou. Seguro sua mão.

– Eu não sei se posso Thomas, eu nunca saí da clínica...

– Emily, não se preocupe com isso. Se você quiser sair com o Thomas eu e a enfermeira Susanne vamos ajudar e faremos tudo que estiver a nosso alcance - Fala meu pai, olho pra ele e vejo que ele fala com muita certeza, não consigo deixar de sorrir.

– A única coisa que quero que me responda é: Você quer sair com o Thomas?

Olho para o meu pai, para Susanne e por fim para Thomas. Como alguém é capaz de mudar a minha vida em tão pouco tempo. Ele veio e do dia para a noite eu voltei a me alimentar, me abri para a doutora Lauren e voltei a tocar violino. Seguro a sua mão, sorrio e digo.

– Sim, que quero sair com o Thomas.

Ele sorri para mim, tenho o apoio do meu pai e da Susanne que é como uma mãe para mim, o medo sempre vai estar comigo, mas não posso permitir que ele me domine. A frase de meu pai ecoa na minha mente e sei que tomei a decisão certa.

– Bom já que a decisão foi tomada eu vou conversar com os seus médicos e em seguida eu vou ter que ir a um concerto, irei tocar essa noite. Volto amanhã meu bem.

– Até amanhã pai, eu sei que você vai tocar muito bem.

– Obrigado querida, até mais Thomas e até logo Susanne.

– Até Paul, bom é hora do almoço, quer vir conosco Thomas? - Pergunta Susanne.

– Eu adoraria - Responde Thomas, ainda estamos de mãos dadas e ficamos assim até chegar ao refeitório.

Hoje é dia de guisado de carne, eu adoro esse prato, na minha opinião é o mais gostoso e o que mais me faz lembrar da minha casa, somos servidos e começamos a conversar.

– E então Thomas, como vão as reuniões do grupo dos dependentes? - Pergunta Susanne, em seguida olho para Thomas, não sabia que ele era dependente químico.

– Estão indo muito bem - Responde ele de um jeito natural.

– Você não me contou que era dependente químico, então é por isso que veio naquele dia a clínica?

– É, eu não tinha te contado ainda, pois eu não sabia como você reagiria. Não queria te assustar.

Me seguro para não rir, eu sou a esquizofrênica e ele teve medo que eu reagisse mal por ele ser um dependente químico. São nesses momentos que eu percebo que ele talvez goste de mim.

– Eu nuca ficaria assustada, todos temos problemas. Eu que eu diga, pode me contar sobre qualquer coisa. Mas as reuniões tem te ajudado.

Ele sorri e coloca uma mecha minha atrás da minha orelha, meu rosto volta a esquentar.

– Muito, me ajudaram muito além de outras coisas. Não bebo a quatro dias.

Pode parecer pouca coisa, mas para quem tem um vício é muito. Não pude deixar de perceber que isso corresponde aos dias que estou sem ter uma crise. Será que é coisa da minha cabeça ou nós de fato estamos nos ajudando?

– Fico feliz - Respondo sorrindo timidamente.

– Bom, eu detesto interromper, mas é hora do seu remédio Emily. Esses daqui dão sono então já vamos direto para o quarto está bem? - Diz Susanne.

– Tudo bem - Ela me entrega três comprimidos e eu os tomo. Caminho em direção ao meu quarto junto com Thomas e Susanne, já sentindo os efeitos da medicação. Permito que Thomas entre no meu quarto.

Não há muito o que ver, apenas uma cama com algumas almofadas coloridas e diferentes que ganhei do meu pai, uma luminária, minha estante com alguns livros e a cabeceira com vários remédios. Além de um sofá-cama onde meu pai dorme, um banheiro e uma pequena penteadeira, meu pai se esforçou ao máximo pra quebrar o ar de hospital e deixar mais feminino.

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Troco de roupa no banheiro, quando volto me despeço de Thomas.

– Obrigada, por ter vindo me visitar. A Susanne vai te ligar se eu puder sair.

– Eu adoro vir aqui pra te ver, aguardo a ligação e não posso deixar de elogiar mais uma vez o quanto você toca bem - Diz ele.

– Sempre que quiser eu toco pra você. Espero que a gente se veja amanhã, até logo Thomas.

– Como eu tenho absoluta certeza que vamos nos ver amanhã. Até amanhã Emily.

Quando ele sai do meu quarto, me deito na cama e Susanne me traz um copo de água.

– Emily, não adianta mais esconder. Você está apaixonada por esse rapaz.

Começo a ficar corada, eu sinto sim algo por Thomas, mas não decifrar o que é.

– Será mesmo? Eu não sei, vai ver é só um carinho.

Susanne ri e se senta ao meu lado.

– Não querida, isso é amor. Vocês dois me fazem sorrir o tempo todo, é lindo ver os dois juntos e eu farei tudo que estiver ao meu alcance pra que vocês se encontrem amanhã.

– Obrigada Susanne, mas eu não tenho o que vestir. Não posso ir com as roupas de hospital.

– Não se preocupe com isso agora descanse.

Concordo com a cabeça e adormeço.

Depois de algumas horas eu acordo, termino as atividades do dia e pergunto a Susanne.

– Já sabe se eu vou poder sair com ele ou não?

– Sim eu já sei, seu pai assinou um termo de responsabilidade e sim você irá sair com o Thomas.

Sorrio, estou muito feliz. Depois de seis anos eu vou poder sair da clínica por algumas horas e mais ainda estarei na companhia de alguém que gosto muito.

– Eu posso ligar para ele? Pra avisar? - Pergunto.

– Sabia que iria querer ligar, claro que pode.

Depois de algumas horas ligo para Thomas, depois de alguns toques ele atende.

– Alô?

–Oi Thomas, sou eu a Emily.

– Emily! Que surpresa, não esperava sua ligação.

– Eu sei que eu tinha dito que seria Susanne que ligaria, mas me deu vontade de te ligar.

– Que bom, mas o que me daria a honra dessa ligação.

Sorrio.

– Quero avisar que vou sim sair com você.

– Você não sabe o quanto estou feliz, vamos nos divertir muito eu prometo.

– Eu sei que vamos, então eu te vejo amanhã.

– Até amanhã, estarei aí as sete. Tudo bem.

– Claro, tudo bem. Até amanhã Thomas.

– Até amanhã Emily.