Marie D’Jacques Barthelemy abre os olhos, depois de uma semana acordando atrasada, ela finalmente acorda no horário, um minuto antes de seu despertador tocar.

Ela desliga o alarme do celular e se levanta. Estava cansada, seus olhos doíam, essa insônia tinha que passar. Marie passava a noite acordada, só conseguia dormir em torno das 4h da manhã e acordava às 6h. Mas isso logo passaria, logo mudaria de setor e poderia dormir até mais tarde.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ela liga a TV, enquanto coloca água para esquentar e fazer um café, depois vai tomar banho. Seu chuveiro silencioso a permite ouvir o que o noticiário local dizia:

É uma espécie de virose que faz com que as pessoas tenham um comportamento violento…”

“Como a doença da vaca louca” ela pensa.

Os cientistas ainda não sabem de onde vem, mas os sintomas são delírios, febre e violência… nada preocupante…”

“Nada preocupante? A doença da vaca louca, que eu saiba, é preocupante e se é virose, está se espalhando pelo ar, certo?”

Marie com sua mania de limpeza, já deixa dentro da sua bolsa, álcool em gel, máscaras e luvas, era quase um TOC, ela não podia controlar. E podia ser visto só de entrar na casa dela, todos os móveis brancos, cortinas claras, o aspirador de pó bem a vista e se um fio de cabelo caísse, ela corria para juntar… Porta copos em todo canto da casa para não marcar os móveis.

Depois de comer, Marie pega a chave do Honda Civic e sai para mais um dia de trabalho.

Ela estranha a movimentação de policiais por ali, fortemente armados, se inclinando para dentro das janelas dos carros, cada vez que um passava.

***************

– Bom dia gatinha - diz Drake, seu amigo, fazendo uma piada relacionada com a personagem Marie da Walt Disney.

– Bom dia - ela se senta em sua baía, liga seu computador e começa a organizar sua mesa.

– Você arrumou isso ontem. Antes de sair - diz o amigo, arrastando as rodinhas de sua cadeira pelo chão até a mesa dela

– Eu sei. é vicio!

– Você viu a doença que ta dando por aí? Sinistro.

– Estranho mesmo, mas disseram que não é nada preocupante, vai saber…

– Aposto que é uma doença como a dengue, vai aparecer, assustar todos e sumiu, e depois as pessoas já vão saber como combater. Estão falando que não é preocupante por que o governo diz, os repórteres não sabem de nada… Bom… Nem os cientistas sabem.

– É, pode ser.

Marie digita no google “Virose em Atlanta”, vários resultados para o que ela ouviu de manhã aparecem, todos dizendo as mesmas coisas. Mas um o assustou, quando ela procurou melhor viu uma manchete um tanto estranha.

Mortos vivos pelo mundo

“... Depois de mortos, foram vistos andando… Agressivos…”

– O que você ta olhando? - diz Ana entredentes apertando os ombros dela e fazendo Marie pular

– Aí, que susto! Sua vaca! - Marie se recompõe e aponta a tela - Olha isso.

Ana lê a manchete e depois o que a amiga apontava.

– Você pira demais. Mortos andando? Aí, Marie… - ela mexe nos post its presos da parede da baía da amiga - Vai almoçar comigo hoje?

– Aí, não sei… não quero comer fora. A gente nem sabe se essa doença já tá por aqui.

– Para de ser tão nojenta. Você não vai morrer se comer um dia fora, num restaurante que os cozinheiros não lavam as mãos.

Marie faz cara de nojo - Não lavam?

– Não sei, não cozinho lá! - ela ri - Você é tão inocente.

– Tá. Te espero lá embaixo no horário de almoço.

– Eba!

Ana sai do cubículo e corre para o seu, antes que a supervisora visse.

Drake coloca a cabeça por cima da parede - Vai comer num restaurante com uma virose por aí? É minha gente… A Marie ta mudando.

Marie se levanta rapidinho e dá um tapa na cabeça dele, depois senta de novo.

O tempo não passava nunca, e ela sente que não ia conseguir bater meta diária alguma. Não estava com cabeça pra terminar um relatorio, nada.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

De repente, ela vê uma movimentação em uma das baías, dois corredores a sua direita.

Drake coloca a cabeça ali de novo - O que é?

Ela fica em pé também - Não sei.

No caixote onde as pessoas estavam amontoados, um cara se vira pra eles - Procurem no youtube! “Menina morta devora homem”!

Drake mais que depressa digita no site de vídeos o que o colega disse.

Aparecem vários vídeos iguais, ele clica no primeiro.

Era um garotinha, cinza, com o rosto murcho e ela comia as tripas de um senhorzinho, a barriga dele aberta, com aqueles tecidos caindo pra fora, coisas viscosas e nojentas, a garotas mastigava lentamente um estômago, então ela para e olha para quem a filmava. A garota se levanta lentamente, tem traços orientais, talvez chinesa, ela agora cambaleia para a câmera, a pessoa que filma começa a correr e gritar algo numa língua que Drake e Marie não entendem. E o vídeo acaba

– Aí, que horror - diz Marie com uma mão na cintura e a outra no peito, onde ela segurava um pingente em forma de avião e sentia seu coração batendo forte.

– Caramba… Realmente é um comportamento bem agressivo - ele diz brincando - Claro que não é real, pelo amor né… É óbvio que é montagem.

– Eu sei. mesmo assim, é uma brincadeira de mal gosto. Abre os noticiários ai.

Drake abriu o site do noticiário local, o link do vídeo já estava lá, técnicos em informática e analistas de sistemas, do pentágono, segundo o site, já analisavam o vídeo.

Pouco antes de Ana e Marie saírem para o almoço, os nerds em computação deram a resposta e os jornais logo lançaram na mídia:

O vídeo é real.