E dessa vez, a torcida dele deu certo.
Harry parou na frente dele mesmo, só que um ele de pele levemente envelhecida, e com alguns fios brancos se destacando no meio da escuridão de seu cabelo. Mas os olhos verde-vivo por trás dos óculos redondos eram os mesmos.
- Harry?
Harry se voltou para a Gina que ainda vestia o mesmo longo vermelho da noite da premiação no Ministério, mas a Gina que o chamara era a do futuro, também muito bonita com seus cabelos presos em um rabo-de-cavalo e usando um tipo de xale em volta do pescoço.
Nada era mais surreal do que ver a si mesmo passando um braço em torno da cintura de Gina e abraçando com o braço livre uma cópia de si mesmo.
- Você vai comprar a vassoura pra ele?
- Se você não faz nenhuma objeção...
Alvo segurava a vassoura mais incrível que Harry já vira: o cabo era todo recoberto com ouro, a cauda aerodinâmica, a etiqueta dizia que alcançava 420 Km/H...
- Sério?! Valeu, pai!!! – comemorou Alvo, deslumbrado com o presente.
- Faça bom uso dela. – recomendou Harry.
- Nosso pequeno grande apanhador. – suspirou Gina.
- Coitado. – comentou Tiago. – Nasceu depois de mim, não sobrou nem charme nem altura pra ele.- e caiu na risada.
- Eu acharia melhor que você não fosse charmoso, por que isso nos colocou em situação constrangedora com todos os pais de filhas adolescentes de Grimmauld Place. – confessou Gina. – E, além do mais, você foi quem ficou sem talento pra jogar quadribol.
- Mas eu entendo mais sobre os jogos do que qualquer um aqui. – e apontou para a loja inteira. – Sempre ganho as apostas com tio Rony.
- Claro. – riu Harry. – Você sempre aposta com ele quando ele e Rosa estão jogando xadrez, ou quando ele e Hugo estão comendo sapos de chocolate, ou quando ele e Hermione estão ...
- Se agarrando descaradamente na sala d’A Toca. – Gina riu. Mas Harry olhou pra ela com incredulidade.
- Quando Rony e Hermione estão conversando. – corrigiu ele. – E você devia se controlar nos cometários, por que vamos encontrar eles lá n’A Toca amanhã, lembra? E eu te peço, Tiago – ele se voltou para o mais velho – por tudo que é mais mágico, que não interrompa os dois. Fui claro?
- Como água. – respondeu o único filho ruivo. – Mas eu não prometi nada. – ele falou apenas para o filho do meio, que abafou uma risadinha.
- Então vamos nessa. – comandou Harry. – Temos que passar no Gringotes. – e abaixou a voz para Gina. – O que compro pro Teddy?
- Uma coisa que ele e a esposa possam usar. – disse a menina, bem alto.
- Lílian Luna!
- Ora pai, eles agora são um casal. – ela falou pausadamente, separando bem as sílabas. – Vai ter que comprar algo pros dois usarem.
E eles começaram, de novo, a flutuar, dessa vez à frente dos 5 Potter; Lílian ia na frente, saltitante; Alvo e Tiago, unha e carne, ficaram conversando sobre a vassoura magnífica que o mais novo acabara de ganhar; Harry e Gina pagaram pela vassoura e saíram da loja de artigos para quadribol, rumo ao Gringotes. Harry lamentou o fato de o assunto não ter passado por Escórpio; não teve tempo, porém, de pensar nisso.
- Por que isso é importante? – questionou Lilá; aparentemente ela estava zangada, por que a vida dela devia ser tão ruim que eles nem haviam xeretado nela. – Quanto tempo vamos ficar aqui em pé? Quero ir embora.
- Para de chorar. – atravessou Mione; Rony evitava olhar para as duas, ficando constantemente vermelho agora. – Estive pensando – ela se voltou para Harry – que talvez não devêssemos dormir.
- E vamos ficar nos vendo dormindo? – perguntou Dino.
- Talvez isso seja importante. – explicou ela. – Não sentimos sono; dormimos ontem porque ficamos cansados de olhar para o relógio da mansão Malfoy. – e no seu tom habitual de comando. – Nunca se sabe, talvez a gente tenha perdido algo fundamental para entender tudo isso.
