Cúmplices

Capítulo 4


Grissom a acompanhou até a porta que dava acesso ao quarto de Laura, sua mãe.

‘’Eles haviam conversado por quase uma hora com o detetive Andrew, o advogado da empresa, que tratou da burocracia e o general Aston.

Ela descobriu que seus pais haviam morado em Boston, e havia sido enviada pela própria mãe para a adoção. O pai, George, um quase psicopata, agressivo, sem sentimentos e membro de uma gangue de assassinos, que Laura descobrira somente após alguns anos de casamento, havia ameaçado matar o bebê deles. Ela havia conseguido denunciar a quadrilha e fugir, viajando para algumas cidades diferentes para despistar seu algoz. Foi em uma dessas andanças que ela entregara sua menina, a cidade era São Francisco.

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Por algum tempo Laura tinha vivido à margem da sociedade, inventando identidades para poder sobreviver, até conhecer Dwight, um professor da Universidade da Califórnia. Por querer proteger novamente alguém que amava, e viver uma vida normal, ela escondeu seus segredos. Descobertos depois em uma tarde chuvosa, quando seu ex marido bateu em sua porta, com uma fúria incontida, tentando acabar com sua vida. Ele conseguiu fraturar seu braço, pela segunda vez e quebrar sua mandíbula, só parando quando ouviu a porta sendo destravada. Ele fugiu pelos fundos, e Dwight conseguiu levá-la ao hospital a tempo. Ele se tornou um homem procurado, mas a ameaça continuava, assim, eles viveram sob a proteção da justiça, se mudando novamente de cidade em cidade, até a morte do professor por um ave hemorrágico. Novamente sozinha, ela continuou no programa de proteção à testemunha, por um bom tempo ainda. Há quatro anos ela havia conhecido o então major das Forças Armadas em um curso de dança de salão. Ele havia perdido sua esposa em um acidente e por insistência de seus filhos, ele havia se matriculado apenas para se distrair e quem sabe conhecer alguém que o tirasse daquela tristeza. Ela contou sua condição a ele, sem novamente mencionar a adoção, com receio de que isso abrisse precedentes para que George as encontrasse. Ela sabia que ele seria capaz de qualquer coisa para se vingar da rejeição.

Quando o detetive chegou até Aston, ele confirmou que ela havia sofrido as consequências de tanta violência, um tumor que devagar havia tomado seu cérebro, inoperável. Por toda a vida ela sofrera de dores de cabeça, que se acentuaram quando a idade avançou. O General ficou estupefato com a descoberta de uma filha de Laura. Sara viu a emoção que ele reviveu a notícia e gostou dele imediatamente. Ele amou sua mãe desde o primeiro dia em que havia colocado os olhos nela, conforme havia descrito. Há exatos dois meses, ela entrara em coma e estivera em estado vegetativo até aquela manhã, onde seu cérebro perdera completamente suas funções. Como era doadora de órgãos, estavam aguardando apenas a visita de Sara’’.

‘’

_Gris, eu ... preciso fazer isso sozinha. Você se importa?

Em um gesto delicado, ele segurou suas mãos e levou até seus lábios.

_Tudo bem ... tem certeza que é isso que você quer?

_Sim ... por favor ...

Pelo vidro ela pôde visualizar com perfeição as feições de sua mãe. Ela parecia ter sido uma mulher bonita, ainda tinha traços quase nobres e sobrancelhas iguais as dela.

Por alguns momentos ela chorou em silêncio imaginando o horror que havia sido sua vida, fugindo feito uma procurada. Ela se sentiu mais aliviada ao saber que ao longo de sua vida, ela conhecera também homens que a amaram com a mesma intensidade em que foi odiada.

_Obrigada por me proteger!

_Você quer tocá-la, querida?

Ela se virou para a enfermeira, enxugando as lágrimas.

_Eu posso?

_Não ... mas darei um jeito para que se despeça dela com mais dignidade. Você tem apenas alguns segundos, está bem?

_Sim ...

Ela pôde tocar sua mãe em cada detalhe de seu rosto, as mãos finas também iguais as dela.

_Vá em paz, mãe!

~♥~♥~♥~

Sara estava em silêncio, cabisbaixa desde que haviam saído do quarto de sua mãe. De alguma forma, seu corpo se retraiu e ele viu o quão fragilizada ela estava.

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Ele a observou enquanto caminhavam lentamente pelo pátio do hospital, se sentindo impotente, queria poder ajudar em alguma coisa, mas não sabia o que dizer naquele momento, então diminuiu a distância entre seus corpos e sem que ela esperasse, segurou em sua mão fria.

