Faziam dois dias desde que eles chegaram à casa de Spencer e Robert. O Doutor decidira ficar e ele e Spencer concordaram em não contar a Claire sobre sua tentativa de partir. No entanto, não era fácil manter isso escondido da garota.

– Não conseguiu dormir esta noite, Doutor? – Perguntou Claire.

– Demorei um pouco para pegar no sono. – Respondeu ele. – Mas por que pergunta?

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– Nada. Só tive a ligeira impressão de ter me pedido desculpas no meio da noite. – Disse ela bebericando o chá em sua xícara.

O Doutor olhou em direção a Spencer, estarrecido. Este, lhe devolveu um olhar e segurou-se para não rir.

– Bom, mas... então... o que pretendem fazer por enquanto? – Perguntou o Doutor tentando desviar-se do assunto.

– Tentamos contatar meu pai, mas ele não atende nossas ligações. – Lamentou Claire.

– E Emma e Josh também não respondem. Devem estar com medo de George. – Acrescentou Eddie.

– Emma? Duvido muito. – Disse Claire. – Quando ela e Ashleigh tomam partido em alguma coisa, nada é capaz de fazê-las mudarem de ideia. Nem o meu pai.

– Bom, a questão é que precisamos de um plano. – Interrompeu o Doutor. – Não podemos ficar parados aqui por muito tempo. Alguma sugestão?

– Eu estava pensando... – Começou Claire.

– Em quê? – Perguntou o Doutor.

– Você me disse que na última vez em que se encontrou com os Daleks, livrou-se deles mandando-os para uma tal de Fenda. Por que não fazemos o mesmo? – Sugeriu a garota.

– Fenda? O que é isso? – Perguntou Eddie se empolgando.

– Não. Definitivamente não. – Protestou o Doutor. – Não se pode ficar abrindo rachaduras entre as dimensões desta forma! Não é tão simples quanto abrir um pacote de Doritos.

– Abrir um pacote de quê? – Questionou Claire que não sabia o que eram Doritos, já que as fábricas que os produziam não existiam há tempos.

– Doritos? Como assim você não.... Ah deixa pra lá! A Fenda é um vazio entre os universos paralelos e todas as dimensões e realidades existentes. – Explicou o Doutor. – Nada do que conhecemos aqui existe na Fenda. Tempo... espaço... nada. Quem adentra a Fenda passa a viver fora de toda a criação, não sendo afetada por eventos dimensionais, não importa a grandeza destes.

– Mas você se livrou dos Daleks, é isso que importa, não é?

– As coisas não são simples assim. – Retrucou ele. – Se tivermos acesso à Fenda, estaremos criando rachaduras no tecido da realidade, e isso poderá provocar um colapso não só nessa, mas em todas as dimensões e realidades. Não vale a pena arriscar.

– Mas, Doutor! Essa é a melhor escolha que temos até agora. Não podemos perder esta chance! – Protestou Claire. – Podemos, sei lá, construir algum aparelho capaz de mandá-los para a Fenda e selá-la antes que eles possam retornar. – Sugeriu ela.

– As aberturas interdimensionais já foram seladas. Não somos capazes de abrí-las novamente assim tão facilmente. – Insistiu ele.

– Mas não há nada que possamos fazer? Construir algum dispositivo? Sei lá, qualquer coisa!

– Ela está certa. Podemos construir um dispositivo que nos permita a abrir a Fenda. – Concordou Eddie. – Vai levar um tempo, mas se todos cooperarmos, sei que funcionará.

Robert e Spencer assentiram com a cabeça a favor de Claire e Eddie e, em seguida, olharam para o Doutor.

O Doutor não queria dar o braço a torcer. Estava receoso, não só pelo fato de que mexer com a estrutura da realidade era perigoso, mas também pela forma como a última vez em que fizera isso terminara. E se algo der errado? E se algo acontecesse a Claire, assim como acontecera a Rose? Ao contrário da segunda, ela não teria um Pete Tyler para levá-la ao universo paralelo no último minuto. Ele sentia um calafrio na espinha só de pensar na possibilidade de Claire ficar presa na Fenda. Sozinha. E talvez para sempre. O Doutor claramente não desejava ter que reviver aquilo tão cedo.

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No entanto, os outros não paravam de fitá-lo, torcendo para que este mudasse de ideia. Aquilo o estava deixando um tanto intimidado. Levou um tempo até que ele virasse em direção aos quatro pares de olhos que o encaravam e dissesse:

– Está bem. Mas se eu perceber que algo poderá sair da linha, arranjaremos outro plano.

Claire soltou um largo sorriso, satisfeita por conseguir convencer o Senhor do Tempo.

– Obrigada, Doutor. Faremos o nosso melhor para mandar aqueles Daleks para bem longe daqui!

O Doutor se animou um pouco ao ver a empolgação da garota. Porém, sua preocupação continuava a mesma.