- Pensamos nisso depois. – disse Luna. – Chegamos antes dos Potter ao Gringotes.

Draco Malfoy estava saindo do banco dos bruxos, carregando uma pequena quantia em ouro; parecia agora um pouco satisfeito, já recuperado da briga que tivera mais cedo com Escórpio. Mas quando o olhar dele alcançou o outro lado da rua e caiu sobre Lílian Potter, sua leve alegria desapareceu.
- Apresse-se. – ordenou ao cocheiro.
Porém, não deu tempo; a pequena Potter já se havia chegado à janela da carruagem.
- Olá Escórpio. – ela disse, olhando desafiadoramente para Draco.
- Oi...
Harry se viu correndo com a varinha na mão.
- Lily!
- Só cumprimentando o Escórpio, pai. – ela explicou, ainda olhando para Draco. – Ele é o melhor amigo do meu irm...
- Estou vendo que você educou bem seus filhos, Potter. – interrompeu Draco. – Não esperava muito de você não, considerando que seu melhor exemplo de pai foi um trouxa tapado...
- Você não sabe nada sobre minha vida, Malfoy.
- ... Ou então aquele foragido de Azkaban...
- Não fale do que você não sabe...
- Ou então o lobisomem, ou ainda o pai do Weasley...
- CALE A BOCA!
- Talvez o louco do Dumbledore... é, você fez um trabalho razoável...
- Cale a boca. – ordenou Gina.
Gina havia acabado de chegar, e segurava a varinha na mão; Harry observou Tiago olhar espantado para a mãe, enquanto Alvo olhava para os próprios pés.
- Pare de se meter nas nossas vidas, Draco. Não é da sua conta como criamos nossos filhos. E se quer saber, parece que eles são mais felizes do que o seu filho.
- Pelo menos meu filho tem a proteção do sangue. – informou Draco. – Se algo acontecer, não vai atingí-lo...
- Se sabe de alguma coisa, é melhor contar. – ameaçou Harry. – A não ser, é claro, que tenha saudades do seu passado como... como você-sabe-o-quê.
Harry se admirou; quer dizer que os filhos deles não sabiam que Draco fora um Comensal?
- Vai acontecer alguma coisa, Draco? – perguntou Gina. – Se for...
- Não tenho tempo pra discutir com você. – cortou ele, com seu ar esnobe. – Vai andando, sua lesma!
O cocheiro deu uma chicotada no lombo dos cavalos, que saíram em desabalada, levando os Malfoy para sua confortável mansão. Harry nem reparara em Escórpio; estava confuso por saber que um Malfoy seria o melhor amigo de seu futuro filho; estava confuso por ver que ele, Harry, não tinha contado aos seus filhos que Draco fora um Comensal. O que mais ele não havia dito? Por que não havia dito? E por que essas perguntas não eram respondidas logo?
Harry se viu entrando no Gringotes, à frente de si mesmo e de sua família, Gina ainda olhando para trás, fazendo questão de manter os 3 Potter-filhos perto dela.
- Mãe, dá um tempo! – pediu Tiago.
- Quietos. – ordenou ela. – Harry, pegue logo o ouro e vamos embora, está bem? Temos que arrumar as coisas pra irmos pr’A Toca. Acho que nem vamos ver Rony e Hermione hoje.
- O.K. – respondeu o marido. Chegando ao balcão principal, qual não foi a surpresa de Harry ao ver que o duende que iria atende-lo era Grampo.
- Harry Potter. – disse o duende.
- Grampo. – parecia até aqueles filmes dos trouxas, que, aliás, Harry nunca mais assistira, e nem sentira falta. – Considerando que 23 anos se passaram, você continua igualzinho.
- Você também. – Harry notou que ele não se referira ao físico de Harry. – Você ainda é o bruxo incomum que enterrou o elfo.
- Ahn, obrigado. – Harry se viu corar. – Vim pegar...
- Ouro que seu padrinho deixou pra você. – completou Grampo. – Perfeitamente, Potter.
O duende foi em busca das identificações necessárias, e Harry se irritou ao ver que agora ele e os outros estavam nas Gemialidades.

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