O contato foi firme e reconfortante. Sara olhou para suas mãos unidas e então se virou para ele, sentindo o calor aquecer sua alma inquieta.

_Quer conversar? Podemos ir até a lanchonete se quiser.

_Não. Tudo bem, é que ... tudo isso ... foi um pouco ...

_Impactante?

Ela balançou a cabeça assentindo.

_Eu sei, minha querida. Se quiser conversar, sabe que pode fazer isso a qualquer momento, não sabe?

Outra vez ela balançou a cabeça, parecia uma garotinha assustada.

Grissom realmente a queria se abrindo com ele, que se sentisse à vontade para dizer o que ia em seu coração. Não faria bem a ela guardar tudo dentro de si. Estava ali para ela e nunca se orgulhou tanto dele mesmo, como naquele momento.

_Sara?

Ambos olharam para a frente, ainda com as mãos unidas.

Sara arregalou os olhos em surpresa. O que ele fazia ali naquela farda de militar?

Mesmo sem um motivo racional, Grissom não gostou do homem que a encarava tão profundamente.

_Erik?

_Hey, há quanto tempo!

_Acho que sim. Hum ... Erik este é meu chefe. - Ela afrouxou o contato de suas mãos como se quisesse soltá-las, não ficaria bem essa intimidade depois de apresentá-lo como seu chefe. Mas o efeito parecia o contrário, pois ele a segurou ainda mais firme! _Gris, ele foi um amigo nos tempos da faculdade.

_Amigo?

Ela fingiu não ouvir, enquanto os dois homens trocaram um aceno de cabeça. Grissom viu a mão direita dele esticada em sua direção, ‘educadamente’, pois lhe parecia bem proposital, o fato é que não teve outra alternativa a não ser soltar a mão de Sara para aceitar o cumprimento com sua mão direita também.

_Não se formou em geologia?

_Já tem alguns anos que desisti desta carreira e optei pelas forças armadas, um sonho de criança ... como você bem sabe, Sara, afinal fomos bem mais que amigos! - Ele era um homem grande e forte, cabelos muito claros, queixo proeminente e infinitamente arrogante.

Suas palavras eram carregadas de muita malícia, o que não passou despercebido nem mesmo por ela. Estava completamente desconfortável com aquela situação.

_Mas o que faz por aqui? Está a trabalho?

_Estamos! - Grissom segurou em sua mão novamente, ele queria tirá-la dali o quanto antes. Sua mão estava gelada e sua preocupação se acentuou quando imagens dela com ele vieram até sua mente! Droga, porque ela estava tão afetada com aquele sujeito? Será que ainda nutria algum sentimento por ele?

Sara se virou para mostrar que estava surpresa com a reação imediata dele, mas aliviada de saber mais uma vez, que não estava sozinha! Não queria reviver aquela fase que em nada acrescentara em sua vida!

_Espero que esteja tudo bem com você, agora temos que ir, adeus Erik!

Ele parecia um pouco zangado e ela não quis ficar para confirmar, ele não lhe importava mais há muito! E isso era tempo suficiente para mudar seus conceitos em relação à homens de verdade!

Sem olhar para trás, eles entraram no táxi e voltaram para o hotel!

No caminho, ele resolveu passar o braço por seus ombros, bem devagar, prestando atenção em sua reação. Ela se encostou mais nele, descansando a cabeça em seu peito. Aquele contato lhe trouxe tantas coisas boas, talvez pelo imenso sentimento que nutria por ele, ou até mesmo porque era tudo o que mais precisava!

_Você vai ficar bem, querida!

_Eu sei, já estou me sentindo melhor.

_Fico feliz em saber.

Os pensamentos dele estavam em conflito. Estava bem, fazendo sua parte, a apoiando, sendo parceiro, mas havia aquela coisa ambígua que o fazia tão incerto! A imagem dela com aquele homem prepotente estava o assombrando. Queria saber mais sobre aquele relacionamento, mas não tinha coragem de perguntar. Ele precisava fazer alguma coisa, já não tinha mais idade para se sentir um adolescente em perigo!

Assim que estacionaram em frente ao hotel, ele a abraçou novamente, seguindo com ela para o elevador e, logo estavam à sua porta.

O destino dali para frente parecia um pouco incerto, ele sabia que voltariam para Las Vegas, mas ele queria que voltassem como um casal.

Aquela voz em sua cabeça, interrompida quando ia dizer a ela que queria que as coisas pudessem mudar entre eles, no momento do ataque no restaurante do hotel parecia não se calar.

Tomado de uma coragem que ele nem sabia que tinha, ele segurou em seus ombros e olhou profundamente em seus lindos olhos castanhos!

_Preciso falar com você!

_Sim ... vamos entrar!

Ele a acompanhou e se sentaram à mesa que era usada para pequenas refeições como o desjejum.

_O que há? Parece tão nervoso!

Ele cruzou suas mãos em cima da mesa.

_Poderia me responder uma pergunta?

_Claro ... quantas você quiser. - Ela estava à vontade em responder o que quer que fosse.

_Ainda tem sentimentos pelo seu ex-namorado?

_Não! - Ela afirmou com veemência. _Ele mesmo fez o grande favor de acabar com qualquer chance de sentimento, Grissom! Além do mais, isso foi há muito tempo!

_Me perdoe se pareço inconveniente, Sara. Quero que saiba que sei o quanto o momento parece inoportuno. Você tem passado por momentos terríveis e não quero me aproveitar de sua ... fragilidade.

_Eu jamais pensaria algo parecido com isso em relação a você. É o homem mais íntegro que conheci na minha vida toda! E eu te admiro por isso ... sabe bem ,não é?

Foi a vez dele piscar devagar e entortar seu lábio em um sorriso tímido.

_Obrigado. - Ele tomou fôlego e continuou. _Tenho pensado em minha vida e descobri que ... que eu não quero continuar sendo um homem solitário, Sara! O tempo está passando e eu decidi que precisa saber de uma verdade que me atormenta há anos! - O coração dela disparou quando ele acolheu suas mãos nas dele. _Eu te amo e tenho que saber se ainda existe uma chance ... para nós dois!

Anos passaram em sua mente em apenas alguns segundos. A primeira vez que ela se encantou por aqueles olhos azuis, o amor contido, oportunidades desperdiçadas por medo, as angústias de uma amor que parecia não correspondido! Absolutamente tudo. E tantas incertezas se transformaram em pó, como mágica!

Lágrimas de felicidade escorrerem livremente em seu rosto, ela apertou as mãos dele com uma força impressionante.

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Ela não soube dizer de quem foi a iniciativa daquele beijo explosivo desde o início. O gosto dele parecia bem mais incrível que em seus sonhos. Seu gosto era incrível e delicioso! Suas bocas estiveram por tanto tempo naquele beijo interminável que em dado momento ficaram sem ar!

_Jesus Cristo, Sara!

Ele queria dizer a ela por que perderam tanto tempo? Por que ele tinha sido idiota o bastante os fazendo tão tristes e solitários, quando podiam desfrutar daquela sensação maravilhosa? Ele sabia o motivo. Medo! Um medo ridículo que drenou anos de entrega! Eles não podiam perder mais tempo!

Com delicadeza, ele beijou suas lágrimas e prometeu em seu íntimo que faria tudo por ela!

Como se não pudesse ser diferente, ele a carregou até a cama, e seus beijos continuaram, em toda ela, nada passaria sem a atenção de seus lábios sedentos.

_Eu te amo tanto!

_Eu também amo você, Gilbert Grissom!

~♥~♥~♥~

ATUALMENTE

... Eles tinham sido protagonistas de tórridas cenas de amor e luxúria ...

Fizeram amor pela manhã, depois de novo e de novo. Almoçaram na cama, adormeceram juntos por uma tarde inteira, se amaram no chuveiro, depois fizeram a refeição noturna na pequena mesa, trocando carinhos. Conversaram sobre suas vidas.

Ela contou seus segredos e ele maravilhado, confessou os seus. Falou de sua vida, seus desejos e conquistas. Riram juntos, choraram juntos, e descobriram o quanto tinham em comum.

Voltaram a se amar pela madrugada afora e agora, ela estava ali, imaginando como pôde viver uma vida sem ele!

Seu coração estava repleto de um amor ainda mais imenso!

_Hey ... um tostão pelos seus pensamentos!

Ela desviou a atenção dos pés perfeitos dele e sorriu com uma felicidade ímpar, sem entremeios, limpa e verdadeira!

Ela gatinhou até ele e se enroscou em seu corpo gostoso!

_Nós ... podemos ter mais um dia? Você pode ficar?

Ele a abraçou apertado, e ela pode sentir a forte cadência das batidas de seu coração.

_Bem ... isso depende ... - Ele brincou.

_De quê?

_Se vai valer a pena!

_Ah ... pode apostar, vou fazer valer a pena ....

_Eu sei, meu amor ...

Ela beijou seu peito e de repente se lembrou.

_Gris?

_Hum ...

_Você precisa ir à inauguração da ala forense ... quando será?

Ele olhou para ela com um sorriso pronto, irresistível.

_Foi há três semanas ...

FIM!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.